Volume 1
Capítulo 12: Até a Maior das Estrelas se Apaga
O monstro avançou em um borrão veloz, suas garras rasgando o ar antes de cravar-se nas paredes rochosas da esfera, espalhando faíscas pelo impacto.
Abigail e Fynn mal conseguiam acompanhar seus movimentos. Sempre que antecipavam um ataque, a fera flamejante golpeava de outra posição.
— Ele está acostumado ao escuro — Abigail murmurou, os olhos analisando os movimentos quase invisíveis da criatura. — E ao terreno. Além disso, meu brilho está dando a ele uma vantagem.
Fynn girou a espada, o suor escorrendo pela têmpora. — Então precisamos agir rápido.
O monstro investiu novamente, desta vez vindo de cima. Abigail desviou por pouco, enquanto Fynn ergueu a lâmina no último instante, bloqueando as garras da criatura com um impacto estrondoso. A pressão foi tamanha que ele deslizou alguns metros para trás, seus pés se cravando no chão.
— Droga, esse bicho é forte! — ele rosnou.
A criatura não deu trégua. Girou no ar e atacou de novo, seus movimentos em uma velocidade anormal. Abigail e Fynn se defendiam como podiam, mas a cada segundo, novos cortes surgiam em seus corpos. O cheiro de ferro e ozônio impregnavam no ar.
Num rompante, Abigail parou abruptamente. Seus olhos brilharam.
— Achei você!
Ela girou sobre o próprio eixo e desferiu um soco brutal no vazio. O impacto reverberou pelo espaço como um trovão abafado, e a criatura emergiu da escuridão, atirada para trás como se tivesse sido atingida por um aríete invisível.
Fynn piscou, incrédulo. — Como diabos você viu ele?!
Abigail estalou os dedos e sorriu. — Magia de rastreamento terrestre. Ela permite ver e acompanhar movimentos futuros pelo eco na terra.
Fynn a encarou com indignação. — Você devia ter usado isso antes!
— Ah, desculpa, tava me divertindo!
O monstro, furioso, rugiu. Seu corpo começou a emitir um brilho pulsante, sua silhueta distorcendo-se como se estivesse em agonia. De repente, ele começou a crescer, sua forma expandindo enquanto relâmpagos dançavam ao seu redor.
— Isso não parece bom... — Fynn murmurou, apertando o punho da adaga.
Em um movimento devastadoramente rápido, o monstro disparou contra ele, e antes que pudesse reagir, sentiu um corte frio e cruel. Um instante depois, a dor veio como uma onda avassaladora. Ele olhou para o lado. Seu braço direito não estava mais lá.
O grito de Abigail rasgou o silêncio.
— Fynn!
Ele cambaleou para trás, pressionando o ombro onde o sangue jorrava, mas conseguiu soltar um sorriso forçado. — Ah, está tudo ótimo! — disse, sua voz levemente trêmula. — Foi só um arranhão.
— Cala a boca, você perdeu um braço!
— Eu disse que estou bem. Faça o que precisar sem se preocupar comigo.
Abigail hesitou por um segundo, mas depois cerrou os punhos. Seu olhar determinado brilhou na escuridão.
— Isso vai acabar comigo, mas é nossa única chance. Segure-o por dois minutos!
Fynn soltou uma risada curta e ergueu sua lâmina com o braço esquerdo. — Dois minutos? Fácil.
Ele investiu contra o monstro antes mesmo que Abigail pudesse reagir. O chão rachou sob seus pés enquanto ele disparava para frente como um raio, sua adaga envolta em correntes de ar cortantes. O monstro rugiu e atacou com suas garras eletrificadas, só que Fynn desviou com um giro ágil, sua espada deixando um rastro brilhante conforme passava rente ao peito da criatura.
Ela tentou esmagá-lo com seu peso gigantesco, mas Fynn usou uma explosão de vento para se impulsionar para trás no último instante, aterrissando sobre uma saliência rochosa. Ele respirou fundo, girou a espada e pulou de volta à batalha.
A cada segundo, Fynn se tornava mais ágil, seus ataques e esquivas se fundiam em uma dança mortal. Ele usava o próprio vento para se impulsionar, seus pés deslizando pelo ar enquanto sua lâmina golpeava com precisão cirúrgica. A criatura tentava agarrá-lo, mas Fynn sempre escapava no último instante, como uma folha levada pela brisa da floresta.
