Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven


Volume 5

Capítulo 55: Aquilo que me é importante

— Eu…. consegui! Arf! Arf!… Venci…. aquele elfo…. desgraçado!

Foi tortuoso, mas consegui dar outro passo para frente, minha mente nublada em meio ao cansaço e a exaustão gritam para que meu corpo despencasse, porém me recusei a cair, forcei então, mais um passo para frente.

— Arf! Arf! Arf!….

Ficou difícil respirar, mesmo assim a minha vontade de chegar lá, me fez andar um pouco mais.

Queria vê-los, Hiekf, Millin, Stela e Hellen, algo igual a uma grande saudade deu-me forças para caminhar mais, a muito tempo não sentia esse sentimento, o sentimento de voltar para casa.

— Arf! Arf!….

Aos poucos sentia minha consciência voar, contudo a força de vontade imensa em meu coração permitiu que eu continuasse meu caminho, quase no limite do meu corpo, ergui minha mão para frente, eu queria chegar lá o mais rápido possível, queria vê-los.

Eu perdi tudo uma vez, andei sem rumo pensando em que fazer da vida sem sentido que me sobrou, as vezes me martirizava perguntando a mim mesmo, o porquê queria tanto sobreviver naquele abismo infernal.

Finalmente alcancei a resposta, finalmente havia entendido, porque eu sobrevivi? Simples…. vivi apenas para encontrá-los.

As memórias que passei com Hiekf e os outros mancham minhas memórias agradavelmente.

Mesmo em meu estado lamentável, conseguia sorrir enquanto andava para frente.

— Que…. quero…. ir…. para casa!

Meus lábios involuntariamente expressaram meu desejo.

A frente vejo a figura embaçada de duas pessoas correndo para mim. Eram Mike e Nilo, suas bocas se moviam falando desesperadamente, todavia não conseguia escutar nada.

Os dois me emprestaram seus ombros gentilmente, seus lábios se moviam com afinco, infelizmente não escutava nada.

Com a pouca força que me restava, disse aos dois o meu desejo:

— Ca…. casa! Toca…. da… coe…lha…. casa!

O branco tomou minha visão, dali minha consciência viajou longe.

 


 

Mike olhou para o rapaz que perdeu a consciência em seu ombro, apesar de seu estado lamentável depois de desmaiar, ainda havia um sorriso inocente ali.

Nilo que o segurava pelo outro lado falou surpreendido:

— Ele venceu! Aquele Darts, foi derrotado por um aventureiro novato!

Mike sorriu:
— Ahahahahaha! Impressionante! De fato impressionante! Parece que menino é bem mais do que os rumores dizem!

Nilo balançou a cabeça concordando:

— Exatamente! Nesse momento podemos estar carregando uma futura figura importante para esse país!

— E então? O que vamos fazer?

— Queria iniciar os primeiros socorros, mas as feridas dele estão se curando sozinhas, nunca havia visto uma habilidade curativa desse nível. Bom! Uma vez que ele parece bem, vamos realizar seu desejo e levá-lo até a tal “Toca da Coelha”.

— Hmm! Já ouvi falar desse lugar! Uns baderneiros do clã dos lobos cinzentos viviam lá, eles eram um grupinho desagradável que ninguém gostava, mas foram embora da cidade murmurando algo sobre um “lobo demônio”.

— Ahahahaha! Então vamos levar esse “lobo demônio” para sua casa como ele pediu!

— Sim! Lá também é um lugar conhecido pelas belas atendentes!

Os dois ajeitaram Ferus sobre seus ombros e em conjunto andaram para frente com a intenção de voltar para Harp.

Alguns minutos de caminhada foram o suficiente para se esgotarem um pouco.

— Guh! Pesado! — Reclamou Nilo.

— Ahahahaha! Bom! Você é um nanico afinal! — brincou Mike!

— Tsk! Cale a boca seu merda! Ou quer que suas esposas saibam sobre onde esteve semana passada?

— Gah! Seu roedor sujo! Usando chantagem!

— Tsk! Não me chame de sujo! Seu rufião desgraçado!

