Entre Balões e Suspiros Brasileira

Autor(a): Tales T. Marques


Volume Único

Capítulo 1: Um evento ao acaso

Estou novamente debruçado sobre minha escrivaninha. Meu abajur está bem mais forte do que o normal. Meu celular, em cima da mesa, indica 00h03. Pareço ter dormido de novo tentando terminar meus desenhos para minha nova HQ.

— Já deu, Yuri. Tô indo embora!

Escuto um tumulto em um dos quartos do meu andar. Presumo que seja o mulherengo do oitavo quarto, e mais uma de suas vítimas — me lembrarei de criar um super-vilão inspirado nele. 

Desligo meu abajur, deixando que a luz da noite ilumine o quarto. Me levanto da cadeira, fecho a pequena janela do cômodo, visto meu casaco e sigo para fora do meu apartamento, a fim de respirar um pouco o ar lá de fora. Ao abrir a porta, dou de cara com o rapaz do oitavo, brigando escandalosamente com uma garota, o que já se tornava rotina.

Sigo pelo estreito corredor e passo por eles em direção ao elevador, ignorando a briga. Aperto o gelado botão do elevador e me pergunto se ele sempre demorou tanto para chegar ao meu andar. Esse momento desconfortável parece durar uma eternidade, enquanto a discussão se acalora ainda mais atrás de mim. De certa forma, isso me faz lembrar das brigas que tive com meus pais antes de sair de casa — já faz um bom tempo, talvez eu devesse mandar mensagem. 

Repentinamente, um som estridente me tira dos meus pensamentos, anunciando a porta do elevador se abrindo. Tentando escapar da briga, entro nele, e junto a mim a moça que estava brigando.

— Olha! Você é um filho da p*#*, não sou uma de suas peguetes — diz a moça em um ultimato. 

Logo em seguida, a porta do elevador se fecha. Me mantive não ouvindo a briga para não me intrometer, mas essa menina direcionou tudo bem para onde eu estava. Percebi o desconforto no olhar do cara do oitavo. Há tempos não me sinto tão deslocado. Nunca fui próximo e nem conversei muito com o rapaz do oitavo quarto, mas sei que daqui para frente nossos encontros serão bem mais desconfortáveis…

— Me desculpe por essa situação de merda — diz a garota, interrompendo meus pensamentos.

— Acontece — digo, sem saber o que dizer. — E agora? Você vai para onde?

Por que fiz essa pergunta? Realmente não sei. Talvez eu só não queira que fique silêncio durante todo o trajeto.

— Eu não tenho para onde ir. Por hoje, só estar longe de tudo isso já é o suficiente — responde a moça.

Sei que não é da minha conta, mas sem lugar para ir… Será que eu ignoro e sigo com minha vida ou continuo com essa conversa… Continuar ou parar por aqui… Que droga, eu só queria sair para respirar um pouco.

— Nem um lugar mesmo para ir? — pergunto à moça.

— Cheguei ontem na cidade, não sou daqui, vim por aquele babaca lá de cima.

O elevador finalmente se abre. Andamos pelo vazio e pequeno saguão e posso ouvir o breve eco dos nossos passos. Seguimos em direção à frente do prédio. Atravessamos a porta de vidro da fachada e o ar frio da madrugada acaricia nossos rostos. Observando a moça, a vejo perdida em seus pensamentos. Ela olha para os dois lados da rua cobertos por uma fraca neblina e, após um breve suspiro, se despede.

— Até mais, desculpa te colocar no meio dessa situação — diz a moça em tom leve e desajeitado, e aos poucos se afasta.

Sem nem mesmo pensar, após alguns passos, disparo:

— Moça.

A garota se vira para mim.

— Você não tem um lugar para ir, e eu estou precisando esfriar a cabeça, quer ir comer alguma coisa? — pergunto.

Não sei bem o porquê de eu ter a convidado, mas realmente não tenho muita coisa para fazer por agora, e não tem o porquê deixar alguém sem rumo assim ficar perambulando pela cidade.

— Por que eu iria? — diz a moça.

