Fantasma Sombrio Brasileira

Volume 1

Prólogo

O céu estava escurecido, mas não em uma noite comum, e sim mergulhado em um vermelho macabro, como se as nuvens estivessem banhadas em sangue.

A lua cheia estava “viva”, possuindo um par de olhos arregalados, carregados de insanidade, e um sorriso arqueado, com dentes pontudos e deteriorados. A expressão perversa se motivava pelas cenas que contemplava abaixo, onde cidades ecoavam gritos desesperados por toda parte.

Vísceras inundavam as ruas, junto do insuportável cheiro de carniça no ar. Tenebrosos seres — milhares deles, das mais variadas formas — avançavam sem cessar, parando apenas para saborear as vítimas de suas caçadas.

Pouco a pouco, diminuía o número de civis ainda tentando fugir para salvar a própria vida.

Para muitos, baseados nas crenças espalhadas pelo mundo, era inegável que o verdadeiro Inferno havia se manifestado na Terra. E, em meio a esse caos, um garoto e seus amigos faziam de tudo para sobreviver, com alguém tendo sua vida arrancada da forma mais cruel e sanguinária possível a cada instante.

A mente do garoto já havia perdido a capacidade de pensar fazia tempo. E, quando finalmente recobrou a consciência da realidade, só restavam ele e sua espada negra de estilo medieval, que de tão desgastada pela batalha estava quebrada ao meio.

Encontrara refúgio em uma escola, em uma sala de aula escura e solitária. Exausto, caminhou entre as carteiras até chegar ao fundo. As forças o abandonaram, fazendo seu corpo deslizar pela parede até sentar no chão.

Ofegante e atormentado, ele pensava em tudo que havia acontecido. Todos os seus amigos estavam mortos.

Na entrada da sala, ele notou uma figura encapuzada que surgia como um fantasma.

O rosto do ser era literalmente uma caveira dourada, com um crucifixo de prata invertido encravado no centro da testa. A entidade, tão macabra quanto a própria morte, se aproximava vagarosamente, arrastando sua capa longa e segurando uma foice, pronta para ceifar o garoto que já não tinha mais nada além da própria vida a perder.

— Tudo o que eu sempre quis era viver uma vida normal… mas parece que há um Deus que sente prazer em atrapalhar as minhas vontades… — dizia, com a respiração pesada pelo ar sufocante. — Tudo começou por causa deste maldito poder.

Levantou a mão trêmula, manifestando nela uma pequena chama negra misturada a um tom púrpuro, semelhante ao de seus próprios olhos.

— Se é minha vida que você quer… então, pelo menos, atenda ao meu último pedido de ser rápido…