Volume 1 – Arco 2
Capítulo 19: Fim da Jornada
Alred é um elfo de aparência madura, com cabelos loiros e olhos azuis. Apesar de sua estatura elevada, seu corpo é esguio. Se alguém de fora não conhecesse sobre sua raça, poderia presumir que ele teria cerca de 30 anos de idade.
Na realidade, ele é um ser vivo que existe há mais de um milênio. Essa longeva criatura vivenciou inúmeras situações e passou por tantas dificuldades que prefere nem se lembrar. Enfrentou batalhas árduas contra adversários numerosos e poderosos, mas também soube desfrutar da vida, passeando e apreciando a beleza de um campo florido.
Durante toda a sua vida, ele permaneceu solitário, Um nômade que viajava sozinho de uma região para outra, sem a companhia de amigos ou parceiros para dialogar ou compartilhar momentos. Por cada local, cidade, país ou vilarejo, ele sempre tentava guardar uma memória preciosa.
Ele sempre carregava sua grande mochila, onde guardavam coisas essenciais como comida, água, uma barraca e livros.
Um verdadeiro viajante, que não tem um local fixo para permanecer. Sempre se recorda da última parada, aproveita ao máximo a nova localidade e já planeja os próximos destinos a serem explorados.
— Aprendi mais uma magia! — Seu objetivo era nítido: absorver e dominar a maior quantidade de magia possível. Dada a afinidade natural de sua espécie com o campo da feitiçaria, a compreensão de seu funcionamento não era um desafio.
Em um dia qualquer, a caminho de seu próximo destino, avistou ao longe uma pequena vila. Esta não estava inicialmente em seus planos de visita. Se desejasse, poderia seguir viagem sem parar, já que nada ali parecia atrair sua atenção.
Entretanto, pelos suprimentos e a água estarem acabando, decidiu fazer uma parada rápida e ficar alguns dias.
Embora fosse uma cidade pequena em território e com comércio escasso, ela apresentava um grande número de habitações em condições precárias, abrigando moradores em circunstâncias desumanas. No entanto, os produtos adquiridos nas barracas locais eram acessíveis e de excelente qualidade.
Após passar alguns dias adicionais naquela vila, ele decidiu explorar a região. Era um lugar onde uma variedade de raças coexistia harmoniosamente; fadas, demi-humanos, demônios, goblins e anões.
Ele entrou em uma floresta exuberante, com algumas árvores espalhadas. No entanto, o que realmente capturou sua atenção foi a presença de um jovem.
— Hoje você não escapa! — ameaçou uma das árvores o garoto.
Com o punho cerrado, ele atingiu o tronco com tanta força e violência que a árvore se despedaçou em muitos pedaços. A força sobre-humana da criança surpreendeu Alred imensamente, pois o menino era muito pequeno e parecia ter entre 9 a 10 anos.
Sendo Alred uma pessoa sociável e excelente conversador, rapidamente estabeleceu amizade com o menino. Em pouco tempo, os dois iniciaram uma conversa e durante a troca de diálogos, Alred descobriu que o menino era órfão e tinha uma paixão por magia, mas não possuía recursos financeiros para aprender através de livros ou tutores.
Como Alred era um grande mestre em magia, ele se sentiu confiante e decidiu desafiar o garoto.
— Aprecio a maneira como você age. Proponho um desafio: se, por um acaso improvável, você me vencer, terei o prazer de ensinar-lhe magia. Porém, se eu sair vitorioso, deixarei este lugar, agindo como se nunca tivéssemos nos conhecido.
Imediatamente e sem hesitação, o menino saltou e aceitou o desafio. A batalha foi extremamente breve e decidida em um único ataque. Quando o elfo lançou seu feitiço de fumaça contra o menino, foi derrubado por um potente soco na barriga que o arremessou a uma grande distância.
“Que força esmagadora é essa? Nem mesmo os mais fortes dos Ogros teriam algo assim.”
Devido a esse resultado, o elfo optou por permanecer na vila, e dessa forma, vários anos se passaram. Na matéria sobre o uso da magia o garoto surpreendia Alred, pois entendia o funcionamento das coisas numa velocidade avassaladora.