— Não sei, mas eu conheço uma pizzaria ótima perto daqui, e estou precisando sair para pensar em coisas novas para minha HQ.

A garota para, pensa um pouco, acena com a cabeça e responde.

— Não faz mal.

— Vou considerar isso um sim — concluo.

Ela se aproxima e seguimos em direção à pizzaria. Fiz bem em pegar o meu casaco, hoje à noite está bastante fria, nublada, e por mais que muitos odeiem, adoro esse clima calmo.

— HQ? — pergunta a moça.

— Sim, era um hobby, mas recentemente consegui um contato com uma editora, se eu escrever algo bom talvez consiga publicar. E você? Tem parentes por aqui?

— Não, nenhum.

— Veio para cá sem parentes e sem conhecer a cidade, por um cara? — pergunto surpreso.

— Sei que é burrice, mas… na verdade, é burrice mesmo, eu sou muito burra! 

— Desculpa, não queria falar isso!

Na verdade, falei exatamente o que estava pensando, só esqueci de filtrar o que ia falar.

— Sair de casa para encontrar a minha alma gêmea parecia uma ótima ideia ontem — diz a moça.

— O que ele fez? — pergunto.

Mesmo perguntando, sei a resposta. Como alguém conseguiria manter apenas um relacionamento por vez? “Impossível!”, pelo menos é assim que eu imagino que o cara do oitavo pense.

— Cheguei ontem. Tinha visto ele algumas vezes. Conversamos muito por telefone. Vim passar uns dias na casa dele, cheguei de noite, estava cansada, dormi e tudo parecia bem, mas hoje à noite nós estávamos na casa dele e vi algo estranho debaixo da cama, um sutiã! Começamos a brigar, fomos para o corredor e logo depois você apareceu.

Me mantive em silêncio. Sinceramente, acho que o melhor é dar espaço para o silêncio. Para as alternadas luzes amarelas do meu bairro, a brisa fria da noite e o reflexo dos carros no asfalto molhado. Não há nada para ser dito, além do óbvio, e nesse caso… escolhi o silêncio. Após alguns minutos de caminhada, aponto para o outro lado da rua, indicando a pizzaria.

— Chegamos, é bem ali.

Atravessamos a rua e entramos na pizzaria. Não era muito grande, mas era bastante confortável e tinha uma pizza ótima. Nos aproximamos de uma das mesas próxima ao canto da pizzaria e sentamos de frente um para o outro. Sempre preferi mesas assim, mais… não sei, reservadas talvez. Olhando em volta não vejo muitas pessoas, pode ser por ser quase 1h00, ou talvez por estarmos em uma plena quinta-feira, na verdade… sexta.

Não reparei antes, mas agora que tudo se acalmou, percebo que essa garota é bem bonita, cabelos cacheados volumosos, olhos pretos que se mantém cheios de lágrimas desde quando descemos do prédio, maquiagem um pouco borrada do choro, pele marrom e um pouco mais baixa que eu que tenho 1,80 m. 

— A gente veio para cá e eu ainda nem sei seu nome? — pergunta a moça.

— Meu nome é Noah, e você é?

— Me chamo Valentina.

A garçonete do local se aproxima, com um bloco de anotações em sua mão junto aos cardápios.

— Olá — cumprimenta a garçonete, colocando os cardápios sobre a mesa. — Qual vai ser o pedido de vocês? 

— Vai querer o que Valentina? — pergunto.

Por mais que ela tenha me falado o nome dela a alguns instantes, eu me senti estranho, como se forçasse uma intimidade com alguém totalmente desconhecido.

— Qualquer coisa. — Ela fecha os olhos, passa o dedo pelo cardápio, para, abre os olhos. — Essa aqui!

— Tem certeza? — pergunta a garçonete.

— Absoluta. — Valentina diz, certa de sua escolha.

— Só isso mesmo?

— Sim, só isso, obrigada. — conclui Valentina.

A garçonete se vira para mim.

— Só isso mesmo — respondo à moça.

A garçonete anota o pedido, pega os cardápios e se afasta.

