Volume 2
Capítulo 36: A quem eu quero enganar?
13 de Fevereiro de 4818 - Continente de Origoras, Cidade-Estado de Palas, Setor Norte da Academia de Palas
Sentado em uma sala espaçosa junto de sua melhor amiga, Togami não fazia a menor ideia de como ele havia se metido em sua situação atual. Entre estudar o ambiente, pensar na luta e admirar de relance o rosto de Reiko, a enxurrada de pensamentos e nervosismo era avassaladora — o que teria feito o príncipe Zuko convidá-lo a um duelo? Como derrotaria seu oponente? Por que estavam sozinhos naquela sala? E por qual motivo Reiko parecia tão bonita cantarolando algo em seu próprio mundo?
“Eu nem dormi direito hoje…”, lamentou-se por dentro, fechando os olhos para encostar no estofado. Sem dúvidas, sua ansiedade era sua maior inimiga, e estava fervilhando com ideias e cada vez mais panes por enfrentar quem Shuyu descreveu para ele, na noite anterior, como o mais forte dos herdeiros. Os olhos entreabertos miraram sua amiga de cabelos castanhos, imersa demais em sua leitura para dar-lhe atenção.
— Do que está falando, Alteza?
Mais perdido ainda, Togami buscou uma explicação nos olhares tanto de seus amigos quanto dos colegas de Zuko. O convite dele era sem sentido e um tanto direto demais, mesmo para alguém sem tato social como o bellano. A confusão no rosto do rapaz soou como uma súplica aos olhos acinzentados de Akashi, que se adiantou.
— Zuko, acho que faltaram algumas etapas… — riu o garoto, sem graça. — Desculpa, ele esquece que tá falando com outras pessoas. “Te achei forte, vamos lutar, por favor?”, traduzindo o que ele quer dizer.
— Posso sugerir uma coisa então?
Não foi Togami quem respondeu ao colega, mas sim Reiko. Era a vez da dupla recém-chegada de expressar seu desentendimento.
— Prossiga, Chiwa. — Zuko tomou as rédeas, intrigado.
— Seria uma batalha injusta, você foi treinado de maneira muito mais técnica e por muito mais tempo. — A empolgação nas palavras da princesa era tamanha que ela andava quase dançando. — Por isso, que tal eu e Akashi entrarmos como dupla de vocês?
— Compreendo sua linha de raciocínio. Mas, deixarei isso a cargo do senhor Togami, uma vez que nem mesmo ao meu desejo de duelar ele teve direito de responder.
A pressão inteira recaiu sobre os ombros não tão largos do baixinho. Da expectativa infantil de Reiko à vontade ardente de Zuko, os dois lados desejavam aquela luta dezenas de vezes mais do que ele. Contudo, um pedaço de si ansiava por combate desde o momento que Akashi se aproximou.
A origem deste sentimento de rivalidade repentino era desconhecida — havia estado na presença dele outras três vezes, com algum desconforto aqui e ali, mas nada que justificasse uma emoção intensa daquela forma. Era algo primordial, quase instintivo, ao ponto de sentir um desejo genuíno de enfrentar e esmagar Kousho.
— Claro. Não vejo porque não. — Foi essa sensação incontrolável que o levou a aceitar sem pensar.
— Ótimo. Estejam amanhã às 14 horas no campo principal do setor norte, irei reservá-lo para nós.
Zuko fez uma última mesura e saiu, Keiko e Akashi atrás dele proferindo frases como “que falta de noção” ou “você é maluco”. Kai fez o mesmo, na expectativa de não perceberem a humilhação que acabara de passar.
Dali em diante, o dia passou como um emaranhado de cenas desconexas. Jantar, dormir, tomar café da manhã, treinar um pouco com Akane, almoçar e, de repente, já era hora de seguir ao local indicado pelo príncipe na companhia de sua dupla, que o arrastou para aquela sala de descanso próxima ao campo para “limparem um pouco a cabeça”.
A última coisa que ele conseguiria fazer estando naquela situação era relaxar.
— Ei, Togami, cê sabia que usam magietras para fazer o sistema de elevadores? — Alheia ao desespero dele, Reiko lia com satisfação as páginas amareladas do livro. — Mas pelo jeito é tão refinado que só usam na Torre Olympia. Curioso, né?
— Sério? P-Por isso que usam os elevadores normais nos dormitórios…
— Exatamente, mas ainda prefiro a estética desses aqui — comentou. A falta de reação dele atiçou sua preocupação. — Cê tá bem?
