Volume 1

Capítulo 84 : A Pureza Humana!

Enquanto Kira e Michael observavam a queda de mais um companheiro que era forte, Arthen aproveitava e continuava torturando o seu adversário. 

Em meio a raiva pelo desprezo e a resistência que Kuros apresentou em sua batalha, Arthen descontava tudo o chutando. 

Entre cada chute desferido em Kuros ele dizia — Sinta a dor de ser desprezado. 

— Aprenda a respeitar seus superiores. 

— Respeite os únicos puros e poderosos. 

— Mestiços devem obedecer aos humanos. 

— Sinta o que guardei por todos esses anos. 

Ao mesmo tempo que desferia os golpes em seu adversário, Arthen se lembrava dos momentos em que ele segurou seus pensamentos e suas vontades por ainda não ser o momento certo. 

Se lembrava de todas às vezes que tinha que elogiar alguém que não tinha sangue humano puro como ele. 

Sentia como se aquele simples elogio ferisse o seu orgulho. 

As memórias o lembraram de quantas vezes ele se calou para que pudesse agir nesse momento. 

O momento em que ele poderia desferir os golpes e as dores que forma causadas durante toda a sua vida. 

Tendo que suportar as pessoas que não eram puras recebendo o mesmo tratamento que ele ou até melhor. 

Aceitando receber instruções de pessoas como eles. 

Junto a suas memórias vieram as palavras de seu pai. 

— Enquanto Sartre não se pronunciar a nossa família como escolhidos, precisamos aturar esses mestiços que acreditam ser os mais fortes do reino. Aprenda a abaixar a cabeça, mas aprenda a alimentar essa raiva e essa repressão para que quando o momento apareça você possa aproveitá-lo. Você será o governante desse mundo com a bênção de Sartre. 

Enquanto as palavras de seu pai ecoavam em sua mente, Arthen ficava cada vez mais estranho e parecia se divertir cada vez mais com a sua vingança. 

Kuros não conseguia se mexer. 

Kira e Michael observando a fúria de Arthen sendo refletida em Kuros sentiram que algo estava totalmente diferente de quem aquele Rei se mostrava ser. 

Mas logo esse pensamento foi interrompido por Sartre. 

— Agora sim o meu escolhido mostrou quem ele é. — disse Sartre. 

Com as palavras de Sartre, Kira e Michael ficaram em dúvida e olharam diretamente para o Deus. 

Assim que seus olhos alcançaram Sartre eles viram o seu sorriso de satisfação. 

— Após tantos Raijin, enfim consegui encontrar um que me ajude a eliminar essa escória desse mundo. — disse Sartre com um ar de satisfeito e orgulhoso. 

Os olhares de Kira e Michael demonstraram claramente que agora eles caiam em si que Deus Sartre já interferia em suas vidas há muito tempo. 

Ambos permaneciam caídos no chão e sem conseguir se levantar. 

— Vocês eram fortes, mas ainda não seriam suficiente para derrotar alguém com uma benção divina. — pronunciou Sartre. 

Kira e Michael não sabiam ao certo do que Sartre estava falando. 

— Talvez vocês não saibam o que é isso, mas com certeza vão saber mais adiante. — disse Sartre sorrindo de uma forma amedrontadora. 

Ao mesmo tempo que ele terminou a sua fala, Arthen estava a ponto de matar Kuros. 

Ele ainda continuava atacando seu adversário, mesmo sem ter nenhuma reação. 

Imediatamente Sartre saiu e foi parar o seu escolhido. 

Sartre apareceu ao lado de Arthen e segurou pelo seu braço para impedi-lo de matar alguém que nem mesmo reagiria. 

Arthen estava tão empolgado que ao ser segurado por alguém quase revidou imediatamente. 

Assim que viu o rosto de Deus Sartre ele parou o seu ataque. 

— Grande Deus, me desculpe. — disse Arthen se ajoelhando e abaixando a cabeça. 

— Levante-se! Eu sei que estava empolgado para fazer com que ele pagasse por tudo que passou, mas sua recompensa será maior se derrotar o rei demônio. E esse homem será necessário para isso. — disse Sartre. 

Arthen permaneceu de cabeça baixa, mas respondeu de forma positiva e não disse mais nada. 

Kuros estava caído ao chão desmaiado e sangrando após tantos golpes que Arthen havia desferido em seu corpo. 

Por todo o corpo podíamos ver marcas e manchas de golpes, junto a isso conseguíamos ver também cortes e sangue. 