Em pouco tempo aquele jovem ganhou notoriedade na cidade, superando desafios contra indivíduos poderosos e foras da lei, todos significativamente mais velhos do que ele.
A especialidade daquele jovem era o combate corporal. Mesmo quando confrontado com adversários armados com espadas, arcos e flechas, ou cajados arcanos, ele dominava todos com as mãos vazias. Sua força não se limitava apenas à destreza física, pois ele possuía uma vasta reserva de energia mágica dentro de si.
Em uma data específica, o elfo e o garoto encontram uma garota desorientada, que perdeu todas as suas memórias, inclusive a lembrança do próprio nome. Ela devia ter a mesma idade do garoto que agora tinha 15 anos.
Após esse incidente, a menina começou a interagir mais com os dois. Tanto ela quanto o garoto desenvolveram uma forte relação de amizade. Nesse contexto, Alred iniciou o ensino de magia para essa dupla.
Quando ambos atingiram os 16 anos, idade que marca a transição para a maioridade e o reconhecimento como adultos, eles abandonaram a modesta vila onde viviam. O objetivo era acompanhar Alred em seus estudos de magia e explorar o mundo lá fora.
Anos mais tarde, o menino e a menina já eram adultos, tanto em maturidade quanto em porte físico. Seus nomes eram reconhecidos em todos os lugares, à medida que avançavam em suas jornadas. No caminho, fizeram diversos amigos incomuns, incluindo um Slime, uma Dragonoide, uma Vampira, um Esqueleto Vivo, entre outros seres fascinantes.
Alred certo dia não entendeu como aquele garoto órfão do interior e a menina desmemoriada viraram rei e rainha de uma das grandes cidades do mundo. Aqueles indivíduos, além de possuírem uma força extraordinária, eram os comandantes de um exército colossal. Contavam com inúmeros subordinados leais e um arsenal de armas perigosas e mágias nunca antes visto.
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Vários anos depois, Alred, mantendo sua aparência habitual e aparentemente inalterada após várias décadas, encontrava-se em um bar movimentado no centro da cidade, que agora era governada pelo menino a quem ele havia ensinado.
Acompanhando-o estavam duas criaturas únicas: um minotauro imenso, o dobro do tamanho do elfo, conhecido como Thorak, o Conquistador; e, por outro lado, uma fada minúscula, a mesma que Gwen havia eliminado no exame.
Depois que o trio esvaziou suas canecas, solicitaram outra rodada. O ambiente no local estava extremamente encantador e animado, com uma música cativante tocando ao fundo. Outros minotauros ao redor deles se divertiam, rindo e fazendo brincadeiras entre si.
— Foi uma grande conquista em Nertley! Pensei que morreria nesse combate, mas, graças a você, meu amigo, estou vivo para beber outra caneca de cerveja! — disse Thorak dando uns tapas leves nas costas de Alred.
— Essa é uma boa forma de agradecer, rei dos minotauros! — elogiou a fada.
Em seguida, a dupla se voltou para Alred, que até então parecia bastante desanimado e abatido. Embora o álcool o deixasse alegre ocasionalmente, nesta ocasião, ele apresentava uma expressão terrível.
— Por que dessa cara? Não gostou da bebida? — perguntou Thorak.
— De forma alguma, estou refletindo sobre nosso rei. Tínhamos uma amizade íntima e próxima quando ele ainda era jovem, mas hoje em dia mal conseguimos conversar direito como nos velhos tempos por ele sempre estar ocupado enfrentando o exército da Una.
O minotauro esvaziou a caneca mais de uma vez. Após devolvê-la, arremessou um saco de moedas sobre a mesa e se levantou.
— Como um bônus, irei fazer mais um favor para você. Eu e meus soldados estamos a caminho do castelo agora. Se desejar, você pode se juntar a nós, pois é permitido ter acompanhantes. Então, qual será a sua resposta?
— Sim, eu aceito! — disse Alred parecendo um pouco mais alegre.
— Se Alred está indo, parece que terei que acompanhá-lo. No entanto, eu gostaria de poder beber um pouco mais. — comentou a fada.
— Mais tarde nós voltamos — sugeriu o elfo.
Concordando, os três se prepararam para a visita. Thorak mobilizou seus soldados. Embora o minotauro parecesse bruto e selvagem à primeira vista, ele era, interiormente, uma figura gentil com um coração sensível.