— Qual você escolheu? — pergunto a Valentina.

— Eu não sei — responde Valentina, rindo pela primeira vez. — Só falei para ela trazer, não li nada. Noah, né? Nome interessante.

Por um segundo, fiquei calado, pensando que, pelo menos, consegui amenizar um pouco a situação ao convidá-la para sair.

— Minha mãe queria escolher algo diferente. — respondo.

— É um nome bonito, sua mãe acertou no nome.

— Obrigado — Agradeço contente.

— Daqui a alguns anos poderei dizer que comi pizza com o próximo Stan Lee? — pergunta Valentina.

— É o que eu espero, mas eu ainda não sei se continuo nisso.

— Por quê?

— Por muita coisa, talvez eu tenha que sair daqui de São Paulo, para trabalhar fora, longe da família, amigos, todo mundo que eu conheço aqui.

— Mas por quê? Aqui em São Paulo é gigante, deve ter editoras que têm interesse.

— E talvez tenha, mas esse contato que eu arrumei é do Rio de Janeiro, uma ótima editora, se eles gostarem do meu trabalho e me convidarem para trabalhar com eles… — suspiro — eu não posso perder a oportunidade, não posso trocar isso por outra editora menor aqui. Nenhuma grande na região tem interesse pelo meu trabalho, pelo menos ainda não, pelo menos eu não achei.

Refleti muito se deixaria a cidade para poder trabalhar na editora, e ainda não tomei minha decisão, mas sei que uma hora ou outra terei que fazê-la. 

— Você só está aqui por causa do Yuri? — "Cara do oitavo" — pergunto a Valentina.

— Na verdade, vim para cá em busca de emprego. Terminei minha faculdade de arquitetura há um tempo e acabei conseguindo uma oportunidade aqui. Como já conhecia o Yuri, pensei em juntar o útil ao agradável, conseguir meu emprego e ficar perto de alguém que eu gostava. Mas no final, deu tudo errado…

Continuamos conversando por alguns minutos. Contei sobre como era divertido e, ao mesmo tempo, cansativo escrever as HQs, e que trabalhava numa livraria próxima ao meu apartamento. Também disse como pareceu conveniente eu trabalhar em um lugar que, de certa forma, me fizesse imaginar histórias, e me mantivesse criativo. Ela me contou sobre a entrevista de emprego que teria no dia seguinte e como estava nervosa, a ponto de pensar em não fazê-la depois da bola de neve que virou o dia dela, mas estava em dúvida. 

Após alguns minutos, a garçonete finalmente aparece com a pizza que Valentina havia pedido.

— Com licença — ela coloca a pizza sobre a mesa. — Prontinho, aproveitem a pizza.

— Obrigado — respondo um tanto confuso.

Por um momento, esqueci que Valentina tinha escolhido uma pizza às cegas.

— Uma pizza de chocolate? — Valentina dá uma breve risada e continua — nunca comi algo do tipo.

A pizza é coberta de chocolate, tem uma aparência um tanto bagunçada. E apesar da estranheza, chocolate e pizza não tem como ficar ruim.

— Bem, é chocolate e pizza, deve ser bom, não é? — concluo.

— Tomara, porque meu dedo parou bem na pizza “G”, pelo visto.

Corto o primeiro pedaço e coloco sobre o meu prato.

— Vamos experimentar ao mesmo tempo? — Proponho a Valentina.

— Hum, pode ser. No três?

— Aham — me preparo para a contagem.

— Um… dois… três!!

Eu e Valentina abocanhamos o pedaço de pizza que, em poucas palavras, eu poderia descrever como: “A PIOR PIZZA QUE EU JÁ COMI”. Tinha um sabor indecifrável e uma textura que competia com o sabor em estranheza.

— Que horrível!! — digo com a boca cheia.

Valentina me chuta por baixo da mesa, pela garçonete estar passando bem próximo quando comentei. Ela começa a rir e quase se engasga.

— Isso aqui parece borracha — dou uma gargalhada — tá muito ruim — digo a Valentina.

