Filho das Cinzas Brasileira

Autor(a): Hiore


Volume 1

Capítulo 6: Até o limite

 

Vendo como toda a situação se desenrolava rumo ao caos, Leo tentou apagar sua presença; esquecido, poderia observar os arredores e se preparar. 

Em pouco tempo, ficou evidente para ele que Caio não era uma grande ameaça, porém tinha algo realmente preocupante: os anéis em sua mão. Pelo que observará, provavelmente cada pedra daquelas tinha algum tipo de poder e, se o padrão de cores fosse seguido, significava que ele ainda tinha a capacidade de apagar um poder, afinal sobrava um anel com uma pedra vermelha em sua mão..

Mais ameaçador do que ter sua habilidade apagada, ou selada temporariamente, era a incerteza. Leo não sabia o que eram capazes os dois anéis azuis, nem o verde, muito menos tinha a menor ideia da fonte daquele poder.

Além do mais, Caio tinha falado algo sobre uma deusa, seria uma humana? Um inimigo externo? Talvez a líder e motivo daquele caos todo, ou apenas alguém com uma tatuagem muito poderosa. Independente de quem era, provavelmente era uma garota que seria um grande problema no futuro.

A situação estava se tornando perigosamente problemática, sem contar o peso psicológico da primeira traição. Quanto demoraria para outros pensarem em seguir o exemplo? Principalmente, se a suposta deusa oferecesse algum tipo de recompensa para os traidores, então manter o grupo unido seria impossível.

Em meio aquela situação caótica, se não pudessem contar nem uns com os outros, seria o fim. Já estavam num cenário apocalíptico e, nesses casos, nada poderia ser pior do que uma guerra de todos contra todos.

Talvez, nessa situação, a saída fosse fingir se aliar com aquele maluco para descobrir quem eram seus inimigos e o que queriam, no entanto Caio provavelmente não o aceitaria, se Leo fosse uma gostosa havia uma chance, mas não era o caso, sem contar que havia outros riscos.

Nesse sentido, talvez a melhor opção fosse matar Caio de uma vez por todas, assim poderia se livrar do problema rapidamente. Ou seja, seu plano era ficar quieto por mais um tempinho e cortar a cabeça do maluco idiota assim que tivesse uma chnce.

Levando todas as informações que tinha em conta, um bom plano foi formulado, mas um pequeno animal tinha acabado de ser chutado para longe passando por sua frente. Voltando a atenção para a situação, viu que louco pretendia matar o pobre animalzinho, para piorar, Nicole tinha pulado, pretendendo proteger seu pet de alguma forma.

Honestamente, Leo não tinha a menor ideia de como funcionava a habilidade da garota, mas achou a atitude burra, afinal o animal não existia, era apenas fruto de um poder, portanto não poderia morrer de verdade.

De qualquer forma, não havia tempo para pensar e, no mínimo, achou que a menina merece algum crédito pela coragem. Enfim, decidido, se moveu rapidamente para salvar Nicole. 

Particularmente, Leo não era uma pessoa heróica, mas também não ia deixar uma garota bonita morrer na sua frente, principalmente uma que seria muito útil para ajudar a reencontrar os outros depois. Além do mais, o pequeno ato de heroísmo, provavelmente ajudaria todos a recobrar a confiança uns nos outros depois da traição de Caio e do oportunismo patético de Gustavo.

Rapidamente, ativou uma parte do Plac que já estava escondida nas roupas do Caio, afinal tinha espalhado pedaços dele na roupa de todos do grupo assim que se conheceram, então, com facilidade, quebrou o dedo dele mudando a trajetória do tiro.

Com cuidado, puxou Nicole para perto, abraçando sua cintura de forma firme. A garota que tremia de medo, sentiu seu corpo relaxar nos braços daquele homem, então, em silêncio, observou de canto de olho seu belo rosto.

Aproveitando a situação, Leo usou Plac para distrair momentaneamente seu inimigo, puxou a garota ainda mais para perto dele e sussurrou algumas coisas em seu ouvido. A garota corou um pouco, sorriu e mostrou um pouco de medo. 

