Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven e Bczeulli


Volume 2

Capítulo 18: A misteriosa benção de Fenrir

Capital de Lemur, Bérius.

A guilda de aventureiros de Bérius é maior que existe no reino, ela também controla as demais guildas do país, os aventureiros do reino de Lemur são famosos por sua grande força, por esse motivo seus aventureiros são requisitados até no exterior.

O líder da guilda de Bérius é um ex-aventureiro da geração anterior, ele fez fama e fortuna atingindo o ranking mais alto de aventureiro ainda em sua juventude, naquela época não existia uma guilda em Lemur.

O rapaz em questão deixou o campo de batalha e se dedicou a construir uma poderosa guilda em sua terra natal, o nome desse bestial é Aurus Cannis.

Seu clã ganhou fama e prestígio graças as suas façanhas, o clã Cannis ganhou seu lugar de destaque entre a nobreza de Lemur.

Dito isso, Aurus agora se preocupa com um outro assunto que não o deixou dormir à noite.

O aparecimento de um estranho bestial lobo sem clã, o menino chamado Ferus.

Aurus suspirou em seu escritório situado na guilda de aventureiros da capital.

Uma bela bestial do mesmo clã comenta:

— Irmão! Você tem suspirado muito hoje!

Aurus encosta na sua poltrona e esfrega os olhos com seus dedos.

— Sim, eu sei Leslie… Ainda não acredito na existência daquele bestial…

Leslie não gostou da face aflita de seu irmão e deu sua opinião:

— Acho que está se preocupando demais, pessoas talentosas sempre vão nascer nesse mundo.

Aurus riu secamente com o comentário de sua irmã mais nova.

— Talento? … entendi! Você ainda vê o mundo de forma ingênua!

Leslie se ofende com o comentário de seu irmão a sua pessoa, ela inflou as bochechas e reclamou:

— Eu não sou ingênua! Por que está me falando coisas assim?

Aurus mais uma vez suspira:

— Me desculpe! Não foi minha intenção ofendê-la, mas eu quero te fazer uma pergunta!

Leslie espera atentamente pelas palavras de seu irmão.

— Como você define a coelha branca? Ela é apenas uma pessoa talentosa?

Leslie perdeu-se por um momento na pergunta de seu irmão, de fato ela presenciou várias vezes o poder de Alba Lepus e sua consciência sempre recusou aceitar ela como alguém apenas talentosa, foi além disso, a coelha branca estava em outro patamar, como a distância entre o céu e a terra.

Aurus entende o rosto apreensivo de sua irmã e explica a ela sua opinião:

— Leslie, chega um momento em nossas vidas que deixamos nossos sonhos de lado e encaramos a realidade, acontece quando crianças têm um sonho ambicioso, mas se deparam com alguém superior, ao confrontarmos algo assim encaramos a realidade e concluímos que sempre existirá alguém melhor de que nós mesmos.

Aurus continua seu raciocínio:

— Aquele rapaz está em um outro patamar assim como a coelha branca, isso explica por que alguém tão jovem venceu Laruk.

Leslie pergunta aflita:

— Você acredita que foi o rapaz que venceu Laruk?

Aurus respondeu:

— Eu não tenho dúvidas! … peguei informações secretamente de alguns integrantes do grupo de Laruk e a descrição bateu exatamente com a do garoto, além da confirmação mediante a habilidade única de Zizis.

— Mas… Mas não pode ser um engano ou uma confusão?

— Impossível! Conhece outro bestial que usa correntes como arma?

— ……

Aurus ficou surpreso por um momento e perguntou a Leslie sobre sua atitude:

— Você está muito interessada nesse rapaz! Alguma coisa nele te chamou a atenção?

Aurus abriu um sorriso e provocou sua irmãzinha:

— Entendo! Ele tinha uma excelente aparência! Será que minha pequena se apaixonou?

Leslie ficou furiosa com a brincadeira de Aurus e grita:

— NÃO SE… SEJA IDIOTA!

Aurus sabia bem que não era o caso, mas como irmão mais velho ele não perdeu a oportunidade de importunar sua irmã menor.

— Ahahahaha! Tudo bem! era apenas uma brincadeira!