— Estou nervoso, Reiko, isso é tudo.
— Você sempre é sério demais!
— Olha quem fala, sua boca grande.
— Eu não sou a Hanako, seu verticalmente prejudicado!
Se alguém de fora os interrompesse, acreditaria com toda a certeza em um racha da equipe ali mesmo, com encaradas duras e olhares penetrantes. Isto durou segundos, e logo ambos estavam rindo de algo que só eles compreenderiam até perderem o ar. Togami sentia-se muito melhor enxugando as lágrimas nos cantos dos olhos, para a absoluta satisfação da princesa.
— Você fica ansioso demais pra quem é um dos melhores alunos que minha mãe já viu. — O elogio o pegou de surpresa e o fez corar. — E você quem salvou minha pele junto com a Hanako. Eu confio em você, Togami.
— Seria mais fácil entender se você soubesse os motivos pra essa ansiedade.
O garoto voltou a fechar os olhos, pensando nas palavras de sua amiga. Muita coisa havia acontecido desde sua saída definitiva de Hiekaja — como será que estava Yona? Sentiria sua falta tanto quanto ele um dia sentiu do irmão mais velho? Abandonar aquela pobre garotinha para fracassar seria vergonhoso e o faria ser consumido pela culpa de tê-la deixado em prol de absolutamente nada.
A sombra de Tsuyoshi Shinwa também o atormentava em seus sonhos. Memórias há muito apagadas, das quais muitas ele não se lembrava até ser forçado a confrontar suas emoções, o faziam questionar se era capaz de superar o gênio que um dia fora seu irmão. O medo da comparação alimentava sua decisão resoluta de não explicitar a associação fraterna entre eles.
— E o que te impede de me contar?
“Engraçado, a voz dela tá tão perto…”, denotou para si. O olho direito abriu-se de leve, na intenção de espiar sem ser notado… apenas para ser recepcionado pelas safiras intensas e hipnotizantes da Guardiã de Atena bem direcionadas para ele, acompanhadas por um sorriso travesso. O coração dele errou uma batida com o espaço reduzido entre ambos.
— Conte a ela, Shinwa. Se livre desse peso em seu coração. — A orientação de Metatron soou como uma ordem. — Eu sei que é seu desejo.
— Se eu falar, eu sinto que não vou mais ser visto da mesma forma — respondeu, tanto para a garota quanto para a deidade. — Não que eu não confie em você, Rei. Só uma coisa minha.
— Mesmo que não faça sentido, tá de boa — garantiu, balançando seus cabelos castanhos. — Eu sei que vai contar um dia. Vou arrancar isso de você… no seu tempo.
— Obrigado. Tá na hora de ir, né?
— Sim, vamos!
Ela o pegou pela mão para arrastá-lo para fora. Ainda que pudesse fazer isso sozinho, aceitou o toque gentil da palma cálida de Reiko envolver sua mão, tal qual ela fazia com seu coração.
“Um dia, eu vou contar.”
— Pontualidade ateniense, Chiwa.
O comentário irônico de Zuko fez a princesa de Sophis fechar a cara logo na entrada do campo. Arquibancadas circundavam o campo de cimento, lotadas de alunos e Guardiões de todas as idades, todos interessados num dos primeiros duelos oficiais entre figuras de alta relevância para o futuro da Academia. Todos os membros da classe 1-1 eram figuras nobres, muitas vezes ligadas à realeza ou famílias próximas aos reis e rainhas; as exceções eram alvos frequentes de rumores do motivo pelo qual o Conselho de Palas deliberou sua colocação naquele ambiente tão privilegiado.
Algumas eram simples, como Togami e o trio de Yggdrasil, mas outras ainda eram incógnitas ao público geral. Kyorai, Koyo, Akashi e Keiko eram os que mais sofriam com este preconceito exacerbado, tendo sido completamente excluídos desde o primeiro momento (para a ira de Reiko e Haruhi). Se não fossem os esforços dos colegas de quarto para integrá-los aos seus respectivos grupos, estariam sozinhos naquela primeira semana.
Não era surpreendente, então, tamanho público para um evento tão significativo dentro do primeiro ano da Academia. Olheiros dos esquadrões estavam espalhados pelos assentos, prontos para fazerem o trabalho sujo dos Generais.
— Antes tarde do que mais tarde! — replicou Reiko, de nariz em pé. — Tivemos uma longa conversa estratégica.
