Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 2

Capítulo 11: A Outra

— Vamos voltar!!

Aiyden puxou Jase para baixo, forçando-o a se sentar. 

— É perigoso sair agora. E também Astrid se teletransportou. Eles devem estar escondidos. — Olhou para Jase e rapidamente desviou o olhar, encarando em alerta o corredor.

— Isso não quer dizer que não possam ser capturados. Temos de encontrá-los o mais rápido possível.

Aiyden o encarou por longos segundos em completo silêncio até que falou:

— Eles são soldados. Tenho certeza que podem cuidar bem de si…— Aiyden parou quando o olhar de Jase passou de preocupado para algo que parecia estar o questionando sobre suas palavras. — Logan irá cuidar da Astrid. 

— E se ele mudar? Ele vai matá-la!! 

Aiyden abriu a boca porém nada saiu. 

— Você pode continuar escondido aqui, eu vou procurar por eles. — Jase se levantou e Aiyden o puxou novamente, no entanto com mais força fazendo assim o outro ir com as costas no chão.

— Ahhh! Não foi de propósito — admitiu, os olhos abrindo e fechando várias vezes.

— Sério? — Jase perguntou, os punhos fechados e os dentes trincados, e Aiyden por sua vez só assentiu. — É mesmo? — Jase o empurrou com o pé e soltou um: — Ahhh. Não foi de propósito. 

Com o rosto voltado para o chão, Aiyden cerrou os punhos, respirou fundo e tentou ignorar a cabeça que passou a latejar mais. Os olhos ardiam e pesavam, e ele estava realmente morrendo de sono. 

— Ei!! Ei! Desmaiou? — levantou de onde estava e com uma mão coçando as costas, caminhou para perto de Aiyden. — Eu nem usei tanta força. — Fechou um olho quando a coceira pareceu aumentar. Sua mão antes lenta passou a coçar com mais força. — Levanta daí. — Colocou um joelho no chão e depositou a mão livre no ombro de Aiyden. — Se acha que irei te levar no colo, você está muit...A…Astrid? 

Aiyden levantou a cabeça e viu, a menina que Jase chamava Astrid. 

— Oh! Você acordou!!  

Muito lentamente, Aiyden revirou os olhos pretos, contendo qualquer uma das opções de palavras ou talvez ofensas que supões ter ouvido Jase pronunciar antes, se levantou, desvencilhando-se rapidamente da mão que estava sob seu ombro. O soldado foi mais para o lado, cerrando novamente as mãos em um punho, contendo-as ao máximo para não empurrar Jase.

Três opções. Aiyden tinha três opções e ainda assim acabou logo com o mais estranho e desconfortável. 

— Onde…onde está o Logan? 

Aiyden voltou a prestar atenção em Astrid e ela tinha os olhos nele. O soldado cogitou em desviar, não pelo habitual, não pelo mero facto de ser a desconfortável Astrid, mas porque o seu olhar lhe causou um arrepio na espinha. Era como olhar para um ciborgue. Era como olhar para alguém que estava prestes a matá-lo.

— Então o que devo fazer com ele? 

Os dois integrantes do grupo quinze se entreolharam e Aiyden viu o Jase medroso começando a vir à superfície. Ela não estava falando com eles. Tal como ele, Jase já havia percebido que algo estava errado. 

Voltaram a olhar para…Astrid. Ela permanecia no mesmo lugar, olhando-os, com um olhar que definitivamente a tornava uma estranha, porém não mais do que seu cabelo. Ela usava tranças. 

— Qual a probabilidade do cabelo dela ter crescido…sabe… — Jase fez movimentos aleatórios com as mãos, procurando pela palavra certa — do nada. Poderes, certo? 

Seus olhos se encontraram novamente e Aiyden parecia de alguma forma perplexo com a conclusão que ele havia chegado.

— Tem o símbolo do centro. Ele também pertence ao centro. Aahh. Entendi. Manterei isso em mente.

A voz era a mesma, mais baixa e sem emoção, porém ainda era a mesma. Era voz de Astrid. 

Astrid não tem poder de fazer cabelo crescer…Tem? Aiyden não pode evitar, deixar a conclusão de Jase interferir em seus pensamentos, afinal se não for isso então…Quem é ela? Cabelo não cresce em segundos. 

Jase empurrou Aiyden um pouco para frente e ele o encarou confuso. 

— Fala com ela. 

Se posicionou atrás de Aiyden, com a cabeça baixa, pois era mais alto e só assim poderia fugir do par de olhos azuis, que poderiam facilmente lembrar os olhos de um morto. 

— Quê? — a voz de Aiyden saiu baixa, incrédula e provavelmente não expressando qualquer que fosse o sentimento que crescia dentro de si, desde o momento que abriu os olhos, na companhia de Astrid e Jase que diferente de Logan, não conseguiam simplesmente não…Os olhos de Aiyden piscaram e ele tentou focar em Astrid…Sinistra…ou quem quer que fosse e tentou esquecer Jase que havia simplesmente o empurrado para frente e o usado como um escudo humano. 

Eu…odeio esse…

— Entendido. Irei cuidar disso rapidamente. 