Leslie olha furiosa para Aurus, vendo que foi longe demais ele tossiu e mudou o assunto.

— Qual sua opinião sobre o jovem?

Leslie notou que seu irmão agora falava sério, assim ela respondeu com calma:

— Eu não acho que ele é um garoto mal ou coisa do tipo, ele pode parecer forte para você, mas eu só enxerguei uma criança inexperiente com uma grande habilidade latente, ele venceu Laruk, mas foi devido à idade avançada dele, temos também os boatos de que o perfurador dos céus estava doente, não acho que ele poderia vencer Laruk no seu auge! Pelo menos essa é minha opinião.

Aurus não pode contestar a opinião de sua irmã mais nova, afinal Laruk já possuía 48 anos e ainda estava na ativa, o tempo não perdoa ninguém.

Mesmo assim Aurus não conseguiu tirar a sensação de seu peito quando olhou o garoto nos olhos, ele sentiu que nas costas do garoto algo muito superior vigiava por ele, como uma proteção divina, foi como um manto de poder.

O cão negro nunca duvidou de sua intuição, mesmo que a razão esteja ao lado de todos, sua opinião não mudou, o garoto é perigoso.

Naquele dia, Aurus não conseguiu trabalhar direito por causa dessa intuição.

Era noite e Hiekf encarava as estrelas pensando sobre o futuro.

Ele viu Ferus dormindo coberto em seu colchão, em sua mão está o livro que Hiekf havia lhe dado.

Ele riu em sua mente por finalmente ver o rapaz se interessar em algo, já estava junto a Ferus nessa viagem há apenas cinco dias, mas ele aprendeu muito sobre o menino.

Honestamente o gnoll não consegue enxergar Ferus de outra forma que não seja uma criança com problemas de educação.

Uma coisa fez Hiekf pensar muito a respeito dessa jornada, foi a frase que o jovem lobo disse para ele enquanto enfrentou sem temer a aberração de espinhos, Hiekf sugeriu que os dois fugissem do monstro mas Ferus respondeu com a face seria naquele dia…

“Eu sei! Mas eu tenho que passar por tudo, senão jamais poderei cumprir meu objetivo.”

O gnoll sabe que o jovem passou por muita coisa, mesmo que ele não diga uma palavra sobre isso.

Os hábitos, costumes e ações de Ferus, são de uma criança que cresceu em um bom ambiente, no entanto onde estão os familiares do garoto?

A ideia de abandono não passava pela mente de Hiekf, isso por que o jovem lobo tem hábitos que não são oriundos de alguém que passou muito tempo na floresta.

A hiena é afiada nesse tipo de coisa, então ele concluiu que Ferus se separou de sua família por algum motivo, mas a conduta do garoto não mostra que ele procura alguém.

O jovem perdeu sua família recentemente, era isso que Hiekf desconfiava, contudo ele não vai perguntar, pois prometeu que não iria.

Nostálgico, o gnoll pegou de seu bolso um pequeno ornamento que sempre guardou com ele, esse foi um pingente, a forma rudimentar do pingente mostrou que foi feito por uma criança.

Hiekf mais uma vez contempla o céu estrelado e murmura para si:

— Mesmo eu consegui recomeçar, o jovem lobo também vai conseguir.

Já cansado, pois sozinho tinha desmantelado um gigantesco Javali Deviante, Hiekf resolveu descansar.

No dia seguinte.

Ferus desmantelava um grande Javali Deviante, Hiekf desmantelava outro.

O jovem a princípio não queria fazer tal coisa, mas Hiekf o obrigou dizendo que podem ganhar mais vendendo as partes separadas.

Para surpresa de Hiekf, o rapaz foi mais talentoso que ele em desmantelar.

Hiekf suspira:

— Affs! Malditas habilidades fraudulentas!

Hiekf continuou a desmantelar o javali quando uma informação apareceu em sua mente:

*Habilidade adquirida:

  • Benção do Fenrir.

— Mas que diabos é isso?

*Aba de habilidades únicas habilitada!
*Habilidades únicas adquiridas:

  • Proficiência arcana: Usuário ganha aptidão para feitiços e magias.
  • Proficiência técnica: O detentor dessa habilidade vai aprender qualquer perícia de forma rápida.
  • Proficiência corporal: o usuário recebe um corpo apto e resistente graças a esse fator, o bônus de atributos a cada nível é o dobro do normal.

