Fenrir Brasileira

Autor(a): Marcus Antônio S. S. Gomes

Revisão: Heaven e Bczeulli


Volume 1

Capítulo 8.5: Teocracia Isoltis

Solaris, um dos países mais prósperos que já existiu no continente de Argritia, mesmo fazendo parte do reino humano de Gaea, Solaris conseguiu sua independência econômica e seu reconhecimento como país independente.

Solaris é um país que segue um governo teocrático, ao contrário de Gaea que é uma monarquia, seus dogmas e doutrinas ortodoxos e rígidos vão contra as leis de Gaea que Repudia a segregação racial.

O país teocrático de Solaris prega um ideal de pureza e a doutrina de que as demais raças são uma mancha no mundo que deve ser purificada, tais ações fizeram sua relação com o reino de Gaea conturbada, para evitar uma sangrenta guerra o rei Theodor Julius III, propôs um tratado de não agressão que foi aceito pelo país teocrático de Solaris.

A capital de Solaris é com certeza o local mais bonito desse reino teocrático, podendo ser habitado somente pela elite das elites, essa capital é sagrada para todos que cultuam o deus Isoltis chama-se, o nome dessa capital é Solis.

Uma bela cidade bem planejada que fundia em harmonia a paisagem silvestre com sua arquitetura urbana de alto nível, toda cidade tinha como sua cor padrão o branco puro.

Monumentos dedicados ao sol e ao deus Isoltis são como uma regra em cada parte, as pessoas também se fundiam com esse aspecto da cidade com suas vestes brancas ornamentadas com símbolos de seu deus amado, a aparência para um visitante poderia lhe fazer doer os olhos devido ao brilho desse lugar.

A parte mais fabulosa da capital Solis é a praça da catedral do sol, com fonte faraônica feita em mármore branco puro ornamentada em ouro e pedras preciosas, essa maravilha da arquitetura estava aberta para os fiéis do deus do sol contemplarem.

Sentado na beirada da fonte aproveitando a sombra agradável que uma figueira que ali próxima estava, um jovem aprecia a refrescante brisa de um tempo calmo enquanto lia um livro que achou interessante.

Esse jovem vestia-se com uma batina branca com ornamentos dourados em algumas partes, sua veste era diferente dos demais moradores da cidade, uma capa branca e longa completavam a veste peculiar, um símbolo da cabeça de um leão dourado com um sol em sua volta prendia sua capa a suas vestes em seu pescoço, o cabelo do jovem também não era como o dos demais, em vez de fios loiros como era comum aqui um ruivo intenso tomou o seu lugar, os olhos vermelhos do rapaz passavam um ar de que ele é alguém que se destaca facilmente aqui, seria muito fácil encontrá-lo em uma multidão nesta cidade.

Duas silhuetas aproximam-se do jovem ruivo se anunciando:

— Vossa eminência, Cardeal Regulus, Perdoe-nos por interromper seu raro momento de descanso, mas lhe trouxe como exigido o relatório completo sobre o incidente acontecido na cidade de Alba.

O jovem de cabelos ruivos fecha seu livro delicadamente e se vira para confrontar com as duas silhuetas.

Um homem e uma mulher ambos tão jovens quanto ele mesmo, entraram em seu campo de visão.

Regulus mostra um sorriso gentil e expressa:

— A quanto tempo não os vejo, Harbor e Erumir, suponho que o relatório foi elaborado ao ponto de satisfazer minha curiosidade sobre os acontecimentos envolvendo a masmorra de Ferus e o Projeto olho do senhor.

Harbor tremeu diante do sorriso gentil desse homem, ele sabia bem que ele não era aquilo que mostrava, Harbor conhecia Regulus bem ao ponto de saber que seu sorriso gentil escondia uma fúria desenfreada.

Erumir que trabalhou ao lado de Harbor por algum tempo nunca o viu agindo de tal forma, isso a fez suar frio, pois até alguém destemido e arrogante como Harbor mostra temor diante a pressão de um Cardeal de Isoltis.

