Fate/strange Fake Japonesa

Tradução: Virtual Core


Volume Único

Prólogo

Uma fenda.

Aquela cidade, que nascia da escuridão do sertão circundante, era certamente digna de ser chamada de “fenda”.

Não era uma barreira disjuntiva, do tipo que poderia separar o dia da noite; luz da escuridão. Pelo contrário, era uma barreira harmoniosa, que delimitava uma fronteira entre coisas do mesmo tipo. Aquela era a parte curiosa sobre a cidade de Snowfield.

Era um divisor de águas, mas as coisas que dividia não eram tão diferentes como magia e feitiçaria, nem tão semelhantes como homens e feras.

Em certo sentido, era um limite obscuro, manchado com as cores do amanhecer e do crepúsculo. Mas era mais do que apenas um divisor. Era um elo negro, gerado por uma mistura de pigmentos.

Em outras palavras, era a fronteira entre cidades, a fronteira entre a natureza e o homem, a fronteira entre um homem e uma megalópole. Não era nada diferente daquele atoleiro que separa os sonhos de um sono comum.

O Oeste Americano. A cidade fica um pouco ao norte de Las Vegas.

Seus arredores eram produto de um delicado equilíbrio. O norte da cidade era uma ravina enorme, reminiscente do Grand Canyon. Para o oeste ficava uma floresta densa, uma visão incomum em uma área tão árida. A leste, um trecho de lagos e pântanos. Ao sul, um vasto deserto se desdobrava.

Embora a cidade não tivesse fazendas, era cercada em todas as quatro direções por terras perfeitamente adequadas para a agricultura. De fato, aquela cidade sozinha era uma existência estranha que se destacava facilmente dos seus arredores.

Uma cidade emergente visando o futuro. Uma cidade com a combinação certa do natural e do artificial — alguns poderiam descrever Snowfield dessa forma, deslumbrados por sua beleza. Mas na realidade, a cidade foi construída com conceitos extremamente arrogantes. Às vezes, esses conceitos eram aparentes, mas às vezes não.

As terras ao redor eram tão naturais quanto poderiam ser. Era como se aquela cidade — aquela fenda, aquele elo, aquela mistura de incontáveis ​​cores — se julgasse apta a trazer concordância ao seu meio. A cidade se tornou um palco negro, avaliando tudo o que a rodeava.

De acordo com registros referentes ao início do século 20, na época a área era essencialmente o lar para alguns povos indígenas e mais ninguém.

Porém, há cerca de 70 anos atrás, a área começou a se desenvolver rapidamente. No momento em que o século 21 começou, a terra tinha sofrido uma transformação total. Agora, era o lar de uma cidade próspera de 800.000 pessoas.

 

“Naturalmente, o desenvolvimento acelerado pode acontecer em qualquer lugar. O fato de termos sido convidados a investigar uma cidade aparentemente tão normal indica que devemos dedicar atenção especial às origens da cidade.”

Assim murmurou um idoso, vestido em um manto azul-escuro.

O céu noturno estava escuro, não havia uma estrela no céu. Parecia que as nuvens poderiam se abrir a qualquer momento.

De um bosque escasso de árvores na beira da vasta floresta a oeste da cidade, o velho olhou através de um par de binóculos. Enquanto observava a luz que escapava da aglomeração dos edifícios distantes, ele continuou, com desdém em sua voz.

“Hrm... binóculos realmente são muito úteis nestes dias. Eles entram em foco com apenas o toque de um botão e, além disso, é menos trabalhoso usá-los do que ter o aborrecimento de enviar um familiar.... Que época miserável essa que vivemos.”

Com um olhar amargo em seu rosto, o velho perguntou para o jovem aprendiz que estava atrás dele. “Você não concorda, Faldeus?”

O homem chamado Faldeus estava ao lado de uma árvore, talvez a dois metros do velho. Com uma voz cheia de dúvida, ele respondeu: “Isso não importa. Mais importante, precisamos realmente estar tão preocupados com isso? A chamada... ‘Guerra do Santo Graal’?”

 

—— Guerra do Santo Graal ——

 

Era uma frase que aparecia frequentemente em contos de fadas e lendas de épocas passadas. No momento em que a frase escapou dos lábios de Faldeus, seu mentor abaixou os binóculos e falou com ele, com a exaustão transparecendo em seus olhos. “Faldeus, isso é uma piada?”