Assim, lado a lado, os três parceiros caminharam em direção ao castelo. Todos pareciam nervosos com o encontro iminente com o rei.
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Voltando ao exame dos sentinelas, todos os indivíduos que estavam reunidos ali há alguns minutos foram eliminados, restando apenas Dusk, que se protegeu utilizando sua mágia de fantasma branco.
Tendo testemunhado a eliminação rápida e brutal dos demais participantes, Dusk tinha uma expressão fervorosa de fúria. Seus olhos estavam fixados no adversário, sua mão agarrava firmemente o cabo da espada.
— Vou acabar com você! — declarou Dusk.
Com bravura implacável, sem levar em conta a força do adversário, o menino avançou em direção a Alred com uma velocidade espantosa. Até aquele momento, Alred ostentava um sorriso no rosto, talvez apreciando a devastação que havia causado.
Com um movimento dos braços, o elfo levantou uma imensa nuvem de fumaça e, com um aceno de mão, direcionou um ataque ao garoto.
Por sua vez, Dusk concentrou mana nas pernas, fortalecendo seus músculos. Isso lhe concedeu um impulso adicional na corrida. Com movimentos ágeis, ele se aproximava, desviando habilidosamente dos ataques.
— Morre de uma vez. Não consegue ver que sou mais forte aqui? Essa sua atitude faz parecer até meu aluno — comentou Alred.
Em um breve momento de descuido, Dusk conseguiu reduzir a distância e se posicionou diante do elfo. Ele manobrou sua espada para atacar, no entanto, o elfo, contorcendo-se agilmente, conseguiu escapar do golpe por um fio, permanecendo ileso.
— Você também, para de se esquivar e deixar o cortar de uma vez! — falou Dusk.
— Claro que não, alguém fraco como você, acha que tem vantagem aqui? Se ponha no seu lugar garoto, o mundo é um local cruel.
Ignorando aquelas palavras, Dusk tentou atacá-lo mais uma vez, mas desta vez com uma velocidade acima do comum. A ponta da sua espada apenas roçou suavemente a bochecha do elfo.
— Acha que darei ouvidos a um monstro como você? Que destrói a vida de outros sem qualquer remorso. — Alred continuava a esquivar enquanto Dusk vinha continuava. — Por culpa de vocês, perdi pessoas muito preciosas para mim, que são a razão de eu estar aqui hoje. E, para ser sincero, a vida de vocês não tem valor para mim.
Conforme o jovem empunhava sua espada, ele ia gradualmente cercando o elfo. Em um dado instante, o elfo sentiu um líquido escorrendo em sua bochecha e, ao tocar, percebeu que era seu próprio sangue.
Deixando a defensiva de lado e partindo para a ofensiva, Alred se posicionou e diminuiu a distância. A palma de sua mão se aproximou do estômago do jovem, onde uma quantidade significativa de fumaça começou a se formar, indicando a concentração de um ataque poderoso.
Antes que a situação pudesse piorar, Dusk rapidamente conjurou um fantasma negro entre a mão e seu abdômen. Em questão de segundos, uma poderosa explosão negra ocorreu, espalhando fumaça por todos os lados.
Ileso e sem danos visíveis devido à magia, Dusk emergiu da área envolta em fumaça. No entanto, era evidente que a exaustão e o cansaço estavam se instalando. Se o confronto se prolongasse ainda mais, isso se tornaria um grande peso para ele.
“Se não fosse pela minha alma malevolente, teria perdido com certeza.”
Emergindo da fumaça de maneira elegante, Alred estendeu os braços para a frente, como que em um gesto de abraço. Gradualmente, começou a se formar um espiral de ar cinza entre suas mãos. Era o mesmo vórtice que ele havia usado anteriormente para eliminar os outros participantes.
— Eu não vou ficar para trás! — declarou Dusk.
O espectro negro permanecia ali, diante de Dusk. Voou em direção à mão do jovem e, com seus dedos ligeiramente abertos, apontou para o elfo.
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A memória de Dusk retrocedeu vários anos, até a época em que ele tinha apenas oito anos. Naquela fase, devido à sua jovem idade, ele era de estatura baixa.
