Volume 1 – Arco 1

Monólogo: Dusk Tedimir

Como uma pessoa se torna um herói?

Essa pergunta, frequentemente pairando em minha mente, parece estar em todos os momentos da minha vida — no café da manhã, nas aulas na academia, em meus treinos diários de magia e esgrima, e até mesmo em meus sonhos. A dúvida sobre o que define um verdadeiro herói nunca me abandona.

Heróis realmente se preocupam com a vida dos outros? Ou será que, ao proteger alguém ou realizar uma boa ação, eles sempre têm segundas intenções? É horrível pensar que pode ser assim.

Os meus dois grandes heróis, Ronnos e Aliyah, sempre disseram que ninguém se torna um herói planejando isso. Eles afirmavam que um herói simplesmente faz o que considera correto ou necessário, sem buscar reconhecimento. No entanto, essa crença é difícil de manter quando se enfrenta o medo e o perigo.

Eu me pergunto se um herói pode realmente temer o perigo. Essa dúvida vem à mente sempre que me lembro do que aconteceu há oito anos. A lembrança daquele dia é como uma ferida aberta que nunca cicatriza. Tudo ao meu redor estava em chamas, a garota que eu tentava proteger estava agarrada a mim, e eu, com apenas nove anos, me sentia perdido e impotente.

Eu me lembro do caos: lagartas com asas voando em nossa direção, o ar carregado com o cheiro de queimado, e meu rosto e minhas mãos cobertos de fuligem. Minhas pernas não paravam de tremer, assim como as dela, que estava ao meu lado. Apesar de seu medo, ela mantinha-se firme, encarando os monstros com uma coragem que parecia quase sobrenatural.

Os gritos agudos das criaturas eram penetrantes e aterrorizantes, e minha espada de cristal estava rachada, prestes a quebrar. Lembrava-me das palavras de Ronnos, que me ensinara: “Um espadachim deve sempre segurar sua espada com firmeza, mesmo nas piores situações.” E, naquele momento, a firmeza que eu precisava parecia ter desaparecido.

Reunindo toda a coragem que me restava, respirei profundamente, como se tentando absorver toda a força do ar ao meu redor. Fechei os olhos e, por um instante, a imagem daqueles dois heróis, Ronnos e Aliyah, voltou à minha memória. Um sorriso involuntário escapuliu dos meus lábios ao recordar a visão deles.

Quando abri os olhos, o mundo parecia ter mudado. Dois feixes de luz — como estrelas cadentes cruzando o céu em alta velocidade — pousaram diante de mim e da garota ao meu lado. A imagem de Ronnos e Aliyah parecia emitir uma aura divina, quase mística. Talvez a minha memória estivesse exagerando, mas havia algo inegável: o sorriso largo de confiança e alívio que iluminava seus rostos.

Eles eram os guerreiros mais poderosos e habilidosos que a humanidade já conheceu, e sua presença naquela cena parecia um milagre. Aquele momento me marcou para sempre, e ver aqueles dois heróis, mesmo que apenas em minha memória, trouxe um sentimento de esperança e segurança que eu ainda carrego dentro de mim.



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