Surpreso ao limite o gnoll avaliou seu “status”:

— [Status]

STATUS
Nome: Hiekf Gnoll Raça: Bestial Hiena Gênero: Masculino
Idade: 34 anos Classe: Usuário de Lança Nivel: 31
Força: 132   Resistência 84  
Agilidade 100 +3 Destreza 85  
Sabedoria 94   Inteligência 102  
Carisma 45   Poder Mágico 83  
Pontos de Vida 103   Mana 92  
Ataque 108 +10 Defesa 108 +8

Equipamentos:

Arma Bônus Propriedades Material
Lança selvagem +3 10 ATQ e +3 AGI Pele de ferro  
Proteção Bônus Propriedades Material
Cota de couro +8 DEF   Couro batido

Perícias:

Sobrevivência NV 08, Liderança NV MAX, Senso de direção NV 05, Saltar NV 03, Usar lanças NV MAX, Obter informações NV 05, Blefar NV 04, Negociações NV 03, Desmantelar NV 04, fazer armadilhas NV 02.

Habilidades:

Status, Avaliação NV 02, Sentidos apurados NV 03. Pele de ferro NV 01 (Concedida pela lança selvagem)

Habilidades Únicas:

Benção do Fenrir, Proficiência arcana, Proficiência técnica, Proficiência corporal.

Técnicas:

Spiral Sting NV 03

Títulos:

O ex-líder da aldeia

 

— Eu não acredito! Nessa idade! E ainda sim recebo uma habilidade única trapaceira como essa? A aba de habilidades únicas realmente foi habilitada?

Hiekf olhou para Ferus que está desmantelando o javali sem muita vontade, o gnoll soube na hora, que isso foi de alguma forma influência do rapaz.

Porém ele decidiu ficar quieto naquele momento.

Horas depois:

*Perícia sobe de nível:

  • Desmantelar subiu do NV 04 → NV 05. Habilidade única [Proficiência técnica] alterou os resultados: Desmantelar foi do NV 04 → NV MAX.

O gnoll coçou a cabeça preocupado com os acontecimentos súbitos, ele nunca imaginou que uma perícia poderia subir mais de um nível no mês, mas ele foi além, subiu seis níveis de uma só vez.

O rosto de Hiekf está azul de pavor, ele se preocupou em ocultar o status de Ferus, mas nunca pensou que deveria ocultar o seu próprio status.

Embora não sejam tão absurdas como as de Ferus, as habilidades únicas que o gnoll acabou de receber são ridiculamente poderosas.

Para começo de conversa o clã gnoll é inapto para usar magia, entretanto ele ganha uma habilidade única chamada de [Proficiência arcana].

Hiekf disse a Ferus:

— Ga… Garoto! Termine o trabalho por aqui, eu não me sinto bem!

Ferus ia reclamar, mas percebeu a palidez de Hiekf e falou:

— Ghe! Vo…. você não parece bem… pode deixar… eu termino o resto, descanse por favor!

Ferus mostra preocupação com seu amigo, todavia o gnoll não tem forças para raciocinar e se deitou no seu colchão que ainda não foi desfeito.

— Vai ficar tudo bem! quando acordar tudo será apenas um sonho!

Iludindo a si mesmo, Hiekf adormeceu.

Ponto de vista de Ferus:

Eu fiquei preocupado com Hiekf, de repente ele se sentiu mal com alguma coisa e adormeceu, deve ter sido por força-lo a cozinhar tão tarde, eu devo me desculpar com ele depois.

Eu já havia desmantelado dois javalis deviantes, Hiekf desmantelou três contando o de ontem, falta pouco agora, para compensá-lo por ontem vou terminar sozinho o trabalho.

Em algumas horas terminei o serviço e minha perícia em desmantelar atingiu o nível máximo.

Abro então meu espaço dimensional e armazeno as partes dos monstros separadas como Hiekf pediu.

Ele ainda descansa em seu colchão, então decidi explorar um pouco ao redor, não muito longe encontrei um pequeno lago.

Eu me sentei em sua margem e esperei calmamente o tempo passar.

