Volume 2
Capítulo 24: O registro de aventureiro
Chegou o dia e finalmente, Hiekf me chamou para irmos nos registrar como aventureiros.
Não estou tão empolgado como antes por que mais cedo tive um desentendimento com a senhorita Stela, o clima ficou um pouco pesado para mim.
Hiekf que como sempre me lia como um livro pergunta:
— Aconteceu alguma coisa Ferus? Você estava tão empolgado para se registrar, agora ficou calado! Seu comportamento não condiz com sua pessoa.
Forçando um sorriso eu falei:
— A senhorita Stela me deu uma bronca por modificar os cômodos sem notificá-la, mas já me desculpei.
— Arf! Jovem! Não podemos usar a propriedade alheia como queremos! Mas se você se desculpou, está tudo bem!
— Eeeh!
Paramos na frente de um prédio gigantesco, provavelmente é o maior prédio da cidade, fiquei impressionado.
— Nossa! Que prédio grande!
— Hunf! o prédio da guilda que fica na capital é ainda maior, pelo menos umas dez vezes!
— DEZ VEZES! Mas ai seria um castelo e Não um prédio!
— Ahahaha! É mesmo! Vai ver que é por esse motivo que ele é chamado de “O forte da Guilda”.
Sem perder tempo eu corri na frente e entrei no prédio, ao adentrar o recinto, vi diversas pessoas ali, todos mal encarados e de aparência áspera e rude.
Com a mão no queixo eu murmurei com brilho nos olhos:
— Do jeito que imaginei! Só faltou o cara do tapa olho que intimida os novatos!
— Ei moleque!
Ao me virar e averiguar quem me chamou noto um bestial do clã dos cães com um grande corpo cheio de cicatrizes e um tapa olho.
Empolgado eu grito:
— NÃO FALTA MAIS NADA!
O bestial de tapa olho assusta-se com minha atitude e Hiekf chegou na hora me puxando pela orelha.
— Ai! Ai! Ei! Parece que todos cismaram com minhas orelhas hoje!
Hiekf me avisa nervoso:
— Ferus! Não arrume confusão aqui! Uma briga significa expulsão da guilda, entendeu?
— Tsk!
— Não clique a língua para mim mocinho! Tem uma coisa que ainda não lhe falei, você não pode se registrar como aventureiro!
— Hã? Ei! O que você está dizendo Hiekf? Que conversa é essa agora?
Hiekf esfrega a cabeça e explica:
— Escute garoto! O principal requisito para a inscrição na guilda de Lemur é atingir a maioridade que aqui no país é de quinze anos, você tem apenas quatorze, por que raios acha que pedi uma recomendação a Aurus?
Meu rosto ficou pálido com essa revelação, Hiekf deu um tapinha no ombro e explicou:
— Contudo há exceções, a mais conhecida é a que aconteceu com a aventureira mais forte de Lemur, Alba Lepus, sobre a tutela de Aurus, ela se tornou aventureira aos doze anos.
— Doze anos? Nossa! Essa pessoa deve ser muito forte!
— E é com certeza! A última integrante do já extinto clã do coelho branco, no seu estado atual, posso dizer que a ela limparia o chão com sua cara, o tigre Laruk que o faz tremer quando mencionado o nome, Alba o derrotou sem levar um único golpe.
Eu empalideço com a revelação de Hiekf, existe uma criatura no mundo que pode derrotar aquele monstro do Laruk sem levar um único golpe?
Apavorado eu forcei um sorriso:
— Pa.. pare de brincar Hiekf!
— Hunf! eu pareço estar brincando? Escute Ferus, Alba Lepus foi aquela que cegou um dos olhos de Laruk, ela é apenas um ano e alguns meses mais velha que você.
— Um monstro! Essa coelha só pode ser um monstro…
Hiekf deu um sorriso seco e acariciou minha cabeça.
— Bom! Comparado a coelha branca você é apenas um bebê, visto que nasceu nesse mundo não tem nem mesmo um ano, há muito espaço para melhora!
— Eh? Do jeito que você fala até parece que eu vou querer lutar com essa monstrenga, vou evitá-la até o final dos tempos!
— Muahahahaha! Uma sábia escolha rapaz! A batalha não travada nunca é perdida!
Fomos até o balcão e lá um atendente bem vestido falou sorrindo a Hiekf:
— Bem-vindo a guilda de aventureiros de Harp! Em que posso servi-lo?