Para começo de conversa aqueles que recebem o título de cardeal, foram os mais poderosos guerreiros dessa terra e todos rivalizavam em força com aventureiros legendários de Ranking A e S, outro requisito para se tornar um cardeal era possuir uma habilidade especial única.

As habilidades únicas são poderes especiais dados a uma parcela insignificante dos seres vivos nascidos no mundo, tanto que alguém que possui uma habilidade única é conhecido como aquele que chegou ao topo do mundo.

Harbor retoma sua postura e se aproxima de Regulus mesmo com o temor em sua alma, ele abre sua boca e diz ao cardeal:

— Senhor, tenho certeza que o relatório está de uma forma que o agrada.

Harbor estende sua mão e entrega um documento para Regulus que o recebe e começa a folheá-lo pacientemente.

Erumir que só era uma espectadora sentiu-se sufocada com a atmosfera daquele encontro, para falar a verdade se ela pudesse correria dali.

Regulus sorri e expressa para Harbor sua opinião:

— De fato! Um bom relatório… Bem detalhado sem nenhuma brecha ou algo a esconder, parece que realmente posso confiar em você Harbor.

— Fico feliz com seus elogios vossa eminência.

Harbor fez um arco com o corpo ao agradecer pelo elogio de Regulus.

Mas o Cardeal parece querer algo a mais, Harbor que percebeu o que o rosto de Regulus queria suspirou e perguntou em seguida:

— Posso sentar-me ao seu lado eminência?

— Fique à vontade!

Sentando-se ao lado do cardeal ele habilmente abre sua bolsa e tira de dentro sete tubos dourados e passa-os para o cardeal.

Regulus abriu o tubo e dentro tirou um papiro enrolado, pacientemente desenrolou e verificou o conteúdo, um sorriso diferente do agradável mostrado no início se formou nos lábios de Regulus, esse foi um sorriso imoral e distorcido, porém foi mais sincero que o primeiro que mostrou.

Regulus enrolou o papiro e o devolveu ao tubo, fintou seu olhar para Harbor e disse:

— Harbor sinto muito, mas não posso me desfazer de você, de todos os que me servem você é o único que entende como eu penso, sei bem que me despreza, todavia cada dia mais você me prova que tem capacidades indispensáveis para meu propósito, dito isso você estará voltando como líder do meu esquadrão.

Erumir Escutou cada palavra da conversa com aflição, ela soube que Harbor foi o líder do esquadrão do leão e que foi rebaixado por Regulus, ela pensava que havia sido devido a incompetência de Harbor, mas parece que foi um engano, pelo andar da conversa o rebaixamento foi uma opção do próprio Harbor.

Regulus volta seus olhos para Erumir que inconscientemente retrocedeu um passo:

— Erumir?… Se não me engano…

— Si… Sim vossa eminência!
Erumir respondeu com um arco educado ao cardeal que continuou:

— Parece-me que alguém vai ter que assumir a culpa dos acontecimentos, sinto muito, mas Harbor é indispensável para mim!

Erumir sentiu em sua espinha um arrepio que nunca havia experimentado na vida, ela viu uma aura negra sinistra emanar do corpo do cardeal Regulus, sentiu vontade de gritar, porém o pavor não possibilitou que seus lábios se movessem, um sorriso que não era possível para um ser humano foi formado na face de Regulus.

Naquele momento Erumir teve certeza de seu fim, mas…

— PARE!

Harbor gritou para Regulus que dissipou sua aura.

Harbor corajosamente se coloca entre Regulus e Erumir e declarou:

— Erumir é minha parceira, sem ela eu não poderia chegar tão longe, então eu a quero como minha assistente.

Regulus arregala os olhos para Harbor e inclina a cabeça de forma infantil:

— Mas você não trabalha sempre sozinho?

— É verdade, no entanto Erumir me fez enxergar os benefícios do trabalho em equipe, isso me fez mudar minha visão.

— HOOOOOOO!

