Volume 1 – Volume 2
Capítulo XXIX: A batalha por São Francisco Xavier de Tarl-harrel Parte I
Data: 10 de Maio de 2041 depois de Cristo e dia 9 do sexto mês do ano 817 da sétima era na Mesogeia, 06h00, local: praça frente à igreja matriz (ainda em obras):
Toda a aldeia estava já desperta e pronta para o combate que logo ocorreria, entre os que tiveram o luxo de dormir o frade Mathias foi um dos primeiros a despertar ainda antes da alvorada e com a ajuda de alguns trabalhadores rurais (estes que mal dormiram, pois haviam pedido reforços de outros vilarejos que estavam chegando) preparava a missa que seria realizada.
O Lusitano também tinha acordado muito cedo (isso se ele tivesse dormido), sua aparência era agradável, tinha acabado de tomar um banho e sua pele estava fresca.
Kuria tal como uma figura ousadamente onipresente logo apareceu e comentou:
—Garoto, está bonito hoje, tomou banho...tem algum compromisso importante hoje? (risos)
—Se é para matar e se for para morrer eu quero estar minimamente apresentável para tão importante momento.
—Morrer...eu posso te poupar disso é só você pedir garoto...
Gilmar olhou firmemente, havia uma mistura de determinação e até um pouco de raiva e assim ele disse de olhos apertados para aquela deusa que já mostrou a facilidade com que elimina uma vida:
—Kuria, não importa quem você seja nem o poder que você demonstrou, eu juro pela Virgem Maria Santissima, por todos os Santos e Mártires da Igreja e acima de tudo a Deus Pai Cristo Rei que não será você esse luxo você não terá, de escolher por desejo próprio a data da minha partida deste mundo e se tu acha que te temo, veja você mesmo o que sinto ou não e medo eu não sinto.
—Garoto, você é muito ideológico...(ela sorriu) cuidado aqueles que vão para batalha tomados totalmente por um desejo maior são os primeiros a morrer...
Gilmar respirou fundo...
—Bom, o que importa né? Apesar da superioridade das armas dos colonos eu acho uma sacanagem estarmos quase numa proporção de 30, 20 para 1 sei lá eu não sei, é Wizna essa porra?
A deusa riu de novo
—Me parece um cenário interessante mal posso esperar para ver.
—Isso tudo parece um jogo para você?
—Quem sabe...
—Bom eu vou comungar, com licença...
Após a missa que contava com todos os participantes na defesa da cidade, todos iam para sua posição e ainda não se tinha notícias da força tarefa enviada para socorrer.
Subindo do alto de seu SUV Gilmar pegou um megafone emprestado dos colonos e falou a todos:
—Bom dia senhores, dormiram bem? Muito obrigado a todos por participarem de um evento tão importante. Confesso que não queria está aqui na verdade era para hoje eu seguir estrada em direção ao meu destino, mas a providência divina fez que eu estivesse aqui justo num momento tão difícil quanto o que nos aguarda para que eu pudesse como bom soldado lutar lado a lado de pessoas tão incríveis quanto as que aqui eu conheci.
Confesso que não tomo a dianteira desta batalha por mérito, todos sabem da minha sorte, dos meus erros. Tomo por dever, dever ao Império, olha eu não quero morrer não pretendo morrer, mas se eu morrer então digam que os que aqui cair, caíram por estarem fazendo o que é certo.
É um momento difícil, nós temos armas que estão em relação aos nativos e aos inimigos pelo menos 400 anos à frente, mas eles têm mais homens, matemática não é meu forte, mas acho que se cada um de nós não matarmos 10, 20 inimigos pode ser que não consigamos triunfar e triunfar significa proteger este lugar, estas casas e os sonhos e os projetos que aqui estão sendo traçados e construídos.
Do outro lado há pessoas boas e más eu sinto isso, caras legais e eu acredito que por motivações até consideradas justas pegaram em armas e vem em nossa direção, infelizmente devido às circunstâncias, as somas de decisões do homem que peca até quando tenta fazer algo bom teremos que matar muitos deles, pois prefiro chorar a morte de um bom inimigo do que a de um amigo ou até que chorem a minha própria morte.
Ao bom Deus eu peço perdão a todos aqui e por todos aqui e peço perdão ao que eu farei hoje neste dia.