O atendente é um bestial do clã dos gatos negros assim como a garota que trabalha no restaurante de Stela, ele fintou os olhos em mim por um momento, percebi na hora o desprezo escondido em sua falsa modéstia.
Hiekf força um sorriso e o responde:
— Olá! Me chamo Hiekf Gnoll, vim me registrar junto a esse garoto como aventureiro!
O gato mais uma vez me encarou, eu mostrei meu habitual sorriso cínico para ele.
Me ignorando, ele dirige sua fala unicamente a Hiekf:
— Seu registro custará a você cinco moedas de ouro, contudo eu recuso a inscrição da sujeira ao seu lado.
Hiekf que sempre se mostrou calmo com todos, fechou o rosto para o felino.
Para minha surpresa Hiekf agarra o gato pelo colarinho e se expressou ameaçadoramente exibindo suas presas:
— Escute maldito! Não existe nenhuma lei em Lemur que proíba a inscrição de um mestiço em uma guilda, se você apenas recusasse calado eu poderia relevar sua ignorância, mas de jeito nenhum vou engolir a ofensa que fez ao garoto! se não se desculpar com ele agora eu vou arrancar a sua cabeça!
O felino suou frio com a ameaça furiosa de Hiekf, mesmo assim ele não deixou se abalar pelas palavras de Hiekf:
— Urgh! Seu… Seu… idiota! Como se eu… fosse me desculpar com…. um imundo!
Hiekf ficou ainda mais furioso.
Eu tentei acalma-lo:
— Ei Hiekf! … Está tudo bem! eu não ligo para essas coisas!
— Mas eu ligo! … De tudo que tenho visto e aguentado até agora, essa foi a gota!
Pela primeira vez entendi a posição de Hiekf aqui em Harp, todo esse tempo ele tem observado a situação a minha volta e aguentado tudo que tenho sofrido calado, mas chegou ao ponto onde ele não pode mais ficar imparcial.
— O que está acontecendo aqui?
Uma voz vinda de trás aplaca a confusão, eu me viro e deparo com um bestial do clã das panteras, ele é bem alto, a pelagem negra cobre todo seu corpo, sua cabeça é como a de uma pantera, aparentando uma idade avançada ele veio a frente com um andar de alguém elegante.
Hiekf solta o colarinho do felino que bufou de volta.
Cara a cara com o homem pantera Hiekf reclama:
— Gostaria que me informasse a data das mudanças das regras da guilda, eu não estava por dentro do assunto!
— Mudanças das regras? Em quatro anos nenhuma mudança aconteceu!
Hiekf sorriu e continuou sua reclamação:
— O felino ali! Se recusou a escrever meu garoto como aventureiro, não deu nenhum argumento justo e ainda ofendeu o menino!
O bestial pantera me avaliou por um momento e colocou a mão sobre o queixo, depois de parecer lembrar algo ele me pergunta:
— Rapaz! Qual é a arma que usa?
— Hã? Eh! Eu uso correntes como armas senhor!
— Arrrrrrrrrrrrrf!
O homem pantera deu um suspiro farto para mim, de alguma forma me pareceu ofensivo.
Eu reclamo:
— Ei! Que atitude é essa?
Hiekf riu secamente, parece que ele sabe bem o que está acontecendo aqui.
Eu olhei desconfiado para Hiekf, mas ele evitou contato visual.
O homem pantera massageava a testa como se estivesse com uma tremenda dor de cabeça, mais uma vez ele me olha e suspira, minha paciência foi a tampa.
O homem pantera se apresenta:
— Meu nome é Jhedar! Sou o diretor da guilda de Harp.
— Ah! Sim eu sou…
— Eu sei quem você é garoto! Não tem nenhum líder de guilda em Lemur que não conheça sua descrição… O lobo negro, Ferus!
— Hã! Desde quando fiquei famoso?
O salão todo parou para escutar a conversa que está acontecendo ali, fiquei em pânico por um momento, nunca em minha vida imaginei virar o centro das atenções.
Jhedar cansando resmunga:
— Hunf! Aurus me avisou que mandaria um grande problema para minhas mãos, todavia quem diria que foi você o responsável pela morte do perfurador dos céus, Laruk Tigar…
Os olhares queimaram em minha direção, me senti uma atração de circo.
— Foi esse o tal mestiço?
