Em Outro Universo Angolana

Autor(a): Tayuri


Volume 1

Capítulo 11: O Soldado Do Grupo 0

Perdemos. Outra vez.

Não havia sido Elis, tal como ela disse, Astrid já não estava exclusivamente em suas mãos. Roy Mildred foi quem a atendeu e a expulsou da ala médica com um simples: vá para o castigo.

Astrid não fazia a mínima ideia para onde ir, e sinceramente ela realmente não queria ir, para onde quer que fosse o castigo, porém dois guardas a forçaram a uma caminhada até o lugar onde decorreria o castigo.

Os guardas a empurraram para dentro da sala de corridas e com um olhar quase assassino, eles conseguiram fazê-la se juntar ao grupo que se encontrava reunido na pista de obstáculos. Da forma mais discreta que conseguiu, olhou para o rosto de cada um, no entanto não encontrou nenhum conhecido, ao menos nenhum que poderia chamar pelo nome.

Será que foram para a dimensão das punições?

Astrid levantou a mão e tentou alcançar o ombro da menina com olhos de dragão, no entanto ela se afastou, sua mão agarrou o ar. Um dos ajudantes deu mais algumas instruções e a corrida começou.

Astrid correu. Passou pelos obstáculos e mais uma vez acabou desabando no chão, após atravessar a linha azul, atrás de todos os outros soldados.

Por breves momentos pensou que poderia enfim ter um descanso, tirar um cochilo na ala médica, mas seu corpo não desligou, as sombras não a engoliram, pois os curandeiros não o permitiram. Dois curandeiros trataram de seus ferimentos e em uma questão de minutos a colocaram de pé e uma ajudante a acompanhou até a linha de partida.

— Tenho realmente de fazer isso de novo?

— Sim! São duas voltas. Agora vá. — Apitou bem perto de seu ouvido e muito lentamente, Astrid saiu correndo.

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Que merda de cura é essa? Com os ombros para baixo e a cabeça voltada para o chão, Astrid seguia atrás de quatro soldados, os quais a pediram para segui-los após tentar sair da ala dos treinos, pois segundo eles, para além da corrida a dobrar ainda havia outro castigo. Eles prosseguiram caminhando, adentraram a uma sala e a luz pareceu diminuir, o corpo de Astrid parou e sua cabeça se moveu para cima e então olhou ao seu arredor.

— Essa é a segunda parte do castigo, a luta na arena. — Informou um de seus guias e assim os quatro se dispersaram.

— Luta?

Sem saber realmente para onde ir, Astrid perambulou pela sala e mais uma vez não viu nenhum integrante do grupo quinze.

Eles foram realmente para lá? Encostou-se a parede e sem poder se conter, deslizou as costas por ela e caiu sentada no chão ao passo que dentro de uma caixa de vidro, bastante espaçosa, o qual se encontrava no centro da sala, uma menina foi jogada no chão com tanta força que não foi necessário, olhar duas vezes para saber que ela havia perdido a consciência.

Eu vou entrar aí? Astrid quis rir, mas se conteve, comprimindo os lábios.

Dentro da arena de vidro, a menina que ainda se encontrava em pé, foi ao chão, após ser anunciado sua vitória e assim, tanto a vencedora como a perdedora foram retiradas da arena coberta de neve.

Isso é loucura.

Astrid, baixou a cabeça, abraçou suas pernas e tentou esquecer de onde estava, tentou se teletransportar para qualquer outro lugar, pediu, pediu e implorou até que uma voz a puxou de volta para a realidade.

— Astrid. É a sua vez. — Completou quando os olhos de Astrid encontram os seus. Ela não disse nada, olhou para baixo e uma mão alcançou seu ombro.

Muito rapidamente, Astrid se arrastou para longe. Tocou em seus braços, olhou ao redor e ficou encarando suas mãos com expectativa, porém nada mudou.

— Calma, não irei te transformar. — Tinha as mãos no ar, quando Astrid decidiu encará-lo. — É a sua vez. — Apontou para tela, onde era apresentado a imagem de Astrid, seu nome e o número do grupo. Por baixo vinha as informações de sua adversária, que com uma leitura rápida descobriu se chamar Keva Rudson.

