Light Novel

Capítulo 31: A Ocupação do Salão Ophelis (1)

Meu objetivo original era criar um ambiente de vida seguro para mim antes do fim das férias.

Meu abrigo de madeira já estava sujo e deteriorado.

Eu nem sequer lembrava a última vez em que tive uma boa noite de sono.

Achei que conseguiria terminar minha cabana antes do fim do recesso para poder me mudar para ela no início do segundo semestre.

Mas agora, faltando apenas uma semana para as aulas recomeçarem, percebi que ainda havia muito trabalho pela frente.

— Hmmm…

Olhei para minha cabana.

Agora, ela já tinha uma porta de madeira e uma janela.

Desta vez, comprei uma dobradiça grande para fixar a porta. Seria um grande problema se ela caísse de novo.

Minha única preocupação era que, por ser tão grande, ela poderia enferrujar rápido e começar a rangir alto.

Bem… ainda era melhor do que simplesmente despencar.

De qualquer forma, ainda tinha mais trabalho a fazer antes de poder morar ali.

As prioridades agora eram a lareira e alguns móveis.

A lareira me preocupava bastante.

É verdade que não fazia tanto frio nessa época do ano, nem mesmo à noite.

Mas, quando as estações mudassem, o aquecimento interno se tornaria essencial.

Além disso, a lareira seria minha única fonte de luz à noite.

E também era necessária para cozinhar minha comida.

Fogo era essencial para diversas situações de sobrevivência.

Se eu quisesse morar ali de verdade, precisaria conseguir acender fogo dentro da cabana.

Mas, se construísse uma lareira de madeira e ela pegasse fogo…

Bem, seria um desastre completo.

Por isso, precisava fazer a lareira com um material mais resistente.

A primeira coisa que me veio à mente foram tijolos.

A Loja Geral da Companhia Elte, no centro da cidade, vendia de tudo.

Mas, mesmo para eles, seria um exagero vender tijolos dentro de uma instituição educacional.

Acabei indo até o canteiro de obras do Nail Hall para perguntar se poderia comprar alguns tijolos deles.

No entanto, me informaram que o estoque era contado exatamente conforme o necessário, então não podiam me vender nenhum.

No fim, decidi que fabricaria meus próprios tijolos.


[Novo Produto Criado]

Molde de Tijolos

Sobras de madeira foram pregadas juntas para formar um quadrado.

Agora, basta preencher com lama para moldar tijolos.

Nível de Dificuldade da Produção: ◐〇


— Phew…

Levei apenas cinco minutos para fazer um molde para fundição dos tijolos.

Joguei o martelo sobre a bancada de trabalho e limpei o suor da testa.

Fui até o rio e recolhi lama, pressionando-a firmemente dentro do molde.

Depois, coloquei o molde na sombra e o retirei com cuidado.

Planejava repetir esse processo dezenas, ou até centenas de vezes, criando tijolos padronizados para secá-los ao longo da semana.

Quando estivessem completamente secos, usaria esses tijolos para construir uma lareira e uma chaminé decente dentro da minha cabana.

No entanto… Em vez de cimento, eu usaria lama para unir os tijolos.

Isso me preocupava um pouco, já que lama não era um adesivo tão resistente.

Talvez fosse uma boa ideia construir um suporte extra para manter tudo bem fixo.

Se desse tempo, também gostaria de construir alguns móveis para o interior da cabana.

Mas, por enquanto, ainda não tinha um plano concreto para isso.

Criar móveis simples não seria tão difícil.

Minha proficiência em marcenaria já estava bastante alta.

Ao longo do tempo, aprendi diversas técnicas.

Na verdade, criar o design de cada peça era algo até bem simples para mim agora.

Itens como mesas e cadeiras eram relativamente fáceis, desde que eu tivesse os materiais certos.

Criar uma estrutura para a cama também não deveria ser muito difícil.

Quanto ao colchão, eu poderia comprar um grande pedaço de tecido e preenchê-lo com penas, algodão ou feno.

E, se possível… Gostaria de instalar uma janela de vidro.

Mas onde diabos eu poderia comprar uma dessas?

Enquanto pensava sobre essas questões, continuei caminhando pela floresta, segurando meu arco enquanto procurava algo para comer naquele dia.


