Volume 4
Capítulo 38: Obrigações e condições
Eu coloquei Hellen gentilmente em minha cama, no restaurante apenas o andar de cima tem camas, pois lá há o meu quarto e o de Hiekf.
Hellen desmaiou ao escutar de Dà Ching que a pessoa que a escravizou sabe de seu paradeiro, não sei os detalhes, mas Hellen me contou uma vez que fugiu desse tal Ranpa e se refugiou em Harp com Stela.
Acontece que a situação da felina pode ser ainda mais grave que a minha, pois há uma riqueza exorbitante envolvida em sua história.
Eu contei o que sabia a Hiekf, sei que é indelicado de minha parte contar um segredo assim, mas Hiekf é o único do mundo que pode criar uma contramedida com sua inteligência sem par.
Hiekf, Millin e eu, todos estamos no meu quarto, graças a deus meu quarto é grande.
Millin se surpreende ao escutar que sei sobre a situação de Hellen, isso mostra que Millin já sabia da situação.
Hiekf mostrou uma grande preocupação, com a mão no rosto ele desabafou:
— É impossível! Essa situação é mais difícil que a nosso Ferus! Todos podem ser nossos inimigos.
Eu refutei:
— Não posso abandoná-la Hiekf! Mesmo que seja impossível eu vou ajuda-la!
— Eu não disse isso rapaz! Contudo quero que entenda, Ranpa é muito poderoso, ele tem influência em outros países, o país teocrático de Isoltis é um deles!
Meu rosto tremeu com a revelação de Hiekf, eu fechei meu punho com força, mas não posso perder meu foco agora, eu devo mudar isso em mim.
— Isso não é importante agora! Temos que dar um jeito de defender a felina.
Hiekf abriu um sorriso para mim, ele se levantou e acariciou minha cabeça:
— Ahaha! Você amadureceu hein? Tudo bem! Esse gnoll vai pensar em algo.
Eu abaixo minha cabeça e agradeço:
— Obrigado Hiekf.
Mas Hiekf diz desdenhoso:
— Mesmo assim…. Poxa vida! Uma gata que vale dois milhões de platiniuns, isso parece uma daquela estórias fictícias dos livros de Gaea.
Embora não conheça nenhum livro de Gaea, sei que Hiekf disse: “Isso é ridículo”.
Eu falo:
— Hiekf, eu preciso treinar para ficar mais forte, mas está impossível, toda vez que eu penso em começar, algo assim acontece.
— Aaaaah! Entendo, eu vou dar um jeito nisso também. Mudando de assunto, vamos para a guilda de aventureiros, podemos resolver as coisas lá.
— Hã? Não podemos deixa-las sozinhas é perigoso!
— Quanto a isso não se preocupe, Ranpa não vai agir diretamente, como o rico influente que ele é…. provavelmente vai contratar bandidos, ou até mesmo contratar a guilda de aventureiros, por esse motivo quero falar com Jedhar.
Droga! A contratação da guilda seria complicado para lhe dar, imagine se ele contrata um aventureiro do raking adamantium?
— Entendo! Nesse caso vamos logo!
Eu peço a Millin:
— Millin, vamos dar um jeito na situação, então cuide de Hellen, ok.
Millin está muito assustada, mas deu um sinal positivo com a cabeça.
E assim fomos até a guilda de aventureiros de Harp.
Levou poucos minutos para chegarmos lá, quando adentrei a guilda, muitos me encaram espantados, me senti ainda mais desconfortável que da última vez.
— Ei Hiekf! Por que diabos todo mundo está me encarando?
— Affs! Suponho que o “mestiço” que desafiou em público a Predatory acabou de derrotar o seu segundo membro que ainda por cima um herói nacional tenha a admiração dos aventureiros, os olhares são poucos, na minha opinião.
— Urgh! Me sinto violado com tantas pessoas me olhando!
— Pense nisso como um treinamento para um desastrado social!
As piadas fora de hora do Hiekf são realmente irritantes, mas o pior e que não posso refutar.
Hiekf anda esse local como se estivesse familiarizado com ele.
— Olá Hiekf!
— Oi, Hiekf!
Hiekf é cumprimentado por dois bestiais do clã dos linces.
Eu perguntei:
— Quem são?