— Tsk! Eu não acredito nisso!
— Es… esse foi o que matou Laruk?
O atendente do clã dos gatos, ficou azul de pavor com a verdade que Jedhar revelou!
Jhedar sorriu para Hiekf e propôs:
— Dou duzentas mil moedas de ouro para deixarem a cidade!
— Eu recuso!
Hiekf recusou no ato a proposta de Jhedar.
— Tsk! Que seja! Não vou tratar mal o garoto, apesar dele trazer consigo uma bagagem repleta de problemas ele também salvou a cidade da aberração de espinhos!
Eu senti os olhares queimarem ainda mais minhas costas, não havia ninguém dali que não focou a atenção em mim, só faltou alguém para me arremessar os amendoins.
Eu fiquei bastante nervoso, estou acostumado a ser ignorado e desprezado geralmente, ter tanta atenção não é comigo.
O atendente felino sumiu repentinamente do balcão, deve ter pensado que guardei algum rancor ou algo do tipo.
Jhedar me pergunta com seriedade:
— Garoto! A Predatory, virá em seu encalço, o que vai fazer?
Eu sorri destemido e respondi:
— Quando acontecer vou derrotá-los.
— OOOOOOOOOOOOOOOOH (coletivo)!
Muitos ali pareceram impressionados por minhas palavras, alguns agiram como se escutassem de mim uma loucura, outros até riram de minhas palavras, mas Jhedar abaixou a cabeça triste.
Ele me dá um conselho:
— Escute filho! Não se trata apenas de você e a predatory, as faíscas das trocas de golpes que vão acontecer entre vocês, irão respingar e queimar aqueles a sua volta, ter inimigos nunca é uma boa ideia, rezo a deusa Ithina pela sua felicidade.
Com um sorriso amargo ele conclui:
— Me acompanhe menino! Eu mesmo cuidarei de sua inscrição e também da de Hiekf.
Hiekf e eu acompanhamos Jhedar até seu escritório, lá toda papelada foi preenchida e recebi um colar com uma placa de cobre, Hiekf também.
Graças a recomendação de Aurus não foi necessário nenhum teste.
Minha empolgação está nas alturas nesse momento eu peço a Hiekf:
— Vamos fazer uma missão!
— (Suspiro)! Escute Ferus! Não é melhor deixar para amanhã?
— Hã? Nem saímos do horário da manhã ainda! Vamos logo pegar uma missão.
— Aaaaaaaaaaaaffs! TUDO BEM!……. Vamos!
— Onde conseguimos as missões?
Hiekf aponta desanimado para um balcão à direita da guilda, sem perder tempo corro até lá.
A atendente é uma bestial do clã jaguar, como é um clã de sangue forte sua parte animal é bem aparente, então sua face e como a de um jaguar, o corpo também e coberto pela pelagem natural do animal, mas a silhueta foi totalmente feminina.
— Como eu vejo as missões?
— A que ranking você pertence?
— Ranking?
Hiekf apareceu interrompendo:
— Jovem! O seu colar!
Eu reparei em meu colar, só vejo uma simples placa de cobre ali.
— Hã?
— Ahahaha! Ferus, seu ranking no momento é o ranking cobre!
— Como funciona as divisões de ranking:
Hiekf pensa um pouco e responde:
— Preste atenção Ferus! Os rankings são divididos em categorias representadas por metais, quanto mais precioso o metal maior o ranking, a placa que você e eu possuímos é a segunda mais baixa!
— Eh? Por que não podemos ter uma mais alta? Afinal eu não matei a aberração de espinhos?
— Sim… Sim! Jedhar me ofereceu o ranking platina…
— E por que raios estou com uma placa de cobre no pescoço?
— Eu neguei a oferta, antes de reclamar lembre-se que você não tem nenhum conhecimento desse mundo, seria como jogar xadrez sem conhecer as regras.
Droga! Como sempre o pensamento de Hiekf faz todo sentido, aqueles que começam um jogo passando pelo tutorial tem uma vantagem de conhecimento dos detalhes, não posso argumentar contra essa visão do Hiekf.
— Tsk! Tudo bem! como fazemos para subir o ranking então?
