Volume 2
Capitulo 4: Astrid, Vai ao Fundo
— Chegamos! — Kane anunciou, quando se viram diante a uma casa de dois andares. Era grande, como o resto das casas que faziam parte de uma das áreas nobres da cidade.
Área aquela que mesmo sendo, para os que tinham as melhores condições, ainda assim boa parte dela se encontrava escura, sendo iluminada apenas pela luz da lua e por lanternas voadoras que iam de um lado para outro pelo bairro, porém quando chegavam perto da casa a qual o pássaro os levou elas piscavam, porém não se apagavam. Chloe lhe disse que as lanternas não funcionavam com eletricidade. Era o poder de alguém que as mantinha iluminando, então não se apagariam facilmente, tal como suas lanternas.
— Vamos! — Chloe começou a se mover, porém com exceção de Astrid, todos os outros seguiram atrás. — Astrid! — Chloe, chamou, no entanto sua companheira, permaneceu olhando para casa da frente, a qual era fracamente iluminada, entretanto era possível ver sua arquitetura e seu jardim, que tinha lindas rosas azuis e brancas. Provavelmente um lugar agradável para olhar pela manhã. — Astrid!!
— Que lindo! — Soltou, ainda olhando para casa. — O jardim... — Chloe segurou seu rosto e o virou para si.
— Não viemos ver jardins. — Soltou seu maxilar. — Temos trabalho.
Chloe se virou para ir embora e puxou Astrid consigo, como se não confiasse o suficiente de que ela iria por conta própria.
Com Chloe guiando o caminho, atravessaram o jardim e foram para a parte de trás da casa.
— Vamos entrar pela chaminé. Não sabemos como é essa coisa, ou se...— pausou e segundos depois continuou. — Ou se tem algum refém. Então vamos tentar ser o mais discreto que pudermos.
— Então...— Phelan começou e sem dizer mais nada olhou para Astrid e, Chloe e Kane fizeram o mesmo.
Astrid olhou para o lado, entretanto não havia ninguém e quando tornou a olhar para seus companheiros, eles ainda a encaravam e Phelan começou a abanar a cabeça em direção ao teto, enquanto seus olhos continuavam em Astrid.
— Querem que eu suba?
— Nos teletransporte até lá — sugeriu King e Astrid olhou para cima. — Acha que consegue?
— Achei que tivesse melhorado. — Phelan pontuou, e Kane lhe deu uma cotovelada. — Que foi?
— Eu posso fazê-lo. — falou, não parecendo muito confiante. — Só me deem alguns segundos. — Deu alguns passos em frente e com os punhos fechados, olhou para cima, fixou seus olhos no teto e se teletransportou.
Ar balançou alguns fios de seu cabelo e Astrid se sentiu tonta quando olhou para baixo. Seus companheiros a encaravam, e fechando os olhos brevemente ela voltou para o chão, para perto dos outros soldados.
— Podemos ir. — Estendeu a mão direita para Chloe e a esquerda escolheu estendê-la para Kane, que a pegou, provavelmente ainda relutante, por conta do sangue de sapo. Phelan segurou a mão de Kane e sorriu para o outro que olhou para frente, parecendo querer fingir que seu companheiro não passava de uma alucinação sua.
Okay. Eu consigo. Só preciso me concentrar.
Astrid fechou os olhos. Abriu-os e apertando as mãos de seus companheiros com força os teletransportou para o terraço, perto da chaminé.
A soldada, tentou não sorrir.
O contacto se quebrou e o grupo foi mais para junto da chaminé e novamente, olharam para Astrid que tinha os olhos no lado de dentro da chaminé, porém quando se sentiu ser observada levantou o olhar e não precisou de mais do que alguns segundos para perceber que eles queriam que ela fizesse as honras, novamente.
— Só precisas dar uma olhada rápida e vir nos buscar. Não vais nem sentir saudades nossas.
Phelan bateu no braço de Astrid, que se encolheu com o toque, enquanto se ajustava em cima da chaminé.
— As botas irão tornar a queda mais suave. Tenta não provocar nenhum som desnecessário. — Chloe advertiu e Astrid somente assentiu, desanimada e talvez com medo do que poderia estar a esperando dentro daquela casa, que parecia estar assombrada.
