Volume 1
Capítulo Extra IV Orações a Kuria
Capítulo Extra IV
Orações a Kuria
Foi um certo dia em meio a longa peregrinação forçada de Gilmar pelas entranhas de Yamaris. Kuria sua mestra o estava guiando em meio a estradas parcamente calçadas de ladrilhos.
Outrora essas vias da largura de uma estrada de mão simples comum, eram tão bem cuidadas quanto às vias pedagiadas no nosso e velho mundo mas com a guerra e seus lordes lutando entre si, lutando muitas vezes por lutar, ficou difícil quem as cuidassem.
Subitamente a via ficou em perfeitas condições e logo se avistava um casarão naquele estilo macarrônico de Yamaris.
—Achou mesmo que nos meus domínios eu iria permitir tal descaso? Exclamou a deusa.
—De você não espero nada…pararemos aqui por hoje? Ainda estamos no meio da tarde.
—Sim, o caminho adiante é hostil, vamos esperar as coisas se acalmarem. Ela respondeu.
Fora do prédio que era mais um dos inúmeros templos, havia muitas pessoas desamparadas sendo atendidas por outras tantas usando belas túnicas.
Entre desamparados e aqueles que amparadas havia uma mescla de raças, espécies e etnias tendo o predomínio da “raça yarameia” que para um terrestre seria um “europeu mediterrâneo” mas isso não importa.
—Quem é essa gente? Perguntou o lusitano?
—Eles? Desamparados pela guerra e outras miserias que os humanos e outras raças inteligentes causam contra seus semelhantes e aqueles outros que os acolhem são meus seguidores. Respondeu a deusa.
E ela continuou:
—Pare aqui o carro.
O lusitano obedeceu e deixou sobre a sombra de uma velha mas firme árvore ao lado do Templo. A movimentação era tanta que ninguém deu bola para aquele veículo estranhoe também eram tão organizados que ninguém bloqueava a via e assim a dupla conseguiu entrar sem maiores problemas.
O espaço era amplo e havia um grande aposento onde Gilmar reservado como sempre escolheu, um canto para poder deixar suas coisas enquanto a deusa se esparramava ocupando todo o espaço principal com seus pertences tal como uma adolescente chegando no quarto após a escola.
Logo caiu a noite, das janelas se podia ver uma lua grande esférica com sua face cheia de crateras e os caprichos do relevo de um lado do céu e do outro um objeto brilhante de formato irregular.
—Dizem que antes de nós os duocoteseos ou deuses como você preferir, chegarem, eram essas luas que protegiam e governavam este mundo… agora elas só observam tal como a do seu mundo. Disse melancolica a deusa.
—Antes de vocês chegarem? Questionou o lusitano.
—É uma longa e complexa história talvez no final desta vida ou na próxima compreenda…Falou em tom professoral Kuria.
E continuou:
—Sente fome? Alguns devotos viram a gente chegar e nos providenciaram um lanche, venha, vamos comer.
Parecia um lanche simples e comum daqueles que eram dados aqueles que tinham perdido tudo mas talvez seja o clima, o terreno, o horário, ou o que mais importar, para Gilmar que não era de reclamar do que comia, sentiu um prazer e um carinho tão grande naqueles pedaços de pão com toucinho ou algo parecido a presunto acompanhados por suco de frutas da estação.
Era a melhor refeição de sua vida até aquele momento.
Depois cada um se dedicou a seus afazeres pessoais, mas logo Gilmar percebeu uma coisa:
De repente a atmosfera ficou diferença, ele não sabia se ela estava mais densa ou ao contrário, havia uma sutil neblina em todo o ambiente e Kuria que antes estava com uma roupa casual típica do Brazil começou a fazer uma série de movimentos ritmados mas não havia música ou qualquer som ou barulho.
Ela fazia movimentos ora amplos ora contidos, como se estivesse manejando algo que só ela podia ver, será que ela fez isso quando abriu os portais?
A deusa parecia trazer para si algo, puxava, concentrava, espalhava pelo corpo, fazia num estado de transe com seus olhos levemente virados. O movimento do lado de fora parecia ressoar com o que acontecia naqueles aposentos e assim ela fez este movimento por horas enquanto Gilmar que era de fato sua posse foi capturado pelo transe e teve sua conciencia capturada em tal desdobramento, cujos relatos a posteriore se tornaram muito confusos dignos do que os kardecistas chamariam de experiência mediunica.
Logo pela manhã estava os dois cada um no seu canto respeitando a distância entre senhora e servo, desmaiados como que tomados por um cansaço extremo mas que num tilintar sobrenatural fez com que ambos acordaram ao mesmo tempo justo na hora que os seguidores da deusa distribuiam o café da manhã.
—O que foi isso? Questionou o lusitano
—Logo te explico, garoto, mas antes vamos comer. Respondeu a deusa.
E assim foram comer em outro cômodo que deveria ser a “cozinha” lá a dupla recebeu sua parte da “ração” que para Gilmar tinha um elemento curioso: Muito dos itens daquele desjejum eram de produtos fabricados nos impérios do Brazil e Japão e o português ficou sabendo algum tempo depois, fruto de doações humanitárias ou aquisições da própria “organização” que a deusa governava.
Refeição feita, malas prontas era hora de subir no Agrale e seguir viagem.
Enquanto conduzia, Gilmar perguntou:
—E então poderia me dizer o que eram todos aqueles gestos à noite?
—Orações. Respondeu a deusa.
—Orações?
—Sim orações, eu as recebo de todo mundo, do seu e do meu e as conduzo e manejo para que sejam atendidas tal qual sua justiça, necessidade e energia, naquele momento fico num transe em que o tempo passar de forma diferente, muitos oram por mim e eu tenho que pelo menos ouvi-los e mandar essas energias para…
—Para?
—Sua cabeça explodiria se eu respondesse…
E assim se deu mais um dia da viagem para Yamaris.
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