— Uma coisa de cada vez, primeiro vamos aos rankings:
Ranking de aventureiro | ||
Categoria | Nível de força | Tipos de missões |
Ferro | Muito fraco | Manutenção da cidade. |
Cobre | Fraco | Caça e coleta. |
Bronze | Normal | Caça, coleta e escolta. |
Prata | Pródigo | Subjugação, perseguição e escolta da nobreza. |
Ouro | Superior | Guerra, missões especiais. |
Platina | Forte | Missões do Ranking A. |
Titânio | Muito forte | Missões do ranking AA. |
Torium | Fenômeno | Missões do Ranking S. |
Oriculum | Monstro | Missões do ranking SS. |
Adamantium | Aberração | —-//—- |
— Os rankings são: Ferro, cobre, bronze, prata, ouro, platina, titânio, torium, oriculum e o mais alto de todos o lendário ranking adamantium, somente onze aventureiros no mundo pertencem a esse ranking.
— Uau! Esses que estão no ranking adamantium, nem devem ser pessoas!
— Sim! Eles são considerados monstros, um exemplo que posso dar a você é o guerreiro mais forte do País teocrático de Isoltis, seu nome é Invictus!
Ao escutar o nome de Isoltis, meus punhos se cerraram com força, Hiekf olhando adiante me avisa:
— Estou lhe dizendo isso para que você tenha um parâmetro do que deve superar, eu não sei se com o tempo seu “objetivo” vai mudar, mas tenha em mente que se não puder chegar ao ranking adamantium esqueça seu “objetivo” se ele for o de vingança!
O rosto de Hiekf ficou apreensivo com o relato que acaba de me dizer, ele sabe sobre meu passado agora, sabe também o que sinto sobre a igreja de Isoltis, eu não sei no entanto se ele quis com isso me encorajar ou fazer-me esquecer tudo.
Para mudar o assunto eu voltei a recepcionista e pedi novamente as missões a ela.
A cordial recepcionista pegou um grosso catálogo e me perguntou:
— Como pude ver em sua placa, você está no ranking cobre, suas missões são as missões baixas de coleta e caça, tem preferência por alguma?
— Hun? Eu sou novato! Pode me descrever como cada uma funciona?
Com um sorriso ela respondeu:
— Com prazer! Olhe, a missão de caça como o nome já diz, fará você caçar alguns monstros, para controle populacional da espécie, evitando assim desastres em lavouras, plantações e criações de animais, alguns casos mais extremos a oferta de proteção contra ataques de monstros a população. Já as missões de coleta envolvem colher ervas, ingredientes, umas até envolvem a caça também, pois exigem partes de determinados animais para fabricação de porções.
— Muito obrigado madame! Você é bem educada ao contrário do gato bastardo que me atendeu do outro lado.
A moça suspirou farta e se desculpou pelo colega.
— Ah! Quase me esqueço! Como faço para passar de ranking?
— Bom! Isso depende do ranking que você se encontra, por exemplo, passar do seu ranking cobre para bronze exige que cumpra com êxito dez missões.
— Hun! Onde estão as missões?
A moça me mostra a tabela com muitas missões diferentes, escolho dez e me despeço.
A moça me chama:
— Ei rapaz!
— Pois não?
— Eh? Está tudo bem, dez missões? Se não as cumprir em três dias será penalizado.
— Está tudo bem! obrigado por sua preocupação! Tenha uma boa tarde.
Eu dou as costas e saio, Hiekf suspirou cansado.
— Nossa! Você tem suspirado bastante hoje!
Hiekf me responde com desgosto:
— E por que minha felicidade está escapando!
— Vamos Hiekf! Não é para tanto!
— Quando chegar a minha idade vai entender! Ah! Queria eu ter sua juventude e vigor.
Antes de sairmos para nosso objetivo, alguns bestiais se colocaram em nosso caminho, no total são doze bestiais, eles pertencem aos clãs dos tigres, Ursos, lobos e mais dois do clã dos rinocerontes, mas os dois últimos não eram tão impressionantes quanto o Barbatus que vi junto de Aurus.
Hiekf levantou a mão e tenta negociar:
— Escutem! Não queremos problemas!
Um dos rinocerontes falou:
— Grrr! Quieto Gnoll sujo! Ninguém pediu a opinião de um bestial renegado que pertence a um clã de traidores!
Hã? O clã gnoll é um clã de traidores? Eu havia reparado uma certa aversão dos demais bestiais a Hiekf, mas talvez por eu ser o mais desprezado não tenha notado direito.
