Volume 1
Capítulo XIV: Dia de pesca. (Parte I).
Enquanto isso, na base militar do Forte São Jorge, quatro jovens se reuniram com o Coronel Emílio Dias Paes em seu escritório, o motivo? Autorização para que eles pescassem no dia da folga que se avizinhava.
—Então os senhores desejam permissão para saírem da base e pescar em um riacho nas cercanias não mapeado?
—Sim senhor! Encontrei este curso de água em uma das patrulhas feitas e eu e meus amigos desejamos na nossa folga poder levar uns equipamentos para pescar.
O jovem que liderou a requisição se chamava Daniel Freitas de Lima, 24 anos, Cabo de Vila Pavão, Província Transdulciania, Espírito Santo.
Ele era branco cabelo curto castanho, olhos castanho-esverdeados alto e magro possuía alguns músculos era o mais quieto do grupo, tentou entrar na cavalaria, mas se contentou com a infantaria, estava no exército a quase dois anos entrou porque amava armas e não conseguia emprego em outra área.
E junto com ele havia mais três companheiros, eles eram:
Sofia Luger Takaeda, 20 anos, Terceiro Sargento de Osvaldo Cruz, província de Paraná Paulista, São Paulo. Alcunha: Musa loka. Alta magra tinha cabelos compridos, pretos e perfeitamente lisos iguais aos animes japoneses, parecia uma modelo, tinha um olhar realçado com seus olhos azuis (indício de sua ancestralidade germânica da parte materna) que era doce e enigmático e não dava para saber se ela estava flertando ou querendo te matar.
Era a líder do grupo, por carisma, inteligência e força, também era a mais temida não só entre seus amigos, mas também em todo Forte São Jorge, todos conheciam seus feitos militares (e suas decisões malucas).
As fofocas dizem que quando havia muita paz no Império ela, mesmo com tão pouca idade se aventurava como mercenária mundo afora, outra fofoca diz que ela tem uma tatuagem de Tanya Von Degurechaff. Em armas desde os 15 anos por diversão.
Emivaldo Souza Ribeiro, 18 anos, Soldado de São Paulo, província metropolitana da Grande São Paulo, São Paulo. Um corpulento mulato de origem indígena e européia que apesar de aparentar estar acima do peso era bem forte. Entrou no exército para cumprir serviço militar obrigatório, porém tem demonstrado a intenção de continuar.
Uma observação é que houve uma mudança da lei Brasileira que flexibiliza o serviço militar obrigatório, a lei determina que todos que forem completar 18 faça um alistamento, mas podem deixar para decidir até os 25 anos quando irão cumprir o ano de serviço e a forma como cumprirá, um exemplo é o cidadão que se formou em pedagogia ou licenciatura e pode escolher cumprir seu serviço militar lecionando em um local distante onde haja demanda por professores, o mesmo serve para qualquer profissão.
A lei ainda prevê que se o cidadão ou cidadã que está ingresso em um clube de tiro e pratica esta atividade desde pelo menos os 15 anos e desde que faça uma avaliação mostrando sua perícia autorizando a portar armas de fogos, este mesmo cidadão é considerado parte da guarda nacional imperial e desde que faça os treinamentos regulares não só é considerado como cumpridor do serviço militar obrigatório, mas é considerado um membro ativo da reserva.
A realidade é que o fervor nacionalista sendo cultivado com mais força ao longo dos últimos 30 anos fizeram com que a demanda de jovens interessados em ingressar nas forças armadas fosse tão grande que o serviço militar obrigatório se tornou mera formalidade. Uma forma de um nacionalista, qualquer que seja sua carreira, pudesse ostentar seu certificado de reservista provando está apto para lutar pelo imperador.
Uma lei derrubada que aumentou a oferta de soldados foi a que institui a idade máxima de 25 anos para se voluntariar para as forças armadas. Agora o critério utilizado é a boa forma física para a função pretendida para soldados ou está exercendo a profissão e tiver a especialidade necessária para exercer funções como de serem médicos, mecânicos, engenheiros, etc...
Mas voltando a apresentação dos “pescadores”...
Lucio São Martinho Tembé, 20 anos, Soldado de Almeirim, província de Baixo Amazonas e Guiana, Pará, alcunha: Pajé. Estatura mediana, magro, olhos puxados, pele vermelha, desde cedo aprendeu a viver na mata cujas técnicas ensinadas por seu povo e por outros povos nativos são utilizadas e aprimoradas pelo exército que utiliza da sabedoria local e de seus homens para defender a soberania Brasileira.
Muitos caciques adquiriram por mérito pessoal suas patentes militares e se criou um costume de enviar os melhores guerreiros para as forças armadas, os indígenas enviados para outras partes do país durante seu serviço militar voltam com novas experiências e com o que aprenderam ensinam aos membros de sua comunidade. Por fim Lucio é graças às tradições do seu povo um especialista em plantas medicinais (porém esta habilidade no início não serviu muito no novo mundo).
