Volume 1
Capítulo I: Resultado inesperado
Ano 2040, ruínas da antiga central de energia nuclear de Fukushima, agora Consortium for Space Research and Deep Weather (CSRD) Consórcio para Pesquisas do Espaço Tempo Profundo, Japão.
Havia um tempo que algo chamado ondas gravitacionais foram descobertas em nosso mundo, jogando os laboratórios mundo afora no meio de uma corrida espacial que já ocorria há décadas e agora ganhava novos elementos a cada descoberta ou possibilidade.
A humanidade com sua curiosidade e ganância sempre desejou ir o mais longe possível, desde o surgimento dos primeiros humanos na África passando pelas navegações marítimas até os primeiros Starships na Lua.
Fazia quase 140 anos que os primeiros aviões decolaram, 70 anos desde o pouso da Apolo 11 e agora quase na metade do século XXI, há pelo menos 30 anos, governos e empresas movidas por uma ambição de riquezas ou apenas um registro nas páginas da história disputavam entre si para ver quem chegaria mais longe primeiro
E foi nesse contexto que um consórcio formado pelos governos americano e japonês foi criado para explorar essa nova possibilidade de bem…moldar o espaço tempo tal como um vaso de barro.
O local escolhido era as antigas ruínas de uma central nuclear em Fukushima que lá nos anos de 2010 foi vítima de um terremoto seguido de tsunami. O local era isolado devido a forte radiação, poucos tinham coragem de se aproximar do local, era o lugar perfeito.
Foi definido um experimento, um teste por assim dizer e a data escolhida era o dia 31 de Outubro de 2040.
O teste era relativamente simples, basicamente a ideia seria disparar uma sequência determinada de prótons na direção de Marte, estas partículas deveriam ser recebidas e lidas pela sonda orbital Mars Sentinel que então mandaria uma mensagem de volta confirmando o recebimento deste feixe de partículas.
Sim, afinal o que poderia dar errado, correto? Uma sequência complicada de cálculos diria se aquelas partículas levaram mais ou menos tempo que a velocidade da luz. Estava tudo pronto e a sequência binária estava prestes a ser lançada em direção ao planeta vermelho…
Os relatos das investigações escritas após o incidente diziam que estavam…
Enquanto isso em outro ponto no cosmo…
6º dia do segundo mês do ano 817 da sétima era. Montes Aztlantartus.
Era mais um dia agradável no sopé daquelas montanhas que logo receberiam novos nomes, mas que naquele momento significava apenas Montes Centrais e tal como uma coluna vertebral cortava o continente de norte a sul.
Em meio às curvas do terreno, os campos e bosques salpicados por aldeias e suas lavouras se destacavam uma montanha que já naquela época tinha vários nomes.
Era chamada de Perifanikiria ou Orgulhosa Senhora na língua mais falada por aquelas bandas, porém habitantes ainda mais antigos a chamavam de Tedrerk-mra ou testemunha do tempo e com a chegada de novos visitantes, viriam mais dois nomes.
Medidas feitas posteriormente descobriram que Perifanikiria alcançava 2200 metros de altitude e sua crista se estendia de norte a sul por 2,5 kms e aos seus pés frente uma paisagem suave com poucas curvas se entediam para o leste.
E lá estava a Duocoteseo Kuria Efcha em mais um dia tedioso, ela era a deusa da loucura, prazer e inspiração, fazia muitos anos desde que ela tinha se encontrado com aquele mago que após receber sua inspiração tinha descoberto textos antigos e conseguiu desenvolver uma pesquisa que iria (segundo ele) quebrar a realidade. O mago então reuniu seus estudos e como agradecimento e oferenda entregou a deusa.
Duocoteseo significa Doze Deuses na língua mais falada naquele local e apesar dos deuses serem bem mais antigos que a referida língua o nome acabou pegando. Esses deuses cuidavam deste mundo a seu bel prazer mantendo um relativo equilíbrio e para isso se faziam bem presentes para os mortais.
Estudiosos brasileiros espíritas vão afirmar se referindo a estes deuses como entidades espirituais que eles respondiam a uma longa hierarquia que culminaria no Deus único cristão.
Kuria era um desses deuses e tinha o hábito como toda entidade imortal de ter seus protegidos.