Naquele momento Arthen  se virou para Sartre e perguntou — Como ele irá nos ajudar? 

— Você não precisa saber os detalhes, mas leve-o para perto dos outros. — disse Sartre. 

Após a ordem de Sartre ser dada, Arthen pegou Kuros e colocou-o nos ombros e foi na direção onde estavam Kira e Michael. 

Ambos permaneciam caídos, mas acordados e atentos aos movimentos. 

— Você é desprezível. Se aproveitando da benção para ajudar a eliminar as pessoas desse mundo. — pronunciou Kira para Arthen. 

O Rei de Raijin apenas olhou para Kira e disse — Vocês são as raças inferiores e merecem aceitar seus destinos e servirem a pessoas que como eu e Sartre somos seres humanos puros. 

Kira não respondeu nada, mas Michael ao escutar essas palavras começou a tentar se levantar para ir atacar Arthen, mas seu corpo não tinha mais nenhuma força. 

— Eu sabia que um mestiço como você ficaria bravo por escutar a verdade. Vocês merecem nos servir e é esse o meu objetivo. — disse Arthen. 

Michael não conseguiu se mover, mesmo que se contorcer e grunhisse de dor pelas tentativas frustradas de atacar esse ser. 

Arthen começou a sorrir das tentativas de se levantar que Michael empreendia, mas sentia mais alegria quando via que os aventureiros mais fortes do reino até o momento. 

Enquanto Arthen ficava se divertindo com seus pensamentos e sensações, Sartre olhava e observava atentamente para os prisioneiros que haviam a sua frente. 

 O olhar de Sartre não era de um simples guarda ou coisa do tipo, mas um olhar com interesses. 

Arthen ficou parado ao lado de Sartre por alguns minutos, mas ele começou a ficar impaciente. 

Começou a andar de um lado a outro e seu tédio o deixava impaciente. 

Após cerca de uns 10 minuto parado esperando, as emoções e sua inquietação se tornava mais visível. 

— Arthen, você precisa se acalmar e acumule energia mágica. — pronunciou Sartre. 

Arthen olhou para Sartre com confusão estampada no rosto.

— Grande Sartre, mas como vou acumular energia? Eu já estou recuperado, após vencer esses idiotas. — disse ele, ainda ofegante com o sangue de Kuros manchando suas vestes.

Sartre, por sua vez, não parecia se importar com a forma com que o seu escolhido iria utilizar para acumular energia.  

Sem dizer uma única palavra em explicação a Arthen ele imediatamente saiu. 

Caminhou lentamente até Kira e Michael, observou o centro do campo destruído, com passos firmes e expressão indiferente. Estava diante de Kira e Michael, ambos ainda no chão, respirando com dificuldade.

— Vocês irão sucumbir aqui nessa batalha — respondeu Sartre com voz imponente. — Mas não se preocupem que esse não será o tumulo somente de vocês como aventureiros, mas daqueles que forem revidar minas escolhas também. 

Kira e Michael sabiam que aquela provocação os faria querer responder algo.

 Enquanto isso, Arthen fechava os seus olhos e tentava se concentrar em seus objetivos, mas acumular uma energia mágica não era tão fácil quanto a voz de Sartre ordenou. 

Arthen cerrou os punhos, ainda tentando entender. 

Sartre então se virou e estendeu uma das mãos na direção dele. Um círculo dourado com símbolos divinos se formou ao redor de Arthen, fazendo o chão vibrar. Partículas douradas começaram a se acumular em sua volta, girando em alta velocidade.

— Concentre sua raiva. Seu desprezo. Tudo o que te forçou a se calar até hoje. Transforme isso em poder. — disse Sartre com autoridade.

Arthen fechou os olhos. Lembrou-se das palavras do pai, das humilhações veladas, dos sorrisos falsos e da obrigação de conviver com seres “inferiores” aos olhos da sua linhagem. O brilho ao seu redor aumentava conforme cada pensamento gerava mais energia, mais convicção.

Kira tossiu e se esforçou para falar, encarando Sartre.

— Você... por que ele? — perguntou entre respirações ofegantes. — Dentre todos os humanos, mestiços, guerreiros... por que dar poder justamente a um homem como Arthen?

Michael tentou se levantar, mas ainda não conseguia. Com a cabeça erguida, completou:

— Ele é o reflexo do que existe de pior no seu povo. Um tirano que esconde covardia atrás de arrogância.

Sartre os observou friamente.