— Certo!! — sussurrou. Levantou-se, cambaleou um pouco e seguiu a passos firmes até estar junto de dois ajudantes e ao lado de sua adversária adentrou a arena.

Posicionaram-se de cada lado e a neve que antes cobria o chão da arena já havia sumido, dando lugar a um chão de terra batida.

Ela com certeza irá me espancar. Engoliu em seco ao se lembrar de como havia deixado Keva Rudson cair, ou melhor de como não havia sequer tentado estender a mão para ela. Ela puxou meu tornozelo primeiro, eu que devo estar com raiva, eu que devo querer espancá-la.

Cerrou os punhos e tentou imitar a posição que julgava ser a certa para o início de uma luta. Keva por sua vez, se mantinha perfeitamente ereta, os braços cruzados, os olhos intimidantes parecendo alguma valentona que Astrid, esbarrou em algum momento de sua vida escolar. Eh ela aprecia exatamente como uma valentona aos olhos de Astrid, uma valentona que estava com muita raiva.

Talvez...eu deveria...ter segurado a mão dela...

Dentro da arena uma voz soou anunciando o início da partida e antes que Astrid pudesse piscar, Keva atacou. Disparou em tamanha velocidade que Astrid só percebeu que ela havia se movido quando Keva já estava bem ao seu lado, com o punho encostado à parede de vidro.

Os olhos azuis de Astrid, saíram lentamente de surpresos para horrorizados quando percebeu que, Keva Rudson havia quebrado um ou talvez mais alguns ossos de sua mão.

Seu rosto antes contorcido em uma careta de dor, voltou ao normal. Sem nenhuma lágrima ou grito. Seus olhos azuis encontraram os de Astrid e eles ainda eram intimidantes.

O punho de Keva escorregou e o corpo de Astrid começou a se afastar. Em uma velocidade normal, sua oponente correu em sua direção, entretanto sua mão boa socou o nada. Astrid estava atrás de si e sem mais a sorte ao seu lado, recebeu um chute. Seu corpo foi puxado para trás, parando bem próximo a parede.

Com o braço ferido pendendo para o lado, Keva tornou a correr e Astrid sumiu novamente, indo para o outro lado da arena.

Sentada, Astrid procurou ar e levou a mão ao coração, o qual batia descontroladamente. Com o punho bateu nele, como se isso o fizesse desacelerar e então um instinto que nunca havia dado as caras, pareceu se ativar e alertar a todo seu sistema que algo vinha em sua direção. Com ajuda da parede , colocou-se em pé. Olhou para sua adversária que parecia preparada para arrancar sua cabeça fora.

Não consigo sumir quando quero. Ela é super mega-veloz, então com certeza mesmo que fuja ela irá me pegar, então...o que faço? Ela...

Muito rápido, em uma velocidade quase absurda, Keva Rudson correu e então bum. Algo havia se chocado contra parede sendo logo seguido por outro som, o qual era do corpo de Keva indo contra o chão de terra.

— Ke-Keva? — Astrid chamou, quando finalmente teve coragem para encarar sua adversária. Ela não se mexeu, no entanto seus olhos também não estavam fechados, os azuis de um tom mais claro do que os de Astrid encaravam o teto, completamente imóveis, em uma posição que definitivamente não era agradável de se ver. — Kev...ajuda!! A Keva...alguém...

Ninguém se moveu, ao menos não para ajudar. Os olhos de Astrid correram por todos, mas nenhum deles parecia encará-las. Então Astrid fez gestos, tentando mostrar que precisavam de ajuda, que Keva precisava de ajuda, mas ninguém desviou seus olhos para elas, então Astrid seguiu para onde a maior parte dos soldados olhava. Na mesma tela onde eram apresentados os participantes da luta, uma contagem decrescente decorria.

— AJUDA!! — gritou após desviar os olhos da tela. — Alguém... — Olhou para Keva. — Por favor... — Tornou a encarar os que estavam fora da arena de vidro e seus olhos se fixaram em um par de olhos vermelhos. Seu rosto era familiar, mesmo que o nome fosse completamente desconhecido.