A besta ardente grunhiu, exasperada, e disparou uma onda de eletricidade destruidora. Fynn cruzou os braços, e ao invocar uma barreira de vento que absorveu parte do impacto, foi lançado para trás — rolando pelo chão.
Ele tossiu, cuspindo sangue, e se levantou de novo. O monstro avançou para finalizá-lo, mas ainda assim, Fynn ergueu sua espada, apontando-a diretamente para a fera.
— Ainda não acabou, feioso! — ele gritou, o vento rugindo ao seu redor.
Mais um minuto. Ele só precisava aguentar mais um minuto.
A criatura rugiu — sua aura elétrica pulsava com fúria. Os raios emanados cortavam o ar ao seu redor, queimando o solo, estalando como chicotes de energia viva. Seus olhos brilhavam como brasas, fixos em Fynn com puro ódio.
— Vamos lá... — Fynn murmurou para si mesmo, batendo em seus joelhos ao sentir seu corpo pesado. — Aguenta só mais um pouco.
O devorador de cinzas impulsionou-se, suas garras brilhando com eletricidade. Fynn se preparou, canalizando seu próprio poder. Com um giro rápido, ele invocou uma corrente de vento que envolveu sua lâmina, tornando-a um turbilhão cortante.
CRACK!
A primeira garra veio em sua direção. Fynn se esquivou por centímetros, sentindo o calor do raio passando rente à sua pele. Ele aproveitou a brecha e disparou contra o monstro, golpeando-o no flanco. A lâmina reforçada pelo vento cortou profundamente, mas o monstro nem vacilou.
Em resposta, a criatura ardente contra-atacou com uma patada monstruosa. Fynn ergueu a espada para bloquear, mas o impacto o lançou contra uma parede de pedra. O choque foi brutal. Seu corpo gritou em protesto, mas ele se forçou a levantar.
— Mais quarenta segundos.
— Você ainda tá de pé?! — Abigail gritou ao fundo, sua voz carregada de preocupação.
Fynn cuspiu um pouco de sangue e sorriu, ofegante. — Te disse... que era fácil...
O monstro não lhe deu tempo para respirar.
BOOM!
Outra explosão de eletricidade estourou ao redor dele. Fynn pulou para trás, mas um raio o pegou de raspão em seu peito, queimando parte de sua roupa e pele.
Ele rolou pelo chão, gemendo, mas seus olhos jamais deixaram o inimigo. — Preciso segurá-lo só mais um pouco. Mais vinte segundos.
Fynn inspirou fundo, concentrando sua energia. Ele sentiu o vento responder ao seu chamado, rodopiando ao seu redor em uma tempestade furiosa. Suas pernas ficaram mais leves, seus movimentos mais ágeis.
O monstro disparou em sua direção com velocidade absurda. Mas dessa vez, Fynn também era rápido.
Ele se lançou contra a criatura, sua lâmina zunindo pelo ar. Esquivou de um golpe, girou no ar e desceu a espada com toda a força, abrindo um corte na perna do monstro. A fera rugiu de dor, cambaleando.
— Dez segundos.
O monstro recuou apenas por um instante, mas foi o suficiente. Ele conseguiu.
— Abigail, AGORA! — Fynn gritou.
Abigail, que vinha conjurando sua técnica em segundo plano, finalmente abriu os olhos. Eles brilhavam com um tom intenso, um reflexo do poder devastador que havia acumulado.
Ela estendeu as mãos à frente, e o ar ao seu redor tremeu.
Unindo os quatro elementos, ela manipulou o ar e o fogo para criar um vácuo parcial, um espaço onde a própria realidade parecia ser desafiada.
Uma esfera negra brilhante se formou em suas mãos, pulsando de forma irregular, como um coração batendo. Mas ao invés de vida, emanava uma energia aterradora.
O espaço ao redor ficou distorcido — sendo devorado. Rochas foram puxadas em direção à esfera, desintegrando-se instantaneamente ao entrar em contato com ela. O vento rugia, como se toda a esfera estivesse gritando em desespero.
— Obrigada, Fynn! — Abigail gritou, sua voz reverberando. — Agora é comigo!
