Volume 1
Capítulo 4: Quem é essa garota?
Liderados por um “cachorro” invocado por Nicole, uma aluna, 12 pessoas avançavam pelo corredor que foi liberado. Em tese, o cão seria capaz de farejar qualquer monstro, evitando que fossem pegos de surpresa.
— Ei! — Um dedo tocou o rosto de Leo levemente. — Você conhece aquela garota, né? Como se conheceram? — Assim que Sophia se afastou dos dois, Ana perguntou com olhos cheios de interesse e um pouco de ciúmes.
Leo olhou para a loira e suspirou cansado. — Sim, mas faziam muitos anos que não via Sofi. Enfim, não importa muito, por que quer saber?
— Êh… — a garota corou — nada importante! Só queria saber po-porque… êh, vocês pareciam muito próximos, isso, fiquei curiosa porque você nunca tinha me falado dela.
O garoto não pode se impedir de sorrir para aquela reação fofa. — Será que ficou de alguma forma com ciúmes? Hehe… sou tão popular.
Ana enrolou o próprio cabelo com os dedos e tentou evitar qualquer tipo de contato visual. — Na-não é nada disso… — sua voz mal podia ser ouvida. — Por que você sempre pensa coisas idiotas? Seja mais responsável!
Leo deu de ombros e, num gesto irônico, levantou as mãos e se desculpou. Por fim, pressionou a garota um pouco mais por uma resposta.
— E-eu… — ficou alguns segundos em silêncio — só queria saber que tipo de pessoa ela é. A conheci hoje, parece uma linda garota animada, mas… — Ana olhou para baixo — ela não gosta muito de mim.
Leo ficou curioso com o assunto e, depois de algumas perguntas, conseguiu entender o motivo do desentendimento entre as duas. Sophia era competitiva e mimada, não lidava bem com a derrota, no caso, nas notas para Ana.
— A Sofi tem dessas, nem precisa se preocupar, aquela garota é mesquinha com coisas inúteis, mas é uma pessoa até que responsável e gentil… acho. Não se preocupe, ainda devem acabar sendo amigas.
Ana nem teve tempo de responder, porque a professora já estava a chamando. O grupo tinha chegado a uma sala qualquer e decidiram entrar ali para ficarem mais seguros. No centro daquele lugar, a garota se sentou e a marca em seu peito começou a brilhar.
Ela tinha o poder de projetar a própria alma, ou seja, criar um corpo igual ao seu, porém invisível e que podia controlar em um raio de 10 metros ao redor do original. Como precisava se concentrar para isso, preferia meditar enquanto usava seu poder.
Claro, como fez em sua luta contra o urso, ou com Leo, era possível ativar esse corpo invisível e mover o seu ao mesmo tempo, contudo só conseguia fazer movimentos simples e por pouquíssimo tempo.
Seu trabalho era reconhecer a área, no caso, andar 10 metros para frente e ver se tinham ou não inimigos, isso com a vantagem de que, naquela forma, podia atravessar paredes e conferir até lugares inacessíveis.
Em poucos minutos, Ana contou onde tinha encontrado inimigos e, com cuidado, o grupo eliminou um por um antes de prosseguir. De forma um pouco lenta, avançaram pelos corredores da escola até chegarem nas escadas.
— Finalmente! — Um deles comemorou animado, a maior parte do trajeto já tinha passado, só faltava subirem aquela escadaria, averiguarem a situação lá em cima rapidamente e voltarem para avisar todos.
Cuidadosamente, começaram a subir. Os professores estavam preocupados com a condição na qual as escadas se encontrariam, mas o tremor não tinha causado nenhum grande dano.
De qualquer forma, Ana ainda subiu parte do trajeto com sua habilidade, o veredito foi que a escada estava em plenas condições e sem nenhum obstáculo. Com as boas notícias, a tensão no peito de todos aliviou um pouco. Avançaram a passos lentos.
Logo Sophia estava falando de forma animada, apesar da situação, a maioria dos alunos no grupo eram amigos dela. Faziam horas que todos, menos Leo, estavam constantemente tensos, por isso queriam aquele momento de alívio.
Até mesmo a tímida Ana, sorriu um pouco vendo o momento de descontração, então levantou sua cabecinha e forçou sua voz a sair. Participou da conversa, mas ainda arrepiava sempre que seu olhar cruzava com o de alguém, uma cena fofa que Leo admirava silenciosamente.