Os dois olham um para o outro, em seguida suas expressões amolecem dando lugar a gargalhada:

— Ahahahahahahahahahah!

— Muahahahahahahahaha!

Nilo limpou uma lágrima de seu olho e falou:

— Vamos levar logo o rapaz!

— Certo! — Respondeu Mike.

Contudo, algo surpreendente aconteceu. Mike avistou suas esposas de longe acenando enquanto traziam consigo sete pessoas.

Nilo entendeu o ocorrido e falou:

— Hou! Um grupo de aventureiros pegou a mesma missão que nós! Droga! Que sorte dos infernos!

Mike, exibiu um sorriso e os dois foram até as pessoas que vieram em seu auxílio.

Nilo se surpreendeu com as pessoas que compunham o grupo, aventureiros famosos estavam ali, dois foram a seu encontro enquanto os demais se espalharam para averiguar o entorno.

Mike comentou em murmúrios:

— Ei Nilo! Aquela bestial leoa, por um acaso não é a Zizis?

— Eu não tenho dúvidas disso! O bestial rinoceronte ao lado dela é ninguém menos que Barbatus!

— Oho! Uma chuva de celebridades, hein?

— Hunf! A maior delas está em nossos ombros, no entanto!

— O que devemos fazer?

— Falar a verdade! Eles mesmos podem averiguar as coisas! Também é inútil mentir para Zizis!

— Tsk! Aquela habilidade problemática!

Mary correu para abraçar Mike, que não teve escolha a não ser soltar Ferus e conferir o peso total para Nilo.

O roedor não reclamou, mas também não ficou satisfeito, porém isso não se tratava do peso de Ferus, e sim da inveja que ele sentia de seu amigo popular.

— Tsk!

Zizis, caminhou pacificamente na direção deles e falou de forma cordial:

— Olá! Meu nome é Zizis! Viemos até aqui para investigar sobre o surto reprodutivo das serpentes deviantes, por sorte meu grupo encontrou essas duas garotas vagando pela floresta, elas se encontravam muito aflitas e assustadas, então não conseguimos extrair informações de forma satisfatória, você poderia me dizer o que aconteceu aqui?

A pergunta foi feita para Nilo, o roedor respondeu:

— Sobre as víboras deviantes, elas foram eliminadas por nosso grupo, um número acima de cem exemplares habitou a fissura em uma rocha próxima daqui. Os restos desmantelados estão lá para comprovar minhas palavras!

Zizis, apertou seus olhos e notou o rapaz no qual Nilo suportava com seu ombro.

— Hmm! Esse rapaz? Ele é um bestial do clã dos cães?…. me parece familiar!

— É ele…. — interrompeu Barbatus, que se aproximava com seu enorme corpo — Não se recorda Zizis? Esse é o lobo negro Ferus!

Zizis, arregala seus olhos surpresa.

— O que?…. como isso…. me responda pequeno! O que aconteceu?

Nilo, queria fugir desse assunto, mas parece que ele terá que explicar desde o início.

Antes que pudesse falar, dois bestiais do clã dos cães se aproximam chocados e revelam:

— Senhorita Zizis! Um grupo imensurável de víboras deviantes foi massacrado aqui próximo!

O outro trouxe uma informação diferente:

— Senhorita Zizis! Encontrei um estranho pântano aqui! Segundo o mapa que temos, não existe tal coisa, esse pântano não estava aqui antes, sei disso, pois essa é uma área de caça que costumo usar!

A leoa sem entender nada, murmura:

— O que está acontecendo aqui

A leoa apontou seu olhar para Nilo e Mike, procurando por respostas.

Nilo suspirou farto e respondeu sem haver uma pergunta:

— O terreno foi modificado graças a uma estranha magia de Ferus, isso aconteceu enquanto ele derrotou Darts!

Barbatus, abriu sua guarda espantado.

— O QUE? DARTS O LUNÁTICO?

Zizis, que olhava para Nilo de forma penetrante falou para Barbatus:

— O pequeno falou a verdade!