A energia da esfera cresceu ainda mais, irradiando uma luz sombria que contrastava com o brilho dourado que começava a envolver Abigail. O ar ficou pesado, carregado de eletricidade e magia bruta. Seus cabelos flutuavam, sua respiração acelerava, e então ela juntou as mãos, comprimindo a esfera até que se tornasse um núcleo pulsante de puro colapso elemental.
E então, sua voz ecoou em um encantamento supremo, carregado com a essência da fusão de todos os elementos:
— Forças primordiais que sustentam o mundo, entrelaçai-vos em um só fluxo! O equilíbrio agora se desfaz, e do caos nasce o abismo! Que tudo retorne ao nada!
Seus olhos brilharam em um tom profundo e, com um gesto final, ela bradou:
— FUSÃO: VAZIO INDEFINIDO!
Ela lançou a esfera com um movimento devastador, e assim que o projétil atingiu o monstro, o impacto foi instantâneo e absoluto.
A criatura mal teve tempo de reagir antes que seu corpo começasse a ser sugado. Primeiro, suas extremidades foram distorcidas — puxadas para outra dimensão. Seus rugidos se transformaram em gritos estrangulados, cada pedaço de sua existência sendo consumido pelo colapso gravitacional da magia de Abigail.
O monstro tentou resistir, fincando as garras no solo, mas até o próprio chão começou a ser sugado. Suas pernas foram absorvidas, depois seu torso, e por fim, seus olhos brilharam em puro terror antes de desaparecerem no vazio.
Mas a destruição não parou por aí.
A esfera continuou a crescer, puxando tudo ao redor com uma força implacável. O próprio ar era sugado, criando um vórtice que ameaçava devorar até mesmo Abigail e Fynn.
— ABIGAIL, TÁ ME PUXANDO TAMBÉM! — Fynn gritou, sentindo seu corpo sendo arrastado.
Ela cerrou os dentes, segurando-se enquanto o chão se despedaçava. Seus dedos tremiam, suas forças estavam no limite, mas ela ergueu a mão e desfez o vácuo com um último gesto.
O colapso cessou em um único instante, seguido de uma explosão massiva que lançou uma onda de choque por toda a caverna. A pressão foi tão intensa que rachaduras se espalharam pelas paredes, e o ar, antes comprimido, se expandiu em um estrondo avassalador.
Não restava mais nada.
As esferas foram destruídas. Tudo que restou foi um enorme vazio coberto por destroços.
O monstro deixou de existir, contudo, o custo foi alto.
Abigail caiu de joelhos, os olhos desfocados, o corpo inteiro exausto. Ela respirava pesadamente, drenada até o limite.
Fynn, mesmo sem um braço, forçou-se a ficar de pé e cambaleou até ela.
— Ei... — Ele se ajoelhou ao lado dela, cutucando-a de leve no ombro. — Você... está bem?
Ela soltou uma risada fraca. — Estou viva... então acho que sim.
Fynn riu, aliviado. — Ótimo. Porque se você tivesse morrido, eu ia ficar muito irritado.
Abigail revirou os olhos, mas não conseguiu conter um sorriso.
Eles haviam vencido — ou não.
O silêncio tomou conta do campo de batalha. Apenas o som das respirações pesadas de Abigail e Fynn preenchia o espaço, misturado ao eco distante do colapso do labirinto.
A poeira era densa como um véu de sombras, ocultando tudo ao redor. Abigail, caída ao chão, sentia cada fibra de seu corpo queimar de exaustão. Seus músculos tremiam, sua visão oscilava, e sua mente lutava para permanecer consciente.
“Agora só falta aquele…”
O pensamento atravessou sua mente como um último lampejo de sanidade. Ela forçou seus olhos a vasculharem os arredores, procurando qualquer sinal do monstro remanescente. Mas tudo que via era um mar de poeira cinzenta, densa como neblina.
— Eu vou eliminar a poeira! — disse Fynn, carregado pelo cansaço.
Fynn ergueu seu braço, e reuniu o que restava de sua magia. O vento rugiu de repente, dissipando a poeira em um turbilhão, revelando o campo de batalha devastado.
E então, eles viram.
A criatura não estava caída. Ela estava lá.
Uma sombra gigantesca e deformada se projetava contra a luz pálida do local, avançando lentamente. Mas o que fez o sangue de Abigail gelar não foi sua forma horrenda…
Foi para onde ele estava indo.
— Ele está lá! — Abigail gritou, apontando para frente.
O monstro avançava diretamente para as crianças.