Venho refletido muitas coisas, na minha luta contra o javali demônio dos espinhos, minha Gleipnir foi completamente inútil, no fundo sei que não é culpa da minha arma, afinal ela é um item lendário criado pelo anão mais habilidoso, que forjou inclusive as armas dos deuses.

Em meus braços vejo a Gleipnir, mesmo na adversidade ela nunca perde seu brilho, de fato sei que ela é uma coisa especial, porém quando paro para pensar, essa corrente não é uma arma, ou melhor, ela não foi construída para ser uma.

Muitos devem achar estranha a minha forma de lutar com essas correntes, seria mais coerente se eu as usasse para aprisionar o inimigo em vez de atacá-lo com elas, entretanto essa situação pode ser perigosa, se estivesse enfrentando inúmeros inimigos, como posso me defender se caso minhas correntes ficarem ocupadas aprisionado um único adversário enquanto outros atacam.

Por esse motivo eu evito usar a Gleipnir dessa forma.

Os grilhões afiados da Gleipnir são a chave de meus ataques, mas contra um monstro de defesa sólida elas não vão fazer efeito, não posso também sempre atacar usando a [Shackle Spear] ela é grande demais, só em certas circunstâncias ela é efetiva.

Mesmo que eu aumente o tamanho do meu Grilhão para algo maior que minha [Shackle Dagger] eu não posso atacar de outra forma que não seja perfuração, já que os grilhões não possuem lâminas, basicamente os grilhões das minhas correntes Gleipnir são como estacas que só podem perfurar com suas pontas.

Eu devo pensar em um modo mais efetivo de combate, eu posso aumentar e diminuir o tamanho e da Gleipnir, mas isso se deve ao fato dela já possuir essa função, não acho que possa mudar sua estrutura, afinal nem o Fenrir as quebrou.

Eu suspirei pesadamente naquele momento, eu não sei como aumentar a efetividade da minha forma de lutar.

Outra coisa sobre mim é que até agora não sei nada sobre a magia desse mundo, eu presenciei muitas vezes os cânticos, só que não tenho nenhuma idéia de como aprendê-los.

Hiekf com certeza sabe alguma coisa, francamente acho que não exista nada que Hiekf não saiba, posso dizer que esse gnoll é a pessoa mais inteligente que conheci além do meu falecido irmão Natã.

Uma coisa que me intriga muito, eu tenho um grande poder mágico como diz meus atributos, mas não sei usá-los.

Uma coisa me veio à mente nesse instante, quando usei meu espaço dimensional perto do tal Aurus, a companheira dele ficou impressionada a ponto de dizer “Sem cânticos?”.

O que me leva a acreditar que mesmo a magia de armazenamento precisa de um tipo de cântico para se ativar, será que de alguma forma eu passei por cima dessa regra?

Eu chamo meu espaço dimensional e sinto que é tão fácil como respirar.

Minha mente se atenta a um fato, a sensação.

Talvez se usar a sensação parecida com a que uso para chamar meu espaço dimensional, talvez possa usar magia.

Eu me levantei rápido do chão e comecei a me concentrar, procurei ao máximo lembrar-me de como faço para invocar meu espaço dimensional sem chamá-lo.

Eu tento relaxar meu corpo e me concentrar nisso, depois de um tempo tentando eu senti algo peculiar espalhando-se por meu corpo, me analisando eu vejo uma espécie de energia incolor fluir de mim, não era como minha habilidade energética.

Eu sorri naquele momento e falei comigo mesmo:

— Entendo! Isso é mana!

Não pude conter minha felicidade ao ver que finalmente consigo ter acesso a energia mágica, contudo eu não tenho idéia do que fazer agora.

Uma coisa de cada vez, vou me focar no domínio dessa energia e depois vejo como aplicá-la em combate, funcionou com minha habilidade energética, acho que vai dar certo nesse caso também.

Eu me sentei em uma posição de concentração e começo a praticar a invocação da minha mana, pois tenho medo de esquecer da sensação de chamá-la.

Fico boa parte da manhã focando-me na minha mana, acho que agora já é tarde, decido voltar para não preocupar meu companheiro de aventura.