[Habilidades de Combate]

Classe: Combatente Iniciante

Campo Especializado: Arco

  • Proficiência com Arco Nível 6
  • Disparo em Pontos Vitais Nível 3
  • Tiro Rápido Nível 2
  • Tiro de Retirada Nível 1
  • Precisão de Mira Nível 2
  • Expansão do Campo de Visão Nível 1

Era em momentos como esse que eu percebia o quão sem talento Ed Rothstaylor era quando se tratava de habilidades de combate.

Sempre que saía para caçar, eu tinha que me forçar a usar o arco.

As férias estavam quase acabando, e, mesmo assim, minhas habilidades com arco ainda eram medíocres.

Pelo visto, eu precisaria encontrar algum método especial para melhorá-las. De um jeito ou de outro, eu daria um jeito.

— Encontrei um.

Vi um cervo caminhando pela floresta.

Me escondi entre as árvores e preparei o arco.

Ultimamente, meu acampamento estava se tornando um verdadeiro ponto de encontro.

A Bell Maya costumava passar por aqui para me trazer ingredientes diversos, mas, ultimamente, ela aparecia com menos frequência.

Já Ziggs aparecia uma vez a cada três ou quatro dias durante suas corridas.

Pelo visto, ele não estava correndo só pela floresta, mas sim por toda a Ilha de Acken.

Como eu já imaginava, seu atributo de Vitalidade era fora do normal.

Se Elka não estivesse no Departamento de Magia, tenho certeza de que Ziggs teria se matriculado no Departamento de Combate.

Também houve aquele estudante azarado que, ao passar por aqui por acaso, saiu correndo em pânico ao me ver carregando um monte de esquilos mortos.

Além disso, Claire, a chefe da guarda pessoal da Princesa Penia, também veio até aqui para checar como eu estava.

Ah… Como posso dizer isso?

Pelo visto, muitas pessoas já sabiam que eu morava na floresta do norte.

Eu só esperava que essa informação não chegasse até o Setor Acadêmico e acabasse me trazendo problemas…

Bem, considerando que a ilha inteira não era controlada pela academia, não havia uma razão concreta para me expulsarem daqui de imediato.

Então, não precisava me preocupar tanto com essa possibilidade.

Mas, entre todas as pessoas que passaram por aqui, havia três visitantes em especial.

O primeiro era uma gênia da magia, cujas visitas eram completamente aleatórias.

Às vezes, ela aparecia em plena luz do dia, deitava-se ao lado da fogueira e simplesmente dormia.

Outras vezes, eu a encontrava no meio da madrugada dormindo em cima do telhado da minha cabana inacabada.

E houve um dia em que voltei da caça e encontrei essa lunática deitada na minha rede, olhando para a cabana com olhos brilhando de animação.

Provavelmente, ela achava que tinha acabado de encontrar um novo esconderijo secreto.

Então, ela começava a me bombardear com perguntas.

— Ei, sabia que… você vai construir uma chaminé?

— Oooooh! Você colocou uma porta!

— E que tal fazer uma porta nos fundos também?!

Mesmo quando eu cortava lenha no rio, ela aparecia do nada no topo de uma árvore e dizia.

— Por que não coloca uma janela de vidro em vez disso?

— Tem certeza de que não vai desabar? Acho que é melhor não usar minha magia por aqui…

— E que tal uma janela no telhado também?

E quando fui verificar minhas armadilhas de caça, ela surgiu do meio dos arbustos e perguntou:

— Posso testar minha magia aqui dentro?

— Que tal colocar pele de martas no interior, hein?

E, naquele dia em que eu afiava minha adaga usando uma pedra, ela estava sentada bem em cima da maldita pedra, balançando os pés para o alto, e começou a dizer:

— Já que está nisso, por que não faz a porta abrir na direção do sol?

— Ah, e dizem que é preciso duas janelas para o vento circular direito.

Qualquer um pensaria que essa lunática estava me infernizando de propósito.

Eu já estava cansado de responder todas as perguntas e sugestões dessa lunática uma por uma.

Então, no fim, peguei ela e a joguei dentro do abrigo de madeira.

Toda. Maldita. Vez.

Esse era o Visitante A.

O Visitante B era um estudante do segundo ano, um dos melhores da turma e também um talentoso Elementalista.

Diferente do primeiro, esse visitante era até bem-vindo.

— Tchã-rã! Trouxe uns ovos. A Bell disse que seria bom eu trazer isso pra você, então vim te visitar.

Ela colocou um cesto de ovos ao lado da fogueira e soltou sua risada clássica de sempre.