— Ah! Quando você e a felina estavam de castigo, eu fiz diversas missões, os dois ali foram uma das minhas equipes provisórias.
Eu vejo! Existem missões que são necessários diversos membros, não é uma regra conhecer todos do partido, então é assim que Hiekf os conheceu hein? Parece que sou mesmo péssimo em me socializar ao contrário de Hiekf, esse maldito.
Chegamos até a mesma sala na qual Jedhar nos trouxe na primeira vez, Hiekf bateu educadamente na porta e adentrou em seguida.
Fiquei surpreso, nos arredores do escritório de Jedhar, estão muitas pessoas que nunca vi, incluindo dois humanos e um anão.
O anão foi como nos contos de fantasia, um homem de baixa estatura bem constituído e de longa barba ruiva, suas vestes, entretanto são leves, diferente do habitual montante de armaduras que imaginei.
Os dois humanos têm uma presença esmagadora, um vestia uma armadura metálica brilhante com cabelos negros, cabelos que são comuns em meu mundo, o outro, entretanto possuía um cabelo esverdeado como algas marinhas.
Os dois têm uma aparência de beldades, provavelmente as mulheres choram aos pés dos dois, eu cliquei minha língua mentalmente e torci para que os dois quebrassem a cara em uma pedra.
Meus instintos me avisam que se tivesse um combate com algum dos dois, seria feito em pedacinhos, eu engoli o próprio ar depois disso.
Os outros além de Jedhar que está sentado em sua poltrona atrás de sua mesa são: um homem de vestes completamente negras e um chapéu pontudo, com certeza é um bruxo, e a um homem que carrega documentos, provavelmente é um secretário de Jedhar.
Porém, a existência que mais me chamou a atenção foi uma garota de braços cruzados no canto do escritório me encarando mortalmente, foi o mesmo com Hellen, ela tem uma aparência absurdamente linda, posso dizer que rivaliza com Hellen, embora perca nas “proporções”, uma beleza bem diferente da de Hellen que é completamente erótica.
Eu devo ser odiado pelas garotas, toda vez que uma linda garota se encontra comigo, ela me olha como se quisesse me matar, essa Garota é uma bestial do clã dos coelhos branco, eu já escutei sobre seu nome, ela deve ser Alba Lepus.
Meu coração doeu ao perceber que não sou querido por garotas, eu sempre fui impopular no meu antigo mundo, não é agora que isso vai mudar, eu dei um suspiro descontente na minha mente.
Hiekf sem pestanejar se dirigiu à frente de Jedhar e falou:
— Eu trago comigo o garoto como prometi anteriormente, mas devo dizer que tenho um favor a pedir.
Jedhar riu:
— Ahahahaha! Em pensar que cobraria o favor tão cedo? Mas tudo bem! Eu não recusarei o pedido de um amigo que me acompanha na bebida e tem os mesmos problemas com uma criança insolente e idiota, Ahahaha!
— De fato! As crianças insolentes causam problemas e nos tiram o sono.
— Urgh!
Eu sabia muito bem que Hiekf falava de mim, mas colocar dessa forma é doloroso.
A coelha branca também torceu o rosto por algum motivo, esse foi o único momento em que ela não me perfurou com seu olhar.
O homem de armadura metálica colocou a mão sobre meu ombro e se apresentou:
— Oi! Meu nome é Cyous Leanon o meu colega de cabelo de alface se chama, Donovan Richerdberg, um prazer conhecê-lo, lobo negro.
— Eeh? Eu me chamo Ferus, o prazer é meu… hmm?…. Lobo negro?
Hiekf suspirou quando perguntei sobre “Lobo negro”, ele me responde o motivo de eu ser chamado assim:
— “Lobo negro Ferus” é como todos têm chamado aquele que derrotou dois membros da predatory.
— Bom! Suponho que isso seja melhor do que “ mestiço”, “sujo” ou “cão”.
Jedhar forçou um sorriso vago para meu comentário, seu secretário também pareceu um pouco abalado com minha observação.
O homem que se apresentou como Cyous, deu dois tapas em meu ombro e perguntou:
— E então jovem lobo, fico feliz que tenha sobrevivido aquele combate mortal.
Eu o encaro e digo:
— Ho! Então foi você um daqueles que assistiu minha luta sem se manifestar, eu o agradeço por proteger a Hellen.