Ele permaneceu olhando Astrid, que não conseguiu parar de encará-lo enquanto ele movia a cabeça em claro sinal de negação.

Por fim, Astrid olhou para baixo. Os olhos de Keva se fecharam, deixando para trás uma rasa lágrima.

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Pela primeira vez desde que chegou havia sido rápida, sua passagem à ala médica. Em menos de quinze minutos, Ava, uma das curandeiras; fez algumas questões, se certificou se não havia quebrado nada e por fim foi lhe dado uma dispensa. Astrid se retirou da ala médica.

Suas passadas eram lentas, enquanto atravessava o corredor, enquanto tentava não pensar em Keva que fora levada para uma sala que ficava na ala médica, enquanto tentava não pensar o que a esperava atrás da porta da cela do grupo quinze.

As botas se alinharam, de frente a porta. Com as mãos na barra da camiseta, Astrid aguardou, os olhos presos no grande número quinze que decorava a porta de metal e então minutos mais tarde, respirou fundo, se aproximou da porta e adentrou a sala.

A conversa parou tão logo a porta se fechou atrás de Astrid. Sobre o que falavam? Ela com certeza não tinha a menor ideia, entretanto tinha a plena noção que se eles haviam se calado é porque a possibilidade de ser sobre ela, era muito mais alta do que as chances de ela sobreviver para celebrar o seu próximo aniversário.

O estômago revirou ao passo que seus pés emitiam um barulho incômodo ao seus ouvidos. Não olha para eles. Implorou e felizmente para si seu corpo não a traiu.

Marchou até o meio da sala,  olhou para porta das celas das meninas e lamentou-se profundamente quando percebeu que ainda estava fechada.

Merda! Merda! Repetiu enquanto manobrava, indo em direção a um dos cantos o qual ficava bem longe da pequena roda formada por seus companheiros. Sem encarar qualquer um deles, Astrid chegou ao local, sentou-se no chão e prendeu os olhos em qualquer coisa que não estivesse perto dos integrantes do seu grupo.

Sinto muito, eu... Tentou ensaiar, porém as próximas palavras simplesmente não vinham. Por ter falhado? Por ser uma inútil? Por não ter sido espancada? Por estar aqui? Qual delas eu deveria dizer? Qual farás eles me odiarem menos? Qual me fará parecer sincera?

Astrid mordeu os lábios inferiores. Olhou para baixo, mas precisamente para o seu pulso que era decorado por um bracelete, o qual definitivamente não era o seu... ou o de sua mãe. Mas ele parecia, parecia-se muito com o de sua mãe, como se fosse apenas outra versão, um novo modelo.

Não creio que o pessoal do centro tenha comprado isso em uma joalheria. Muito lentamente tentou tirá-lo. Não creio que meu pai ou talvez minha mãe, o tenha comprado aqui. Sem sucesso aumentou a força e então parou quando uma mão repousou sobre a sua e ela estava gelada, muito gelada.

— Não faça isso, se o sistema perceber que está tentando o remover, irá revidar. — O frio foi embora quando Aiyslnn recolheu sua mão.

— Como? — Astrid não sabia se aquilo era o certo a se dizer, ou até se sequer deveria estar dizendo algo, afinal ela ainda era aquela que deveria manter a cabeça baixa, enquanto os outros deveriam julgá-la, pois eles estavam nessa posição, eles eram os que estavam certos.

— Choque. O bracelete irá liberar raios que te darão choque até perceberes que não é uma boa ideia tentar removê-lo.

Astrid não disse nada, olhou para o bracelete e depois assentiu.

— ...Sei que é meio idiota perguntar isso, mas... você... está bem? — O corpo de Astrid congelou por alguns instantes e então seus olhos encontraram os de Aiyslnn. — A luta foi muito dificil?

Aiyslnn, ela é... não é Aiyslnn.

— Ganhei. — Saiu e segundo mais tarde Astrid se arrependeu de tê-la proferido.