— Iniciemos esta batalha. Keiko, poderia ser nossa juíza, por gentileza?
Hanako, de um dos assentos mais próximos ao campo, ficou surpresa pelo comportamento do príncipe. O primeiro encontro deles, meses atrás, havia lhe passado uma impressão tão ruim que ainda temia direcionar a palavra a ele. Entretanto, algo na aura dele havia se suavizado desde novembro, como se houvesse aprendido ao menos a respeitar as pessoas ao seu redor.
Assim como a princesa das fadas, Kyorai mantinha um olhar crítico sobre a figura de Ryoujin, ainda que por motivos distintos. “A objetividade das ações dele é admirável”, pensou a garota. Seu desconhecimento de mundo o fazia questionar o passado daquele guerreiro intrigante, um tanto fechado e poderoso que apresentava-se como o príncipe de Bellato. Não teve muitas oportunidades para estudar sobre figuras públicas fora de seu país de origem.
No meio do campo, Keiko levantou seu braço esquerdo quando os desafiantes tomaram distância dela.
— Saquem suas armas. — A ordem foi cumprida de prontidão. — Quando eu baixar minha mão, a luta está valendo. As regras são as de um duelo simples. De acordo?
Apenas Akashi e Reiko deram alguma resposta visual ao questionamento de Keiko.
— Então… comecem!
O zunido de metal batendo contra metal teve seu epicentro no meio do estádio. Ambas as espadas prateadas reluziam ao sol intenso da tarde, a diferença de tamanho entre os combatentes refletida no porte das armas, enquanto Zuko e Togami trocavam ataques para testar as águas do combate. De tão imersos em medirem suas forças, esqueceram-se da existência de outros dois participantes.
— Lâmina Rasante!
— Scutum de Caelo!
A lateral do príncipe recebeu a proteção de magia de luz pouco antes do choque com a ponta da lança dourada de Reiko. Ela tentou emendar um segundo ataque ao girar a arma em suas mãos, mas foi obrigada a recuar quando a grande espada de Ryoujin bateu contra o cabo da lança. Ela e Shinwa foram forçados a recuar, E Zuko agradeceu a intervenção divina.
Cada parceiro resolvera adotar uma postura diferente naquela luta — enquanto Reiko complementava os golpes velozes de Togami com sua lança, Akashi assumiu o papel de suporte e estava focado em permitir que o príncipe concentrasse toda sua técnica em atacar. Por estarem na defensiva, observar os movimentos era uma tarefa bem mais difícil, ainda mais contra oponentes tão formidáveis quanto eles.
O primeiro impasse era a agilidade da dupla de atacantes. Reiko era flexível e versada em uma série de estilos de acrobacias, capacidade essa amplificada pelo seu poder de flutuação; seu parceiro conseguia aproveitar muito bem das aberturas por ela expostas. Não tinham a menor ideia de que haveria tamanha sinergia entre aqueles dois, quase sempre metidos em uma briga besta por motivos incompreensíveis a pessoas fora da relação.
O primeiro corte recebido por Zuko em sua bochecha acendeu um alerta em sua intuição de guerreiro. O ritmo da guerra estava nas mãos de seu inimigo, uma situação inconcebível se desejava mesmo vencer. Como há muito Diarmid lhe ensinara no lugar de seu pai, “Dance conforme a batida e estará fora da dança em um piscar de olhos”.
Tinha de agir.
— Akashi! — gritou, protegendo-se de mais um feixe de luz disparado por Togami. — Me siga!
— Sim!
Pela primeira vez desde o início do duelo, Akashi assumiu uma pose de ataque. Aura marrom cobriu sua espada, a pressão por ele exercida vazava de cada fio de cabelo de seu corpo. Seus olhos, antes grafite, escureceram-se com a cor de sua mana e apertaram na direção de Togami, que se concentrou em analisar a postura para deduzir onde bloquear. “Será pela direita”, confirmou, atento aos pés dele. Ia ser uma defesa sim…
— Desvie.
— O quê?
O plano perfeito pensado por Shinwa foi desmontado pela ordem sem sentido de Metatron, cujas palavras reverberaram em sua mana oscilante. Não havia tempo para perguntar, pois mais meio instante faria o avanço de Akashi contra si ser inevitável. Seu instinto lhe fez seguir a orientação de seu protetor.