— Fica quieto, Noah. A garçonete vai te ouvir! — Valentina diz esboçando um sorriso no rosto.

— Te garanto que as outras pizzas daqui não são ruins como essa.

Continuamos rindo e, após batalharmos com a pizza que estava nos nossos pratos, chegamos a um acordo: “Não vamos comer o resto da pizza”.

— Tá muito ruim. Não tem nem como dar para outra pessoa. Nunca mais escolho pizza às escuras — diz Valentina.

— É bom mesmo — digo concordando.

Nós nos olhamos por um momento. Valentina desvia o olhar, pega o celular em seu bolso e observa as horas.

— Já está bem tarde, vou ter que ir, Noah. — com um sorriso leve, continua — Olha, eu adoraria continuar nossa conversa outro dia.

— Claro, porque não — Tiro o celular do bolso e, com certa dificuldade, dou a ela meu número. 

Apesar de tê-lo trocado há alguns meses, não consegui decorá-lo. Em seguida, Valentina chama um Uber para um hotel próximo, já que não tem onde ficar. Dividimos a conta e esperamos do lado de fora da pizzaria pelo carro. Valentina esfrega suas mãos nas roupas a fim de escapar um pouco do frio. Não demora muito e o Uber chega.

— Tchau Noah, depois de tudo que aconteceu, foi bom conversar com alguém — Valentina abre um sorriso.

— Eu também estava precisando jogar conversa fora — Me despeço contente. — Tchau, Valentina.

Valentina entra no carro e parte em direção ao hotel, e eu, após alguns segundos observando a rua, volto para casa a pé. No caminho para casa, noto as poucas pessoas na rua, a leve névoa que forma uma garoa e o vento frio que estranhamente torna o momento reconfortante. 

Depois de alguns minutos de caminhada, chego ao meu prédio. Subo com o elevador e me vejo refletido em sua parede espelhada. Por um instante, percebo o silêncio que me envolve. Presenciei isso poucas vezes desde que passei a viver mais ao centro de São Paulo. As portas do elevador se abrem e posso notar Yuri saindo de seu apartamento. Não quis fazer muito contato visual, mas notei que ele vinha se aproximando de mim.

— Oi, me desculpa pelo escândalo mais cedo. Não sei o que deu na cabeça dela, mas mulher é assim, não dá para entender — Yuri diz ao se aproximar de mim.

— Não, tudo bem. Eu precisava sair e respirar um pouco mesmo. Preciso acordar cedo amanhã — digo me esquivando da conversa.

— Ah, tá bom. Até outro dia — ele se despede sem jeito.

Abro a porta do meu apartamento, entro e a fecho bem atrás de mim e, ao mesmo tempo, penso comigo mesmo: o cara trai a mina e lança um “mulher é assim mesmo.” Indignado, jogo meu celular e meu casaco na escrivaninha e vou em direção ao meu quarto. Pulo na cama e adormeço devido ao cansaço.

 

*** 

 

Me revirando na cama, sou atormentado pelo que parece ser o som do despertador no meu celular. Levanto e começo a procurá-lo, vasculho minha escrivaninha e o encontro debaixo do meu casaco. Desligo o alarme, que marca 7h00, e me preparo para sair. Tomo um banho rápido, visto meu uniforme e, antes de sair, confiro novamente as horas. Agora são 7h50, faltam apenas dez minutos para o início do meu expediente. Coloco o celular no bolso e vou em direção à livraria onde trabalho. 

Chegando lá, abro a porta de vidro da fachada e, após alguns passos, sou recebido pela minha chefe, Vanessa. Ela é um ano mais velha do que eu, tem 21 anos e, apesar de ter começado na livraria no ano passado, conseguiu o cargo de supervisora.

— Bom dia, Noah! — Vanessa me cumprimenta com entusiasmo.

— Bom dia! — respondo.

— Como foi ontem? Pensou em algo para sua HQ? — Vanessa pergunta.

Enquanto ela fala, lembro que conheci Valentina ontem e também que ela ficou de me mandar mensagem.

— Não, não pensei em nada — respondo.