Sorrindo levemente, ele até deu um empurrãozinho nas costas da garota, a fazendo se afastar um pouco dele e cair bem no meio da roda de conversa. Assustada, Ana arrepiou um pouco e olhou para os lados buscando seu porto seguro, mas Leo já tinha desaparecido.
Meio retraída, como um animalzinho perdido, ela nem sabia para onde olhar, enquanto as pessoas falavam com ela de todos os lados. No fim, levaram 5 minutos para ela conseguir escapar daquele lugar e voltar ao lado de Leo.
Os dois não precisaram trocar uma palavra, mas estava nítido no olhar irritado da garota o que ela pensava. Da mesma forma, era evidente no riso que Leo mal conseguia conter, o quanto ele achou tudo divertido.
No fim, Ana ainda deu um soquinhos no ombro do garoto, que apenas a provocou um pouco mais, enquanto sorria ironicamente.
E então o sangue manchou o chão.
Uma luz azul forte surgiu do chão, o brilho intenso cegou todos. Nos instantes que demoraram para recobrar a consciência do entorno, um professor já tinha sido atacado.
Com o peito perfurado, Diego só conseguiu dar um olhar de desespero para o grupo. Tentou gritar, mas apenas sangue saia da sua garganta.
Atrás dele, sombras. Era uma criatura bizarra de forma humanoide, esguia, com braços longos e escondida pela escuridão.
Parecia um ser feito de escuridão, cujas únicas provas de materialidade eram as presas brancas que exibia ao gritar e o sangue que manchava suas garras.
Tal criatura, rindo de forma bizarra, abriu sua boca em 180° de forma completamente antinatural, então esmagou a cabeça do homem com uma mordida.
Em seguida, o monstro gritou de forma bizarra, o coro foi seguido por outros inimigos que surgiam do nada cercando o pequeno grupo. Ao todo, eram 6 deles, todos aparentemente iguais.
Em instantes, avançaram sem dar qualquer tempo para respirar, por baixo, vinham quatro e, por cima, os outros dois. O movimento foi tão rápido, que antes que pudessem reagir para desviar, Caio, um estudante, cercado por dois dois inimigos.
Ele tentou disparar lasers, mas eles apenas abriram pequenos buracos nas sombras que, logo em seguida, se fecharam.
Outros tentaram atacar, mas o máximo que conseguiam era afastar um pouco os oponentes, era como se eles fossem realmente intangíveis.
Então, num ato estranho, o corpo de um dos monstros, se enrolou em torno do corpo do estudante Caio, em seguida, a escuridão se espalhou por seu corpo e, contra sua vontade, seu corpo começou a se mover.
De forma ainda mais estranha, ao invés de usar o corpo controlado para combate, o monstro que tomou posse do garoto simplesmente fugiu, levando-o como um espólio de batalha.
O ato não fazia sentido, mas demonstrava como aquelas criaturas eram diferentes das bestas que atacavam antes, talvez até tivessem alguma inteligência. Não, considerando como a emboscada foi armada, era inevitável assumir que tinham capacidade estratégica.
O medo se espalhou pelo coração de todos. Como poderiam derrotar inimigos mais fortes se nem a vantagem da mente tinham?
Leo foi rápido em puxar Ana pela cintura, grudando seu corpo ao dele, queria garantir que ela ficasse segura. Em seguida, calmamente se moveu mais para o meio do caos, onde provavelmente não seriam atacados.
— Pode relaxar — sussurrou no ouvido da garota que tremia um pouco.
Enquanto isso, um estudante, Felipe, também buscou se salvar, usando seu poder para criar uma barreira ao redor de si mesmo, por mais que pudesse fazê-la maior para proteger os outros, ele queria concentrar todas as suas energias na própria proteção.
Alguns buscavam proteger a si mesmos, outros enviavam olhares de desespero para Michele, a líder da operação. A paralisia tomou conta do grupo, ninguém queria se arriscar e ser o primeiro atacar, nem a professora responsável por tudo, por isso ela deu a ordem:
— Se agrupem em uma formação defensiva, primeiro precisamos testar a força dos nossos inimigos.