Esse era um vizinho pelo qual eu era grato, já que sempre trazia comida e outros itens essenciais que eram difíceis de encontrar na floresta.

Mesmo que essa Elementalista aparecesse todo santo dia, ela só sentava debaixo de uma árvore e lia seus livros enquanto conversava com os espíritos.

Era até uma visão agradável, então não me incomodava.

Um dia, ela manifestou um espírito que trouxe uma bacia grande e começou a ferver água do nada.

— Vou te mostrar algo incrível. Não se preocupe com nada e só fique sentado aí, Ed!

Ignorei o riso discreto que ouvi vindo da direção dela e continuei despejando lama no meu molde de tijolos, lá no rio.

Depois, quando chegou a hora de comer, finalmente fui ver o que ela estava fazendo.

Ela estava com as mangas arregaçadas e a saia amarrada, pisando repetidamente em algo dentro da bacia.

Quando fui conferir o que era, vi minha camisa do uniforme.

Era a mesma camisa que eu já tinha lavado como um louco, esfregando tanto que quase rasguei o tecido.

Mesmo assim, precisei usá-la o semestre inteiro.

Com o tempo, as manchas de sujeira que não saíam foram se acumulando.

E, pelo visto, essa visitante parecia não suportar ver a camisa naquele estado.

— Tchã-rã! Fervi água com sal e pressionei o tecido até ele ficar branco de novo! Não é incrível? Meus pais faziam isso quando minhas roupas ficavam sujas lá no rancho.

Ela então abriu a camisa completamente branca, com um sorriso orgulhoso no rosto.

Aquele sorriso…

Ela definitivamente estava esperando um elogio.

Eu não consegui evitar.

Bati palmas para ela.

— Você é incrível! Que demais! É impressionante como você sabe dessas coisas!

Ela abaixou a cabeça, sem jeito, enquanto ficava visivelmente envergonhada com os elogios.

Ela sempre agiria do jeito oposto ao esperado.

Havia algumas coisas que eram bem óbvias sobre ela.

Mas outras…

Eram completamente inexplicáveis.

Por exemplo, sempre que Lucy aparecia do nada, o Visitante B não se surpreendia nem um pouco.

Ela simplesmente a cumprimentava normalmente, sem sequer me perguntar "Com que frequência Lucy aparece por aqui?"

Ela era, de fato, alguém cujas ações não podiam ser explicadas.

Esse era o Visitante B.

Mas… O ponto principal de tudo isso era o Visitante C.

Os Visitantes A e B já apareciam com tanta frequência que eu simplesmente não me surpreendia mais.

Então, apenas os tratava normalmente.

Mas com o Visitante C…

A única coisa que passou pela minha cabeça foi.

"Por que diabos essa pessoa está aqui?"

O sol estava lentamente se pondo no oeste, tingindo a floresta de vermelho.

Minha primeira flecha havia errado o alvo, então passei mais de uma hora caçando.

No fim do dia, consegui abater um cervo e carreguei seu corpo de volta para o acampamento.

Ao chegar… Havia duas pessoas inesperadas me esperando ao lado da fogueira.

Uma delas vestia um impecável uniforme de empregada, parada calmamente, com as mãos juntas diante do corpo.

A outra estava sentada ao lado da fogueira, cantarolando uma melodia enquanto apoiava o queixo na palma da mão.

— Oh, meu querido Ed. Eu estive te esperando. Parece que seu trabalho demorou um pouco.

Para o público, essa pessoa era conhecida como "A Filha Dourada".

Ela era o Visitante C.

A Ocupação do Ophelis Hall era o evento que marcava o início do Ato 2, e ocorreria no Ophelis Hall no último dia das férias.

Só para resumir os principais pontos… levaria um bom tempo.

Com o fim das férias de verão, os estudantes de classificação inferior que estavam retornando à escola se revoltariam contra o Ophelis Hall, movidos pelo ressentimento contra os alunos que viviam ali e usufruíam de privilégios especiais.

No centro de tudo isso estava Wilane, o Representante dos Estudantes de Classe Inferior, cujo discurso se estendeu por mais de 20 capítulos.

Eles argumentavam que os melhores alunos, aqueles que viviam no Ophelis Hall, tinham uma vida garantida como aristocratas.

Recebiam preferência na escolha dos assentos em sala de aula, tinham prioridade na alimentação, e até contavam com empregadas pessoais à disposição.