Como não fui longe chego rápido no local onde estamos, Hiekf está já de pé, mas seu rosto não mostra nenhum entusiasmo.

Ele murmurou sozinho:

— Não foi um sonho afinal!

Ele não me viu chegando, então eu perguntei preocupado:

— Hiekf! Você não parece ter melhorado!

O gnoll me encarou com um sorriso forçado e perguntou:

— Me diga Ferus! Você já esteve acompanhado de outros além de mim?

Eu não compreendi sua pergunta repentina, contudo não vi problemas em respondê-lo.

— Sim… Bem! não eram exatamente bestiais ou humanos, mas vivi um bom tempo com uma alcateia de lobos de chifre… eu era tipo… o líder deles!

Hiekf que já não se impressionava mais fácilmente com o que eu falava, suspirou com pesar.

Ele me faz outra pergunta:

— Esses seus amigos lobos de chifre, sofreram alguma mudança quando estavam com você?

Eu não sabia onde Hiekf queria chegar, contudo sua pergunta foi bem interessante, de fato Ray e os outros lobos de chifre sofreram mudanças evolutivas.

Eu respondi com desconfiança:

— Si… Sim! Eles tipo…. Evoluíram, ou coisa assim!

Hiekf me explicou:

— Ferus! Sua habilidade única influência o crescimento de seus companheiros, sabia disso?

Eu arregalei meus olhos.

— Eu… não fazia ideia…

Hiekf me diz:

— Proteção divina do Fenrir! Sabe o que é isso?

Eu me surpreendi novamente, pois no status de Ray que vi antes de deixar os lobos de chifre, constava essa habilidade.

— Hiekf! Você ganhou a proteção do Fenrir?

— Sim eu ganhei, junto com ela ganhei também três habilidades únicas fantásticas.

Eu inclinei minha cabeça e perguntei curioso:

— E isso não é bom?

Hiekf riu amargo e respondeu:

— Sim, Ferus! É mais do que bom, diria que é um milagre divino, mas o problema é que posso ser alvo de muitos que vão desejar ter meu poder.

— Eles podem roubar sua habilidade?

— Não Ferus, não é isso! Veja?

Hiekf tirou sua camisa e me mostrou uma tatuagem estranha em seu corpo.

— Isso é chamado de “contrato escravo” ele obriga as vítimas a obedecerem as ordens de quem colocou a marca neles, esse foi o motivo que não me fez ir contra Laruk.

Eu senti uma certa raiva disso, usar um artifício covarde para forçar alguém! Não posso perdoar uma pessoa assim.

Eu falei:

— Temos que dar um jeito de ocultar seu status! Mas como fazemos isso?

— (suspiro)! Felizmente há equipamentos com essa função, mas…

Hiekf se absteve de falar o resto e eu o pressionei.

— “Mas” o que? como conseguimos esse equipamento?

Hiekf respondeu com tristeza:

— É um equipamento caro! Se comprarmos ficaremos sem nenhuma moeda.

— Tsk! Você se preocupa com algo tão tolo quanto dinheiro? A prioridade é sua segurança o dinheiro que se dane!

— Mas foi um dinheiro que você conseguiu sozinho, então…

— Hunf! se é dinheiro só basta conseguirmos mais, há muita caça nessa floresta, falar de dinheiro como se fosse mais importante que sua segurança me irrita!

O gnoll sorriu vexado e falou:

— Já que pensa assim vou aceitar a oferta! Podemos comprar o item de ocultação na cidade de Harp.

— Vamos logo então!

Hiekf avisa:

— Calma rapaz, ainda temos alguns dias de viagem, vamos aproveitar para conseguir mais dinheiro, o registro na guilda de aventureiros tem um custo e para ser sincero quero dinheiro para começar a investir na minha nova capacidade de usar magia!

Hiekf pareceu empolgado com isso, um brilho em seus olhos foi bastante visível quando falou em magia.

Eu aproveito o momento e pergunto:

— Hiekf! O que você sabe sobre magia?

Hiekf pensou por um momento e me respondeu:

— Bom! Eu não sei tanto, já que os gnolls geralmente não são aptos a magia, mas vou te dizer o que sei.

— Ho! Isso ajudaria e muito!

Hiekf pegou de sua bolsa um papel velho e um pedaço de carvão, assim começou a escrever alguma coisa.