Hiekf sorriu e não se importou nem um pouco com o insulto dado a ele.
O rinoceronte olhou para mim:
— Seu bastardo! Um lixo como você declarando que pode vencer o grande conceito que a predatory representa, quem você acha que é?
Eu dei os braços e respondi com indiferença:
— Grande conceito? Você é idiota? Como posso dar credibilidade a um grupo que repudia a evolução e aplica a lei da selva em uma civilização? Lutar por um sistema que visa o benefício próprio só mostra o quão patético esse seu “conceito” de merda é!
O rinoceronte fungou ferozmente com meus insultos a predatory, os outros que o acompanhavam também ficam muito ofendidos comigo, depois de uma outra avaliada eu percebo que nos corpos de cada um deles há estampado a marca da predatory.
Hiekf suspirou mais uma vez farto de tudo.
Eu murmuro!
— Tsk! Parece que existem membros da Predatory em todo lugar não é?
O rinoceronte ergueu seu rosto desconte e a sede de sangue em seu olhar resplandeceu de forma eminente, focando-se em mim ele expressa:
— Nem em um milhão de anos alguém do seu nível poderia vencer o grande Laruk, não somos tolos para acreditar em uma mentira contada por um cão sem dono, de qualquer forma sua ousadia de tentar desmerecer a luta e o objetivo de nossos camaradas será paga com seu sangue imundo.
Quatro capangas vieram em minha direção com suas armas visando meu pescoço.
— Morra imundo!
— AAAAAH!
— Maldito cão!
— Iahahahahaha!
Com um sorriso destemido eu ordeno:
— Gleipnir!
As correntes que envolvem meus braços se revelam por baixo de minhas novas roupas de mangas longas, as roupas foram arruinadas, mas isso foi o de menos.
O primeiro tentou golpear-me no pescoço com sua espada curvada, mas graças as habilidades [Esquiva sobrenatural] e [Movimento Rápido] , o bestial pareceu ficar em câmera lenta, eu facilmente desviei de seu golpe abaixando-me, seu tronco ficou completamente exposto a mim, eu fiz as minhas correntes Gleipnir enrolarem em meus braços assumindo assim minha postura de luta a curta distância, sem poupar fôlego eu apliquei um poderoso golpe no tronco do bestial que vou como o vento para longe dali.
O segundo e o terceiro visavam minha cabeça, quase como um reflexo em um espelho os dois vieram com tudo para cima de mim, suas espadas de lâmina fina queriam meus olhos, certamente foi um ataque coordenado, porém eu passo facilmente entre os dois chegando às suas costas, apoiando minhas mãos no chão eu usei as pernas e os chutei nas costas como um coice de cavalo, os pobres bestiais arquearam seus corpos quando meus pés entraram em contato com suas costas, também os arremessei bem longe.
O último atacante do momento, veio armado com um machado em minha direção, antes mesmo de fazer seu balanço eu o golpeie no queixo e o lancei no teto, onde fez um buco atravessando para cima.
Restavam oito bestiais, eles ficam pasmos sem entender o que aconteceu, parece que fui muito rápido para que eles acompanhassem, os espectadores do salão ficaram boquiabertos com minha luta de agora, muitos limpavam seus olhos para terem certeza de que não era um delírio.
Em frente aos oito restantes eu fiz aparecer os grilhões da Gleipnir e invoquei minha técnica:
— 『Shackle Daggers』
A luz habitual que se manifesta quando uso minha natureza mágica única moldou os grilhões da Gleipnir para duas brilhantes e afiadas adagas.
Com um olhar Feroz eu ameacei:
— Venham! Sou apenas um mestiço!
Um dos capangas murmurou apavorado:
— Aaaah! A… A força dele… é real!
— Os boatos… São verdadeiros… ele… ele… matou mesmo Laruk!
— Uaaah! Estou fora!
Seis dos bestiais capangas correram dali com os rostos azuis de pavor, os únicos restantes foram os dois rinocerontes.
O rinoceronte que falou no começo e também parece ser o líder gritou aos que fugiram:
— VOLTEM COVARDES! NÃO DESONREM O NOSSO SANGUE PURO!
Eu desdenhei:
— Parece que a coragem não tem nada a ver com a “pureza de sangue” não é mesmo? Ahahahahahahahaha! Vai ver que nessa pureza faltou algum tempero! Por que o resultado que vi foi sem graça!