Regulus exclama surpreso e responde:

— Tudo bem! afinal é bem raro você me fazer algum pedido e também…

Regulus olhou Erumir bem dentro dos olhos que tremeu de pânico.

— Me interessei em você!

Harbor mais uma vez afasta Erumir de Regulus e reclama:

— Hã? Você se interessou nela?… Por qual motivo?

O Cardeal ruivo respondeu com desdenho:

— Ela conseguiu fazer com você algo que nunca consegui, ela mudou sua visão! Talvez ela me ensine um truque ou dois, ou talvez eu possa usá-la para te controlar!

Harbor não escondeu o desgosto em seu rosto para o cardeal Regulus que desconversou:

— Hahahahahaha! Brincadeirinha!

O desprezo que Harbor sentia por essa pessoa foi aumentado por mil vezes nesse momento, Erumir que tremia sem parar se agarrou a suas costas, ele nunca havia visto essa mulher fraquejar nenhuma vez, isso despertou um sentimento de admiração de Harbor em direção a ela, no entanto em frente a essa existência sinistra, mesmo uma mulher incrível assim procurou refúgio em outra pessoa.

Regulus mostrou um olhar de satisfação para Harbor, como um delinquente que se diverte ao provocar sua vítima favorita.

Com um sorriso Regulus se despediu:

— O espero amanhã no trabalho, Chefe de esquadrão Harbor!

O cardeal ruivo deu as costas e saiu do local, Harbor rapidamente se virou para averiguar o estado de Erumir só para ver as lágrimas da garota que soluçava em prantos, ela segurava a manga de sua camisa sem querer soltar.

Harbor percebeu que Regulus usou sua habilidade única em Erumir.

O coração de Harbor ficou confuso com essa parte frágil que nunca viu nessa garota, sem saber o que fazer no momento ele clicou a língua e bradou em amargura:

— DROGA! DROGA! DROGAAAAAAAAAAAAA!

A catedral do sol é o orgulho da capital Solis uma obra arquitetônica que arrancaria suspiros de admiração até mesmo dos mais aclamados engenheiros anões, nesse momento ela abriga todos os onze cardeais que foram convidados pelo Papa Maximus Solis Oitavo para uma conferência emergencial.

A parte mais suntuosa da catedral fora os aposentos do papa era a sala de conferência, que nesse momento comporta os onze cardeais e o próprio papa, essa sala foi batizada como “o salão de marfim”.

Dentro do salão de marfim uma mesa retangular ridiculamente gigante é ocupada pelos onze cardeais, nenhum deles pode faltar a uma conferência, isso seria um ato pesadamente punível.

O Papa que senta no local de destaque na mesa profere:

— Com todos reunidos aqui, eu o Papa Maximus Solis Oitavo Começo a septuagésima nona reunião da Catedral do sol sobre o meu governo.

Com o anúncio do Papa feito todos os cardeais respondem em conjunto:

— Pela graça da Luz eterna!

O Papa começa o assunto da reunião:

— Obrigado a todos vocês servos fiéis do soberano sol por largarem seus deveres árduos e se apresentarem mediante a meu chamado, como a maioria de vocês desconfia eu os reuni para tratar do incidente que ocorreu no território de Alba que se encontrava nos domínios do finado bispo Sillas.

Um homem de grande estatura e aparência áspera ergue sua mão interrompendo o discurso do papa, esse homem diferente da maioria aqui tem um físico robusto e um corpo muscular, ele não parecia se importar muito com sua aparência, não significava que ele era um homem feio, entre todos era o único com barba e seu nome é Montis o Cardeal ministro dos assuntos agrários.

— Perdoe-me por minha indiscrição vossa santidade, no entanto eu tenho que dizer que gostaria de uma justificativa por parte do Cardeal Regulus, afinal ele foi o único que nomeou Sillas como retentor da região de Alba, isso aconteceu por ele negligenciar seus deveres e assim seu servo saiu da linha.