“Não... eu quis dizer...”, gaguejou o aprendiz. Ele baixou o olhar, como se esperasse um severo castigo.

O velho sacudiu a cabeça e suspirou, a raiva penetrando em sua voz. “Eu não acho que tenha que perguntar, mas... o quanto você sabe sobre a Guerra do Santo Graal?”

“Eu dei uma olhada nos materiais que recebi, mas...”

“Então você sabe o suficiente. Seja um mero boato entre as crianças ou as divagações de um jornal de terceira categoria — enquanto houver alguma possibilidade, não importa quão pequena, de que um objeto descrito como Santo Graal virá a existir, não podemos nos dar ao luxo de ignorá-lo.”

 

“Pois este é o verdadeiro desejo de todos os magos, mas ao mesmo tempo, apenas um meio para o propósito final.”

 

 

Uma certa vez — houve uma batalha.

Ocorreu em um certo país do Extremo Oriente.

A batalha ocorreu em uma cidade qualquer, sem o conhecimento de seu povo.

No entanto, essa batalha escondeu um segredo verdadeiramente terrível. De fato, foi uma guerra que gerou o milagre chamado Santo Graal.

O Santo Graal.

É um milagre eterno.

É uma lenda.

É uma relíquia do mundo dos deuses.

É um fim.

É esperança — e portanto, procurá-la é admitir o desespero.

A própria identidade desse objeto chamado de Santo Graal muda de tempos em tempos, de lugar para lugar e de pessoa para pessoa. Nessa guerra, o Santo Graal não era exatamente a “relíquia sagrada” como muitas vezes é imaginada.

Lá, foi dito que o milagre chamado Santo Graal apareceu sob a forma de um onipotente dispositivo que concede desejos.

Mas foi apenas dito que era assim, pois no momento em que a batalha para reivindicar o Graal começou, o dispositivo de concessão de desejos chamado Santo Graal não existia.

 

Antes do próprio Graal aparecer, sete espíritos se manifestaram.

De todas as histórias, tradições, magias e ficções deste mundo — de cada médium, “Heróis” foram selecionados para serem convocados para o mundo atual como “Servos”.

Eles formaram o fundamento da Guerra do Santo Graal, e foram absolutamente essenciais para a eventual convocação do Santo Graal.

Esses espíritos, seres imensuravelmente mais fortes que os humanos, foram chamados para destruir uns aos outros.

Os magos que convocaram aqueles Espíritos Heroicos eram conhecidos como “Mestres”. A fim de ganhar de obter o Graal, um direito que apenas um deles poderia ter, eles também mataram uns aos outros. Essa carnificina é precisamente a Guerra do Santo Graal.

Os espíritos, uma vez mortos na batalha, fluíam para o vaso do Santo Graal e, quando esse recipiente fosse preenchido, o dispositivo de concessão de desejos seria completado. Esse foi o sistema subjacente à Guerra do Santo Graal.

Aquele campo de batalha era talvez o lugar mais mortífero e mais nocivo do mundo.

Os magos participantes tiveram que esconder a sua existência do resto do mundo, como sempre, assim andavam sorrateiramente durante a noite, propagando as chamas da batalha enquanto continuavam invisíveis.

Como parte da sua missão de supervisionar os objetos descritos como Santo Graal, a Igreja despachou seu próprio supervisor. Os campos de batalha brilhavam com sangue enquanto eram devastados por aqueles espíritos esmagadoramente poderosos.

 

E agora—

A Guerra do Santo Graal: uma batalha travada cinco vezes em uma ilha no Extremo Oriente.

Algo apareceu em uma cidade nos Estados Unidos. Algo que foi acompanhado por precursores semelhantes aos daquela guerra travada no Extremo Oriente. Rumores desse algo se espalharam entre os magos.

Como resultado, a Associação — aquela organização que reúne todos os magos — julgou conveniente realizar uma investigação secreta naquela cidade. E foi assim que um mago idoso e seu discípulo foram despachados.

 

 

“...muito bem. Seu conhecimento da Guerra do Santo Graal é suficiente. No entanto, Faldeus. Não estou impressionado com sua atitude despreocupada. Me decepciona você saber tanto sobre ela e ainda assim não se importar. Dependendo de como as coisas ocorram, isso pode se tornar uma questão que diz respeito a toda a Associação. Se isso acontecesse, aqueles miseráveis ​​da Igreja certamente iriam se intrometer. Leve isso a sério, Faldeus.”

