Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven


Volume 3

Capítulo 35: O rei macaco

Lemur oriental, cidade de Ryo-Shun

Em um salão ornamentado repletos de belas obras de cerâmica, um bestial meditava com todo o ardor, esse bestial tem uma fama invejável, trata-se do grande rei macaco, Jù Yuán.

O suor corria de seu rosto, uma serva do clã macaco correu para limpá-lo antes de cair sobre o chão.

Jú Yuán de repente abriu seus olhos em um estado frenético e deu um enorme grito de dor:

— GYAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Sua serva caiu com os quadris no chão assustada com o súbito ataque de seu mestre.

O rei macaco tinha olhos vermelhos de sangue, a dor foi escrita em sua face, ele clamou a sua serva:

— A…..água…. agora!

A serva temerosamente serviu água a seu mestre que a bebeu rapidamente enquanto rangia os dentes mostrando um rosto que estampava a dor sentida.

A serva só podia ficar parada esperando pela próxima ordem.

Jù Yuán força-se a ficar melhor, um sorriso tremido se formou em seus lábios:

— Kekekeke…. KEKEKEKEKEKEKEKEKEKEKE!

A serva ainda temerosa pelo estado de seu mestre pergunta:

— Shifu! Devo chamar o mestre Wu Fei?

Jù Yuán força um sorriso e a impede mostrando a palma da mão, a serva, no entanto parecia hesitante.

Ele tranquiliza sua serva:

— Acalme-se Kumiko! Foi apenas o efeito colateral de perder uma das minhas cópias, como sabe a dor final é passada para meu sistema nervoso, apenas estou me recuperando disso.

Kumiko arregalou os olhos surpreendida.

— Co… como assim? Existe alguém que pode vencer uma cópia do mestre além de Wu Fei?

Jù Yuán riu divertidamente:

— Kekekekekeke! Fico feliz que me estime tanto Kumiko, mas existem vários lá fora que poderiam comigo ainda que com meu corpo original.

Kumiko cerrou seus olhos como se não acreditasse em seu mestre, para ela Jù Yuán tentou ser humilde.

O macaco que tem uma aparência completamente parecida com sua cópia “O sábio” limpou o rosto com uma toalha úmida.

Ele murmurou sozinho:

— Fenrir… quem diabos é você?

Antes de sua serva dizer qualquer coisa, as portas dos aposentos se abriram e um jovem bestial macaco entrou por ela, esse jovem lembra o aspecto da cópia “o destemido”

Jú Yuán brinca:

— Hoooo! Se não é meu amado neto, Wu Fei.

Wu Fei, fez o caminho em direção a seu avô, seus olhos brilhavam em expectativas.

— Meu avô, como foi sua luta? Tinha me dito que precisava fazer umas coisas, não pensei que sua meditação demoraria uma semana inteira.

— Hmm! Medidas foram necessárias!

— Entendo! Posso presumir que deu cabo do assassino do mestre Laruk!

Jù Yuán sorriu seco e respondeu sem nenhuma vergonha:

— Não! Fui completamente derrotado por ele!

Wu Fei arregalou os olhos, ele não creu em seus ouvidos.

— O que? Alguém além de mim pode derrotar a cópia do avô?

O jovem rapaz deu um sorriso sinistro, Jù Yuán estava ciente que seu amado neto é um maníaco por batalhas, antes que piorasse ele declarou:

— Wu Fei! Eu o proíbo de cruzar golpes com aquele bestial, ele é inesperadamente poderoso, quero saber detalhes sobre ele antes de tomar qualquer atitude.

Jù Yuán estava preocupado com o outro ego que habitava o corpo do lobo negro, aquele que se intitulou, Fenrir.

Um ser demasiadamente poderoso que poderia facilmente dominar um país com força bruta, o velho macaco nunca experimentou um poder tão sólido, nem mesmo em seu auge.

Seu neto não mostrou o rosto de um rapaz obediente, dito isso, Jù Yuán suspirou em sua mente.

— Wu Fei! Ligue-me a Ranpa, tenho uma boa notícia para ele.

Wu Fei fechou a cara com desgosto:

— Ranpa?…. Meu avô! O que quer com aquele lixo!