Esses quatro soldados da infantaria vindos do 1º Regimento de Infantaria Leve de Brasília eram carinhosamente chamados de Musa Loka e os seus três patetas. Esse apelido ganho pela Musa foi como dito graças ao seu tempo nas Filipinas.
Foi lá onde um pequeno contingente Brasileiro auxiliava as forças locais contra separatistas islâmicos que a dita musa em vários incidentes se tornou uma versão feminina do personagem Rambo. A questão é que eles viviam aprontando ou se metendo em confusões nos horários de folga.
Sobre Sophia, um caso à parte, primeiro que ela odeia mulçumanos e quando o governo imperial aceitou o pedido do governo Filipino para auxiliar na sua crise interna (contra separatistas locais) e mandou uma pequena força de 500 homens essa descendente de japoneses e alemães logo se voluntariou e quase fez um escarcéu para ir. Aceitaram achando que cedendo a um capricho a guerra ensinaria uma lição a aquela menina de olhar tão delicado e meigo.
Se teve uma lição a ser ensinada foi dos separatistas que cruzaram seu caminho. Parecendo disposta a “terminar o serviço” que seus ancestrais iniciaram naquele país na segunda grande guerra. Ela logo foi destacada para missões na linha de frente onde praticava “seu esporte favorito”: Emboscadas com seu rifle de estimação que conseguiu em um leilão pela internet sabe-se lá como e este rifle era um modelo Mosin-Nagant ano 1891 de ferrolho com cartucho para 5 munições calibre 7,62 x 54 mm sem mira telescópica igual seu ídolo o atirador finlandês Simo Hayha o morte branca.
Apesar do mecanismo ultrapassado e relativamente lento, o vício pela guerra, a sede do combate fazia que por meio das mãos daquela linda moça, as selvas do sul de Mindanao fossem riscadas inúmeras vezes por seus projéteis castigando os insurgentes nativos que aos gritos desesperados de Allahu Akbar viam seu julgamento.
Assim ela fez sua história e junto com seus amigos no novo mundo se envolviam em confusões e trapalhadas às vezes brigas com algum outro batalhão com quem desenvolviam rivalidade e outras bobeiras. De fato entre uma tarefa e outra sempre acontecia algo envolvendo os quatro que iam desde “invenções” feitas por Sofia para “melhorar” alguma coisa a “vinganças” contra outros soldados quando o grupo era “ofendido”, a forma favorita de “dar o troco” era nos treinos de tiro, Sofia como se pode imaginar derrotava até oficiais graduados em disputa de pontaria e treinava “a sua maneira” os seus amigos.
Inclusive as línguas desafetas a acusavam de montar uma milícia apenas para irritá-la e ela costumava devolver a provocação, o que acabava com ela tomasse seguidas advertências. Porém a dedicação em cumprir as missões ordenadas dava aos quatro um moderado prestígio.
E tendo isso em mãos (sim o moderado prestígio) que eles foram solicitar permissão para uma tarde de pesca, apesar de Sofia ser a líder a heroína de guerra eles decidiram na “sorte” quem realizaria o pedido e por isso acabou sendo escolhido Daniel.
Não houve tempo de o coronel pensar em aceitar ou não o pedido quando apareceu o Sr Benedetto Gianelli um proeminente zoólogo.
—Então estes jovens estão querendo ir pescar? Interessante, deve ser no riacho que tem aqui perto que coincidência. Estou precisando de ajudantes para uma expedição...
—Pode levar eles!!!!!
—Obrigado Coronel!!!!
—E nós? Nosso pedido para pescar na folga?! Reclamou em coro o grupo.
—Irão pescar à vontade depois, façam o que o Profº Gianelli solicitar, isso é UMA ORDEM!!!!!
—Vai para o exército, lá tem aventura e até diversão. Resmungou Edivaldo
—Eu me diverti muito durante a missão brasileira nas Filipinas. Riu Sofia
—Aham eu sei, me disseram que um chefe local ao se render perguntou se você era tataraneta de algum general japonês e estava lá por vingança. Retrucou Lucio
—Ah que bobagem vindo de você, eu só tinha achado uma velha katana em um casebre de um vilarejo que o exército tomou dos separatistas e resolvi testar o brinquedinho.... mas sabe sei lá depois que arranquei a cabeça de um combatente inimigo e fiz ela voar eu fiquei com asco, com nojo e continuei usando apenas meu amado Mosin-Nagant, eca até fiquei melecada de sangue. Respondeu Sofia e se ela falou brincando ou falando sério não se saberá.
—............................ Essa foi a resposta dos rapazes.
Um deles pensou: Temo pela vida do cara que tentar transar com ela...
—Dar para calarem a boca?!!!! Gritou o coronel.
—Escutem o professor irá explicar a missão que os senhores estarão encarregados.
—Sim senhor!!! (Mas que droga, grande droga), pensou todos os soldados ao mesmo tempo.
O pesquisador então tomou a palavra:
Continua…