Uma bela jovem loira de olho verdes concorda com as queixas de Montis:

— Eu a Cardeal Glacies ministra da paisagem e urbanismo concordo com as queixas de Montis, gostaria que vossa eminência Regulus nos explicasse!

O jovem ruivo dá as mãos com um jeito abusado e reclama:

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAARGH! Que pressão é essa em cima do pobre de mim?

O jovem ruivo desdenha e uma veia azul sobe na testa de Glacies que não suportava a forma desrespeitosa do jovem cardeal.

— SCRASH!

O som de um impacto ganha a atenção de todos da sala, na outra posição de destaque da mesa um homem que aparentava estar na casa dos trinta atinge a mesa com seu punho, esse mesmo homem não se vestia como os demais cardeais, em vez de vestes ele usa uma armadura branca pura, seus longos cabelos brancos mesclavam-se a armadura, quem o visse diria que ela foi feita sobre medida para essa pessoa.

Com um olhar feroz como o de um leão, esse homem mira Regulus que por impulso se encolhe em sua cadeira.

Chegando ao limite de sua paciência o feroz homem braveja:

— REGULUS! CHEGA DE SUAS BUFONARIAS! EXPLIQUE-SE DE UMA VEZ MALDITO!

Regulus irritou o único homem que não queria como inimigo, trata-se do Cardeal ministro da guerra Invictus, a pessoa que sozinho venceu um dragão lendário, considerado o maior herói da história da teocracia Isoltis, ele é também o único que foi capaz de empunhar as relíquias divinas de Isoltis, a espada Gladio solaris e a armadura Luminis armis.

Com medo de acender ainda mais a fogueira, Regulus proferiu:

— Me desculpo por minha atitude infantil de agora senhor Invictus, eu vou explicar todo o acontecimento que se passou na cidade de Alba envolvendo a masmorra de Ferus.

Regulus explicou da melhor maneira possível o incidente que envolveu o sequestro de pessoas de outro mundo até o desenvolvimento da arma chamada olho do senhor, também explicou sobre a destruição da masmorra de Ferus, porém que seus segredos foram perdidos.

Todos os Cardeais ficaram surpreendidos com o relatório de Regulus:

Um dos cardeais se levanta:

— Uma arma que destruiu a masmorra divina! Como pode perder algo tão inestimável Regulus?

Invictus para o homem:

— Acalme-se cardeal Angellus, eu sei que Regulus não é o preferido de ninguém aqui, mas ele é um garoto astuto e inteligente, provavelmente ele já estava três ou quatro passos à nossa frente.

Angellus que é o Cardeal ministro do planejamento militar, clica sua língua ao ter que admitir o argumento de Invictus e se senta em seguida.

Invictus finta seu olhar em Regulus e cruza seus braços ordenando:

— Regulus, eu odeio surpresas! Declare tudo agora! Até onde já está planejado e até onde pretende ir.

Regulus inflou as bochechas como se algum adulto acabasse com sua brincadeira divertida.

— O projeto olho do senhor era só um protótipo de um projeto maior meu, que chamo de projeto mão de deus, uma arma capaz de destruir um país.

Uma comoção enorme começa dentro do salão de marfim, Beatus que é o cardeal ministro da educação acusa:

— Você é louco? Uma arma dessa magnitude não pode ser construída!

— BEEEH! Não seja idiota, eu não vou sair por ai destruindo países palerma, nós só precisamos possuir o armamento!

O Cardeal Lenos ministro do comércio dá sua opinião:

— Acalme-se Beatus! O que Regulus propõe é viável, ele quer expor nosso poder ao mundo assim obrigando-os a se curvarem a supremacia de nossa religião superior, em outras palavras, só o fato de possuirmos tal arma já se tornará um trunfo sem sequer dispor de seu uso.

— AHAHAHAHAHA! O irmão Lenos compreende meu raciocínio!

— Huuuum! Não sei se um governo baseado no medo funcionaria…

A cardeal responsável pela cultura, Lumina, manifestou sua opinião insatisfeita.

