Farme! Brasileira

Autor(a): Zunnichi


Volume 2

Capítulo 71: Trio

Lucas se estabeleceu na torre por alguns momentos, despejando o drops e as coisas menos importantes num caixote dentro dos quartos dos andares superiores. 

Infelizmente, Nictis ainda queria morder sua bunda, enquanto Lilith pretendia comê-la, o que era um pé no saco quando precisava de privacidade e organizar seu próximo plano de ação.

Ele acoplou a bainha da espada comum na cintura, junto com sua katana, e ao redor do peito deixou um cinto repleto de poções que precisaria alguns momentos depois.

Além disso, ajeitou a varinha numa bolsinha de coura na coxa. Ele abriu sua tela de atributos.

 

Nível 51

 

Você tem dois pontos de habilidade para usar.

Você tem uma inspiração restante.

 

Habilidades escolhidas para serem liberadas: Foco de Batalha e Fio da Navalha

 

Foco de Batalha

1/5

A cada golpe atingido com sucesso, aumenta em 2,5 os atributos de força e velocidade do usuário, até o máximo de 40. 

 

Fio da Navalha

Golpes de espadas ignoram 10% da resistência do inimigo. 

 

A inspiração foi consumida, a Arte Sequência Mortal foi aprimorada.

 

Sequência Mortal

Requisitos: Duas Uma espada + Força acima de 150 pontos.

Uma combinação de ataques de espada que facilmente rasgam o ar Por conta da quantidade de força, os cortes também se tornam pancadas poderosas. Todos os golpes de espada feitos com essa arte tem seu dano aumentado em 50%. 

 

— Parece bom, mesmo que agora eu tenha que usar meus equipamentos a toda hora pra usufruir ao máximo dessa arte. Não dá pra ganhar todas, né?

Seu dedo enluvado se arrastou ao longo da lâmina da katana, ele mal podia esperar para usá-la ao seu máximo, no entanto, ele ficava meio assustado com a quantia de buffs que recebeu até então.

“100 pontos do Anel do Abatedor, 80 pontos do set de armadura e 40% de força e resistência, 10% do predador natural, um buff relativo da pulseira também… Porra, acho que meus atributos triplicam só de usar o equipamento. Faz até meu treino parecer uma merda se comparado a farmar itens.”

Isso era definitivamente um ponto importante. Os atributos base de Lucas estavam na casa de 140 a 150, ou ao menos era o que lembrava ser seu atributo força dias atrás.

Com a ajuda dos equipamentos, no entanto, esse 150 virava cerca de uns 400, ou era o que achava quando calculava. Ele não era bom em matemática, então desistiu dos cálculos em seguida.

Era muito número e porcentagem, nem JRPG usava tudo isso para mostrar a chance de acertar um ataque crítico. Ele bateu na sua cabeça para esquecer do somatório depois de um tempo

Isso que ele desistiu de contabilizar com os efeitos da liberação de poder corporal e com o fluxo, mas se contabilizasse, o número viraria algo completamente absurdo.

Separados os espólios e o que levaria para os próximos lugares, Lucas desceu rapidamente pela escadaria rumo a saída, precisava seguir em frente para terminar a masmorra.

Já devia fazer três horas desde que entrou, então só possuía mais duas até que Amora aparecesse para treiná-lo, e o rapaz não estava afim de levar esporro e então ser espancado.

Assim, quando pôs os pés para fora da torre, revirou os olhos ao se deparar com Lilith acorretando o cachorro infernal contra a parede. 

O coitadinho ficaria ali por um longo tempo, quem sabe um dono de verdade poderia cuidar dele, desde que não fosse o rei demônio, aquele homem cruel e maldito, estaria tudo bem.

Lucas continuava com raiva desse tal rei demônio Igibris. Além de enviar uma mulher pra lutar contra um homem, ele decidiu enviar um cachorro de todas as coisas!

— Eu vou um dia chamar o IBAMA pra lidar com esse maldito. — Cerrou o punho, jurando do fundo do coração que faria aquilo mais tarde. — Lilith, vamos, você ainda precisa me mostrar o resto do caminho!

— Já vou, já vou! — Ela fez um último nó de correntes e beijou o focinho de Nictis, um último gesto de carinho antes de ir embora. — Fica aí, viu? Não arranja problema pra mamãe e pro papai. 