— Que pena, tenho certeza que vai conseguir pensar em algo. Você é muito criativo. — Vanessa se vira um momento, olha calmamente para as prateleiras ao redor e, em seguida, volta-se novamente para mim. — Eu preciso da sua ajuda. Temos que organizar os livros para exposição que vai ter este fim de semana.

— Já imagino quantos livros vou ter que carregar — comento.

— Que nada, é moleza, vamos? — responde Vanessa.

Dou um breve suspiro e, em seguida, respondo:

— Vamos!

Antes de começar a preparação para exposição, decido conferir minhas mensagens para ver se Valentina havia mandado algo, mas não tinha nada. Guardei meu celular e dei início ao trabalho.

A livraria é grande e muito popular, com inúmeras prateleiras abarrotadas de livros. A mistura de aromas é peculiar, sinto quase como se cada seção tivesse um conjunto de sensações diferentes, cada uma de uma maneira singular: terror, suspense, drama, romance, ficção científica… De alguma forma, sinto um pouco de café na seção de terror e suspense. Me faz pensar o porquê. Talvez seus leitores prefiram ler à noite. Uma boa dose de café é ideal para se manter acordado.

A cada três meses, a livraria monta alguns estandes com livros numa praça próxima — Valentina e eu passamos próximos a essa praça quando fomos à pizzaria. Esta seria a minha primeira vez participando da organização de uma exposição. 

Comecei a trabalhar na livraria recentemente, depois de resolver sair de casa e ir morar sozinho, há três meses. Precisava de um emprego e, ao passar em frente à livraria, notei o cartaz de “contrata-se”, o que me instigou a tentar. Assim, marquei uma entrevista. Chegando lá, encontrei Vanessa. Cabelos ruivos e longos, logo que me viu, veio em minha direção.

— Oi, você é o rapaz que veio para entrevista? — diz Vanessa.

— Sim, sou eu — respondo meio sem jeito.

— Prazer, meu nome é Vanessa. Gosta de livros? HQs? — ela pergunta.

— Gosto bastante. Na verdade, eu ultimamente estou escrevendo uma HQ.

— Escrevendo? Você diria que é algo mais DC ou Marvel? — Vanessa me encara com curiosidade.

— Ehh… Eu acho que é mais Marvel — respondo sem pensar muito.

— E por que você acha isso? — ela retruca, a fim de garimpar uma resposta minha.

— Bem, ela não é sombria como as do Batman, nem tem a vibe DC. Não sei descrever. Apesar de gostar muito da sensação que passa uma história DC, não quis escrever algo assim. Acredito que não combine com o que eu sei e com o que eu quero fazer.

Acabei sendo bastante sincero, nunca havia pensado nisso, mas acredito que tenha respondido de forma sincera.

— Você parece ser interessante… Está contratado! — Vanessa aperta minha mão, empolgada.

Com certeza foi a entrevista mais rápida que eu já participei.

— Mas com uma condição — diz Vanessa.

— Qual?

— Seja lá qual história você for escrever, eu quero ler.

Fiquei feliz por alguém ter interesse no meu trabalho. 

Nunca tive uma relação ruim com minha família. Sempre fui fanático por ler e escrever HQs, mas chegou a um ponto que eu tinha que escolher: viver esse sonho impossível ou fazer uma faculdade para ter um futuro mais seguro. Para não decepcionar minha família, acabei ingressando na universidade, mas quando resolvi trancar, minha família não curtiu muito a ideia. 

Me senti pressionado a fazer uma faculdade e, quando resolvi escrever minhas histórias e talvez trabalhar com isso, eles não me apoiaram. Eu amava escrever histórias, mas ver o filho seguindo uma carreira que para eles era impossível de se sustentar, é claro que parecia uma má ideia. Toda essa pressão em casa acabava me atrapalhando. 

Eu sei que parece uma decisão infantil, mas resolvi assumir a responsabilidade de fazer dar certo. Decidi morar sozinho, me reinventar, me descobrir como pessoa e descobrir se estou disposto a me esforçar pelo que eu amo.



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