— Porque ele é puro. — respondeu com simplicidade. — Não há contaminação de outras raças em seu sangue. Arthen representa o que deveria ser a base deste mundo.

Michael arregalou os olhos, surpreso com a frieza daquela fala.

— Então é isso? Toda essa destruição, manipulação, as maldições… tudo isso só porque você quer um mundo de humanos?

— Sim. — Sartre respondeu sem hesitar. — Raenus era para ser uma terra de humanos. Os deuses originários cometeram erros... mas eu estou aqui para corrigir isso.

Kira tentou se erguer, apoiando-se numa pedra próxima, mesmo cambaleante.

— Você não é um deus. — disse com desprezo. — Só mais um mortal que se agarrou ao poder divino para alimentar seus próprios preconceitos.

Sartre riu. Sua risada era fria e vazia, sem um pingo de humor.

— E ainda assim vocês se curvam diante de mim. — disse ele. — Eu não preciso da sua aceitação, Kira Hanz. Preciso apenas cumprir meu propósito.

Antes que mais palavras fossem trocadas, um estrondo surgiu ao longe. Um som cortando o ar como um trovão. O chão tremeu por instantes.

Sartre virou o rosto, intrigado.

— Parece que a distração acabou. — murmurou ele.

Arthen, ainda cercado pela energia dourada, parou sua concentração por um instante e olhou na mesma direção. Rastros de luzes em armas foram avistados e seres correndo em sua direção vieram como cometas.

— Estão vindo... — disse Arthen, reconhecendo o sinal de magia.

E então, surgiram como flechas: Saito Hanz, com seus olhos brilhando em roxo, atravessava o ar com velocidade impressionante. Ao lado dele, Dacto Kerraton carregava suas adagas em suas mãos brilhando, gritando de fúria. Fanallys Kerraton, ofegante e com seu rosto perdido, canalizava seu poder em seu machado. E Alex Kerraton, com suas espadas dançando no ar ao seu redor, se movia como uma tempestade viva.

Assim que eles chegaram, avistaram seus pais caídos. Sem trocar palavras, cada um se posicionou em frente ao pai caído, formando uma linha defensiva.

— Pai, viemos buscar você. — disse Alex, encarando Sartre sem medo.

O olhar de Sartre não apresentava nenhuma surpresa com a aparição desses garotos. 

Ao mesmo tempo que aqueles 4 apareciam no local, Sartre apenas falou — Vocês logo terão companhia. 

Há alguns quilômetros mais atrás, um novo grupo se aproximava em marcha firme. Ryusaki, Sankay e Dadb lideravam o restante. A aura de Ryusaki oscilava como se fosse uma tocha viva, determinada. Sankay, ao lado dele, mantinha sua magia contida, mas seus olhos já analisavam a situação com frieza estratégica.

Dadb, por sua vez, parecia ter deixado o lado "controlado" de lado. Sua presença sozinha fazia o ar ao redor pesar. Seus generais vinham atrás dela, cada um exalando um tipo diferente de energia sombria, espectral, venenosa ou selvagem.

Lina, Excia e Ivy completavam o grupo. Excia mantinha seus movimentos usando suas habilidades sobre-humanas como uma mulher lobo. Lina apresentava preocupação em seu olhar, mas ia com uma espada em punho e determinada a ajudar. E Ivy, de olhos fechados por um momento, murmurava encantamentos de proteção.

Sartre observava tudo aquilo com curiosidade genuína.

— A nossa recepção vai melhorar ainda mais. — disse em tom zombeteiro.

Imediatamente Arthen perguntou — Do que você está falando agora? 

— Você verá, mas além dessas pequenas companhias que chegaram teremos mais algumas. — disse Sartre. 

O olhar de Arthen agora não apresentava nenhum medo ou dúvida quanto ao que deveria realizar, mas sabia que apenas ele contra todos seria algo difícil. 

Antes que Arthen dissesse ou perguntasse algo a Sartre, o mesmo começou a criar Golems saídos da terra. 

Enquanto Sartre preparava os obstáculos para os próximos que viriam, Arthen se sentia cada vez mais confuso sobre o que deveria fazer de agora em diante. 

Mas foi nesse momento que os filhos de Kira e Michael tentavam retirar os seus pais do local. 

Arthen percebendo se aproximou e os impediu. 

Até mesmo o Rei de Raijin se perdeu em como havia evitado que levassem Kira, Michael e Kuros. 

Após juntar magia ele não sentiu nada além de pensar em uma ação e imediatamente ela se facilita. 



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