Toda essa frustração acumulada finalmente explodiu por conta de um incidente que aconteceu durante as férias.

Uma forte tempestade atingiu o sul de Belor, onde ficava localizada a Ilha de Acken, bem na época em que os alunos estavam retornando à academia.

No entanto, a Silvenia Academy anunciou que apenas os alunos do Ophelis Hall teriam transporte garantido, com carruagens e navios pagos pela escola.

Os outros estudantes teriam que se virar sozinhos para voltar ao campus.

E, além disso, a academia estipulou um prazo curto para o retorno, ameaçando punir qualquer um que chegasse atrasado.

Os alunos de classe inferior, que enfrentaram a tempestade e correram o risco de perder pontos, finalmente chegaram ao seu limite.

Eles se reuniram no Dex Hall e montaram um plano: ocupar o Ophelis Hall e expressar sua insatisfação.

Não era um plano realista, é claro.

O Ophelis Hall era o lar dos melhores alunos de cada ano.

Além disso, até as empregadas que trabalhavam no dormitório eram treinadas para lutar.

Todas sabiam manusear um florete, e as empregadas sêniores dominavam magia intermediária.

Não importava quantos estudantes de classe inferior se reunissem, não havia a menor chance de conseguirem ocupar o Ophelis Hall.

Era como ver um grupo de lemingues marchando direto para o penhasco.

E, mesmo que conseguissem ocupar o prédio, o Ophelis Hall era o lar de aristocratas e pessoas influentes.

Ou seja, os responsáveis receberiam uma punição pesada.

Isso limitava bastante a escala do evento.

Mas tudo mudou quando Lortel interveio.

— Os estudantes de classe inferior estão tramando algo bem interessante entre eles.

Lortel sorria amplamente ao lado da fogueira.

Continuei afiando a lâmina da minha adaga, sem reagir muito às palavras dela.

Olhei de relance e confirmei que a pessoa ao lado dela era Elris, a chefe das empregadas do Ophelis Hall.

Era como se ela estivesse apenas aguardando as ordens de Lortel.

Não havia nada de estranho em vê-la ali, parada em silêncio.

Ela era a única pessoa com acesso à magia protetora do Ophelis Hall.

E, embora fosse chamada de magia protetora, bastava uma pequena alteração para que ela se tornasse algo completamente diferente.

Não havia necessidade de explicar o quão valioso era ter esse tipo de autoridade.

Somente aqueles que trabalharam na academia por anos e receberam a total confiança da instituição podiam se tornar chefes das empregadas.

Em outras palavras…

Elris não era alguém que poderia ser comprada facilmente com algumas moedas.

— Então?

— Quero pedir a sua ajuda.

— Minha ajuda?

— Você é perfeito para o papel.

Lortel suspirou profundamente antes de continuar.

— Originalmente, o disfarce… ia ser feito pelo Totte, mas ele acabou se machucando gravemente.

Parei de afiar minha adaga no mesmo instante.

Isso era algo que não dava para ignorar.

— Oh? Finalmente vai me ouvir de verdade, Ed?

— O que aconteceu com Totte?

O "Disfarce Totte"…

Ele não tinha um papel muito importante, mas seu nome era algo que eu lembrava claramente.

Ele era o chefe do primeiro andar no evento da Ocupação do Ophelis Hall, o primeiro inimigo nomeado do Ato 2.

Ele deveria entrar em conflito com Taylee e apanhar feio durante as férias.

Depois, reapareceria como um chefe de um único estágio no Capítulo 3 do Ato 2: A Ocupação do Ophelis Hall.

Não era um evento tão grandioso quanto a Subjugação de Glasskan, mas ainda tinha grande influência no desenrolar da história.

Havia cinco chefes nomeados dentro do Ophelis Hall.

O chefe do primeiro andar, "Disfarce Totte".

O chefe do segundo andar, "Clevius, o Melancólico".

Os chefes do terceiro andar, "Shaney, encarregada da louça" e "Kelly, responsável pela lavanderia".

O chefe do quarto andar, "Wilane, o Representante dos Estudantes de Classe Inferior".

E, por fim, o chefe do quinto andar, "Elris, a Chefe das Empregadas".

O primeiro deles era Totte.

Ele deveria definir o tom do evento, apanhar e desaparecer.

Se essa ainda fosse a linha do tempo original, ele já teria sido comprado por Lortel e estaria envolvido no incidente do Ophelis Hall.