POIS SAIBAM QUE O QUE FAREMOS NESTE DIA É POR CONVICÇÃO SINCERA!!!!! HOMENS!!!!! AQUELES QUE NA BATALHA DECIDEM SUA SORTE JÁ ESTÃO MORTOS!!!! POIS A VITÓRIA JÁ NOS FOI DECIDIDA E NÃO DESCANSAREMOS ENQUANTO NÃO VENCERMOS!!!!!
DEUS SALVE SUA MAJESTADE D RAFAEL I IMPERADOR DO BRAZIL!!!
VIVA NOSSA PÁTRIA, VIVA NOSSO DEUS, VIVA NOSSOS AMIGOS E NOSSA GENTE!!!
VIDA LONGA AO IMPERADOR!!! VIDA LONGA AO IMPERADOR!!!!!!
GOLPEIEM O INIMIGO COM SUAS BALAS E NA FALTA DELAS COM SUAS LÂMINAS E NA FALTA DELAS COM SEUS PUNHOS!!!QUANTO VALE ESSE VILAREJO? QUANTO VALE O CAMINHO PARA FORTE SÃO JORGE?!!!
VAMOOOOOOOS!!!
Aliás hoje é dia de São João de Ávila, rogai por nós!
Após este discurso aquele grupo pequeno que não chegava a cem homens gritaram tão forte (mesmo alguns nativos não entendo direito as palavras ditas, tiveram seus corações inflamados), se o inimigo ouviu então esnobou, pois continuou a organizar suas fileiras calmamente, porém a motivação do lado daqueles que estavam defendendo suas casas era muito grande.
Assim todos os combatentes assumiram suas posições, Gilmar deixou os rádios comunicadores que tinha com alguns colonos e levou o que sobrou consigo para tomar sua posição em local elevado, ele entrou no seu Veículo Multiuso e junto com dois colonos e um nativo que aprendera a atirar partiu para sua posição escolhida.
Essa posição a noroeste do vilarejo ficava em um ponto um pouco elevado em meio às árvores de frente ao riacho que por trás cavava um desfiladeiro de uns 20 ou 30 metros.
Deste ponto Gilmar podia avistar o flanco direito inimigo e sua artilharia composta por alguns canhões (de energia mágica ou não) apoiados por arqueiros e alguns magos mercenários especializados em feitiços de artilharia. E desse jeito ficou o flanco esquerdo brasileiro.
O flanco direito não fora esquecido, para lá em um capão foram enviados alguns colonos com seus fuzis de caça e nativos empunhando velhas lanças e escudos. Para estes ali posicionados a missão era de interceptar as tropas ligeiras que também iriam para lá na missão de flanquear os brasileiros, o colono a quem ficou o comando fora Thomas de Carvalho Hawk apoiado pelo nativo Cinique El Irtz de Monteiro.
Outros assumiram postos nas trincheiras e havia quem estava na retaguarda pronto para receber os feridos, alguns herois ampliaram a trincheira e cavaram mais uma vala ligando a trincheira até o vilarejo e por meio deles que os reforços chegariam à principal (e única) linha de defesa e estes ficaram sob o comando do colono Richarlesson Laís de Gama.
Do outro lado o inimigo começava a tocar seus instrumentos e cantava as suas canções de guerra enquanto suas diversas unidades se posicionavam, vendo isso uma colona chamada Maria de Silva José gritou:
—Caramba vocês deixarão o inimigo cantar e vamos ter de ouvir o que eles tocarem que palhaçada é essa? Não vou deixar barato!
A moça foi rapidamente para a aldeia onde buscou as caixas de som que ela e alguns amigos tinham trazidos e após agradecer aos céus pela bateria ainda estar cheia ela trouxe e então deixou em um ponto seguro da trincheira. Uma vez colocado ela fez tocar a Canção do Expedicionário em alto e bom som e motivados todos os colonos presentes começaram a cantar:
“Você sabe de onde venho?
Venho do morro do engenho,
Das selvas dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco
Dois é bom e três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa do seringal,
Das margens frescas dos rios,
Dos verdes mares bravios,
Da minha terra natal...”