Aguardo curiosamente esperando por Hiekf, após terminar o que fazia ele me mostrou o que escreveu:

Elementos Primários

Elementos Secundários

LUZ

 

 

VENTO + ÁGUA = GELO

 FOGO                               ÁGUA 

LUZ + VENTO = TROVÃO

 

TERRA + FOGO = MAGMA

 VENTO                             TERRA

ÁGUA + TREVAS = VENENO

 

OUTROS…

TREVAS

 

 

Elementos Especiais

SAGRADO

 Icon sagrado 

TEMPO                                    ESPAÇO    

Icon tempo                                              Icon espaço    

VAZIO

Icon vazio

 

Eu vi símbolos representando cada elemento em uma tabela feita por ele.

— Ferus! Com isso eu acho que vai ser mais fácil explicar como funciona a magia, como eu disse meu conhecimento é limitado por isso não espere muito dessa hiena ok.

— Você sabe mais que eu! Tudo que disser já vai fazer uma enorme diferença, além disso Hiekf, suas explicações sempre são muito boas!

Hiekf sorrir lisonjeado e começa a explicação:

— Como pode ver na tabela meia boca que fiz, existem seis elementos ligados a o que chamamos de magia primária, eles são, água, fogo, terra, vento, trevas e luz, todas as pessoas do mundo podem ao menos usar um desses elementos.

Ferus inclinou a cabeça curioso e perguntou:

— Você acabou de dizer que os gnolls não são aptos para magia não foi? Então como assim todas as pessoas podem usar?

Hiekf se levantou e pegou sua lança selvagem, ele fez uma pose de combate visando uma rocha a sua frente.

— Ferus! Você se lembra disso?

Hiekf reuniu um poder estranho em sua lança o vento se envolveu em sua arma e de repente ele atacou com velocidade a rocha.

『Spiral Sting』

A lança atravessou a rocha do outro lado.

Eu mostro surpresa com o acontecimento, essa técnica de Hiekf, ele usou quando lutou contra mim a um tempo.

Hiekf explica:

— Eu usei magia para desenvolver essa técnica, contudo só posso usa-la de forma rudimentar, não posso fazer um feitiço complexo, ah sim! O meu elemento é o vento como pode ver.

Eu cruzei os braços pensativo nesse instante.

Hiekf continua sua palestra:

— Os outros elementos também podem ser aplicados assim, todavia uma magia de alta complexidade exige um cântico ou um ciclo de magia.

— Ciclo de magia?

— Ahahaha! Sim, mas vamos falar sobre ele depois, primeiro vou explicar sobre os elementos ok!

— Tudo bem!

— Onde eu estava? … Ah Sim! os elementos secundários, esses são um pouco complicados, pois para usá-los é preciso ter pelo menos a capacidade de manipular dois elementos, como pode ver na segunda tabela, misturando um determinado elemento primário a outro, temos um novo elemento, chamamos esses de elementos secundários.

— Wow! Se pode fazer muito com magia!

— De fato jovem! Existem também os elementos terciários, esses eu não descrevi, pois sua gama é quase infinita, pode-se criar qualquer substância da natureza usando a mistura de elementos.

— Isso significa que qualquer um pode ser um mago?

— De jeito nenhum! Fazer a mana de seu corpo se transformasse em elemento é uma coisa que qualquer um pode fazer com treino, o problema está em converter a transformação de mana em um feitiço complexo, apenas pessoas talentosas tem a capacidade de entoar cânticos, podendo ser magos ou feiticeiros.

— Me parece difícil quando explica dessa forma!

— E é meu rapaz, apenas 30% da população pode chegar a esse nível.

— Po…. Pouco!

— Realmente! Os cânticos são um tipo de habilidade latente, geralmente se nasce com essa capacidade.

Eu penso que agora é muito difícil para mim executar algum tipo de cântico, melhor dizendo, pode ser impossível para mim.

Hiekf explica sobre o restante:

— A última tabela eu descrevi os elementos especiais, estes aí são absolutamente raros, com exceção do elemento sagrado. O elemento sagrado é um elemento que se tem acesso quando se torna servo de uma divindade, esse elemento tem ligação direta com as classes de Clérigos e cavaleiros sagrados.