“Mas este é mesmo o lugar?” Respondeu Faldeus, cético apesar das advertências de seu mentor. “O sistema subjacente à Guerra do Santo Graal foi construído pelos Einzberns e os Makiri. Não deveria que ser nas terras que o Tohsaka ofereceu? Alguém realmente poderia ter replicado seu sistema... de sete décadas atrás?”

“Se este é mesmo o lugar... ah, sim. No pior dos cenários, é possível que este lugar tenha sido construído unicamente por causa da Guerra do Santo Graal.”

“Não pode ser!”

“Acalme-se, isso era apenas uma possibilidade. Afinal, dizem que as três famílias fundadoras fizeram de tudo para alcançar o Graal. Em todo caso, ainda temos que aprender quem está tentando recriar a Guerra do Santo Graal nesta cidade, Faldeus. Não me surpreenderia se o criminoso tivesse alguma relação com os Einzberns ou com os Makiri... Um dos Tohsaka está na Torre do Relógio, então duvido que seja obra deles.”

O velho mago voltou aos seus binóculos, deixando aberta a possibilidade das famílias fundadoras estarem envolvidas.

Era talvez uma hora antes da meia-noite e as luzes da cidade ainda estavam quase tão brilhantes como sempre. Snowfield ia de encontro ao céu nublado da noite, vangloriando-se de sua própria existência.

Depois de examinar a área por alguns minutos, o velho mago se preparou para lançar uma magia, como se fosse a única coisa a ser feita. Isso tornaria seus binóculos capazes de ver o fluxo e refluxo das linhas espirituais.

O aprendiz olhou para trás e perguntou humildemente “Se uma verdadeira Guerra do Santo Graal realmente acontecer, nem nós da Associação nem os devotos da Igreja ficaríamos quietos...?

“De fato... mas só houve presságios até agora. Lá na Torre do Relógio, Lord El-Melloi disse que havia irregularidades nas linhas espirituais, mas... Bem, essa era apenas uma hipótese grosseira de sua parte, para não falar do seu aprendiz. Por isso, agora estamos aqui nesta terra, a fim de verificar as previsões de El-Melloi.”

Exausto, o velho mago riu.

Com uma mistura de irritação e desprezo permeando sua voz, ele falou e falou muito, talvez para o seu discípulo, ou talvez para si mesmo.

“Claro, nenhum Espírito Heroico pode ser convocado a menos que os preparativos para um Santo Graal já tenham sido feitos. Se um Espírito Heroico for realmente convocado, nossas dúvidas serão imediatamente descartadas... mas eu preferiria que isso não acontecesse.”

“É uma surpresa ouvir isso vindo de você, senhor.”

“Falo por mim mesmo, realmente espero que os rumores que cercam esta terra não sejam nada além disso. E se alguma coisa se materializar aqui, eu gostaria que fosse um falso Santo Graal.”

“Isso não contradiz o que disse antes? Que o Santo Graal é o verdadeiro desejo de todos os magos e um meio para o propósito final...?”

“Bem... Suponho que sim,” Ele respondeu, franzindo a sobrancelha. “Mas mesmo se, hipoteticamente falando, aqui houver algo digno de ser chamado de Santo Graal, eu diria que estão enganados! Seria doloroso ver o Graal em um país tão pouca história... Estou certo de que muitos magos fariam qualquer coisa para alcançar a Raiz, mas, para ser franco, eu não faria. Se eu chegasse à Raiz dessa forma... seria como um garoto mal-educado, enlameando meu quarto com os sapatos sujos. Eu não faria assim.” Ele sacudiu a cabeça exasperadamente.

“É mesmo?”

Pela enésima vez naquele dia, o velho mago suspirou pelo seu aprendiz. “Em todo caso”, o velho se perguntava em voz alta, mudando o tópico da conversa, “nesta nova terra, eu tenho que me perguntar... que tipo de servos poderiam ser convocados?”

“De fato. Deixando de lado Assassin, as identidades das outras cinco classes dependem inteiramente de seus invocadores, então realmente não temos como prever o que pode acontecer.”

Incapaz de conter sua insatisfação com Faldeus, o mago repreendeu-o severamente: “Se você deixar Assassino de lado, há seis classes restantes, seu tolo! Não faz dois minutos que te falei dos sete servos! Basta com a sua estupidez!

Cada Espírito Heroico convocado para a Guerra do Santo Graal é colocado em uma das sete classes.