— Magnífico! — Exclamou o grandioso rinoceronte enquanto encarava Ferus com admiração.

Mike completou:

— Foi uma batalha espetacular! Agradeço aos deuses por poder assistir tamanho desfecho!

— Guh! Que inveja! Queria estar em sua pele, só para assistir tamanha façanha! — declarou Barbatus descontente.

Zizis pergunta:

— O que houve com Darts?

Antes que Nilo respondesse um outro bestial, dessa vez pertencente ao clã dos linces relata:

— Senhor Barbatus! Senhorita Zizis! Encontramos um corpo completamente desfigurado, parece que foi um ataque de bestas demoníacas arrancaram sua carne, contudo conseguimos ao menos identificar a raça do corpo em questão, tenho plena certeza que se trata de um elfo negro!

Barbatus, levanta uma enorme gargalhada:

— Gahahahahahahahahahaha! Três anos tentando prender esse desgraçado, e no final uma criança fez nosso trabalho!

— Isso não é engraçado Barbatus! — reclama Zizis!

Mas o grande rinoceronte fez um olhar de que não se importa e respondeu:

— Hunf! Qualquer um que ajude ao povo de Lemur terá boa opinião em meu conceito! Nesse momento vivemos em uma quase guerra civil, apenas esse rapaz está fazendo alguma coisa. A imparcialidade dos representantes do povo, isso sim não tem graça.

Zizis, retrocedeu a face diante do comentário ácido de Barbatus, entretanto não haviam argumentos para refutar a razão do enorme bestial a sua frente, amarga, Zizis encerrou esse assunto.
A orgulhosa leoa, mais uma vez voltou seu olhar penetrante para Nilo.

— É mesmo verdade? Um garoto que nem atingia a maioridade venceu um ex-aventureiro adamantium?

— É a mais pura verdade! Não foi um combate fácil, para falar a verdade, Ferus estava em uma tremenda desvantagem, mas não desistiu e no final venceu de forma categórica!
Embora nem Nilo ou Mike, tenham visto o desfecho final, instintivamente sabiam da verdade.

Zizis, confirmou que as palavras deles eram verdadeiras, graças a sua habilidade única [A lei da verdade].

A leoa, embora tenha aceitado o fato, não ficou feliz, seu sentimento não tinha nada haver com inveja, mas seu orgulho foi esfarelado, Barbatus é um homem que devota seu corpo e alma em nome do povo bestial, ele não tem desejos de fama ou reconhecimento, em vez disso, o grande rinoceronte sorria toda vez que um grande talento nascia.

Nesse ponto, Zizis queria ser igual a seu companheiro, todavia o que ela quer nesse momento é o reconhecimento como aventureira notável, embora tenha conseguido isso, agora ela se tornou uma mera coadjuvante em um palco onde uma coelha e um lobo se tornaram os protagonistas, com um sorriso repleto de sarcasmo ela murmurou:

— He! Como os deuses são injustos!

O grupo de Zizis se reuniu e passou o relatório, Mike e Nilo explicaram os acontecimentos de forma precisa, no final todos resolvem retornar para Harp, Ferus foi carregado em uma maca pelos bestiais do grupo de Zizis.
Um bestial do clã dos cães pediu um momento de licença a Zizis, indo até um local onde não seria notado ele retirou um pequeno cristal de seu bolso.

O cristal brilhou e a imagem de uma pessoa se manifestou no centro da pedra mística, a imagem de Aurus foi vista:

— Oho! Se não é o meu fiel empregado Tony! Ao que devo seu contato? Alguma coisa relacionada a reprodução desenfreada das víboras deviantes?

— Não chefe! Um assunto bem mais importante! Encontramos o lobo negro Ferus!

Aurus, arregalou os olhos e ordenou preocupado:

— Não cause problemas a ele, esse menino tem um pavio curto, não o provoque e nem deixe que alguém o faça ok! Se puder saia de seu caminho!

Tony fica surpreso ao ver seu chefe não tem intenção de um confronto com o jovem lobo, mas deixou seu pensamento de lado dando a notícia:

— O lobo negro Ferus, Venceu em uma batalha de vida ou morte, o famoso caçador de bestiais, falo de Darts, o elfo negro lunático, senhor.