O velho macaco compreende a atitude áspera de seu neto e até partilha de seus sentimentos em relação a Ranpa, contudo, ele ainda é um aliado, seus recursos e riquezas são o motivo da Predatory conseguir se levantar contra a família real, claro que Ranpa não partilha dos princípios e dogmas do grupo revolucionário Predatory, Ranpa é apenas um oportunista guiado pela ambição do dinheiro.

— Meu neto! Ranpa é apenas uma ferramenta que uso para o bem do nosso objetivo, também não sinto satisfação em trocar palavras com ele, porém é necessário, agora ache uma forma de termos contato, vou te dar detalhes mais tarde para que fale em meu nome.

Wu Fei levantou-se e deu uma saudosa reverência a seu avô, assim se retirou para sua missão designada.

Jù Yuán ainda sentia os resquícios da dor causada pela morte de sua cópia residual, sua serva oferece outro copo d’agua que foi aceito com gratidão.

— Obrigado Kumiko!

Kumiko, mostrou preocupação aparente em seu rosto por seu mestre, o velho macaco a tranquiliza:

— Acalme-se pequena! Posso ser velho, mas ainda possuo força para aguentar a perda de uma mera cópia!

— Mas…. shifu! A dor da morte de sua cópia é passada diretamente pelo seu corpo, mesmo que danos não sejam causados, ainda há um estresse mental, não é uma coisa que se recupere em um dia, por favor descanse, eu imploro!

— Hunf! Escute Kumiko! Não poderia ser como seu irmão e me chamar de avô?

— Não mude de assunto!

— Kekekekeke! Eu estou bem! contudo, se me ver dando um descanso irá apagar essa preocupação desnecessária da sua face, vou fazê-lo!

Kumiko suspirou aliviada depois que Jú yuan se propôs a descansar, o velho macaco geralmente é teimoso, todavia é fraco contra seus netos, por esse motivo Kumiko foi designada como serva dele.

Jù Yuán resolveu deitar-se em seu leito e descansar o corpo velho, contudo o lobo negro que o venceu não saiu de seus sonhos, um sorriso desenhou-se na boca do ancião macaco, Jù Yuán.

— Fenrir…. Kekekekeke!

 


 

Cidade de Lenus, norte de Lemur.

Lenus, uma das cinco cidades comerciais de Lemur, assim como a cidade de Harp ela detém uma grande importância econômica para todo o país, todavia suas “mercadorias” são as mais questionáveis no mundo, os escravos.

Essa cidade tem uma poderosa política escravista, diferente do resto de Lemur, graças a grande influência de seu líder buscando apoio nos clãs nobre de Lemur, ele conseguiu transformar sua cidade em um território neutro, livre das leis do reino.

O líder dessa cidade também é o líder do clã dos lobos azuis, seu nome é Ranpa Roldus.

Um homem ambicioso que se afoga na luxúria do dinheiro, alguém que tem como filosofia que qualquer um tem um preço.

Esse degradado bestial controla Lemur pelos bastidores, suas riquezas já superam de longe as da família real, um homem que faz tudo pelo dinheiro, moveria uma montanha se lhe pagassem a soma adequada.

Em sua residência estupidamente espalhafatosa, Ranpa descansa em seu trono particular, um homem tão arrogante que considera a si próprio um rei.

Recebeu pela nobreza de Lemur o apelido de “O rei sem coroa” claro que foi uma forma de caçoar de Ranpa, ele, todavia gostou do som disso e tomou o apelido zombeteiro como um elogio de primeira.

Ranpa se deliciava com uma taça desse vinho caro, trazido de terras longínquas, cercado pelo luxo e conforto proporcionado pelas vidas que desgraçou. Sim, este homem é um vendedor de escravos.

Enquanto descansava confortavelmente em sua residência um alguém bateu à sua porta.

O humor de Ranpa azedou, desfazendo-se de sua taça ele ordena:

— Entre!

As portas de seus aposentos se abrem, um bestial lobo azul adentra e respeitosamente se ajoelha perante seu mestre.

O servo em questão tinha uma aparência simples, sua forma é como a de um humano com a diferença de suas orelhas de lobo no topo da cabeça e uma cauda peluda de coloração azulada.

Ranpa olhou para o bestial como se contemplasse um inseto, a marca da crista escrava ficou aparente no pescoço de seu servo, Ranpa não perdoava nem mesmo o próprio clã.