Assim os exércitos rivais (exércitos?) cantavam e se motivavam. A primeira ação foi tomada por Antilonius que ordenou uma salva de artilharia com seus canhões pesados. Antilonius era um homem muito poderoso, orgulhoso e arrogante, mas não era estúpido, sabia exatamente contra quem estava enfrentando e por isso moveu um exército tão grande contra um aparente pequeno grupo de adversários.
(Só para ter uma noção, passando apenas quatro ou cinco meses desde o início da colonização as forças Brasileiras ainda eram de em torno de quatro mil homens, menor que as forças de segurança alocadas em Campinas e em outras grandes cidades.)
De acordo com os planos de Antilonius, uma vez obtido a vitória em batalha e eliminado os colonos em público isso faria com que ele obtivesse apoio e reforços dos que ainda estavam presentes nas regiões próximas e com isso ao mesmo tempo em que a moral brasileira fosse afetada continuar de forma constante a realizar ataques até que com apoio das guildas ao sul ele finalmente lançaria um golpe decisivo e tomaria para sí o Vórtice.
Este homem acreditava na lei do mais forte, se um soldado sobrevivia ou morria era devido a si próprio, só os fortes mereciam sobreviver e se morressem era por culpa deles.
Esse pensamento explica como tantas vidas foram sacrificadas nesta batalha, afinal para um general de fina estirpe era “melhor se livrar logo dos fracos se assim fosse necessário”.
Porém fica claro o quanto de variáveis e fatores o Nobre General ignorava...
Os colonos e seus aliados em meio à artilharia resmungavam:
—O inimigo definitivamente não sabe brincar
—Gilmar! Gilmar! Está na escuta? Você não nos falou nada que os exércitos nativos tinham canhões!!! Reclamou um deles.
Nessa confusão Kuria apareceu calmamente, mesmo declarando que não iria participar ativamente dos combates ela vestia seu uniforme de marechal e interrompeu o colono que gritava desesperado no rádio:
—E por que ele deveria contar a vocês se o inimigo tinha ou não armas de fogo? Fui bem clara no que disse antes da primeira leva de Brasileiros atravessarem o portal que EU CRIEI e EU disse que eles estavam ainda começando a usar armas de fogo.
Pode ser que um ou outro detalhe eu tenha esquecido ou deixado passar, acontece...
Kuria estava como sempre muito bonita era a mulher mais linda conhecida, porém seu olhar, sua fisionomia, seu ar de reprovação gerava naqueles que estavam na trincheira mais pavor do que o próprio bombardeio inimigo.
Os rapazes olharam um para o outro após a “bronca” e disseram:
—Vamos rapazes não sejamos covardes atacar!!!
Kuria interrompeu a exortação gritando:
—IDIOTAS!!!! Querem provar a Antilonius que ele está certo que vocês Brasileiros são fracos e merecem morrer logo? Imbecis se saltarem agora da trincheira o imenso número do inimigo compensará a vantagem das armas que vocês portam, logo serão mortos mesmo que descarreguem esses seus fuzis!!!! Esperem!!! Vocês não receberam nenhuma ordem e que eu saiba quem está no comando é o único que realmente se preparou para a batalha!!!
Faz muitos anos que um rei me disse que um guerreiro idiota deveria no momento que fosse fazer sua estupidez ser morto pelos seus camaradas para não sacrificar os seus e nem trazer desonra ao seu exército e ele estava certo!
Faz muitos anos que um rei me disse que um guerreiro idiota deveria no momento que fosse fazer sua estupidez ser morto pelos seus camaradas para não sacrificar os seus e nem trazer desonra ao seu exército e ele estava certo!
Logo o bombardeio acabará, foram tão poucos tiros que desespero ridículo, ainda irá começar a segunda leva...por que reclama? Agradeçam se entre vocês só morrerem uns poucos enquanto isso que a terra jorrada lhe sirvam de combustível ou alimento, respirem enquanto podem até quando puderem.
—Para uma deusa do amor até que você gosta da guerra, tem certeza que os deuses daqui são neutros? Vejo a Sra bem empolgada e interessada na situação! Gritou em meio ao barulho do bombardeio de um dos colonos.
—Eu tenho meus passatempos, um dia quando estiver muito tempo livre irá entender, todos temos mais de uma vocação!!! A deusa gritou de volta
Porém aquele que a indagou tinha acabado de ser definitivamente atingido por estilhaços de metal, terra e pedra...
Os colonos gritaram entre sí
Continua…
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