Aurus, não conseguia acreditar em seus ouvidos, mas Tony continua:

— O maldito foi morto, embora seu corpo ficou irreconhecível, ainda temos certeza que se trata dele, pois testemunhas foram interrogadas mediante a habilidade de Zizis.

Aurus colocou seu dedo polegar e indicador juntos de modo que ele apertou o topo do nariz, sem acreditar no que acabou de acontecer, o cão negro declarou:

— Isso é péssimo!

Aurus é um astuto retentor do rei, embora seu relacionamento com sua majestade seja segredo, ele é um articulador competente, que por debaixo dos panos mantém todo a país sobre controle.

O cão negro detém espiões em todos os grupos e facções, se alguém dissesse que Aurus sabe de tudo, não estaria longe da verdade.

A pergunta é: porque a morte de Darts é preocupante? A resposta é simples, existe alguém poderoso o bastante para causar tumulto em Lemur sobre os domínios de Ranpa, um ser famoso por sua insanidade sem lógica, se trata do sexto príncipe de Deva, Azfir.

Aurus, tem completa ciência das negociações de Ranpa, mas ele entregaria de graça a felina de olhos azuis só para se livrar de Azfir.

Jedhar é o único no qual Aurus não possui controle, por isso seu cérebro trabalhou rápido a ponto dele chegar a uma conclusão perturbadora.

— Droga! Só falta dizer que a felina de olhos azuis tem alguma ligação com o lobo negro! Se esse for o caso, terei que usar Alba de alguma forma, já que não há ninguém além dela que possa contra o lobo negro! Droga! Droga!…. o pior cenário se montou! Aquela pantera idiota não sabe dos problemas que esse reino pode enfrentar caso tenha um relacionamento ruim com a raça demônio!

Tony observou calado as lamentações de seu patrão, o cão negro ordena:

— Tony! Conto com você! vigie o lobo negro e me diga se ele tem alguma ligação com uma garota chamada Hellen! Suas características são marcantes, ela é ridiculamente bonita, olhos azuis e pelagem negra, também é uma bestial felina embora seja mestiça e não tenha clã.

— Sim senhor! Assim que obter informações passarei a você sem demora!

 


 

Em uma cidade próxima a Harp:

Em um pequeno vilarejo agrícola, esses pequenos povoados são cidades sem nome, subordinadas a grande metrópole mais próxima, o povoado em questão pertence a Harp.

A estrutura da cidade é bem rudimentar, casa feitas de madeira rústica, ruas sem pavimentação e saneamento, um lugar que parecia ter parado no tempo, a maioria de seus residentes, são fazendeiros pertencentes ao clã roedor ou ao clã coelho, pois esses dois são os mais numerosos em Lemur.

Dentro de uma dessas cabanas, a atmosfera de seu interior foi aquém da ao de seu exterior, uma estrutura luxuosa e magnânima foi montada, era como um castelo dentro de uma caverna.

No centro dessa sala “improvisada”, estava Ranpa tentando entender o que seu servo dizia:

Seu servo é um homem do clã dos lobos azuis assim como Ranpa, um de seus três retentores de confiança, seu nome é Rodolf.

Ranpa esfregava sua testa com seus dedos, tentando entender o relato, ele mais uma vez pergunta:

— Acho que meus ouvidos estão falhando! Poderia repetir o relatório Rodolf?

O servo mostrou um rosto cheio de preocupação, suando frio ele repetiu suas palavras anteriores:

— Mestre Ranpa! Darts “o lunático”, foi derrotado e morto pelo lobo negro, o relatório veio do senhor Besker, as chances de veracidade dessas informações são de 100%!

— CRÁSSSS!

Ranpa, socou a mesa com violência, em seguida se levantou arremessando sua cadeira longe:

— NÃO BRINQUE COMIGO! UM MESTIÇO DESGRAÇADO ESTÁ ME FAZENDO DE IDIOTA? COMO NO MUNDO UMA IMUNDICE SEM PEDIGREE DERROTOU UM EX-ADAMANTIUM! EXPLIQUE-ME ISSO RODOOOOOOOOOOOOLF!