— Interessante! Mas eu nunca vi um Clérigo ou o outro que acabou de dizer.

— isso é por que em Lemur não cultuamos divindades ligadas ao elemento sagrado, em vez disso cultuamos a deusa Ithina, que tem forte ligação aos elementos da natureza.

— Me diga Hiekf, o poder sagrado é concedido ao usuário pela divindade que ele cultua?

— Sua análise é muito correta jovem! Tanto que se o “servo” desobedece uma lei de sua divindade perde seus poderes até pagar uma rigorosa penitência.

Então deuses realmente existem, mesmo que o Fenrir tenha falado sobre eles ainda é difícil para um cético como eu acreditar de cara.

O gnoll passou ao próximo tópico:

— Sobre os três elementos restantes, tempo, espaço e vazio…. Esses são muito raros, pessoas que nascem com esses poderes tem uma vida fácil pela frente.

Uma coisa veio a minha mente e perguntei:

— Eu tenho a magia de armazenamento dimensional, eu posso usar o elemento espaço?

Hiekf coçou o rosto e respondeu:

— A magia de armazenamento dimensional e o teleporte são magias ultra básicas do elemento “espaço”, veja bem! um mago especialista em água pode aprender um feitiço de fogo para acender uma fogueira, mas não vai passar disso.

— Urgh! Teleporte é básico?

— Isso serve para que você entenda o quanto esse elemento espaço é poderoso.

Eu não quero ter um mago desse elemento como inimigo de jeito nenhum.

Hiekf segue:

— Contudo esses elementos são muito raros, um entre dois bilhões de pessoas nascem com esse poder.

— Isso é muito pouco Hiekf!

— De fato! Saiba você que só existe uma pessoa que domina o elemento espaço até agora, ele é um dos reis demônios do continente de Deva.

Acabo de escutar algo incrível, então reis demônios existem nesse mundo.

Eu pensei em perguntar sobre eles, mas minha prioridade no momento é saber mais sobre magia.

— jovem Ferus, também temos o elemento tempo, contudo não há relatos de um usuário vivo no momento, o mesmo acontece com o elemento vazio, não se sabe se alguém tem essas capacidades no momento.

Hiekf é mesmo uma enciclopédia, lembro-me que Aurus comentou sobre o clã gnoll ser esperto, contudo ele supera minhas expectativas, eu acho que não tem nada que essa hiena não saiba.

Fiz outra pergunta que me incomodou:

— Hiekf! A mana possui cor?

— Ho! Uma pergunta interessante…. Sim Ferus, a mana tem uma coloração que varia de acordo com o elemento que a pessoa domina, ter mais de um elemento significa uma mana com múltiplas colorações, a exceção são os usuários do vazio que não tem mana alguma.

— Sem mana?

— Hun! Deixe-me pensar!…. Digamos que o vazio é uma forma negativa da mana, por esse fator não a enxergamos ou a sentimos.

Eu tento tirar minha dúvida:

— E no caso de uma mana incolor?

— Eh? Incolor? Nunca escutei sobre isso?

Eu mostrei minha mana para Hiekf, ela é como a água, sem cor nenhuma, mas ainda sim podia ser vista, diferente do que ele falou sobre o elemento vazio.

Hiekf olhou para aquilo sem nenhuma reação extravagante, eu me aliviei, pois isso significa que não é algo esquisito para ele como costuma ser.

— (Suspiro)! Sua reação me diz que se trata de algo comum! Graças a deus!

Hiekf inclinou a cabeça e falou:

— Não! Nada disso! É muito esquisito, nunca vi esse fenômeno na vida e nem li ou escutei nada a respeito.

— Ma… mas a forma que agiu agora…

—Ah! Isso! É por que algo anormal vindo de você é normal para mim.

Isso não me deixou nada feliz, o gnoll acabou de dizer de forma maquiada que se acostumou ao meu “eu” esquisito.

A raiva que senti naquele momento fez uma veia saltar em minha testa eu me afastei dali e fui para outro lugar.

— Ei! Ferus! Eu estava brincando, vamos! Não leve tão a sério!

Ignorando a hiena bastarda eu fui dar uma volta.

 



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