— Lilith! 

— Vamos lá! — A súcubo abriu suas asas demoníacas e voou na frente, sendo seguida pelo rapaz logo abaixo. — A vista está boa, meu amor?

— Não vou nem comentar nada. 

“Se não vai comentar, quer dizer que gostou muito!”

O sorriso diabólico no rosto da súcubo cresceu com o pensamento de que aquele simples comentário os levaria num relacionamento muito profundo.

Ela pensou nos primeiros dias de namoro, em que seriam apresentados os pais de cada um, em como sua mãe ficaria tão orgulhosa por sua filha enfim encontrar um homem apropriado.

O problema seria o seu pai, que não aceitaria um humano na família, gerando um gigantesco drama e com Lucas prometendo com todo o seu coração protegê-la e torná-la feliz.

Daí, teria as noites de namoro, mas tudo tinha que ter seu tempo, eles começariam com abraços, ficariam de mãos dadas, trocariam presentes… Depois de um ano poderiam talvez fazer mais coisas.

Então, num belo jantar romântico, com vista para o sofrimento de milhares de almas, Lilith seria pedida em casamento e os dois teriam sua lua de mel nas profundezas do inferno.

Anos de casados depois, eles teriam uma casinha linda, duas crianças híbridas nascidas com uma força e talentos descomunais e um cachorro. 

Talvez ter um terceiro filho mais tarde seria uma boa ideia, quem sabe aumentar ainda mais a linhagem da família seria ainda melhor...

Quando já estivessem velhinhos, os dois se despediriam falando que tudo valeu a pena, e Lilith confessaria que nunca foi tão feliz em seus milhares de anos torturando outras pessoas.

A súcubo estava viajando na maionese, Lucas até reparou nisso pela forma como voava de jeito torto e por conta dos corações flutuantes acima de sua cabeça.

Ironicamente, a cauda fina dela também se moldava no formato de coração quando estava muito imersa nos pensamentos. 

O rapaz preferiu não tentar adivinhar o que se passava na cabeça dela.

Eles atravessaram uma outra floresta de obsidiana e subiram a borda do vulcão, um longo plano repleto de neve e com uma distância considerável em relação a boca.

No ritmo que estavam, em breve chegariam, mas uma explosão de neve impediu que continuassem.

— Huaaa!! — gritou Lilith, enfim saindo dos devaneios enquanto o vento a colocava numa posição desconfortável de voar. — O que foi isso agora?! Ah, por anjos, era só o que faltava! 

Um minotauro esqueleto emergiu do meio da cortina de cinzas. Seu grande machado refletia a luz do céu vermelho, e o modo como sua mandibula se projetou num sorriso artificial estremeceu a súcubo.

— Ora, em pensar que você trairia o seu mestre, Lilith!

— Eu traí? Nossa, com todo prazer do mundo, encontrei um homem muito melhor do que aquele traste!

O general pretendia repreendê-la caso tentasse se defender, mas ao assumir que traiu sem nenhum peso na consciência, Krevo simplesmente ficou sem o que responder.

— Certo, já que você é uma traidora… — o machado se ergueu para o alto, despencando como a lâmina de uma guilhotina. — considere-se uma demônia morta!

Lilith viu o fio descendo em sua direção, mas seu corpo não se esquivaria a tempo. Mesmo se tentasse, ficaria só com um terço de tudo, então a morte era o que lhe aguardava no fim.

Ela escolheu esse destino, talvez o mundo quisesse que isso acontecesse, assim invocando uma vontade divina em Lucas para fazer o que devia ser feito: tomar o trono do rei demônio.

Ele governaria esta terra como o bom homem que era, e o futuro seria brilhante de todas as formas, então Lilith seria lembrada como uma preciosa companheira que morreu em batalha.

Sim, isso era o que aconteceria… Ou melhor, era o que acontecia na cabeça muito imaginária da súcubo, pois a realidade despedaçou sua fantasia.

Ela viu Lucas à sua frente de costas, suavemente abaixado e sustentando o peso inteiro do machado com um único braço monstruoso, completamente diferente de sua forma comum.

Escamas azuladas e unhas afiadas, junto de músculos veiosos, seguravam o machado, enquanto a respiração suave do rapaz ecoava pelo ambiente.