— Ah, como posso dizer isso? Aquele cara nunca levou nada a sério.

Além disso, não parecia nada confiável…

Mas, pelo menos, ele sabia ficar de boca fechada.

Então, resolvi confiar nele…

Mas não esperava que Ziggs fosse espancá-lo daquele jeito.

Agora ele está no hospital.

…Algo parecia fora do lugar na linha do tempo.

Eu tinha certeza de que não havia tantos eventos grandes programados para ocorrer durante as férias.

— Ziggs bateu nele?

— Totte se envolveu em uma briga com Taylee e Ziggs.

— Sério, por que ele teve que fazer uma estupidez dessas?

Até aqui, tudo ainda seguia conforme eu sabia.

Totte era apenas mais um vilão de terceira categoria, usado no início do Ato 2.

Seu único propósito era apanhar dos protagonistas depois de começar uma discussão sem sentido.

Na verdade, esse personagem existia apenas para fazer Ziggs parecer incrível.

Totte se aproximava, insultava Taylee, chamando-o de "espadachim fracassado" e dizendo que seu talento era uma farsa.

Então, Ziggs surgia e acertava um soco nele sem hesitar.

Durante as férias, Taylee e Ziggs se tornaram amigos próximos, então era natural que o Ato 2 começasse com um incidente como esse.

Até aqui, tudo estava conforme o roteiro original.

No entanto… Havia algumas partes que eu não conhecia.

Por exemplo… O que exatamente Totte disse para Taylee?

— Ele olhou para Taylee e disse…

— Você não é nem melhor que Ed Rothstaylor… É só um humano ainda mais insignificante que um inseto.

— As palavras dele não foram um pouco pesadas demais?

— Ha…

— Para falar a verdade… ele insultou tanto Taylee quanto você ao mesmo tempo…

— Mas quem ficou realmente furioso foi o Ziggs.

Ah… É por isso que eu tento evitar me envolver com os protagonistas.

Essas situações começaram a ficar cada vez mais difíceis de lidar.

— Elvira me disse que Ziggs normalmente ficaria um pouco irritado, no mínimo.

— Mas, nesse dia, ele parecia mais furioso do que o normal.

— Bem, depois que a raiva passou, ele pediu desculpas.

— Mas Totte ainda estava muito exaltado na hora.

Lortel fez uma pausa, respirando fundo antes de continuar.

— Não posso confiar em alguém tão emocional.

Então, ela me olhou diretamente nos olhos e disse:

— Sua tarefa não é difícil.

— Pegue a chave com Elris, fique no Ophelis Hall por um tempo e, então, abra a porta para deixar os alunos de classe inferior entrarem.

— Tenho certeza de que há muitas outras pessoas que poderiam fazer isso além de mim.

— Na verdade, não há tantas quanto você pensa.

— Independentemente do que aconteça, essa é uma tarefa que exige alguém racional e de cabeça fria.

— E, acima de tudo, você tem motivos para participar.

Por que Lortel estava me dizendo tudo isso?

— Mesmo que eu subornasse alguém com dinheiro suficiente, não haveria garantia de que, depois que tudo acabasse, essa pessoa não me entregaria para os investigadores internos da academia.

— “Ah, a pessoa por trás de tudo isso era, na verdade, a estudante do primeiro ano Lortel.”

— Se alguém fosse lá e confessasse isso, como você acha que eu me sentiria?

— Eu não teria ninguém em quem confiar.

Agora eu finalmente entendi por que Lortel me escolheu.

Eu já tinha sido expulso do Ophelis Hall.

Mesmo sendo ridicularizado e desprezado por todos, eu continuei frequentando a academia.

Se fosse para ser honesto comigo mesmo, eu não ligava tanto assim.

Ed Rothstaylor merecia esse tipo de tratamento desde o início.

Sim, era um pouco injusto comigo, mas…

Agora, tudo o que eu podia fazer era focar na minha própria sobrevivência.

A maneira como os alunos me viam mudaria com o tempo, de um jeito ou de outro.

Os primeiro-anistas, na verdade, pareciam já ter começado a me ver de forma mais positiva.

— Você não quer revidar, Ed?

Lortel sorriu suavemente enquanto me fazia essa pergunta.

Parecia que ela presumia que eu guardava rancor da academia.

Bem, isso era pura especulação da parte dela.

— Eh, não realmente.

— Oh? Sério?

— Mas, claro, vou ouvir os seus termos primeiro.