No fundo, todos sabiam que, juntos, não deveria ser difícil derrotar os inimigos, mas quem seria o primeiro a se arriscar? Olhando um para a cara do outro, covardemente preferiram tentar recuar torcendo para que os monstros escolhessem atacar outro.
A paralisia, claro, custaria caro, estavam cada vez mais pressionados contra a parede e as bestas avançaram mais uma vez. Dentre todos, um garoto mais desesperado ficou um pouco fora de posição, se tornando um alvo fácil e, obviamente, visado.
Da mesma forma que com o outro garoto, um dos monstros tentou se enrolar ao redor do corpo dele o impedindo de se moveu, ao mesmo tempo, outra sombra avançou com sua enorme boca aberta pronta para matar o pobre garoto.
Por um instante, Sophia e Leo trocaram olhares, aquela era toda a comunicação que precisavam.
Rapidamente a loira avançou para salvar o estudante, ficando entre ele e a besta que tentava atacar. Rapidamente, um brilho forte veio das suas costas, então asas surgiram nas delas e sua tatuagem cresceu por todo seu corpo. Ao mesmo tempo, Leo invocou o Plac para ajudar com tudo.
Sem qualquer medo, ela avançou para atacar uma das sombras, ao mesmo tempo, tentáculos azuis a protegeram dos ataques que vinham de outros inimigos.
— Ataquem logo, são só 5, podemos os destruir facilmente, depois vamos atrás do Caio! — Vendo o medo e dúvida nos colegas, Sophia tomou a frente e soltou um grito estridente tão alto que machucou a própria garganta.
A menina ativou sua segunda marca, uma no braço, então várias bolinhas roxas surgiram ao seu redor. Quando o primeiro monstro esticou os longos braços para atacá-la, uma das pequenas esferas entrou no caminho, com o contado, a garra foi oblitera em um instante.
Por um momento, a monstruosidade recuou assustada, mas logo mostrou suas presas rindo destemido, o dano se regenerou instantaneamente. Mais uma vez, as 5 sombras restantes rugiram de forma bizarra e partiram para o ataque total.
Largando o garoto cujo corpo já tinha conseguido dominar, mais um monstro avançou na direção da Sophia para tentar atacar por trás.
Mesmo estando num três contra um, a garota não se intimidou e começou um ataque feroz. As esferas feitas de pura energia giraram rapidamente, obliterando, garras, pernas, tronco, a cabeça, tudo, mas…
Como sempre, os monstrengos se regeneram logo depois. Por mais que mostrasse um sorriso confiante, era nítido no rosto da loira o cansaço, atacar com aquela intensidade exigia muito dela.
Mesmo assim, sem hesitar, ela continuou com o ataque insanamente intenso, até que seus esforços foram recompensados, em meio a aqueles corpos aparentemente imateriais, encontrou algo, um pequeno cristal roxo, ao destruir o objeto, finalmente derrotou um inimigo.
Finalmente a tensão no coração de todos diminuiu um pouco, foi provado que aquelas sombras não eram invencíveis. Não só isso, na verdade, elas nem eram tão fortes fisicamente, por isso, sob ataque intenso e coordenado, foram completamente obliteradas, até que não sobrasse nada e, com isso, o núcleos foram destruídos.
Em um instante, tinham eliminado todos, mas não rápido o suficiente para salvar aquele homem, cujo peito foi perfurado e a cabeça destruída. Mesmo com poderes de cura, aquilo estava além do que podia ser salvo. Diego foi a primeira vítima do grupo.
Bastou um olhar para Sophia chegar na conclusão óbvia, não tinha como salvar aquele cadáver. Em seguida, enquanto os outros aproveitavam seu momento para respirar aliviados, sua mente buscou o próximo passo, por isso se virou e perguntou em tom impositivo para uma aluna:
— Lia, seu cachorro consegue farejar o Caio? — Meio assustada, a garota respondeu que sim. — Perfeito, então vá atrás dele. Leo, Henrique e Gustavo, posso contar com vocês para protegê-la até lá?
— Espera, por que está dando ordens? — Michele, a professora que devia ficar responsável por aquela missão, perguntou irritada. — Quantas broncas te dei antes de sairmos? Não saia fazendo nem decidindo coisas, respeite a hierarquia!