O servo respondeu com pesar:

— Ele é forte mestre… e…

— CALE A BOCA RETARDADO! O CÃO IMUNDO MATOU DARTS! É CLARO QUE ELE É FORTE, AINDA SIM…. COMO ISSO É POSSÍVEL? POR UM ACASO JÁ ESCUTOU SOBRE UM MESTIÇO FAZER TANTO? UM RELES ARTIGO DE VENDA, OUSA ME DESAFIAR? VOU DESTRUIR ESSE MOLEQUE IMUNDO DE UMA VEZ POR TODAS!

Rodolf, mostra-se preocupado e pergunta:

— Mestre! E quanto ao príncipe Azfir?

Ranpa torceu seu rosto de preocupação e respondeu sem pestanejar:

— Vamos cumprir o acordo de um jeito ou de outro, como comerciante não posso falhar com meus empregadores, principalmente com Azfir, já que da ultima vez nosso acordo foi um fiasco. Até hoje me pergunto como Stela conseguiu?…. como ela fugiu até Harp? Não tem sentido, dado em conta que fechamos todas as rotas de fuga, mesmo assim ela conseguiu fugir com a felina de olhos azuis.

— Mestre! Se me permite…. Stela sempre foi astuta e meticulosa, não podemos esquecer que de sua fama como a de uma nobre, ela tinha a função de ensinar etiqueta até mesmo para a família real de Lemur!

Ranpa, colocou a mão em seu queixo e concordou em partes com Rodolf, mas algo ainda não fazia sentido.

— Entendo seu argumento Rodolf! Uma mulher tão requisitada com certeza deveria ter um ou duas conexões de grande relevância, ainda assim não consigo imaginar nenhum clã nobre de Bérius ajudando-a a fugir com uma reles escrava, seria muito a se arriscar por algo que nem sequer tem valor aos nobres de Lemur.

— Com todo o respeito mestre! Esse argumento não vale para a mestiça em questão, já que falamos de uma fêmea que tem o valor de um pequeno país!

Ranpa sorriu para o argumento de Rodolf, embora seja simples, ainda era consistente, contudo o próprio Ranpa não estivesse convencido, mas já era tarde pensar no passado, adquirir a felina a qualquer custo é sua meta agora.

Rodolf, se levantou e deu uma reverência a Ranpa, para que assim pudesse se retirar, entretanto uma coisa assombrosa aconteceu.

De forma abrupta o ar ali ficou gelado, um frio tenebroso congelou a pele de Ranpa e de Rodolf, a respiração de ambos soltava um visível ar branco e gélido.

— O que está acontecendo? — Inquiriu Rodolf.

Foi quando passos leves foram escutados no interior da casa.

— Que…. Quem está aí? — perguntou Ranpa, com um suor frígido caindo de seu rosto assustado.

Foi então que uma silhueta se formou em meio a escuridão, ficando mais nítida a cada passo dado a frente.

A imagem de um ancião carregando um número ridículo totalizando oito lâminas,que estavam embainhadas em suas costas…

A pessoa em questão era um ancião, com uma aparência próxima dos oitenta anos, sua postura curvada devido ao cansaço da idade não condizia com seu olhar afiado como o de um falcão, roupas de alta qualidade feitas das mais finas sedas do país dos demônios, o ancião de barba bem-feita ainda exibia em sua testa outra característica marcante, um par de chifres negros.

Rodolf, arregalou os olhos surpreso com a presença ilustre a sua frente, com a boca tremulante, o jovem lobo azul murmurou o nome deste ancião:

— “O demônio espadachim” Tabask!

O ancião riu gentilmente do louvor dado pelo jovem a sua pessoa:

— Ohohohohohoh! Para um rapaz tão jovem lembrar do nome desse velho espadachim! Fico contente que minha fama ainda percorra os altos desse mundo, ainda que o tempo não perdoa ninguém!