— Volto já! — Falou e antes que desistisse pulou.
Astrid não gritou e a queda foi mais suave e rápida do que imaginou. Seus pés pareceram tocar em concreto apenas, não havia poeira e nem madeira, o que agradeceu e achou estranho, talvez não a usassem, talvez ninguém vivesse aí. Bem isso tornava as coisas piores, pois assim parecia realmente uma casa mal assombrada, como as dos filmes.
A soldada saiu da chaminé e a sala estava escura, tal como era de se esperar, porém segundos depois, tudo se tornou cor de rosa aos seus olhos e Astrid lembrou-se dos ajudantes falarem sobre máscaras, lugares escuro, visão cor de rosa e outras coisas relacionadas a lanternas e luzes no fato.
Astrid começou a achar que talvez a divisão já havia sido feita, antes de entrarem naquele elevador, em direção ao topo do pilar.
Mais dois passos, Astrid parou e olhou à volta da sala. Não havia ninguém. Era seguro. Possivelmente.
Tentando esquecer que estava em uma sala completamente escura, Astrid fechou os olhos, buscou concentração e se teletransportou.
Phelan soltou um grito perto de sua orelha. Astrid agarrou em sua mão e na de Kane, o qual pegou na mão de Chloe, antes de Astrid os levar para a sala.
Seu trabalho havia terminado e Astrid se sentiu aliviada quando desfez o contacto. Ela foi designada a algo e cumpriu, mesmo não sabendo se realmente iria para o lugar certo, ela havia conseguido, e tal fato já lhe renderia pontos o suficiente para não se sentir mal, caso tudo desse muito errado.
— Nos separamos? — Baixo, Kane King perguntou.
— Melhor não. Antes de saber com o que estamos a lidar, vamos nos manter juntos.
Novamente Chloe liderou e Astrid teve a estranha sensação de que ela sabia o caminho.
Atravessaram a sala e foram em direção às escadas. Seus pés quase não faziam barulho, como se não tivessem andando. Chloe estava na frente, Astrid no meio e Kane e Phelan atrás, quando chegaram no andar de cima. Entraram na primeira sala à direita e ao sair, Astrid estava atrás, andando enquanto olhava para uma foto, onde tinha um rosto familiar, porém tentou ignorar aquela moldura, pois Chloe havia feito o mesmo.
Astrid olhou para frente, seus companheiros estavam atravessando a porta quando seu corpo parou. Sua capa foi puxada para trás e o corpo foi junto. A soldada gritou, estendeu o braço para cima, porém antes que seus companheiros pudessem alcançá-la seu corpo atravessou o chão.
Astrid ouviu sussurros entrarem em seus ouvidos. Seu corpo estava caindo e a luz rosa sumiu. Estava em completo breu. A soldada apertou os dedos polegares nas palmas das mãos e luzes provenientes de seu fato iluminaram a sala. Um grito soou no cômodo e Astrid olhou para baixo. Viu o chão perto, se teletransportou um pouco para cima e segundos depois, espalmou as mãos no chão, deu um mortal e caiu em pé. As luzes no seu fato piscaram, algumas se apagaram e poucas permaneceram acesas.
Astrid levou uma mão em uma de suas bolsas de cintura, retirou dois objectos, distribuiu cada um em uma mão e ao mesmo tempo jogou-as para o lado. Os objectos se prenderam a parede e posteriormente acenderam, iluminando melhor a sala. Astrid tirou as foices das costas e esperou, olhou a volta e capturou alguns rostos, quatro homens estavam naquela sala. Amarrados e com a boca coberta, enquanto balançavam a cabeça, parecendo desesperados.
E eles eram familiares. Eram os irmãos e o pai de Chloe. Sua melhor amiga.
Nós realmente. Olhou para o teto. Estamos na casa de Chloe?
Astrid olhou para o mais velho que estava naquela sala, tentou ir em sua direção, mas parou quando sentiu algo vindo. Virou-se rapidamente, a foice em frente ao peito, protegendo o coração, da faca que Chloe carregava. Suas mãos eram pequenas, no entanto Astrid sentiu que se não a empurrasse para longe, Chloe iria definitivamente perfurar seu coração, com aquela lâmina.