Essa é a pura verdade, embora eles não foram a meu socorro, ao menos salvaram a Hellen, acho que agiram certo em não se meter em uma briga de um contra um, afinal é impossível saber quem é o culpado em um duelo que acontece tão rápido, embora Hellen estivesse como refém, mas dada as circunstancias, Hellen podia ser morta se algum movimento errado fosse tomado, se era um monstro aí sim eu ficaria puto por eles só assistirem.
Uma outra coisa me chamou a atenção, são as placas que Cyous, Donovan e o bruxo têm em seus pescoços, são placas da liga adamantium, se não me engano só existem onze pessoas que ocupam essa liga, ver três em Lemur só pode ser algo ruim acontecendo.
— Existe algum problema? Para ver três aventureiros da liga adamantium em um único lugar! Eu penso que algo ruim aconteceu ou está acontecendo.
A coelha falou pela primeira vez com uma voz áspera:
— Isso é confidencial, não é algo que alguém como você deveria saber!
Essa garota! Ela está procurando uma briga comigo? Que intenção adversa é essa vinda dela? Bom, eu não pretendo aceitar uma luta onde serei um pano de chão.
— Eu não entendo o que tem contra mim, mas eu não vou entrar em uma briga com você só para fins de avaliação, então não adianta me provocar.
Ela exibiu um rosto cheio de desgosto e me provocou novamente:
— Está com medo?
— Sim! Estou sim…. Já escutei sobre você. Enfrentar uma guerreira que humilhou Laruk sem sequer ser tocada é muito para mim, acredite!
Eu dei os braços e continuei:
— Quase morri lutando contra Laruk. A um tempo atrás, aceitaria uma briga sem sequer pensar muito, mas eu acho que não posso ceder as coisas improdutivas, como uma briguinha qualquer.
Jedhar suspirou:
— Affffs! Queria que você amadurecesse também Alba, o jovem ao menos sabe escolher seus adversários!
A coelha reclama com uma carranca:
— Pa… Pai!
Eh? Jedhar é o pai de Alba Lepus? Essa foi surpreendente para mim.
Jedhar adverte Alba:
— Alba! Chega! Não vou mais tolerar sua atitude infantil, se falar mais alguma coisa… ficará de castigo!
— Uhnm!
As orelhas longas de coelha da alba ficaram caídas mostrando sua tristeza, achei bonita a forma que ela ficou de beicinho, uma pena que eu não sou popular.
O bruxo se aproxima de Hiekf como se fosse um velho amigo, ele toca seu ombro e diz com um sorriso:
— Hiekf! O livro realmente foi útil, não é?
— Sim! Devo agradecê-lo, mas gostaria de ficar mais um tempo com ele se possível.
— Não seja tolo! Eu lhe dei o livro, não há necessidade de devolução, além do mais, eu mesmo o escrevi, então não me fará falta alguma.
— Nesse caso eu aceito de bom grado o livro, e mais uma vez, obrigado…. Sendor Yami.
Parece que o bruxo e Hiekf são amigos, esse maldito é muito bom em fazer amizades ao contrário de mim, Tsk! Estou com inveja.
Uma coisa me incomoda desde que cheguei aqui, primeiro parece que estas pessoas querem algo comigo, será que tem haver com a montanha que derrubei? eu pensei que viemos aqui para falar sobre a segurança de Hellen, porém acho que isso é apenas um dos fatores que fez Hiekf me trazer aqui.
Eu pergunto sem rodeios:
— Desculpem, mas existe algo que querem de mim?
O anão que estava até o momento em silêncio falou pela primeira vez:
— Todos aqui temos perguntas a você lobo negro, a curiosidade de muitos foi atiçada por sua existência, Cyous e Donovan parecem querer sua amizade…
Eh? Alguém que ser meu amigo? Eu olho para Cyous e Donovam com olhos cheio de expectativas.
O anão continua:
— O bruxo, Sendor Yami, quer saber sobre sua magia, para ser sincero eu também, contudo eu que sou um ferreiro quero que me mostre suas correntes, as que você nomeia como Gleipnir.
O anão que tem um olhar severo me encara como se isso fosse uma obrigação minha, no entanto a Gleipnir é minha, não é minha obrigação mostrá-la.
— Não quero! A Gleipnir é minha companheira confiável nas batalhas, por que não pede para que eu mostre meu Status também?