O mago há muito tempo tinha deixado este mundo e ela não fez muito caso porém naquele marasmo naquele tédio ela resolvera tentar algo novo.
Respirando fundo, estando muito concentrada falando na língua local ela recitou o fruto daquele trabalho que se condensou nas seguintes palavras:
Se quer ver o impossível
A realidade moldada como papel
Se conhece minhas palavras
Então isso fará
Densidade absoluta
Vazio absoluto
Tudo de uma vez
Com a substância de uma divindade
Direcione e pense no impossível
Torça o espaço com suas mãos
Direcione a onde nem tu conheça
Calor infinito
Energia poderosa que não se ver e não se sente
Concentre tudo e enfie suas mãos no vazio
Voltemos para o ponto inicial…
O supervisor do experimento anunciou:
—Cavaleiros, última conferida nos equipamentos: emissor de partículas carregado e apontado ok, medidores de ondas gravitacionais ok, câmara selada e iniciando o processo de retirada do ar, tudo pronto!
Estava tudo pronto e o que seria mais um teste que depois ficaria para história se iniciou…
Não deveria ter havido nenhum som ou zumbido, mas houve, não foi apenas um zumbido, mas um tremor. O experimento mal havia iniciado e a área em torno daquele local foi atingida por um forte terremoto e para os cientistas só importava se salvarem.
Depois da barulheira no que deveria ser apenas mais um terremoto no Japão…o silêncio.
Dois cientistas corajosos, um japonês baixo magro e franzino e outro americano alto forte e de feições latinas saíram em meio aos escombros onde segundos antes estavam tal como se pregava o treinamento para quando ocorria um sismo.
Mas nada disso importava mais, nada mais importava frente ao que eles tinham diante de suas vistas…
Um buraco negro, um tornado, um vórtice, algo se abriu no nada como um tunel em quatro dimensões que no fundo podia se ver uma paisagem que ora parecia perto ora parecia distante e lá de dentro saiu alguém.
Mais uma chacoalhada e aquele balé em quatro dimensões se estabilizou. Agora a paisagem no fundo do túnel cujas bordas se misturavam com as ruínas parecia estar numa distância média e de lá de dentro como se já estivesse o tempo todo, saiu uma figura feminina.
Ela era alta esbelta cabelos de um ouro-prateado com um olhar curioso, arrogante e inocente e que parecia dizer alguma coisa:
—...
— Uma mulher! — disse o japonês.
— Está falando algo, mas não entendo — respondeu o americano.
— !...
— Mandem uma mensagem urgente para Tóquio! —Alguém gritou no fundo.
— Aaaarghhhhhhhhh!… — Soltou o desconhecido.
A figura feminina possuía um semblante frágil mas mesmo assim ergueu pelo pescoço com uma só mão o cientista que era o mais alto e forte dos que estavam presentes. Mesmo fazendo um gesto tão agressivo sua feição passava tranquilidade.
Sobre todo este episódio, tempos depois foi coletado um relato, eis o que dizia:
“A figura que em um outro momento iria se proclamar uma deusa atravessou o portal que supostamente ela mesmo abriu. Vindo na nossa direção seu andar era arrogante e também curioso. Sobre sua aparência era de um tom elegante, tinha cabelos prateados acinzentados compridos, tecido longo, leve e fino, alta tinha quase 2 metros, poderia ser a mulher mais bela do mundo, mesmo descalça caminhando em meio ao entulho seus pés estavam limpos e sem qualquer marca devido ao caminhar”
Ela viu aqueles homens uniformizados alguns feridos, mas todos assustados, não entendia o que eles diziam e acreditava que não conseguiam falar perante o choque ao presenciar tamanha grandiosidade.
— Não temam!!!!!! Sou Kuria Efcha uma das docuoteseos, protetora da inspiração do prazer e da loucura, venham àqueles que desejam a minha felicidade.
Os cientistas continuavam gritando.
— Que lugar estranho, já me anunciei porque eles não me veneram?
Um cientista berrou.......
Kuria então que já tinha arremessado o primeiro infeliz que segurava pelo pescoço andou e agarrou outro no mesmo lugar…
— Mas que ultraje! Como ousam gritar, me ignorar e mais absurdo não me venerar! Estão na presença de uma deusa!