Ranpa, que suava frio, escondeu sua preocupação por de trás da fachada de um comerciante astuto, forçando um sorriso, o lobo azul Ranpa, iniciou o diálogo:

— Ao que devo sua presença grandiosa? Senhor Tabask.

— Ohohohoho! De modo algum! Minha presença não é nada ilustre, pelo contrário, mas agradeço a cordialidade que tem por esse humilde servo que foi maculado pelas mazelas do tempo.

Ranpa, manteve seu habitual sorriso de comerciante e continuou:

— Fico feliz que ache minhas palavras de seu agrado, contudo isso ainda não responde à pergunta, pelo que veio afinal?

Tabask, se aproximou com passos inaudíveis, provando que seu ruído ao entrar foi proposital.

— Ohohohoho! Apenas tenho um recado de meu senhor para você, queria que escutasse com atenção, pois, o meu senhor, pediu para enfatizar sua ordem!

Ranpa, torceu seu rosto preocupado, mas corajosamente falou:

— Estou escutando!

— Meu mestre vem monitorando suas ações e não tem gostado de o ver falhar em todos os movimentos que faz, embora não seja elegante da minha parte falar os defeitos de meu mestre, ainda devo dizer, ou melhor, devo avisá-lo! O meu senhor, não foi agraciado com a virtude da paciência, você pode ter escapado do último fiasco que causou, mas de forma alguma vai escapar se repetir a falha! Errar é algo aceitável, mas persistir no erro é a prova cabal da incompetência.

Ranpa, engoliu a saliva com as palavras de Tabask, procurando amenizar a situação um pouco, o vendedor de escravos enfatiza:

— Não haverá falhas consecutivas! Em uma semana…. não! Em três dias ele terá o que lhe é devidamente pertencido, dou minha palavra de mercador!

Tabask, balançou a cabeça aprovando as palavras de Ranpa, enquanto alisava a barba grisalha.

— Ohohoho! Três dias! Isso é um número animador! Ainda sim devo passar o recado de forma “enfatizada”, pois foi o que ordenou, meu mestre.

— Slash!

Um ruído apavorante veio do corpo do ancião, Ranpa sabia bem o que era esse ruído, tratasse de um brandir de espada, no entanto o velho não parecia ter saído do lugar, melhor dizendo, não parecia sequer que ele se moveu.

Rodolf, estava parado imóvel, quando de repente sua cabeça rolou pelo chão, em seguida, o corpo decapitado do jovem lobo azul, foi de encontra ao solo como uma marionete que teve as cordas cortadas.

Apavorado, Ranpa sequer ousou proferir uma palavra, ele estava assustado demais pensando na visão sobrenatural que presenciou:

“O… o que foi isso? Esse corte veloz!”

Ranpa, arregalou os olhos enquanto encarava o ancião que exibia um sorriso composto, depois virou seus olhos para o corpo morto de seu retentor.

“Como? Um corte tão limpo! Geralmente o sangue teria espirrado por todos os lados depois da cabeça rolar, mas isso não aconteceu! Provavelmente, Rodolf nem mesmo percebeu que havia morrido, o pior de tudo foi a velocidade! Não sou um espadachim de nome, ainda sim não sou um inútil no caminho da espada…”

Mais uma vez Ranpa colocou seu olhar em direção a Tabaski:

“Esse ancião! Os boatos são verdadeiros, boatos que descrevem esse homem como um esgrimista transcendental”

— Ohohohoho! Devo perguntar! O recado foi passado de forma satisfatória?

Com um rosto trêmulo, Rampa respondeu:

— O recado foi claro! Não haverá espaço para outra falha!

— Umu! Nesse caso…. tenha um ótimo dia!

O ancião caminhou para as sombras e desapareceu misticamente, da mesma forma que apareceu.

O suor e o medo, tomou a face do lobo azul Ranpa, que se sentou perplexo afogado em seus pensamentos desesperados.

Com a mão em seu pescoço, ele murmura:

— Droga! Minha vida e morte estão seguras por uma fina linha tênue, falhar não é opção!



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