Minha resposta foi um tanto desrespeitosa, mas acho que ele entendeu que não posso sair mostrando meu armamento por aí.
O anão fechou seus olhos e propôs:
— Escute garoto! Eu tenho que ver essas correntes, talvez elas possuam segredos ocultos que você não sabe, como um anão ferreiro posso mostrar os segredos ocultos dela.
— Você tem razão! Gleipnir é uma arma formidável, mesmo assim espero que entenda, não posso sair mostrando-a a torto e a direita, não estou questionando você como um ferreiro, simplesmente não o conheço a ponto de confiar em você, desculpe mais é isso.
O anão passa sua mão sobre suas longas barbas ruivas, ele reflete um pouco e responde com calma:
— Hunf! É um argumento justo menino, não vou insistir, mas pelo menos dê uma chance a mim para ganhar sua confiança, meu nome é Bartor Gregor, sou um humilde Ferreiro.
— “Gregor? ” Você é um descendente de Astúrio Gregor?
O anão confirma minha pergunta com um sorriso.
Depois disso ele começa outro assunto:
— Vamos deixar a questão da Gleipnir de lado por enquanto, me diga menino! A sua magia estranha, dizem que é capaz de mudar as características das coisas!
Eu olho para Hiekf e ele acende com a cabeça dizendo que está tudo bem, embora ache que esse assunto é mais delicado do que falar sobre a Gleipnir, mas sei que Hiekf está sempre um passo à frente, de alguma forma ele deve ter previsto esse cenário.
Eu revelo:
— Está certo, só que minha magia não restringe apenas a mudar as características dos materiais, eu posso mudar aspectos como a temperatura, forma, estado, posso também elaborar misturas, sintetizar e separar os materiais de determinada substância.
Bartor, clicou a língua e reclamou:
— Tsk! Você é uma fraude! Tem idéia de quantos ferreiros venderiam a alma para conseguirem habilidades similares?
Eu não sabia como responder Bartor, eu cruzei os braços e perguntei:
— Minha magia é tão forte assim?
Hiekf suspira e responde no lugar de Bartor:
— Aaaah! Ferus, não é questão de força, sua magia é algo que um ferreiro não pode acreditar tão fácil, tenha como exemplo a lança que me deu, você fez um trabalho de um mestre artesão brincando, deve ser frustrante para Bartor saber que uma magia assim existe, no ponto de vista dele, deve achar uma piada divina contra os anões.
Bartor indaga:
— Piada divina? Hunf! Eu não poderia colocar melhor Gnoll, o garoto pisou em meu orgulho de ferreiro e não é só isso, se o país de Astúria saber sobre suas habilidades coisas ruins podem acontecer.
Eu rebato:
— Ei! Ei! Ei! …. Eu não tenho nada a ver com os anões, por que diabos minha magia pode gerir um mal relacionamento com os anões?
Bartor alisou a longa barba ruiva e revelou:
— Sua magia é similar magia única de Astúrio Gregor.
Eu arregalo os olhos e comento:
— Entendo! Uma magia que forjou as até mesmo as armas dos deuses antigos, não é para menos que ele foi considerado o maior ferreiro do mundo.
Bartor coçou a barba e com um sorriso maquiavélico me perguntou:
— Apenas os anões sabem que Asturio forjou as armas dos deuses, como obteve essa informação?
Os membros da sala mostram grande surpresa com essa revelação.
Eu vejo agora o quanto soltar a língua pode ser perigoso, infelizmente não tenho resposta.
— É segredo!
Foi a melhor resposta que pude dar.
O bruxo Sendor Yami se aproximou de mim com um olhar cheio de expectativas:
— Me mostre! Me mostre sua magia única por favor!
Ele me segurou pelos ombros, quase me sacodiu com seu pedido repentino, os olhos do bruxo mostram uma quente paixão, deve ser pelo fato de ver uma magia desconhecida.
Eu retiro as mãos dele de meus ombros e falo:
— Eh? O que quer que eu demonstre?
— Oh! Vai mesmo demonstrar? Isso é ótimo!
Hiekf deu um longo suspiro junto a Jedhar, mas não acho que a essa altura posso negar isso.
Bartor retirou uma adaga arruinada de sua cintura, ela estava envolvida por um pano branco.