— Uou, estou impressionada. — Aiyslnn sorria, e ele não parecia essencialmente feliz, apenas um sorriso que poderia ser usado para confortar alguém, mesmo quando suas palavras não fossem realmente motivo de felicidade. — Ah!! Desculpa, é que eu realmente não achei que você conseguisse vencer... sabe por...

— Eu sei. Também fiquei impressionada, mas... a luta... eu realmente não... — parou, olhou atentamente para o sorriso de Aiyslnn, para seus olhos que pareciam sinceros e por fim olhou paras as pequenas manchas azuis que cobriam seu rosto e pescoço. — Sinto muito. — Foi rápido, tão rápido que Aiyslnn pareceu não processar suas palavras. — Sinto muito — repetiu Astrid, lentamente e baixo.

— Por não termos ganhado?

— Sim. — Aiyslnn sorriu.

— Aquela corrida... — coçou a cabeça e os cachos branco capturaram a atenção de Astrid. — Não é feita por apenas uma pessoa, mas sim por uma equipa, então se perdemos não será por que uma única pessoa falhou, mas sim porque todos nós fracassamos. Ao menos aqui, em um lugar como esse, ninguém deveria assumir a culpa por falhar, você não deveria assumir a culpa. E com você ou sem você  provavelmente o resultado teria sido o mesmo.

— Provavelmente... Ou seja, havia uma grande probabilidade de não ser.

— Chloe... — Aiyslnn tentou, mas foi interrompida.

— Não é sua culpa. Teríamos perdido na mesma.  Pare!. Parem de lhe dizer isso. — Olhou para todos. — Foi sua culpa. O resultado não teria sido o mesmo. Não falhe. Dê mais de si. Isso... é o que ela deveria ouvir.

— Ela não tem culpa, porque deveríamos atirar a culpa para cima dela quando o único erro que ela cometeu foi ter acabado nesse inferno. — A voz de Jase ecoou pela sala. — Pare você de jogar suas frustrações em quem não merece.

— Não merece? — Jogou o cabelo para trás e prontamente os fios ruivos voltaram para cobrir sua testa. — Antes dela chegar, nós pegávamos o primeiro lugar, ou o segundo e agora, nem no terceiro chegamos e você acha mesmo que ela não tem culpa?!! Acha que o facto de sermos desclassificados e irmos para a dimensão das punições não tem nada haver com ela?! — Sua mão empurrou novamente o cabelo para trás. — Ela foi apanhada, oh... que pena, sinto muito. Ela é fraca... eu entendo, a culpa não é dela, afinal todos nós também o éramos quando entramos neste lugar. Mas... — sua voz antes baixa se elevou um pouco. — Porque? Porque ela simplesmente não ouve? Porque ela simplesmente não entende que agora é uma soldada desse lugar? Porque ela simplesmente não se esforça mais, Porque...

— Ela está. Seu corpo está tentando o máximo que pode aguentar.

Atrás de Jase, Lucky apoiava suas costas nas dele e os olhos encaravam a parede.

— Lucky, está certa.

— E Chloe também — disse Edward e então encarou Jase, o qual o encarava como se pedisse por uma explicação.

— Está do lado dela? — questionou Jase.

— Está do meu lado? — insistiu Chloe.

— Astrid!! — A voz de Edward reverberou pela sala, alta o suficiente para alcançar os ouvidos de Astrid, que não olhou para ele ou sequer se moveu. — Astrid. — Chamou novamente e por fim ela levantou a cabeça e o encarou. — Você foi a culpada de termos sido desclassificados antes, foi sua culpa termos ido na dimensão das punições duas vezes.

As mãos de Astrid se fecharam em um punho, foram para o chão e depois se esconderam em seu colo.

— A perda de hoje, não foi sua culpa. Você fez bem, mas precisa ser mais rápido pela próxima vez, mas... definitivamente não foi sua culpa. Foi minha e depois... de todos nós.

— Então isso é um não? — perguntou Chloe. Edward por fim a encarou.

— Aiys... está bem e Logan não matou ninguém, então tenha um pouco de calma com ela e pare de tentar vê-la como inimiga, esqueça o fato de que ela conseguiu o que todos nós fracassamos e olhe para ela pelo que ela é... apenas uma de nós.