Em meio às emoções confusas, Nicole apenas sentiu que queria ficar um pouco mais de tempo perto daquele homem. Leo, por sua vez, tinha muitos problemas com os quais lidar, por isso a afastou rapidamente.

— Tá bem de mira, hein? — Querendo deixar seu oponente irritado, Leo o provocou rapidamente, antes de voltar a sua atenção ao redor e notou que o Gustavo já tinha fugido, mas não ligou muito para isso.

— Cala a boca maldito! Eu vou te matar, te fazer pedacinhos, — de forma louca, Caio mordia a própria mão sem conter a raiva — eu decorei o registro de todos os novos alunos, alguém fraco como você nunca seria capaz de me parar, então se renda logo, lixo inútil.

Caindo facilmente nas provocações, Caio cerrou os punhos cheio de ódio. Em seguida, ao redor do seu corpo, inúmeras esferas amarelas de energia apareceram. As esferas eram disformes e algumas até desapareciam de repente, mas continuavam a acumular energia lentamente.

Aproveitando o surto de raiva de Caio e o tempo que ele demorava para carregar seu ataque, Leo fez Plac soltar seu professor Henrique. Em seguida, prendeu parte do Plac no teto. Visualizando o final da luta, ele sorriu.

Boom!! Liberando um brilho intenso o suficiente para cegar uma pessoa, para todos os lados, raios disformes se espalharam, queimando os livros nas prateleiras, rachando as paredes e quase destruindo o teto.  Por pouco, todo o local não foi abaixo, mas a destruição que se espalhou, levantou uma cortina de poeira, cinzas e destroços.

Em meio aquilo, o cheiro desagradável da destruição, da morte, das cinzas se espalhava para todos os lados. Leo reconhecia muito bem aquele odor desagradável, a fonte era, sem dúvidas, pele humana sendo queimada.

— Eu esperava um pouco mais, isso era tudo o que tinha? — Intacto, sobrava apenas Leo no meio daquela sala. O chão estava estarrecido, as prateleiras de livros e mesas estavam ou em pedaços ou queimados, até as paredes e teto rangiam parecendo que cairiam a qualquer momento, mas Leo continuava intacto.

Como?

Como ele poderia ser tão resistente? Seu registro dizia claramente que ele possuía apenas uma habilidade de nível inferior. Além do mais, seu poder não passava de uma amoeba com consciência que o obedecia, algo patético que, fora vídeos no youtube, nunca teria qualquer nunca teria qualquer utilidade.

Por um instante, a garganta secou, as pernas tremeram e um arrepio desgradável subiu pela espinha. Caio sentiu medo. Como o toque desagraável de um inseto, aquele sentimento subia por seu corpo e, por maior que fosse sua repulsa, não conseguia deixar de sentir aquilo. Era o medo.

— Morra! — Já psicologicamente instável, Caio coçou seus braços que ardiam violentamente. Por usar um poder além do seu limite, ele tinha perdido um pouco do controle e alguns raios o queimaram.

Sim! Mesmo que ele próprio tivesse se levado ao limite, não conseguiu causar nada ao seu oponente. Mesmo machucando a si mesmo, Caio não conseguiu causar qualquer dano ao seu inimigo. Inaceitável! Ele não podia lidar com aquele fato. Apenas não podia aceitar que tinha perdido, não!

— Morra! Morra! 

Novamente, ele tentou acumular energia ao redor do seu corpo, forçando seu corpo ao ponto de sentir dores por todo o corpo… e nada? Absolutamente nada! Aquilo estava além das suas capacidades. Talvez, se aguentasse mais dor, ele poderia ter reproduzido o ataque anterior. Era fraco demais para isso, porém.

Fraco. Os únicos que deveriam ser fracos eram os outros, não ele. Caio era o escolhido, o mais forte. Ainda que aquela maldita Sophia pudesse o derrotar, ele estava acima de todos na sua idade, afinal ele foi o escolhido. A porra do escolhido era ele, ninguém mais, ninguém menos.

— Morra, morra, morra! — Estendendo a mão da forma como podia, acumulou energia na ponta dos seus dedos, disparando na direção de Leo um raio de cada vez.