— Menino! Essa adaga é um tesouro importante para mim, mas foi amaldiçoada e sua estrutura foi corrompida por uma substância nociva, retira-la é impossível para mim, então poderia reparar essa adaga?
De fato, algo está errado ali, essa adaga emana uma energia negra sinistra, o cheiro podre também sai dela.
Eu peço:
— Não acho que deva tocar nela diretamente senhor Bartor, a algo nessa adaga que funciona como uma energia que se propaga, não sei explicar bem, mas acho que pode contagiar os outros.
Sendor revela um sorriso surpreso e diz:
— Então o jovem lobo tem a visão sobrenatural hein? Você não deixa de me surpreender.
É uma verdade que adquiri sentidos sobrenaturais lutando contra Jù yuán, mas como ele soube disso é um mistério para mim.
Ignorando essa revelação eu pego a adaga com um pano para não a tocar diretamente, eu a observei com cuidado, vi que é um objeto extraordinário e bem forjado, apesar da condição atual, aos poucos fiz minha mana passar pela adaga, assim identifico uma substância estranha impregnada na adaga, uma forma manual de retirar essa substância é mesmo impossível.
Eu abro meu espaço dimensional e retiro dele um frasco vazio, vou usá-lo para colocar a substância nociva dentro.
Eu uso minha magia:
— {Separação}
Minha mana se infunde na adaga e retira dela uma substância negra que parece amaldiçoada, eu a coloco no frasco evitando tocá-la diretamente, depois de fechar o recipiente eu o coloquei em meu espaço dimensional e o fechei.
A maldição parece ter saído da adaga, mas seu aspecto ainda é péssimo, pois a substância negra corroeu parte de sua estrutura.
Eu olho para Bartor que observa atentamente meus movimentos, seu rosto parece admirado, mas ignorei esse fato e pedi:
— Você possui algum metal? De preferência similar ao da adaga.
— Hmm? … Ah! Sim…. Espere um momento…
Bartor pegou um item que parece ser a bainha da adaga, isso é bom, pois é claro que são feitas do mesmo material.
Eu recebo a bainha da adaga e uso minha outra magia:
— {Mudança de estado}
Graças a isso o metal contido na bainha derreteu tomando seu estado liquido, é claro que eu derramei a forma líquida do metal sobre a adaga. Por último….
— {Reparação}
A estrutura da adaga e reparada usando o metal derretido para preencher as lacunas deixadas pela substância negra, em alguns instantes ela fica como se fosse recém construída, eu uso a magia de moldagem para deixar o que sobrou da bainha em uma forma mais adequada para guardar a adaga e assim a entrego a Bartor.
O anão recebeu a adaga com brilho nos olhos, ele deu um sorriso sarcástico e me agradeceu baixando sua cabeça:
— Obrigado rapaz, essa adaga pertenceu a um discípulo importante, infelizmente o tempo o levou de mim, já que os humanos não vivem tanto quanto os anões e elfos, mesmo assim, ele foi como um filho, por esse motivo esse ferreiro inútil agradece.
Talvez o vislumbre da minha magia tenha ferido o orgulho de ferreiro dele, mesmo assim eu não posso concordar com suas palavras:
— A adaga que peguei foi muito bem-feita, se foi um trabalho de seu discípulo, não posso deixar que chame a si mesmo de inútil, eu nunca conseguiria forjar uma arma tão boa mesmo com minha magia, então não desmereça seu trabalho, isso desmereceria seu discípulo também, não é mesmo?
Bartor me encara com surpresa, mas depois suaviza seu olhar áspero com um sutil sorriso.
— Tem razão, não posso ser o mestre tolo de um excelente discípulo…. Obrigado jovem lobo, estou em débito com você.
Sendor Yami declara com paixão:
— Hoooooooooo! Uma magia que pode manipular as substâncias? Nunca em minha vida presenciei algo assim! Minha vinda até Lemur valeu toda a pena!
Sendor Yami pegou um bloco de notas e uma caneta e começou a fazer anotações como um louco.
Donovan inesperadamente falou comigo:
— Me diga rapaz! Como ficou tão forte com essa idade?