— Isso… mas o que… — gaguejou Krevo, incrédulo por não poder mexer sua arma um centímetro sequer. — Quem é você?!

— Só um cara que veio resolver uns assuntos pessoais com o seu rei.

Um empurrão arremessou o machado para cima, Lucas aproveitou a oportunidade e saltou para desferir um soco no meio dos ossos do minotauro, empurrando-o para longe.

Assim que retornou ao chão, ele estalou o pescoço e fez um sinal de mão para Lilith.

— Se esconda, vou ter mais problema aqui do que antes, então é bom você ficar segura. Não tô nem um pouco afim que você morra.

Mesmo que um gesto aparentemente legal por parte de Lucas, aos olhos de Lilith era algo completamente diferente, como se um grande herói demônio tivesse vindo ao inferno agraciá-la.

Acreditar que um demônio comum ou de rank médio era capaz de interagir com um herói demônio era o mesmo que escrever romances fantasiosos e apaixonados, no entanto, esse romance era real agora.

Lucas se apossou acidentalmente do coração da súcubo ao salvá-la, e a sua imaginação pensando em morte evaporou. Ela sorriu, mais do que ciente de que deveria ficar viva depois disso.

— Me escondo sim, meu amor maravilhoso!

“Agora ela vai ficar me chamando disso, droga…” 

Quando Lilith desapareceu de vista, Lucas soltou uma parcela do seu potencial corporal. 

 

40% liberado.

 

Ele sabia bem que um soco não causaria tanto efeito assim, especialmente porque o minotauro não era pouca bosta. A sua mão morfada possuía um corte leve na palma, sinal de que o ataque quase atravessou a armadura.

De repente, uma onda de calor emergiu dos seus pés, um círculo mágico vermelho surgiu baixo dele e um pilar de fogo subiu as alturas, afundando-o em um inferno artificial. 

 

Pilar de Fogo

Feitiço de nível 3

 

Invoca as chamas do núcleo da terra, que emergem em uma torrente e queimam o indíviduo. Quanto mais tempo se leva na conjuração, maior é o pilar.

 

— Ah, que sorte, ele permaneceu mesmo parado por um momento — comentou Aegis, voando no céu com um grimório numa das mãos e uma pena na outra. — Fez bem, Krevo, talvez resolvamos isso mais cedo do que imaginei.

— Sua vadia louca, o cara ali não vai morrer só com essa magiazinha sua! Eu senti isso só pelo golpe que recebi! — O minotauro se levantou com a mão no meio do peito, onde havia agora uma rachadura.

— Não seja ridículo, resistência física é diferente de resistência mágica. Aguentar um golpe do seu machado não é a mesma coisa que levar uma magia diretamente… Aposto que ele morreu.

Aegis perdeu a aposta quando uma silhueta surgiu em meio as chamas, balançando o braço monstruoso para cortar o fogo e lançar pedaços de pedra no ar.

Ela teve que conjurar uma barreira protetora para evitar ser atingida, enquanto seu colega brutamonte lá embaixo balançou o machado para partir os pedregulhos.

— Ah! — Lucas levantou o rosto e viu a tal moça ali em cima. — Desculpa, eu não te vi aí! 

— Hã…? — Ela levantou a sobrancelha, sem entender direito, mas balançou a cabeça em negação. — Impossível, não tem como ele não ter sofrido nenhum dano…!

— Eu te disse, Aegis, você é teimosa pra ouvir! — reclamou Krevo, girando a arma e partindo para cima do garoto mais uma vez. — Vamos ver qual o seu limite!

Lucas abriu um sorriso, o ar bombeou ao longo de seus músculos e o impulsionou com toda força para frente, preparando-o para a luta de verdade.

No entanto, um pouco mais distante, uma figura nada destacável analisava a cena com plena atenção. Seu semblante estava sério, caído sobre o tal problema que vinha atacá-los.

A luta entre Krevo e Lucas se resumiu entre trocas de golpes, seja por socos de um braço transformado ou uma katana veloz que ricocheteava o machado para longe.

Aquilo parecia ótimo, dessa forma a primeira parte dos dados que Philomeu precisava se completaria. Arrancar a cabeça daquele rapaz seria seu prêmio mais tarde.

— Copiar.

 

Habilidade ativada.

O alvo escolhido teve suas estatísticas e uma parte de suas habilidades copiadas.



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