O Papa maximus que até o momento permaneceu em silêncio pergunta a Regulus:

— Cardeal ministro da tecnologia Regulus! Quanto tempo até o seu projeto mão de deus estar pronto para uso?

Regulus responde ao Papa de forma respeitosa:

— Em cerca de dois ou três anos vossa santidade, graças aos dados do projeto olho do senhor do Finado bispo Sillas, eu posso adiantar um pouco seu desenvolvimento

— Hun! Entendo! Regulus eu o proíbo de usar a arte tabu de invocação dimensional para chamar humanos de outro mundo!

Regulus se levanta rápido e protesta:

— Mas vossa santidade, as almas deles são vitais para o processo de energização, do projeto!

— Arrume outras maneiras! Eu sei que é capaz, aumentarei o orçamento do seu setor para essa finalidade, mas convocar Outworlds, ou Extraplanares, ou como chamam nos dias de hoje está completamente proibido, essa é minha ordem final! Eu fui claro?

Regulus se senta descontente e concorda:

— Sim vossa santidade!

Torusus, o cardeal ministro da pesquisa e desenvolvimento mágico pergunta a todos:

— Eu sei que Regulus nos deu uma notícia chocante, no entanto eu queria apontar um foco esquecido até o momento, o que demônios aconteceu com a masmorra de Ferus?

Ignis, a cardeal ministra da educação religiosa acrescenta:

— Eu concordo com a pergunta de Torusus, não devíamos voltar nosso foco para algo mais palpável do que as fantasia de um garoto problemático!

Regulus não aguenta a ofensa e protesta:

— Como ousa desmerecer meus resultados mulher idiota!

— Repita isso moleque doente!

— PAREM!

Aquele que grita não é ninguém se não o herói invictus, com seu bradar a discussão cessa:

— Ignis, eu sei que não é de acordo com os métodos ortodoxos de Regulus, para ser sincero eu mesmo não os suporto, mas ele mostrou os resultados, nem eu ou você que não pusemos nada a mesa para oferecer podemos criticá-lo.

— Urgh!

Ignis calou-se com o sermão de Invictus que apesar de tudo mostra a verdade em seus argumentos, Regulus abriu um sorriso contente provocando Ignis que se absteve de falar qualquer coisa.

O cardeal Kaelli interrompe o momento e relata:

— Eu o cardeal Kaelli responsável pela divisão de informação e espionagem já mandei meus homens averiguarem aquilo que um dia foi a masmorra de Ferus!

Todos no salão de marfim ficaram surpresos e prestaram louvores a atitude de Kaelli, que continua seu relatório:

— Primeiramente eu preciso ser sincero! Se conseguirmos um poder maior do que o olho do senhor podemos realmente ter o mundo a nossos pés.

Todos ficam em silêncio no salão, apenas Regulus destacou um sorriso de satisfação no rosto.

— Como estava monitorando as atividades de Sillas eu vi em primeira mão o poder do olho do senhor, um poder que foi capaz de fazer frente com uma masmorra divina e ainda matar a fera lendária que a protegia!

Lumina contesta:

— Ei! como sabe que esse Fenrir era real? isso é uma história com mais de dez mil anos de idade, talvez seja só folclore!

— Então me responda! Como o olho do senhor foi destruído?

— …!

— Eu estava lá e presenciei um enorme poder destruir o olho do senhor, era uma energia azul índigo assim como nos contos do lobo do Ragnarok das terras do norte.

Montis pergunta:

— Então o Fenrir ainda está na masmorra?

— Não! Descemos toda a masmorra e muitos tesouros foram recolhidos, a riqueza de nosso país ficou pelo menos cinco vezes maior.

— OOOOOOH! (todos juntos).

Invictos elogia:

— Um belo trabalho como sempre Kaelle!

— Obrigado Senhor Invictus, seu elogio significa muito para mim, no entanto a única conclusão que cheguei foi que o Fenrir foi atingido pelo olho do senhor e o destruiu como última ação em vida! Ou seja, o olho do senhor tem a capacidade de matar uma besta divina!