Eu não podia respondê-lo, Hiekf me disse que minha condição racial deve ser protegida a todo o custo, antes de dar uma resposta vaga, Hiekf se intrometeu:
— Senhor Donovan! Acho que já conversei com todos aqui que isso é um segredo absoluto, vocês me prometeram não sondar sobre isso…
Donovan deu os ombros com um sorriso cínico:
— Foi mal! Mas sabe! É difícil engolir que um bestial como o lobo negro surgiu do nada, você disse que o criou como seu filho quando foi abandonado pelos pais em seu vilarejo, contudo é difícil acreditar que conseguiu esconder um bestial assim por tanto tempo.
Entendo! Hiekf usou a estória que inventamos assim que saímos do vilarejo gnoll para esconder minha condição, como ele já havia me falado sobre isso ele não achou necessário contar novamente para mim.
É claro que vou entrar nesse jogo, Hiekf como sempre é precavido.
Ele encarou Donovan e falou com um tom autoritário:
— Escute! Se fosse possível, eu nunca retiraria Ferus do meu vilarejo, queria que ele crescesse em paz, mas Laruk apareceu, infelizmente é como disse, esconder alguém do calibre de Ferus é quase impossível, mas queria arriscar minha vida nisso.
Donovan recuou amargo, ele entendeu de alguma forma o dilema de Hiekf, com certeza ele daria um ótimo ator, mas desconfio que há verdades nas palavras de Hiekf.
Jedhar que finalmente encontrou espaço para falar, se expõe:
— Bom! Parece que todos aqui já fizeram o que queriam então será que posso conversar com o garoto?
Todos ali entenderam que foram rudes ao tomar o lugar de seu anfitrião no diálogo, assim todos se calam.
Jedhar fica satisfeito que todos entenderam, ele me encara nos olhos e expressa:
— Ferus, tenho um recado para você vindo da corte real de Lemur…
Uma mensagem do rei? Droga! Será que vão me expulsar do país?
— … A realeza de Lemur queria seu exílio.
— Urgh!
De fato, era o que eu pensava mesmo.
— Mas você foi perdoado graças a minha a minha influência e também deve agradecer a Aurus, que convenceu a todos a perdoarem sua conduta.
— O que? Eu devo um favor a aquele cão astuto de merda? Argh! O que pode ser pior?
Jedhar comenta:
— Vo… Você parece não gostar muito dele, não é?
— CLARO QUE NÃO! Um maldito manipulador que me usou de isca contra a aberração de espinhos, se eu pudesse eu o colocaria em uma sepultura!
Jedhar suspira e murmura para si:
— Urgh! Eu devia tê lo criado com mais rigidez, mas aquela personalidade horrível…. aaaah!
Jedhar faz de conta que nunca disse isso e me fala:
— De qualquer forma, você foi salvo graças a ele, mas…
— Tsk! Não precisa nem dizer! Aposto que esse Aurus maldito quer me usar em uma de suas tramoias, ele enxerga as pessoas com quem não tem vínculo como peões descartáveis, isso que mais detesto nele.
Alba Lepus mostra sua insatisfação sobre Aurus:
— Argh! Eu odeio Aurus! O lobo está certo em tudo que ele disse, um maldito manipulador de araque, a pior escória que existe em Lemur.
Ao que parece Aurus também pisou no calo da coelha branca, eu não entendo o relacionamento que eles, mas deve ser conturbado.
Jedhar corta Alba apenas levantando sua mão, a coelha se calou, isso mostra o respeito que ela tem por Jedhar.
Jedhar volta ao assunto anterior:
— De qualquer forma, as condições para que não haja mais problemas são: não causar mais destruição dos patrimônios históricos de Lemur, não ir contra a família real de Lemur, não desobedecer nenhuma lei vigente e por último jurar lealdade a Lemur.
— Esse último é meio difícil de engolir! Parece uma coleira bem enfeitada, mas eu não sou um cão, eu sou um lobo! ninguém vai colocar uma coleira em mim.
Alba Lepus mostrou hostilidade quando disse essa linha, mas eu não falei mentiras e sou leal a minha vontade, eu encarei ela sem temer por minhas palavras.
Jedhar suspirou e pegou um papel em uma gaveta de sua mesa, ele o abriu e leu para mim:
— Missão de Ranking A, recompensa 1.000.000 de moedas de ouro, objetivo: capturar uma escrava fugitiva, características: bestial felina, pelagem negra e olhos azuis…
Eu fiquei azul com as palavras de Jedhar, o quão rápido esse maldito Ranpa é? Agora estou entre a cruz e a espada.