Com uma voz fraca o servo diz:

— Senhor! Trago notícias de Ryo-shun. Me parece que o neto de Jù Yuán deseja contato.

Ranpa sorriu com a notícia:

— Ahahahaha! Então até o velho macaco está contando comigo! Embora ele me deteste, posso usar isso para me divertir com ele.

Ranpa se levantou de seu trono, ele é alto, embora seja uma pessoa viciada em luxo é diligente com seu corpo, um homem de aparência viril e imponente, sua pelagem azulada exibe um brilho nobre ao contrário da pelagem opaca de seu servo que tem o joelho tocando o chão.

O detestável Ranpa é conhecido como um guerreiro de ponta, embora não goste de sujar as próprias mãos.

— Leve-me, servo! — ordenou.

O servo se levanta e diz:

— Vou acompanha-lo até o salão mestre!

O servo não ousaria tomar a frente de seu dono, Ranpa tem o hábito de tratar seus escravos como lixo, um deslize significa a morte.

Chegando até o salão ridiculamente decorado, um grande cristal está sobre a mesa, a imagem de um jovem bestial macaco é mostrada pelo outro lado do cristal.

Ranpa se aproxima a uma distância satisfatória, quando parou seu servo lhe trouxe uma cadeira.

Ao sentar Ranpa desdenha:

— Hunf! Vejo que o rei macaco não acha necessário me ver em pessoa para prestar um favor!

O jovem que aparecia no outro lado do cristal sorriu sarcasticamente e respondeu:

— Meu estimado avô não precisa sujar sua presença lhe vendo, tão pouco precisa de um favor seu, a propósito meu nome é Wu fei, e não sou tão flexível quanto o avô em tolerar ofensas, então pense bem antes de falar, pode ser sua última frase.

A voz fria de Wu Fei amedrontou o interior de Ranpa, ele sabe da fama do rapaz a sua frente, não se dando por vencido, Ranpa manteve a postura e conversou;

— Então! Ao que devo seu contato!

Wu fei riu por dentro ao notar que Ranpa suportou sua intimidação com louvor, embora seja um lixo aos seus olhos, ainda pode manter a postura.

— Meu estimado avô lhe trás boas novas, todavia, assim como suas regras próprias, “tudo tem um preço!”

Ranpa sorriu e descansou as costas em sua cadeira, agora ele estava em seu território, os negócios.

— Hunf! Sou audacioso o bastante para manter meus ditos, a questão é, sua informação vale mesmo alguma coisa para mim?

Wu fei riu divertidamente e falou com rodeios:

— Escutei uma história engraçada a seu respeito, a história onde um grande comerciante de escravos gastou tempo e dinheiro lapidando uma pérola, tal pérola tinha um preço inestimável, tão alto era seu preço que mesmo um pequeno país poderia ser comprado com a quantia…

Ranpa apertou os punhos cheio de ódio e perguntou irado:

— Aonde quer chegar rapaz? Lemur inteira sabe de meu fracasso nessa venda, o não cumprimento desse contrato com o príncipe de Deva, quase me levou a ruína, o que ganha trazendo essa história a tona? Quer me humilhar?

— Hooooo!

Wu fei percebeu que Ranpa é sensível a esse assunto e aproveitou para se divertir, afinal, ele odeia Ranpa:

— O pior de tudo é que aquela que te traiu era sua serva mais confiável, a coelha cinzenta que pode reescrever contratos com sua habilidade única, como era o nome dela?

Ranpa se levantou em cólera:

— MALDITO MACACO! SEU CONTATO COMIGO FOI APENAS PARA ESSA FINALIDADE?

Wu fei não perdeu a compostura, apenas se esbaldou em satisfação por tirar essa reação de Ranpa, mas era exagero continuar, com isso em mente, o rapaz foi direto ao assunto:

— Sabemos o paradeiro da mestiça que foi conhecida como “a mais bela peça”

Ranpa arregalou os olhos, a raiva o deixou rapidamente e deu lugar a um sorriso sinistro.

— Uhuhuhuhuhuhuhuhu! Sim! Essa informação vale cada cobre! Direto ao assunto! Quanto quer pela informação?

Wu fei abriu um longo sorriso.



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