Sophia a encarou olho no olho. — Desculpa, mas não concorda que precisamos ser rápidos? Mais monstros podem aparecer e infestar a escada se demorarmos, eles parecem ter alguma inteligência, por isso, sabendo o nosso objetivo, devem estar preparando outra emboscada.
— E o que sugere? Acha que correndo como louca vai evitar ataques? Isso é só ser descuidada e apressada…
— Não é isso! Como eles podem, aparentemente, aparecer do nada, o melhor é ir rápido, pois, considerando que essas criaturas são inteligentes, precisamos agir antes delas reagirem. Além do mais, só falta um andar para que a saída esteja no alcance da habilidade da Ana, seria um instante correndo e chegaríamos.
A loira apertou um pouco a mão e olhou com uma mistura de raiva e expectativa para Michele. Em sua mente, só queria que a professora aceitasse logo sua ideia, quanto mais demorassem…
— Outra coisa, Caio está sendo levado, não deve estar longe agora, mas, se demorarmos muito, vai ser impossível resgatá-lo — Sophia acrescentou. — Então, qual a sua decisão? Na minha opinião, deveríamos agir agora de forma decisiva.
Michele cedeu a contra gosto, não tinha um plano e, até certo ponto, também sentia pressa para acabar com tudo. Além do mais, ao olhar para o único outro professor vivo no grupo, Henrique, viu que ele parecia disposto a seguir aquela garota impulsiva, por isso sentiu que deveria fazer o mesmo.
Vendo que as coisas estavam decididas, Leo fez um cafuné na cabeça da Sophia que estava acelerada demais. — Se acalme um pouco, não faça merda e cuide da Ana, estarei contando com você.
No olhar e voz do seu antigo conhecido, a loira sentiu a seriedade de suas palavras. Por um segundo, ela sentiu uma pontada de inveja por toda a preocupação que ele tinha por aquela garota, mas suprimiu esse sentimento.
— Pode deixar, — disse com confiança — e conto com você para o resto.
Sem mais tempo para palavras, 4 pessoas correram com tudo que tinham seguindo um cão. Leo ficou por último e deixou Plac vigiando suas costas, por isso, mesmo quando um monstro remanescente apareceu do nada para atacá-los por trás, eles o mataram com facilidade.
Não demorou muito para que encontrassem mais inimigos, afinal saindo da escada se depararam com um corredor cheio deles. Ao longe, parecia que as criaturas estavam fazendo fila para entrar em uma sala.
O professor se sentia responsável pela segurança daquelas crianças, por isso tomou a frente. De uma marca na palma da sua mão, saíram vários chicotes de luz que ele podia controlar como queria.
Em instantes, os monstros que vinham atacar eram obliterados, o homem fez seus chicotes se moverem rápido ao ponto de criar uma parede de golpes, quem se aproximava era transformado em picadinho.
Assim conseguiram avançar até o ponto em que os monstros se concentravam, eliminando aquele monte de inimigos fracos, puderam ver o interior da sala.
Lá estavam 8 criaturas humanoides, no centro delas, um garoto sentado numa cadeira qualquer e escrevendo coisas em um livro.
Henrique não quis nem pensar, ele ainda se sentia frustrado por sua lerdeza de reação durante o ataque na escada, por isso, em um instante, 8 chicotes de luz partiram dele e perfuraram a cabeça de todos os 8 inimigos.
— Impressionante — Caio largou seu caderno e aplaudiu um pouco — não esperava que viessem me salvar. — Um sorriso distorcido apareceu em seu rosto.
De repente, o garoto mostrou a mão direita, nela tinha 5 anéis com pedras coloridas, duas vermelhas, duas azuis e uma verde.
Uma das pedras vermelhas brilhou e quebrou em vários pequenos pedaços. Logo em seguida, a tatuagem na palma da mão do Henrique sumiu.
Depois disso, uma pedra azul virou farelo, e 4 novos monstros surgiram atrás do grupo, além de 2 na frente, estavam cercados.
— Por favor, entrem, não precisam fazer cerimônia. — Sem esconder sua felicidade macabra, Caio olhava para toda situação.
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Nota:
Quem quiser vai poder me apoiar doando no pix, sempre que acumular 20 reais em doação, vou postar um capítulo extra.
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É isso, obrigado por ler.