Eu não entrei em pânico e tomei uma decisão na hora.

Se eu recusasse a proposta de Lortel, ela simplesmente iria atrás de outra pessoa para fazer o serviço.

Isso só me deixaria ainda mais inquieto.

Eu não teria como saber quem acabaria assumindo o papel de Totte.

Seria melhor que eu mesmo aceitasse a função, abrisse a porta com cuidado…

E depois perdesse para Taylee.

Afinal, esse era o único propósito desse papel.

A única diferença aqui era que Totte, o chefe do primeiro estágio, estava incapacitado.

Então, desde que eu resolvesse esse problema, a linha do tempo voltaria ao seu curso original.

Mas isso não significava que eu faria isso de graça.

Já que Lortel era alguém que podia pagar bem, eu precisava tirar o máximo possível dela.

— 20 moedas.

O pagamento parecia ridiculamente alto para uma tarefa tão simples.

Mas, considerando que eu teria que ficar de boca fechada depois, o valor estava bem calculado.

Como eu queria que a linha do tempo prosseguisse da forma mais suave possível, não havia motivo para expor a participação de Lortel.

Na prática, isso seria dinheiro fácil para mim.

Desde que eu me comportasse bem, não haveria razões para me investigarem.

Era só ficar quieto e não chamar atenção.

Mandaria Taylee subir para o próximo andar e, então, me esconderia no quarto de Yennekar por um tempo.

Talvez até tomasse uma xícara de chá antes de escapar.

— Fechado.

Voltei a afiar minha adaga.

Esse era o sinal de que não havia mais nada para discutir.

Eu agora era o chefe do primeiro estágio.

 

◇ ◇ ◇

 

— Sinto que há algo errado.

Era noite, no meio da floresta.

A jovem mercadora e a chefe das empregadas caminhavam lado a lado, retornando para o Ophelis Hall.

A chefe das empregadas, que havia permanecido em silêncio absoluto até então, finalmente falou assim que ficou sozinha com Lortel.

— Ele nunca perguntou "por quê?".

Era natural que uma empregada veterana fosse capaz de enxergar através das pessoas.

No mínimo, ela sabia que Ed Rothstaylor não era uma pessoa comum.

Embora não tenham falado muito, era curioso como ela conseguiu perceber que havia algo diferente nele apenas com aquela curta conversa.

Mas… o que quer que a chefe das empregadas tenha achado estranho…

Lortel também sentiu a mesma coisa.

— Parece que até você percebeu isso, Elris.

Lortel sorriu.

— Pensando bem… ele sempre foi assim.

Não havia nele nenhuma curiosidade, algo que qualquer humano deveria ter por natureza.

Diante de uma proposta como essa, seria natural que ele fizesse perguntas.

Por que Lortel estava intervindo na Ocupação do Ophelis Hall?

Por que a chefe das empregadas estava ao lado de Lortel?

Por que ele não demonstrou aversão alguma ao plano dos estudantes de classe inferior?

Havia tantas perguntas que ele poderia ter feito.

E, no entanto, ele só fez uma única pergunta.

"Por que eu?"

— Com esse tipo de reação… só existem duas explicações.

— Ou ele é alguém que não se importa com nada, desde que seja pago…

Lortel sentiu um arrepio percorrer sua espinha pela primeira vez em muito tempo.

— Ou ele é alguém que consegue enxergar tudo isso…

Lortel ainda se lembrava claramente do calor das três moedas de ouro que ele devolveu para sua mão naquele dia.

No mínimo, Ed Rothstaylor não era alguém que venderia sua vida por ouro.

Se fosse esse o caso…

Então, pela lógica da eliminação, só havia uma possibilidade restante.

— Quanto será que ele sabe?

— Não deveria haver nenhuma pista.

Lortel fechou os olhos lentamente, antes de abrir um sorriso peculiar, seu sorriso de raposa.

Fazia muito tempo desde que sentira essa sensação.

O "medo do desconhecido".

A noite já estava avançada.

Lortel continuou caminhando pela escuridão da floresta, sem hesitar.

Lá atrás…

Enquanto ela falava entusiasmada, ele apenas permaneceu sentado, afiando sua adaga ao lado da fogueira.

Ela se perguntou o que ele estava pensando depois que ela partiu.

Não conseguia entender o que ele sentia…

E isso fez o coração de Lortel acelerar ainda mais.

Alguém igual a ela.

Tão semelhante… que era assustador.

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