Observando minha reação, Jedhar fala:
— Isso não é uma ameaça Ferus, mas é preciso que me faça um favor para que eu faça algum para você, eu posso recusar essa missão, se você aceitar meus termos, claro que também vou oferecer a devida proteção para a garota que trabalha no restaurante em que você vive!
Hiekf suspirou alto, acho que mesmo ele não esperava que Jedhar tivesse isso de antemão.
Cerrando os dentes eu perguntei:
— O que a realeza quer de mim?
— Nada além do que tem feito! Em verdade essa proposta foi feita pelo secretário do rei, Téo Linz.
— Me diga? Por que diabos ele quer me usar?
Jedhar abaixou a cabeça e falou com insatisfação:
— É simples Ferus, você é um inimigo distinto da predatory, a realeza não pode entrar em um confronto direto contra eles, mas um aventureiro espetacular que saiu do nada pode, é aí que você entra, afinal você já enfraqueceu muito a moral deles, Téo Linz quer usá-lo contra a predatory de forma mais direta e depois dar a desculpa que esse atrito não tem nada a ver com a família real.
Eu não posso acreditar, eu fui colocado contra a parede agora, estou muito irritado, mas…
A imagem de Hellen, Millin, Stela e Hiekf passam por minha mente, eu não quero perder minha vida atual, agora percebo o que Fenrir disse sobre eu estar fugindo.
Tsk! É frustrante, mas não posso negar o pedido desse maldito que se chama Téo Linz.
Eu respirei fundo e me acalmei, Hiekf sempre me disse para tomar minhas decisões com calma, então esse é um desses momentos, Hiekf está calado sem dizer nada, isso mostra que ele quer que eu decida isso.
Tudo bem! Vou jogar esse jogo, mas eu também quero uma mão de cartas.
— As exigências de Téo Linz são desproporcionais, apesar de destruir uma montanha histórica, também contribui para Lemur derrotando Jù yuán, então também tenho exigências!
Jedhar rir e pergunta:
— Ahahaha! Bem observado garoto! Vejo que Hiekf tem o ensinado bem…. Me diga suas exigências, eu as passarei para o secretário real, Téo linz.
Eu levantei meu dedo indicador mostrando o número um e falo:
— Primeiro, quero proteção de meus companheiros, eles são o único fator que podem me fazer aceitar essa condição imposta, então se não forem protegidos esqueça.
Eu levanto o outro dedo mostrando o número dois:
— Segundo, preciso de tempo, meu estado atual não é o melhor para enfrentar a predatory, então vou treinar como nunca para ficar mais forte.
Mostro agora três dedos:
— Terceiro, eu não trabalho de graça! se quer meus serviços ele que ele arque com isso, só para deixar claro, posso viver ricamente apenas caçando javalis deviantes, então uma remuneração adequada é exigida.
Jedhar suspirou aliviado e disse:
— Graças a deus, você não pediu nada absurdo, como represento as próprias palavras de Téo linz eu garanto suas exigências.
Eu ainda tenho mais uma coisa para falar, então perguntei:
— Senhor Jedhar, você tem alguma ciência da situação de Hellen?
Jedhar massageia sua testa e fala com um tom de brincadeira:
— Você está falando da fêmea mais cara do mundo? Eu tenho sim alguma ciência disso, embora pareça fantasia, Ahahahaha!
Cyous bateu mais uma vez em minhas costas e comentou rindo:
— Ahahahahaha! Em pensar que a felina vale tanto dinheiro assim hein? Seu gosto é bem refinado jovem, não me admira que ainda é virgem! Ahahahahahaha!
Meus movimentos congelaram, eu encarei Cyous e Donovan, com a face de desespero.
Donovan fez uma pequena tosse e aconselhou:
— Ahan! Lobo negro, nunca grite que não quer morrer virgem no meio de uma batalha, sabe… É um pouco embaraçoso.
Eu quero morrer! Então eles realmente me escutaram! Será que Hellen também escutou?
Eu encarei a coelha branca, ela virou o rosto para o lado com a mão em sua boca e….
— Pfffs!
Com as mãos esfregando minha cabeça desesperadamente eu gritei:
— NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! ISSO É EMBARAÇOSO DEMAIS!!! EU QUERO MORRER!