Regulus abriu ainda mais seu sorriso na mesa e Kaelli continua:

— Entretanto os planos da construção do olho do senhor foram todos roubados ou melhor dizendo recuperados, não é mesmo senhor Regulus!

Regulus responde como se estivesse cantando:

— Não sei do que está falando!

Kaelli encara Regulus sem desviar o olhar, por nenhum segundo.

Regulus pergunta:

— Você parece querer me dizer algo?

— Vou ser direto! O soldado chamado de Harbor eu o quero a todo custo.

Regulus fez seu rosto distorcido em direção a Kaelli e responde com desgosto:

— Nunca! Eu nunca vou ceder Harbor para nenhuma divisão que não seja sobre minha tutela!

Torusus que pareceu interessado comentou:

— Ei! Ei! Dois cardeais brigando por um simples soldado fiquei interessado nesse tal de Harbor! Me diga Kaelli o que ele tem de mais?

— É bem simples Torusus, se esse cara viesse ao conhecimento de todos aqui, talvez eu não estivesse ocupando essa cadeira!

Todos os cardeais ficam perplexos com a declaração de Kaelli, Regulus enfurecido clicou sua língua.

Lumina gritou:

— Oi! Oi! Você está me dizendo que existe um soldado com o nível de um cardeal sobre o comando de Regulus!

— Isso mesmo, mas não estou falando de poder de combate, esse cara é uma pessoa que pode assumir qualquer papel de espionagem, se ele quiser sumir ninguém o encontraria, é muito inteligente, tem memória fotográfica, sabe falar todos os idiomas, para ser sincero eu senti pavor de ter uma pessoa como ele por perto!

Lumina pergunta assustada:

— Pavor? Co… como assim Kaelli você sentindo medo?

— Sim! Qualquer um aqui pode vencê-lo diretamente, no entanto sua capacidade de infiltração e de passar despercebido é de um nível sobre-humano, por exemplo ele poderia nos matar no sono, enquanto nos alimentamos, ou poderia simplesmente entrar nas casas de nossas famílias…

Montis se levanta e pega Regulus pelo colarinho da camisa e o levanta gritando:

— SEU MALDITO! Essa é a forma de que achou para nos manter em cheque?

Os outros cardeais partilhavam a mesma irritação de Montis e Kaelli concluiu:

— Está tudo bem! Harbor servia fielmente a Regulus por que ele mantinha sua pequena irmã cativa, porém eu já a resgatei!

Regulus fintou seu olhar para Kaelli e bradou sua ira:

— Maldito Kaelli como ousa tirar de mim meu subordinado, como você descobriu tudo?

— Muito simples eu usei a sua tática e plantei um espião específico para finalidade de monitorar unicamente as atividades de Harbor, ela é uma fiel assistente, no entanto você a feriu mentalmente então não tive opção senão agir agora…

— Sua espiã?

Uma luz veio na mente de Regulus, a jovem que estava junto a Harbor em seu último encontro a dois dias atrás, ele quase tirou a vida dela, mas Harbor a protegeu.

— Hahahahahaha! Uma espiã profissional para um simples soldado?

— Não se faça de idiota Regulus! Esse simples soldado foi o motivo de alguém tão nojento como você chegar ao topo, eu reconheço sua genialidade e concordo que você seja um Cardeal, mas não vou deixar as coisas saírem como você quer!

Regulus foi solto por Montis no chão e ele começou a murmurar com a face distorcida:

— Maldito Kaelli! Maldito Kaelli! Maldito Kaelli! Maldito Kaelli! Maldito Kaelli! Maldito Kaelli!

O papa Maximus olha o estado de Regulus e balança a cabeça enquanto esfrega sua testa em desgosto, ele suspira e declarou o fim da reunião.

Invictus o homem que é chamado por seu povo de “À luz branco de Isoltis” caminha pacificamente pelos jardins da catedral.