Não havia frieza ou raiva nos olhos de Chloe, enquanto encarava Edward, que como se achasse que sua mensagem foi captada, desviou o olhar para Astrid.

— Sei que  ainda deve estar muito confusa com tudo isso, mas você precisa ouvir, precisa nos ouvir. — Coçou o pescoço, passando as unhas por uma cicatriz que começava por baixo de sua orelha direita, percorria o seu pescoço até se perder em algum lugar por baixo de sua camiseta. — Esse lugar...nesse lugar não há mais ninguém que compreende a dor e o desespero que passamos para além de nós mesmos, acredita nós sabemos quanta dor está sentindo, o quanto quer fechar os olhos e acordar em qualquer outro lugar, o quanto está tão sufocada que até uma sala como essa parece pequena e claustrofóbica. Nós sabemos.

Um sorriso surgiu em seus lábios e por um momento ele pareceu distante.

— Nós... Não somos inimigos, pode não nos considerar amigos ou família, mas não nos coloque na categoria de inimigos.

— Eu sei. Sinto muito. Eu realmente não sabia que iriam para aquele lugar. — Astrid voltou a encarar seu novo bracelete e sentiu saudades daquele que pertenceu a sua mãe. — Sequer sabia que aquele lugar existia. — Seu tom se tornou mais baixo. — Eu só... sinto muito... por..

As palavras de Astrid se evaporaram e seus olhos se perderam no homem que entrou na sala compartilhada. Edward se levantou e todos, incluindo Astrid, fizeram o mesmo.

Em silêncio, Astrid observou Ian Moore enquanto era empurrada por Aiyslnn para perto de seus companheiros que em algum momento que Astrid não acompanhou, haviam se posicionado em uma única linha de frente a Ian Moore.

Atrás de Ian, um homem empurrava um carrinho, o qual o deixou entre eles e o doutor. O homem posiciona-se logo de seguida atrás de Ian.

Astrid agora com a atenção nos objectos que preenchiam o carrinho, deu um passo para trás e ao tentar dar outro, uma mão pousou em suas costas e ela foi levemente empurrada para frente. Era Jase, que por alguma razão não a deixava se afastar daqueles objectos que definitivamente não deveriam estar tão próximos de adolescentes ou de qualquer um que não tivesse uma devida autorização para sequer respirar perto delas.

— Peguem uma.

Ninguém se moveu, exceto Astrid que tentou recuar, sendo logo impedida pelo braço de Jase.

— O que estão esperando? Venham pegá-las. As armas não ficaram disponíveis para vocês por muito tempo.

Edward avançou. Pegou uma das armas e segundos mais tarde todos excepto Astrid, tinham uma arma em mãos.

Porque estão nos dando armas?? E se elas tiverem balas? As do treino de hoje tinham balas, essas também devem ter. Eles vão nos matar, ou... talvez teremos que matar uns aos outros, como nos filmes de terror!?

Uma arma entrou no campo de visão de Astrid. Jase tinha uma arma estendida para ela a encarando como se quisesse que ela a segura-se. Não, ele queria realmente que ela a segurasse.

— Pegue.

— É uma arma — disse como se isso devesse significar algo grande, um motivo plausível para sua recusa.

Astrid olhou para Ian Moore. Fechou os olhos e abanou a cabeça em negação e quando os abriu, tornou a olhar para aquele que tinha o mesmo rosto que seu treinador.

— Eu sei, agora pegue. — Jase a colocou em suas mãos e só recolheu as suas quando achou que ela não a largaria. — Não deixe cair, segure firme. — Alertou e Astrid se viu assentindo.

— Não vou — sussurrou, mesmo que Jase já não a estivesse encarando.

Pela segunda vez não será difícil. Eu só preciso mantê-la em minhas mãos como antes.

Ian olhou para o homem atrás de si e sem ouvir qualquer palavra de Moore, ele saiu da sala. Ninguém disse nada e o homem retornou, com uma mulher, a qual era acompanhada por alguém, um garoto, um menino com o rosto familiar.