Os ataques eram rápidos, porém as trajetórias eram óbvias, bastava prestar atenção na direção para qual Caio estava apontando e o moreno conseguia desviar de tudo. Por mais que Leo se aproximasse, era impossível acertá-lo. Se movendo de forma quase inumana, ele conseguia desviar de tudo e se aproximar rapidamente.

Com a fluidez da água, ele parecia invencível, exatamente como aquela era aquela puta loira. Depois de ter assistido sua derrota humilhante tantas vezes, o garoto lembrava cada movimento que ela fez e, sem dúvidas, aqueles movimentos eram exatamente iguais aos que ele tinha visto um ano antes.

Quase prevendo o futuro, ele teve certeza do soco que viria pela direita, o qual por muito pouco conseguiu se defender. Ainda que soubesse quais eram os movimentos, Leo era muito rápido, muito forte. Ainda assim, ele se preparou, em seguida seria um chute lateral na sua perna, bastaria resistir e ele teria uma chance de atirar no seu inimigo à queima roupa. Então…

Uma dor excruciante tomou o seu corpo. Ao invés de chutar lateralmente, Leo acertou o do Caio diretamente com tanta força, que ele quebrou. Sentindo todo o seu corpo tremer e sem entender o que houve, o corpo do Caio cedeu, mas antes que pudesse cair completamente no chão, sua cabeça foi recebida com um chute violento que o fez perder alguns dentes. 

O medo dominou o corpo de Caio, que quase inconscientemente tentou esconder a cabeça com os braços. Conforme o medo o tomava, ele quase implorou para sua deusa o salvar, sem saber lidar com a situação. Ao mesmo tempo, Leo tentou avançar rapidamente, criou uma lâmina usando Plac e mirou no pulso do garoto, afinal provavelmente ele não poderia usar seus anéis se sua mão fosse decepada.

Então, quase como se respondendo ao seu chamado, Caio sentiu um sentimento agradável por todo seu corpo. De repente, o anel verde em seu dedo brilhou, então uma sombra escapou de seu corpo formando um monstro parecido com aquele que tinha encurralado todos na escada. Rapidamente, a sombra avançou na direção de Leo, que teve que dar alguns passos para trás para desviar daquilo.

Em seguida, Caio finalmente lembrou dos poderes que tinha e acalmou um pouco sua mente. No fim ele era o único escolhido e era protegido por sua deusa. Ou, no mínimo, acreditar em tudo isso lhe dava coragem e confiança.

Rapidamente, um dos anéis azuis brilhou e quando o cristal nele se quebrou em pedacinhos, vários monstros como aquelas que Leo tinha enfrentado na escada sugiram. Para piorar, eles aparecem ao redor da sala, cercando o garoto.

— Idiota, eu vou te matar! — Abrindo um sorriso psicótico, Caio mostrou seus dentes ensanguentados e destruídos.

Leo sorriu. — Que foi, acha que tem alguma chance contra mim? 

Sem dar tempo para que as sombras se aproximassem, Leo avançou diretamente para Caio, quem tentou acertar alguns tiros com Laser, mas, obviamente, sem nenhum sucesso. Era óbvio que ele não poderia ganhar do Leo, mas isso não importava mais naquele ponto.

Caio sorriu de novo, sentindo o toque gentil de sua deusa. O anel verde brilhou mais uma vez e a sombra que antes tentou atacar Leo, retornou a sua origem. O monstro envolveu o corpo de Caio e, por fim…

Se movimentando de forma completamente antinatural, Caio se levantou, se apanhando em sua perna destruída. Sua coluna ficou estranhamente torna e seu braços moles, era quase como se não fosse mais um humano. 

Se movimentando quase como uma marionete sendo mal controlada, ele avançou na direção de Leo sem se preocupar com nada. Enquanto isso, uma aura negra exalava do seu corpo, dando-lhe um aspecto bizarro.

 

☬☬☬

Nota:

Quem quiser vai poder me apoiar doando no pix, sempre que acumular 20 reais em doação, vou postar um capítulo extra.

Para mais informações, só entrar no meu server do discord: Aqui

Demorou um pouco para sair esse cap pq resolvi mudar umas coisas e deu tudo errado no meu feriado, mas espero que gostem.



Comentários