Saber.

Archer.

Lancer.

Rider.

Caster.

Assassin.

Berserker.

Os Espíritos Heroicos são convocados em classes que se adequem com suas várias características especiais, aprimorando suas habilidades ainda mais. Um Herói da espada pode ser convocado como Saber. Um herói habilidoso com a lança como Lancer.

Revelar seu verdadeiro nome equivale a transmitir suas fraquezas e habilidades especiais. Sendo assim, normalmente se refere aos Servos por seus nomes de classe. Cada classe também é dotada de habilidades, cada uma capaz de influenciar o combate de maneira distinta.

Por exemplo, Caster tem o poder de Bounded Field Creation¹, enquanto Assassin tem a habilidade Presence Concealment².

Em certo sentido, as várias classes são como peças de xadrez, cada uma com uma habilidade distinta.

Mas cada jogador tem apenas uma peça. O tabuleiro de xadrez é irregular, projetado para uma batalha real. E cada peça tem a chance de controlar o tabuleiro, desde que seu jogador — seu Mestre — seja forte o suficiente.

Foi este princípio fundamental da Guerra do Santo Graal que Faldeus tinha confundido. Seu mentor lamentou que ter um discípulo tão indigno, mas—

Faldeus permaneceu inalterado, apesar de ter sido repreendido.

Ele não tinha ignorado as palavras de seu mentor, nem parecia estar refletindo sobre seus erros. “Não, há seis classes no total, Mister Rohngall.” Ele disse com uma voz suave e firme.

“...O que?”

De repente, um arrepio correu pela espinha do velho mago, Rohngall.

Esta era a primeira vez que Faldeus se referia a ele pelo nome.

Ele queria gritar com Faldeus. Para lhe perguntar o que estava passando pela cabeça — mas o olhar gelado de Faldeus o deteve. Rohngall ficou em silêncio.

O rosto sem emoção de Faldeus se contraiu. “Na Guerra do Santo Graal travada no Japão, certamente havia sete classes,” ele disse, apontando friamente o erro de seu mentor “mas nesta cidade, há apenas seis. A classe Saber — a mais forte e mais adequada para a batalha — não existe nesta falsa Guerra do Santo Graal.”

“Do que você está falando?”

Algo rangeu em sua espinha dorsal.

Seus Circuitos Mágicos, seus nervos e seus vasos sanguíneos transmitiam um sinal de alerta, fazendo com que um alarme tocasse em seus ouvidos.

Seu aprendiz — ou, pelo menos, o homem que deveria ser seu aprendiz até poucos minutos atrás — deu um passo na direção dele. “O sistema criado pelos Makiri, Einzberns e Tohsaka foi realmente incrível,” ele disse em uma voz sem emoção “é por isso que não conseguimos copiá-lo perfeitamente. Nós gostaríamos de começar a guerra com uma cópia exata... mas usamos a Terceira Guerra do Santo Graal como nosso modelo, e isso era uma verdadeira bagunça, entende. É realmente uma pena.”

Faldeus claramente parecia que não estava além dos seus vinte e poucos anos e, no entanto, estava narrando eventos de mais de 70 anos atrás, como se os tivesse visto pessoalmente.

No momento em que sua expressão ia se tornar sinistra, os cantos de seus lábios contorceram, como se puxados por linhas invisíveis. Ainda frio, ele falou do fundo de seu coração.

“Você se referiu à minha nação como ‘jovem’. Mas essa é mais uma razão para você se lembrar, velho.”

“...O quê?”

“Que você não deve subestimar uma jovem nação.”

 

crunch crik crak creak crack crik crunch

Cada um dos ossos e músculos de Rohngall rangeram. Talvez fosse porque ele estava em guarda, ou talvez estivesse apenas indignado.

“Você miserável... quem... é você?”

“Eu sou Faldeus, é claro, velho amigo. Claro, a única coisa que você realmente sabe sobre mim é o meu nome. Enfim, realmente aprendi um pouco mais sobre a Associação. Suponho que devo te agradecer por isso.

“.....”

Com base em sua vasta experiência como mago, Rohngall soube imediatamente que o homem que estava diante dele já não era seu aprendiz, era um inimigo.

Rohngall se preparou para matar Faldeus no instante em que seu conhecido de longa data fez um movimento. E, no entanto, o alarme continuava a soar na sua cabeça.