A arma pareceu pesada nas mãos de Astrid, um formigamento estranho, pareceu surgir em suas mãos, a incomodando terrivelmente.

— Nosso amigo aqui é bem tímido — falou Ian, quando Zayn parou ao seu lado. — Então eu, doutor... — Olhou para Astrid, que tinha os olhos cravados em Zayn. — Ian Moore, irei fazer as apresentações. — Seus olhos vaguearam por todos até que pararam em Chloe. — Nome, Chloe Walsh. 17 anos. Telepata, mas... apenas pode usar seus poderes se tocar em seu alvo, então... — Virou-se para o garoto ao seu lado. — Sugiro que tenha cuidado com abraços e apertos de mão. Prosseguindo, temos Logan Franklin. 14. Invisibilidade elemental e... um sentido de humor assustador — riu. — Aconselho a nunca lutar para valer com ele, ou ainda acabas em...um buraco. — Limpou a garganta. — Aiyslnn Wallace. Perigosa demais... — Foi tudo que proferiu antes de se voltar para Edward. — E este aqui é Edward Swooney. 17 anos. Cria campos de força e é o único que provavelmente não pensara realmente em te matar, ao menos não de coração.

Swooney. Elis... Elis tinha um irmão...Edward. Os olhos de Astrid se desviaram para Edward, que tinha os olhos em Ian. Astrid decidiu olhar para Jase que não tardou a encará-la de volta e sem precisar abrir a boca ele somente assentiu, como se soubesse a pergunta que martelava em sua cabeça.

Ed. Elis queria dizer Edward.

— Tem 16 anos, seu poder é de teletransporte, infelizmente é tudo que sabemos sobre ela por agora. — Ian falava para o seu destinatário que permanecia em silêncio. — Jase Attwod. Manipulação de eletricidade. Uma grande dor de cabeça, entretanto muito gentil quando não te considera um inimigo e por fim, Lucky Ward. 16. Transformismo corporal, ou seja, é perigosa.

— E ele... qual é o nome dele? — A pergunta veio de Chloe.

— Zayn — disse Astrid, sem poder se conter.

— Errado!! — Anunciou Ian. — O nome dele é Aiyden.

— Sobrenome? — perguntou Lucky.

— Não tem.

— Poder?

— Descubram por vocês mesmos.

— Então, isso é tudo? — A voz de Jase saiu em um tom quase incrédulo.

— Não.

— De onde ele veio? — A pergunta foi para Ian, porém os olhos de Chloe encaravam Aiyden.

— Zero. Ele está vindo do grupo zero.

Petrificaram. Os soldados petrificaram como se alguém os tivesse congelado, como se a mão de Aiyslnn tivesse tocado em cada um deles e realmente os congela-se.

— Grupo anterior? Em qual grupo ele foi designado quando chegou?

Ian olhou para Lucky antes de responder: — Zero. Desde o início ele sempre foi do grupo zero.

Monstro. Astrid ouviu a sua direita e então a esquerda, pequenos sussurros foram adentrando em seus ouvidos, sussurrados como se fossem um segredo.

— Tentem ser legais com ele. — Com as mãos nos bolsos do jaleco, Ian deu as costas, um dos homens pegou no carrinho e junto da mulher de fato preto, eles caminharam em direção a porta.

Sem sair do lugar, Aiyden olhou para trás e como se sentisse seu olhar, na porta Ian parou e o encarou de volta.

— Não me siga. Esse agora é seu novo lar. Sobreviva. — Atravessou a porta de metal e ela se fechou atrás de si.

Aiyden tornou a encará-los, seus olhos pretos vaguearam por todos até se fixarem nos azuis de Astrid, a qual segurou a arma com mais força quando finalmente se viu tendo os olhos da cópia de seu colega em si.

Ninguém se moveu, por longos segundos. O anúncio da hora de dormir chegou e somente Astrid foi atraída pela voz que surgiu e quando voltou a olhar para Aiyden, seus companheiros levantaram as armas um seguido do outro e as apontaram para a cópia de seu colega.

Ele atirou em mim... eu também deveria...deveria devolver o tiro.



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