Não era o momento, mas deveria agradecer ao ser divino depois. O pedaço de sua espada que ficou no caminho de seu oponente foi retalhado sem esforço — se não tivesse realizado a esquiva, teria sido ele a receber tal ataque cortante. A arma do garoto se desmontou em partículas, não demorando a aparecer de volta na bainha em sua cintura e pronta para o combate, embora seu dono estivesse receoso do rumo que este tomava.
— Vamos apostar. Espada do Amanhecer! — conjurou, mão ao fio prateado. A luz respondeu ao seu chamado. — Lâmina da Alvorada!
Reiko, que trocava sua própria sequência de golpes contra Zuko, sentiu a aproximação rápida da mana de Togami como um sinal inteligente para recuar. O príncipe confiava em sua análise da velocidade de Togami; conseguiria encaixar um golpe na princesa inimiga e ainda mover sua larga espada em um bloqueio eficaz contra a investida do rapaz.
A primeira parte foi um sucesso: uma ferida considerável foi aberta pelo balançar pesado sobre o braço de Reiko. Zuko preparou-se para o impacto, com Togami vindo a toda velocidade em sua direção: uma defesa perfeita, se tivesse de se elogiar por isto. Sua arma estaria no ponto ideal para amortecer o choque e retaliar.
— Zuko, cuidado! — gritou seu parceiro.
Nem ele soube o porquê acatou aquele aviso, mas assim o fez. A silhueta de Togami moveu-se mais rápido que seus cálculos anteriores e o corte só não fora letal porque o corpo de Ryoujin estava centímetros à direita da posição inicial. “Quando foi que ele ficou mais rápido?”, questionou-se ao observar o garoto brandir a lâmina para limpar o sangue. O ferimento em seu ombro não era superficial e ardia como fogo.
Era impossível ter errado sua previsão. Suas lutas ferozes contra Naochi, dezenas de vezes mais ágil, o ensinaram a captar e anular golpes como aquele, então onde teria sido seu equívoco? Akashi se aproximou e tocou seu ombro, cauterizando a ferida como podia; ao menos, mantivera os movimentos do braço e costas, ou a luta ali teria terminado.
O Segunda Cadeira, mero espectador daquele embate ferrenho, virou os olhos violeta para comentar a situação com seu colega. Pelo cenho franzido de Koushi, muitas ideias não tão boas passavam pela mente do mais forte aluno da Academia de Palas.
— Surpreso que aquele garoto evolui, Kou?
— Ele enganou os dois — constatou o companheiro. — Aquela velocidade é o verdadeiro limite dele. Ele se controlou para gerar uma sensação de confiança e forçá-los a baixar a guarda.
— É muito assustador ver como ele se tornou mais esperto. Sua Majestade Chiwa deve ser uma professora impressionante para colocar um senso tão refinado na cabeça de um novato em meses.
— Ainda não derrotaria a gente, mas agora a batalha seria muito mais divertida — refletiu o rapaz de íris vermelho-coral. — Como será que ele vai reagir a essa informação?
Zuko desfez sua espada em partículas negras, sendo imediatamente substituída por uma lança similar à de Reiko, com exceção do cabo negro ao invés de prateado. A princesa ateniense o respondeu com um olhar de provocação, a mão livre segurando o ferimento aberto no braço dominante.
— Que ousadia sacar a Gáe Buidhe contra uma Guardiã de Atena, Ryoujin.
— Deixe-me mostrar o porquê Diarmid foi digno desta arma de Atena, Chiwa.
Com um peso muito menor, a postura agressiva de Zuko tornou-se muito mais opressora, ainda que menos potente — alternava o foco entre ambos os oponentes, ferindo-os com seus golpes de grande agilidade. Togami percebera, após o terceiro impacto quase decisivo, que a precisão dele deveria estar ligada à alguma técnica de Diarmid, tamanha era a diferença em relação ao estilo anterior. Era como se Zuko soubesse sempre o próximo movimento da dupla, fosse no ataque ou na defesa.
“Pense! Sua resposta está em algum lugar nessas brechas dele, Togami!”, frustrava-se o Guardião de Metatron, obrigado a defender-se de mais um corte giratório. A dor das feridas, sangrando sem cessar pelo veneno anticoagulante, e a raiva nublavam os pensamentos dele, que estava incapaz de se aproximar de Reiko para pedir a opinião dela sobre como agiriam. Os tambores da guerra foram tomados e eram ditados por Akashi e Zuko.
