Volume 1
Capítulo 3: Jardim dos Holofotes
O aroma do Aragorn recém-preparado pairava no ar, preenchendo a sala enquanto Abigail organizava os pratos sobre a mesa. Todos se acomodaram, e logo o som de risadas e conversas animadas começaram a ecoar pela casa. Jayden, sempre cheio de energia, foi o primeiro a pegar um pedaço generoso do prato principal.
— Esse é o melhor Aragorn que já comi! — exclamou ele, com a boca ainda cheia, provocando risadas ao redor.
— Papai, mastigue antes de falar! — Alessia o repreendeu com um sorriso divertido, enquanto todos riam da cena.
Enquanto isso, Luke e Brody disputavam um pedaço maior do pão dourado, puxando-o de um lado e de outro até que ele se partiu, espalhando migalhas pela mesa.
— Ei! Olha a bagunça, meninos! — Abigail ralhou, sacudindo a cabeça, mas incapaz de conter um sorriso ao vê-los tão à vontade.
Fynn, discreto como sempre, saboreava sua refeição em silêncio, observando a alegria ao seu redor com um leve sorriso contido nos lábios. Sentada ao lado dele, Selena fazia comentários ocasionais sobre como estava impressionada com o tempero de Abigail, enquanto Vovô Lam, animado, narrava histórias de sua juventude entre uma garfada e outra.
— E então, lá estava eu, enfrentando aquele dragão enorme, com apenas minha espada mágica e... — começou ele, gesticulando exageradamente.
— Lam, querido, já conhecemos essa história — interveio Vovó Sara com um olhar indulgente. — Mas, por favor, continue. Eles adoram ouvir as mesmas histórias de novo e de novo.
— Claro que adoramos! — Brody concordou com entusiasmo, já esperando o desfecho heroico.
A conversa continuou fluindo, cada gargalhada tornando o ambiente ainda mais acolhedor. Luke observava a cena, e um pensamento lhe ocorreu:
“É isso. Momentos como este são o que realmente importam.” Ele se permitiu relaxar, deixando as preocupações de lado por aquela noite.
Quando todos estavam satisfeitos, Abigail se levantou e, com um sorriso misterioso, estendeu as mãos. Uma luz dourada suave começou a emanar de seus dedos, moldando-se lentamente até se transformar em uma câmera mágica que flutuava no ar.
— Vamos tirar uma foto para registrar esta noite especial! — ela anunciou animadamente, enquanto ajustava a posição da câmera.
Todos se aproximaram, ocupando seus lugares ao redor da mesa. Lam insistiu em usar seu chapéu vermelho chamativo, enquanto Sara ajeitava seu cabelo branco curto, preocupada em parecer apresentável. Selena, por sua vez, ajeitou seus longos cabelos cor-de-rosa com orgulho, enquanto Fynn apenas deu um leve sorriso, tímido como sempre.
— Todos prontos? — Abigail perguntou, posicionando-se ao lado de Jayden. — Três, dois, um... Festejai!
A luz dourada brilhou, e a câmera capturou o momento, congelando-o para sempre em uma imagem mágica. A fotografia flutuou suavemente até o centro da mesa, revelando a cena perfeita: todos juntos, felizes, com sorrisos que transbordavam amor e união.
Luke pegou a foto nas mãos, admirando-a com atenção. Os olhos cintilavam com uma emoção que ele raramente demonstrava. Lentamente, ele passou a imagem para Alessia, que a segurou como se fosse um tesouro.
— Incrível... — Alessia murmurou, com um sorriso nos lábios.
— É mais do que incrível, querida — disse Vovó Sara, colocando uma mão gentil sobre o ombro da neta. — É amor. Isso é o que une esta família.
Todos se entreolharam, e um silêncio breve, mas significativo, tomou conta do ambiente. Era como se, naquele momento, todos estivessem cientes do quão preciosos eram uns para os outros.
Jayden quebrou o silêncio com uma risada.
— Bem, acho que estamos prontos para qualquer coisa agora. Essa é uma equipe invencível, não acham?
Fynn, normalmente quieto, ergueu um olhar tímido e murmurou:
— Unidos como sempre.
Luke olhou para seus irmãos, para seus avós, para os amigos reunidos, e sentiu um calor no peito. Ele sabia que, não importa o que o futuro reservasse, eles enfrentariam tudo juntos.
Após o jantar e da foto mágica, a noite continuou em um ritmo alegre e descontraído. Jayden pegou seu alaúde e começou a tocar uma música animada, e logo todos estavam dançando no centro da sala.
Vovô Lam, para a surpresa geral, fez um movimento de dança que arrancou gargalhadas de todos, enquanto Vovó Sara balançava os ombros com elegância, acompanhando o ritmo.
Luke e Brody desafiaram Fynn para um jogo de Shogi, mas o rapaz acabou se mostrando um estrategista surpreendente, vencendo com facilidade e zombando dos dois de forma amigável.
— Talvez vocês precisem de umas aulas comigo — provocou Fynn, enquanto Brody revirava os olhos e Luke ria, já planejando uma revanche.
Alessia, por sua vez, brincava com outras pequenas fadas que flutuavam pelo ambiente, iluminando a sala com seus brilhos delicados. Selena se juntou a ela, criando pequenas competições de adivinhação, enquanto Abigail servia sobremesas leves, arrancando suspiros de satisfação de todos.
A noite parecia interminável, repleta de risadas, brincadeiras e momentos sinceros de união. Mas, com o tempo, o cansaço começou a se fazer sentir. Alessia, com os olhos semicerrados, subiu no sofá, abraçando uma almofada com força, até que finalmente caiu no sono. Luke e Brody, apesar de tentarem disfarçar, começaram a bocejar quase ao mesmo tempo.