Ela parou por um momento e pensou: — E se eu estiver em outro país ou mundo? Eles entendem ao menos o que falo?
Enquanto ela ficava em seus pensamentos admirando (o que sobrou) da construção a sua volta e ainda com o segundo infeliz segurado pelo pescoço, as coisas começaram a se desenrolar em outro ponto.
Gabinete do Primeiro Ministro, Tóquio, momentos depois.
— Mensagem urgente para o primeiro-ministro!
Chegou um assessor com um envelope recebido da inteligência
Porém, uma secretária afirmou que o primeiro-ministro Shinzo Oda tinha sido convidado pelo imperador Nahurito para um almoço no palácio imperial. O assessor um oficial da marinha das JSDF (Japanese Self-Defense Forces ou Forças de Auto Defesa Japonesas) explicou a urgência da situação e conseguiu um carro do governo e autorização para que pudesse ser levado ao destino.
PALÁCIO IMPERIAL OU VILA IMPERIAL
Uma vez lá o oficial foi levado diante dos chefe de estado e governo do país:
— Majestade!! Sr Premier!! Trago uma mensagem urgente vinda de Fukushima.
—Olá, meu jovem seja bem vindo. Disse o imperador.
— Banzai!!!! Tenno Heika Banzai! Gritou o oficial que além de ser jovem (mal tinha 30 anos), nunca tinha visto o Imperador pessoalmente e por isso não continha a emoção.
— Se acalme — Disse o primeiro ministro. Apesar da tensão o clima era leve e relativamente descontraído com o mesmo fazendo algumas piadas com o monarca que após rir solicitou que fosse lida pelo primeiro ministro o conteúdo da mensagem estando apenas os três num típico cômodo japonês na parte interna do palácio.
E assim o chefe do governo leu:
MENSAGEM URGENTE
EXPERIMENTO COM PARTÍCULAS SUBATÔMICAS INTERROMPIDO.
FORTE EXPLOSÃO E ABERTURA DE UM VÓRTICE QUE DESTRUIU O LABORATÓRIO NA ANTIGA USINA.
RELATOS DE UMA MULHER ATRAVESSANDO O VÓRTICE.
TRAJES SEMELHANTES AOS RETRATADOS PELOS ANTIGOS DEUSES GRECO-ROMANOS
ALTA E JOVEM. TECIDO SEMITRANSPARENTE. CABELOS COMPRIDOS PRATEADOS.
MUITO FORTE AGREDIU E DEIXOU INCONSCIENTE ALGUNS DOS PRESENTES COM MUITA FACILIDADE.
FALA UMA LÍNGUA ESTRANHA. SEU OLHAR É CURIOSO E ARROGANTE.
VÓRTICE CONTINUA ABERTO.
PARECE QUE HÁ UMA LUZ NO FUNDO COMO SE FOSSE UM TÚNEL.
RELATO DE PAISAGENS OU ALGO PARECIDO
OBJETO ESTÁVEL UM DE NÓS JOGOU UMA CANETA E ELE NÃO SOFREU DANO AO ENTRAR.
CORRENTE DE AR INSTÁVEL ENTRANDO E SAINDO.
SOLICITAMOS AS FORÇAS DE AUTODEFESA.
PARADEIRO DA MULHER DESCONHECIDO.
REPITO, ALTA MAGRA CABELOS LONGOS PRATEADOS TECIDO SEMITRANSPARENTE ACINZENTADO, NÃO FALA NEM JAPONÊS NEM INGLÊS, AO CONTRÁRIO DA APARÊNCIA ELA É MUITO FORTE
DEVE-SE TOMAR CUIDADO.
O primeiro-ministro se olhou para o monarca, este com um semblante firme apenas disse:
—Faça o que for necessário…
Antes de responder seu soberano, Oda dispensou o oficial, uma vez que apenas aqueles dois homens estavam sozinhos ele disse:
—Majestade, sabe o que isso significa? China, Estados Unidos, Brasil, Rússia e outras potências ficarão no nosso pé…
—Sim eu sei, faça o que for necessário pelo bem do futuro de nosso país e de nosso povo…
—E se do outro lado deste portal houver outro mundo?
—Então será de quem chegar primeiro.
—Tal como na Era Showa?
—Tal como na Era Meiji mas agora nós temos a iniciativa.