Uma parte de si gostaria de admitir a derrota. Era clara a superioridade técnica, tanto no uso de suas múltiplas armas quanto na mana, e a diferença tornaria-se muito mais clara quando sua energia ficasse mais e mais escassa. Não havia vergonha em perder dando seu melhor, ainda mais para um rival mais forte do que ele próprio. Teria outras chances de enfrentá-lo e se aperfeiçoar.
Algo… não, alguém, não compactuava de forma alguma com seu pensamento derrotista. Aquela que se ofereceu várias vezes por ele, a primeira que acreditou nele e o escolheu para estar ao seu lado, cujos grunhidos de dor a cada golpe em conjunto dos inimigos deixavam claro que não iria desistir.
Reiko Chiwa, diferente dele, não sabia desistir. Esta opção nunca foi dada para ela como princesa de Sophis.
Mais uma vez, ela não acatou o seu destino e estava disposta a enfrentá-lo para triunfar. Sangrava por todos os membros, mas ainda não afrouxava um segundo sequer o aperto no cabo de sua lança. Sem hesitação, avançava repetidas vezes para dar de cara com o mesmo muro imóvel, personificado pela figura de Zuko. Em uma das vezes em que foi retalhada, os determinados olhos safiras cruzaram com os dele por um mísero instante. Através dos cabelos molhados de sangue e suor, pôde vê-los reluzir em sua direção.
Uma onda de energia preencheu o interior de Togami. “Você não vai desistir!”, era o que diziam, transmitindo sua eletricidade e confiança diretamente ao coração dele. Como se soubesse todos os seus segredos, inseguranças e pensamentos, mas os rejeitasse — para ela, ele não era Togami Shinwa, o irmão do prodígio Tsuyoshi Shinwa. Ele era apenas Togami, um companheiro divertido e o segundo aluno da rainha Yumeko. Seu parceiro, seu rival e a pessoa que lutaria ao dela enquanto fosse esse seu desejo.
Sem títulos, sem preconceitos, apenas ele.
A aura branca explodiu em resposta aos sentimentos ardentes em seu peito, afastando seus oponentes. A área branca de seus cabelos alongou-se até próximo das pontas, enquanto seu olho esquerdo havia assumido o prateado de seu direito. Às vistas dos amigos nas arquibancadas, a transformação era intimidante, mas Zuko permanecia resoluto.
— Vamos acabar com isso de uma vez, Reiko! — Parte da personalidade inconsequente de Reiko, pelo visto, passara ao garoto junto da explosão de poder. — Espada do Amanhecer…
A princesa concordou com a cabeça, colocando-se em posição para avançar: lança às costas, mão esquerda para frente como se servindo de pedra angular para o ataque. A espada de Togami foi aos céus junto de seu grito a plenos pulmões.
— Lâmina do Crepúsculo!
— Lança do Olimpo!
As auras dourada e branca de Reiko e Togami brilharam conjuntamente ao chamado das técnicas mais fortes que conheciam, cada qual com seu alvo. Um tudo ou nada, do qual desejavam saírem vitoriosos quando se chocassem contra seus inimigos.
Pouco antes da colisão, porém, Zuko levou a mão esquerda livre aos lábios.
— Maldição dos Fianna — sussurrou ao cortar a pele do dedão com seus dentes.
Uma pontada repentina assolou os três guerreiros, interrompendo os avanços de Togami e Reiko e levando o loiro junto ao chão. De um instante para o outro, toda a mana do campo se dissipou como água em um deserto escaldante, sem deixar nem um rastro de sua existência anterior. Embora os três ainda estivessem conscientes, era como se os corpos houvessem sido drenados de toda e qualquer energia mágica.
Cambaleante, Zuko caminhou na direção do corpo inerte de seu adversário original, caído com o peito ao solo e sem forças nem para erguer o pescoço.
— Me vi obrigado a usar minha carta de emergência — admitiu, apontando a ponta dourada da lança contra a cabeça de Togami — mas a vitória é minha.
A primeira reação do garoto, de volta à sua aparência normal, foi se preocupar com o estado de sua parceira. A julgar pelos movimentos debilitados e arfadas pesadas, estava tão acabada quanto ele próprio; Zuko também demonstrava lentidão, mas Akashi estava com a mana bem conservada.
De nada valeu tudo aquilo?
— Eu… eu admito minha derrota — confessou, fechando os olhos.
Em meio aos gritos delirantes e das comemorações da torcida, apenas uma pessoa pôde ver a lágrima solitária rolar pelo rosto esgotado de Togami. Alguém que, assim como ele, não tinha coragem de encarar a amargura e decepção daquele resultado.
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