A raiva mais uma vez apareceu na face do rinoceronte, seu companheiro de clã pede:
— Amigo! Vamos recuar, esse lobo não é comum!
Enfurecido com a atitude de seu companheiro o rinoceronte armou-se com sua grande marreta e golpeou seu companheiro fazendo-o perder a consciência.
A atitude dele foi surpreendente até para mim.
Cheio de fúria o bestial rinoceronte me desafiou apontando para mim sua grande marreta:
— Mestiço! Eu não sei que tipos de truque usou, mas eu nunca acreditarei que um impuro possa derrotar alguém que está no topo.
Eu ri do rinoceronte e destruí seu argumento com um fato:
— Se for esse o caso então todos aqui deveriam se ajoelhar para os coelhos brancos não é? pelo o que eu sei aquela que está no topo de Lemur é Alba Lepus! Ela não é o maior exemplo de que você está falando merda?
Em meio aos espectadores alguns soltam risadas abafadas audíveis para o rinoceronte, outros até gargalharam alto, alguns foram ousados o suficiente para entonar uma frase:
— Muahahahaha! Essa foi boa garoto!
— Kukuku! Vá lá enfrentar a coelha branca! “Sangue puro”
— Hihihihihi! A predatory nem tentou mover um músculo contra a coelha branca! Será que estão medo?
— É claro que estão! Contra Alba Lepus, A tão falada “Predatory” seria “presa” fácil, Muahahahahaha!
— AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA (Coletivo)!
Envergonhado de ser humilhado publicamente e ardendo em ódio o rinoceronte me ataca com tudo:
— MALDITO SEJA MESTIÇOOOOOOOOOOOOOO!
Diferente dos outros, esse bestial foi habilidoso, sua marreta veio rapidamente em direção a meu corpo, isso foi terrível por que todas as formas que tenho para revidar levam ele a morte, eu não me importo de matar monstros, mas me sinto mal em matar semelhantes, a morte de Laruk foi um acidente que até hoje me martirizo.
O golpe dele está chegando até mim! Oque eu faço? Oque eu faço? Muito rápido para revidar com magia, só posso golpear com minha adaga, levar esse golpe está fora de questão.
Meu reflexo fez meu braço direcionar as adagas instintivamente contra a marreta do rinoceronte, contudo não foi uma boa ideia.
Como se o tempo parasse uma lembrança fluiu em mim, foi quando Hiekf me deu a ideia de usar a mana para moldar a Gleipnir:
Ele me sugeriu usar a mana em vez da habilidade energética nas correntes, foi um sucesso, minhas magias também não precisam de cântico, será que o que estou pensando é possível…..
Antes de minhas adagas se chocarem contra a marreta do rinoceronte eu derramei uma grande quantidade de mana sobre a lâmina das minhas adagas, me concentrando ao extremo, imaginei minha magia de {Separação} entrando em ação assim que os golpes se colidissem.
Um flash rápido foi mostrado a todos ali, eu passei pelo rinoceronte, que tinha uma expressão incrédula na face.
— Não…. Não é possível! Isso é um sonho!…
A parte grossa de sua marreta foi dividida como manteiga ao meio, sua armadura também ganhou um gigantesco corte, mas o rinoceronte não foi ferido, isso foi por que minha magia única não funciona em seres vivos, de alguma forma esse detalhe me fez feliz.
O rinoceronte bateu seus joelhos no chão antes da outra parte de sua marreta cair, ele não foi ferido, mas perdeu a consciência, minha magia pode ter algum efeito quando passa por dentro do corpo de um ser vivo, posso não “alterar” os seres vivos, porém não quer dizer que minha magia não os “afete”, todavia há muito a descobrir sobre ela.
*Nova técnica desenvolvida:
『Fissure』: Uma extraordinária capacidade que permite separar, cortar e dividir qualquer estrutura, com exceção de seres vivos.
Eu ganhei uma poderosa técnica e o conhecimento de que posso assimilar magia a meus ataques físicos.
Hiekf pela primeira vez em muito tempo ficou impressionado com uma ação minha, ele sorriu sarcasticamente para mim colocando a mão sobre a metade da face.
Os espectadores paralisados permaneceram assim até irmos embora dali, depois dessa confusão decidi dar uma folga ao Hiekf e irmos as missões amanhã, ele aceitou minha oferta de bom grado.