A menina endireitou os óculos. Sacou uma arma do coldre. Puxou o gatilho e o som mais alto que chegou aos ouvidos de Aiyden foi de algo caindo. Parecia o som de um corpo. 

Astrid…havia atirado em um soldado de Turmalina. Tão rápido que mesmo que tivesse apontado para eles, não teriam sequer chances de desviar. 

Desvia!

A mente de Aiyden alertou, mas foi tarde demais. Ela já havia o alcançado e chutado seu estômago com uma joelhada e era como se tivesse sido chutado com ferro. A boca se abriu produzindo um som que irritou seus ouvidos. As mãos dela que seguravam seu casaco se moveram rapidamente e com o auxílio da perna o jogaram para a parede. 

Envolvendo a mão na barriga, Aiyden tentou respirar. Tentou procurar por uma posição adequada e mais que tudo tentou ficar acordado. 

Astrid…má, voltou sua atenção para Jase que recuou. Aiyden quis gritar “não é ela”. ”Não é a Astrid”, mas Jase já sabia. Existiam dois Levi. Duas Chloe, um Zayn que tinha o mesmo rosto que o seu então…porque não poderia haver duas Astrid? Jase já deveria ter notado, mas por alguma razão ele apenas ficou na defensiva enquanto era atacado, até que sua defesa fraquejou e com a perna que parecia feita de chumbo ela o chutou para longe. 

Era vez de Aiyden, de novo.

— Que…quem é você? 

Astrid má, o encarou de cima. Os olhos de Aiyden mudaram para turqueza, mas ela continuou o encarando como se fosse mais forte que ele, como se pudesse matá-lo se quisesse e…Ela continuou parada, mesmo que Aiyden a ordenasse se mover. Ele mandou que recua-se no entanto para sua miséria ela avançou e parou a poucos passos do seu rosto. Se abaixou e pousou os braços nos joelhos.

— Ainda consegue andar certo? Será ruim se não conseguirem. Ou até morrerem aqui. Principalmente ele. — Seus olhos vagaram brevemente em Jase que ainda estava no chão. — Ele disse que ela pode me matar se aquele garoto morrer por minha causa. 

Ela não parecia realmente sentida, Aiyden constatou. Ela não parecia realmente se importar em morrer. Seus olhos simplesmente não se alinhavam com sua fala. 

— Então por que nos atacou? 

Aiyden tateou o chão, depois a parede, à procura de um meio para se colocar em pé. 

— Horas, não foi um motivo realmente pessoal. Apenas vos conheço porque alguém falou sobre vocês para mim. São relevantes para outra pessoa, mas não para mim, então não tenho realmente algo contra vocês. — Se levantou e pegou quatro bolinhas da bolsa que estava em sua perna direita. — Eu apenas…queria deixar claro que sou mais forte que a outra. 

Aiyden sentiu medo. Talvez por ele mesmo, ou talvez por Astrid.

— Sabe…

Jogou as quatro bolinhas de uma vez no chão. Elas rolaram pelo corredor, e param quando chegaram ao fim dele, no ponto onde se abriam novos corredores, os quais vários soldados Turmalianos atravessaram até chegarem naquele ponto, naquela encruzilhada onde Aiyden pensou ter sentido o cheiro de perigo. 

— Eu realmente odeio…— Aiyden devia focar os olhos nos soldados que vinham, entretanto passou a olhar para ela…a Astrid má. — Quando me confundem com ela. Eu realmente odeio isso. 

Uma explosão fez Aiyden por fim perceber o que eram as bolinhas. Quando a poeira baixou, já não havia nenhum Turmaliano, vivo. 

Usando a parede como apoio, Aiyden tentou ficar em pé, mas tão logo ficou de joelho, foi puxado pelos colarinhos e arrastado para perto do buraco que havia se formado após a explosão. 

 Merda! Aiyden se lembrou de Jase e tão logo cogitou em se debater, ela o jogou para dentro buraco.

O corpo flutuou por meros segundos até ir contra o chão. Aiyden arqueou as costas, sentindo-as arder e conteve um grito enquanto procurava se recompor.

— Espere um pouco! Vou ajudar o Jase a descer. 

— Ahhm!? 

Os olhos de Aiyden se arregalaram quando viram o corpo de Jase, caindo. O soldado rolou rapidamente para o lado e Jase caiu, gritando segundos depois da queda. 

— Era para o segurares. E se tivesse quebrado um osso?

Aiyden sentiu vontade de matá-la e Jase que parecia ter voltado a vida com a queda apenas soltava xingamentos que para infelicidade de Aiyden só ele poderia ouvi-los. 

— Faça ele sair vivo daqui ou vai sobrar para mim — disse a menina, de cima, os encarando com os mesmos olhos, sem emoção. Ela estava sentada com as pernas cruzadas e carregando uma arma. 

Ela vai atirar em nós? 

— Vai chegar mais soldados. Então… — ficou em pé e guardou a arma. — Vão embora. 

Agitando uma mão em algo que pareceu ser um adeus, foi embora e Jase parou de resmungar. 

 



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