Ele se encontrava em uma ampla sala, as janelas estavam completamente abertas, permitindo que a luz do sol adentrasse e iluminasse o ambiente. Em essência, tratava-se de uma sala de aula improvisada, onde Dusk era o único aluno, diante de um quadro negro.
A professora era alguém muito mais velha que o garoto, ela era alta, tinha longos cabelos castanhos e seus olhos violetas eram incrivelmente brilhantes. Além de ser a tutora, essa era também Aliyah Tedimir, a mãe de Dusk.
— Mãe! Mãe! Estou com uma dúvida. Se um dia eu enfrentar uma magia extremamente poderosa, da qual sei que possui a capacidade de me derrotar, existe alguma maneira de me proteger?
Aliyah, em um momento de reflexão, levou a mão ao queixo enquanto parecia ponderar em busca de uma resposta para a pergunta.
— Existem diversas estratégias para lidar com esta situação. Uma delas é a utilização de uma barreira simples, que pode funcionar melhor do que o previsto. No entanto, como este não é o nosso foco de estudo atual, podemos explorar os efeitos de cada entidade espectral. Por exemplo, a utilização da alma benevolente pode causar uma sobrecarga na magia, ou até mesmo drená-la com o uso da alma malevolente.
— Sim, entendi. Mas se eles não derem conta?
— Bom, Você ainda terá um recurso extremamente valioso em suas mãos, isso se aplica a qualquer outra magia que você utilizar.
— E qual é? — perguntou animado e curioso Dusk.
— Como você puxou a sua mãezona aqui. Nós temos uma vasta reserva de mana, porém, graças à Ronnos, você possui o dobro da minha energia. Assim, dispomos de recursos suficientes para aprimorar ou fortalecer nossas magias. Para conseguir isso, você pode optar por usar uma conjuração verbal nas habilidades ou canalizar mana nelas antes de liberá-las.
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Conforme o conselho dado por Aliyah anos atrás, Dusk começou a canalizar uma grande quantidade de mana em seu fantasma negro, gerando assim seu poderoso ataque carregado que, notavelmente, aumentou de tamanho.
— Bora acabar com isso de uma vez? — perguntou Dusk.
— Exato. Perde logo, para devorar você rápido, estou com fome.
Com um gesto ágil e arqueado, Alred exibiu sua confiança e determinação ao lançar seu feitiço com a precisão de uma bola de tênis contra seu adversário.
Dusk, utilizando a mira formada por seus dedos, disparou o fantasma contra o Etéreo.
Os feitiços cortaram o ar com intensidade, colidindo diretamente no centro onde os dois se encontravam. Tanto a magia espiritual quanto o vórtice estavam em um impasse, e o primeiro a ceder determinaria o vencedor.
No entanto, em pouco tempo, o fantasma negro pareceu absorver aquela magia. Movendo-se com a velocidade de uma bala, dirigiu-se diretamente para Alred, que só pôde aguardar o inevitável impacto.
Boom!!!
Uma grande massa negra causada pela explosão espalhou para todos os lados. Dusk não conseguia avaliar a eficácia de seu ataque, porém, estava ciente de que havia consumido uma grande quantidade de energia para executá-lo. Quando finalmente a turbulência cessou e a poeira baixou, a visão do elfo ainda de pé assustou o garoto. Mas, rapidamente, ele percebeu que seu adversário começava a se desfazer em pó, tendo uma imensa abertura na sua barriga.
— Finalmente, acabei sendo a mesma pessoa que era na vida passada. Curioso, não é? Infelizmente, não o encontrei durante esse tempo. Fico me perguntando, como ele estará agora?
Ao proferir suas últimas palavras, seu corpo começou a desaparecer gradualmente, como se transformasse em pó, até que nada restou, nem mesmo a sua presença. No local de sua derrota, um orbe de cor avermelhada foi deixado como indicativo de que ele pertencia à categoria Epsilon.
— Ufa! Finalmente acabou. — Dusk limpou a testa suja de suor.
Ele estava inteiramente exausto após o confronto. Tudo que queria agora era pegar sua recompensa. No entanto, algo o deteve. Um golpe poderoso com punhos cerrados fez com que ele fosse lançado contra a parede de um edifício, fazendo sua consciência oscilar levemente.