Um homem jovem com as vestes de Cardeal se aproxima e diz:

— Estou aqui como me pediu senhor invictus.

O jovem se ajoelha perante ele.

— Levante-se Kaelli, você deve se ajoelhar dessa maneira somente para o papa.

Kaelli se levanta e enfrenta a face de Invictus.

— Kaelli, há duas coisas que quero lhe perguntar.

— Se estiver ao alcance de meus conhecimentos senhor, eu serei honrado em lhe responder.

— Sobre a masmorra! Os segredos foram mesmo perdidos?

— Sim! Não há dúvidas! Foi ingênuo da parte de Sillas achar que uma besta lendária entregaria os segredos a alguém que desafiou a masmorra de forma tão covarde!

— Hun! Isso é um fato!

Invictus se debruçou em um para peito próximo e começou a admirar uma fonte que ali havia e continuou seu argumento:

— Além de você, poucos sabem que consegui chegar ao último andar da masmorra de Ferus, mas aquela criatura lendária é um ser além da compreensão humana, até agora eu não consigo acreditar que ela foi morta.

Invictus lembra de um momento do passado quando foi mais jovem e tolo, ele estava gravemente ferido com seus joelhos no chão, em sua frente uma colossal criatura que assumiu a forma de um lobo negro, correntes com grilhões em forma de estacas afiadas cravadas em sua carne eram o que mantinham a poderosa criatura ali, a colossal criatura abriu suas presas e proferiu:

— HOMEM TOLO! ALGUÉM QUE PROCURA OS SEGREDOS DESSA MASMORRA COM UMA ATITUDE TÃO ARROGANTE SÓ ENCONTRARIA SEU DESTINO ESMAGADO SOBRE MINHAS MANDÍBULAS, REPRESENTANTE DO SOL? NÃO ME FAÇA RIR, EU NÃO CONHEÇO NENHUM DEUS CHAMADO ISOLTIS, O ÚNICO SOL DE QUE OUVI FALAR EM TODA MINHA VIDA FOI AQUELE QUE NASCEU PARA TODOS, SE SEU DEUS REPRESENTA O SOL ENTÃO ELE NÃO DEVERIA FAZER DISCERNIMENTO SOBRE QUEM É OU NÃO DIGNO DE SUA LUZ E SIM LEVAR A SUA LUZ PARA AQUELES QUE NÃO SÃO DIGNOS.

O jovem de cabelos brancos levanta seu rosto ferido e escuta o sermão da criatura que o levou em menos de dez segundos:

A criatura virou suas costas e saiu dali com uma frase de despedida:

— VOCÊ ME TAXA COMO UM DEMÔNIO E SE DIZ SUPERIOR, EU TENHO PENA DE SEU PENSAMENTO PEQUENO… SE VOCÊ NÃO CONSEGUE ENXERGAR NADA ALÉM DAS DIFERENÇAS ENTRE AS RAÇAS, ENTÃO NUNCA VAI DESFRUTAR DO MESMO CÉU QUE ESTÁ SOBRE SUA CABEÇA. SAIA DAQUI! E CONTEMPLE O CÉU MAIS UMA VEZ, AO CONTRÁRIO DE MIM VOCÊ PODE VER LUZ QUANDO OLHA PARA CIMA.

Invictus volta a seu tempo atual com aquela memória que nunca esqueceu, enquanto olha para cima, ele se lembrou de quando voltou vivo a superfície e achou o céu a coisa mais linda do universo, ele sempre esteve lá só que ele nunca o reparou, estava ocupado demais se achando superior aos demais.

— Senhor?

O chamado de Kaelli o trouxe de volta de seus pensamentos e Invictos conversa:

— Me desculpe Kaelli, eu me perdi em algumas lembranças, deve ser a idade!

— Não senhor! É bom estar a sua disposição.

— Sobre a segunda pergunta…

— Sim?

— O homem chamado de Harbor eu quero conhecê-lo.

Kaelli dá um arco com o corpo e responde:

— Como desejar senhor!



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