— Acho que é hora de recolhermos os pequenos — disse Abigail, com um sorriso maternal.
Os convidados começaram a se despedir com abraços calorosos. Selena e Fynn foram os primeiros a sair, desejando boa noite a todos.
— Foi uma noite maravilhosa. Obrigada por nos receberem — disse Selena.
— Concordo. Foi bom estar com vocês — acrescentou Fynn, tímido, mas sincero.
— Voltem sempre, vocês fazem parte da família — respondeu Jayden, dando um forte aperto de mão em Fynn.
As fadas, relutantes em deixar a festa, foram se despedindo, flutuando para fora da casa enquanto espalhavam seu brilho no ar. Lam e Sara permaneceram, sentados em cadeiras confortáveis, observando a cena com olhares de ternura.
Abigail pegou Alessia cuidadosamente nos braços, ajeitando-a para que dormisse confortavelmente.
— Boa noite, meu amor — sussurrou, beijando a testa da filha enquanto seguia em direção ao quarto.
Jayden se aproximou de Luke e Brody, que já estavam quase cochilando na cadeira.
— Vamos, rapazes. Hora de descansar — disse ele, pegando os dois, um em cada braço, com facilidade.
— Não precisava carregar a gente, pai… — murmurou Luke, sem forças para protestar.
— Claro que precisava. Estou treinando para ser o pai mais forte do mundo! — brincou Jayden, arrancando um riso fraco de Brody antes que ele finalmente se entregasse ao sono
O céu noturno estava pontilhado de estrelas cintilantes, cada uma parecendo um pequeno farol, lançando seu brilho sobre o mundo adormecido. A lua, alta e prateada, banhava a floresta em uma luz etérea, enquanto a brisa noturna balançava suavemente as folhas das árvores, criando uma melodia serena que parecia embalar a casa na floresta.
Abigail, com Alessia adormecida em seus braços, subiu os degraus rangentes em direção ao quarto da menina. O luar entrava pelas janelas, traçando padrões suaves no chão de madeira. Ao chegar, ela abriu a porta com cuidado, o quarto de Alessia decorado com delicadeza, adornado com pequenas flores secas e desenhos feitos pela própria menina.
Abigail colocou Alessia na cama, ajeitando as cobertas ao seu redor com carinho. Sentou-se ao lado, enquanto a luz da lua dançava em seu rosto, e começou a contar uma história em um tom suave e reconfortante.
— Sabe, Alessia, quando eu era criança, minha mãe costumava me contar sobre o Jardim dos Holofotes. É um lugar mágico, cheio de flores que brilham como estrelas durante o dia. Dizem que esse brilho vem do NI puro que emana da terra, tornando o jardim tão radiante que parece estar sob holofotes naturais.
Os olhos sonolentos de Alessia se abriram levemente, fascinados pela história.
— Será que um dia vamos lá, mamãe? — perguntou a menina, a voz quase um sussurro.
Abigail sorriu, alisando os cabelos da filha.
— Quem sabe? Talvez em uma de nossas aventuras. Agora durma, minha pequena. Quem sabe você não visita o Jardim em seus sonhos?
Com isso, Alessia fechou os olhos novamente, um sorriso tênue nos lábios, mergulhando em sonhos repletos de flores luminosas e magia.
Enquanto isso, Jayden guiava Luke e Brody até seus quartos. O corredor escuro era iluminado apenas pela luz tênue da lua que passava pelas frestas das janelas, e o ranger da madeira sob seus pés parecia ecoar na casa silenciosa. O aroma fresco da floresta noturna invadia o ambiente, misturado com o leve cheiro de comida que ainda pairava no ar.
— Vocês dois pareciam bem cansados lá embaixo. Muito jogo e dança, hein? — comentou Jayden, abrindo a porta do quarto deles.
— Só um pouco… — respondeu Luke, bocejando.
— Aquele jogo com o Fynn foi cansativo mesmo… — murmurou Brody, ao se deitar na cama e se enfiar nas cobertas.
Jayden riu, aproximando-se para ajeitar o cobertor de Luke.
— Vocês fizeram um ótimo trabalho hoje. Família é sobre isso, sabem? Esses momentos juntos, essas risadas… é isso que torna a vida especial.
Luke olhou para ele com os olhos semicerrados, já lutando contra o sono.
— Pai, você pode contar uma história pra gente antes de dormir?
Jayden parou por um momento, observando os dois filhos aconchegados em suas camas, com Brody já quase roncando. Um sorriso paternal se formou em seus lábios.
— Uma história, hein? — disse ele, puxando uma cadeira e sentando-se ao lado das camas. — Bem, acho que sei exatamente o que contar. Que tal uma lenda antiga? Algo que todos conhecem, mas poucos sabem se é verdade ou não.
Luke assentiu, os olhos brilhando por um instante antes de se fecharem novamente, enquanto ele se aninhava nas cobertas.
Jayden puxou a cadeira devagar, o som sutil do arrastar da madeira ecoando pelo quarto silencioso. Ele se sentou ao lado das camas, cruzou os braços e encarou Luke e Brody com um sorriso enigmático. Sua voz soou grave e cativante, como se estivesse prestes a revelar um segredo guardado há eras:
— Vocês estão prontos?
O silêncio respondeu primeiro, preenchido apenas pelo som da brisa noturna lá fora. Luke piscou lentamente, enquanto Brody, mesmo quase dormindo, murmurou algo parecido com um "sim".
Jayden sorriu novamente, um brilho misterioso em seus olhos, antes de dizer:
— Então, prestem atenção. Essa é a história dos tempos ancestrais...