Ele deveria saber com precisão o quão capaz era um mago como Faldeus.

Não havia sinais de que Faldeus estivesse escondendo sua força. Como um espião experiente da Associação, ele poderia ter certeza disso.

Ao mesmo tempo, porém, sua experiência como espião deixou claro que ele estava em uma situação perigosa.

“Então você deve ser um espião de outra organização, enviado para se infiltrar na Associação. Tem sido um espião desde que me disse ter me procurado para se tornar um mago.”

Outra organização?” Com uma voz pegajosa e melosa, Faldeus corrigiu Rohngall. “A Associação parece ter a impressão de que um grupo de magos heterodoxos não-associados é responsável pela criação desta Guerra do Santo Graal, mas... quero dizer, honestamente, como poderia... bem, não importa.”

Como se para indicar que não havia mais nada a ser dito, Faldeus deu um passo em frente.

Ele não era particularmente ameaçador, nem se apresentava como um inimigo, mas era claro que estava planejando alguma coisa. Rohngall apertou os dentes e baixou suavemente o centro de gravidade, se preparou para responder ao que Faldeus pudesse fazer.

“Não me subestime, criança.”

Enquanto falava, preparou um plano para dar o primeiro passo nesse duelo de magos — mas ele já havia perdido.

Quando eles começaram a tentar enganar um ao outro como magos, Rohngall já havia sido derrotado pelo homem diante dele—

“Não estou subestimando você, sir.”

—pois Faldeus não tinha planejado lutar com ele como um mago, em primeiro lugar.

“Vou te atingir com tudo o que tenho.”

Faldeus acendeu o isqueiro que estava segurando em uma das mãos. Um charuto apareceu de repente em sua outra mão, que estava vazia até então.

Parecia uma aparição, mas não havia sinais de que ele tivesse usado qualquer energia mágica.

Vendo que Rohngall estava intrigado com suas ações, ele sorriu. Era um sorriso do próprio núcleo do seu ser, um sorriso do tipo que Rohngall nunca tinha visto. Ele continuou “Haha, isso foi apenas uma ilusão — um truque. Não foi magia.”

“.....?”

“Ah, bem, entenda, nós não somos realmente uma organização de magos, especificamente. Espero que não esteja muito desapontado.” Disse Faldeus, sem um traço de tensão em sua voz. Ele acendeu seu charuto. “Me submeto apenas aos Estados Unidos da América. Apenas ocorreu de termos alguns magos entre nós; Isso é tudo.”

Rohngall ficou em silêncio por alguns momentos, e então ele respondeu. “—Entendo. Agora diga, o que esse charuto tem a ver com ‘tudo que tem’?”

Rohngall estava tentando ganhar tempo para preparar sua magia. Mas no instante em que falou aquelas palavras—

 

Algo estourou pelo lado da sua cabeça. Tudo foi decidido em um instante.

 

Era uma estouro úmido e borbulhante.

A bala desacelerou quando atravessou seu crânio. Chumbo espalhado por toda parte, nadando em um mar de fluido cerebral que esgotava sua mente.

Em vez de sair pelo outro lado do crânio, a bala ricocheteou pelo seu cérebro, dando um fim instantâneo e permanente para o velho.

E então — embora ele estivesse aparentemente morto, outras dezenas de balas perfuraram seu corpo, como se para dar um golpe final.

As balas não foram disparadas de um só lugar. Devia ter mais de uma dúzia de atiradores situados em vários locais.

Isso era claramente um exagero. Que maneira inflexível de destruir.

Seus membros envelhecidos dobrados e amassados ​​impotentemente, como uma marionete forçada a dançar rap.

“Obrigado pela dança. Isso foi muito engraçado.”

O corpo de Rohngall respingou vermelho ao cair no chão, sufocando. Faldeus olhou para o cadáver fresco e bateu palmas lentamente. “Você parece trinta anos mais jovem agora, Mister Rohngall.”

 

Alguns minutos mais tarde—

Faldeus parou diante do corpo de seu mentor, caído em uma poça de seu próprio sangue.

Mas a floresta ao redor tinha mudado. Havia uma atmosfera estranha em torno dele.

Dezenas de homens vestidos com roupas de camuflagem saíram da floresta por trás de Faldeus.

Cada um deles usava um capuz preto e um rifle de assalto silencioso, cada um com um design diferente — rústico, mas detalhado.

Dificilmente se poderia discernir suas raças, muito menos suas emoções. Um deles se endireitou e caminhou até Faldeus, dando uma saudação enquanto falava. “Reportando, senhor. A situação não se alterou. Não encontramos nada fora do comum.”

“Bom trabalho cara” respondeu Faldeus. Enquanto seu subordinado falava formalmente, a voz de Faldeus era aconchegante.

Ele se aproximou do cadáver do velho mago, olhando para ele com um sorriso fraco em seu rosto.

Ainda se afastando de seus subordinados, ele disse “Bom, então... visto que muitos de vocês provavelmente não estão familiarizados com esses tais “magos”, deixe lhes dar uma introdução.”

Os homens uniformizados já haviam entrado em formação atrás dele. Em silêncio, ouviram Faldeus falar.

“Um mago não é um feiticeiro. Não confunda sua imaginação com criaturas de conto de fadas e feras lendárias. Pensem em... ah, é isso — pensem como se fosse um anime japonês ou um filme de Hollywood. Isso se encaixa mais com eles.”

Ele se agachou diante do corpo do que outrora era seu mentor, agarrou um pedaço dele e o levantou no ar com suas mãos nuas.

Era uma visão bizarra, mas ninguém levantou uma sobrancelha.

“Eles morrem quando são mortos e os ataques físicos são razoavelmente eficazes contra eles. Agora, há alguns que se cobrem com um véu de mercúrio, forte o suficiente para desviar milhares de balas. Há outros que podem transferir sua consciência e estender suas vidas com a ajuda de insetos embutidos em seus corpos. Mas... bem, o primeiro tipo não tem defesa contra um rifle antitanque, enquanto o último tipo provavelmente não sobreviveria a um ataque de mísseis de precisão.”

Eles podem ter imaginado que Faldeus estava brincando. Os homens camuflados se esforçaram para suprimir seus risos.

Mas — no momento em que ouviram a próxima coisa que Faldeus tinha a dizer, todos ficaram em silêncio.

 

“Há exceções, entretanto... Por exemplo, este sujeito, que nem mesmo estava aqui para começar.”

 

“...poderia pedir elaborar isso de uma maneira mais compreensível, Sr. Faldeus?” Perguntou um dos atiradores, sempre formalmente. Faldeus riu e jogou um pedaço da carne do cadáver para ele.

Ele a pegou com frieza. Olhou para o pedaço de carne, provavelmente parte de um dedo, e ofegou surpreso. “...o qu—?”

Sob a iluminação de sua lanterna, estava claro que o osso branco se projetava dos nervos vermelhos da carne.

Mas havia algo errado. Algo diferente da carne de um autêntico ser humano.

Fios transparentes, não tão diferentes de cabos de fibra óptica, se estendiam para fora da carne de uma forma perturbadora.

“Um cyborg? Bem, nós chamamos isso de marionete. O senhor Rohngall é um investigador terrivelmente cauteloso. Ele não é tão tolo como para vir até aqui com seu corpo real. No momento, ele provavelmente está em um dos ramos da Associação, ou em seu próprio ateliê. Aposto que ele está furioso agora!”

“Uma marionete...? Isso é absurdo!”

“É uma técnica espetacular, mas note que ele não foi capaz de fazê-lo parecer perfeitamente humano. A forma de um homem velho funciona bem para ocultar essas imperfeições, suponho. Ouvi dizer que há um mestre de marionetes cujas marionetes são totalmente indistinguíveis dos corpos em que foram modelados... eles até mesmo conseguem enganar um teste de DNA.” Faldeus falou e falou, soando desinteressado, como se não estivesse envolvido.

O soldado franziu o cenho. “Nesse caso, ele não teria ouvido tudo o que você disse antes?” Ele perguntou a Faldeus, seu oficial comandante.

“Ele ouviu. Assim como planejado.”

“Er...?”

“Eu me dei ao trabalho de me vangloriar como um tolo antes de matá-lo precisamente para garantir que a Associação saberia de tudo o que eu disse.” Faldeus estava em cima do corpo falso, deitado em uma piscina de sangue falso, e olhou para o céu escuro que começava a chuviscar. Contente, murmurou: “Considere isso um aviso... nossa advertência aos magos.”

 

E isso marcou o início—

O início do banquete de homens e Espíritos Heroicos. O início da falsa Guerra do Santo Graal.

 


Notas:

1 Criação de campos limitados.

2 Ocultação de presença.

 



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