Luke estava parado diante de Alessia, seus punhos cerrados, tremendo, mas sem recuar. Seus olhos estavam arregalados de medo, mas também de determinação. Brody abraçava Alessia, tentando protegê-la, enquanto ela, pequena demais para entender completamente, chorava em desespero.
O monstro ergueu seus tentáculos e atacou a barreira mágica que os protegia. O impacto ecoou como um trovão abafado. O escudo brilhou, tremendo com a força do golpe, mas segurou.
Fynn deu um passo à frente, tentando recuperar o fôlego.
— Não adianta. A barreira não vai ceder, não é, Abigail?
Abigail abriu a boca para responder, mas então algo mudou.
Os tentáculos do monstro se entrelaçaram, girando como uma broca viva, absorvendo uma energia sombria e sinistra.
Seu instinto gritou antes mesmo da razão compreender.
— Vai quebrar! — ela arfou, seu coração disparando.
E então ela se moveu.
Cada gota de energia que restava em seu corpo foi canalizada em um único movimento. Ela se lançou à frente em extrema velocidade, o vento assobiando em seus ouvidos, seu corpo ignorando a dor e a exaustão.
O monstro atacou.
O golpe giratório atingiu a barreira com força monstruosa. As rachaduras se espalharam pela cúpula mágica como vidro estilhaçando. Fragmentos brilhantes de energia começaram a se desfazer no ar.
O escudo desmoronou.
Antes que os tentáculos pudessem alcançar seus filhos, Abigail apareceu.
Com um grito feroz, ela conjurou um escudo de magia diante do golpe.
O impacto foi devastador.
O choque percorreu todo o seu corpo — uma onda esmagadora. As camadas de seu escudo se partiram uma a uma. Cada rachadura ressoava como um corte em sua alma.
— NNGHHH! — Abigail grunhiu, suas pernas quase cedendo.
Foi quando Fynn surgiu ao lado dela.
Sem hesitar, ele ergueu o braço e reforçou o escudo com sua magia de vento. Os ventos se entrelaçaram à barreira, formando uma parede de resistência bruta contra o avanço da criatura.
Mas o monstro não parou.
Ele forçou ainda mais sua investida, aumentando a velocidade do trado de tentáculos. O som era ensurdecedor, um rugido destrutivo que engolia todo o ambiente.
Ambos estavam no limite. Abigail sentia seu corpo falhar. Fynn mal conseguia se manter de pé. Mas eles não recuaram.
— AAAAAAAHHHHHHHH! — Eles gritaram, derramando cada gota de energia restante no escudo.
A barreira brilhou com um esplendor avassalador, pulsando como um sol prestes a explodir. O golpe do monstro hesitou.
A pressão do trado foi contida. As forças se igualaram. O chão tremia, o ar vibrava com a colisão de poderes. Eles estavam vencendo!
— É agora! — Abigail gritou, os olhos queimando com determinação.
— Mais um pouco… só mais um pouco…! — Fynn rugiu, suas pernas tremendo, mas seu espírito inabalável.
CRACK!
O som seco ecoou como um trovão.
O escudo se partiu.
Antes que pudessem reagir, o golpe os atravessou.
Os tentáculos perfuraram Fynn e o peito de Abigail ao mesmo tempo.
A luz se apagou.
O mundo ficou em silêncio.
O sangue jorrou no ar, misturado à magia que se despedaçava.
Os olhos de Abigail se arregalaram em choque. Sua mente ainda tentava processar, enquanto ela passava as mãos em seu peito ensanguentado. — Não... Não... NÃO!
Fynn, ao seu lado, cambaleou, sua boca se abrindo em um suspiro sufocado.
Luke gritou. Alessia chorou. Brody abraçou a irmã, sem conseguir olhar.
Abigail ergueu a mão. Precisava… precisava proteger seus filhos…
Com suas últimas forças, ela ergueu várias barreiras mágicas entre eles e o monstro. Por mais finas que fossem, cada uma atrasaria a criatura por um instante crucial. O monstro avançou, batendo contra a primeira barreira com seus tentáculos afiados. A magia brilhou intensamente antes de se estilhaçar como vidro.
A segunda barreira caiu logo em seguida.
Abigail, ignorando a ameaça iminente, concentrou-se em seus filhos. Ela precisava dizer o que estava em seu coração antes que o tempo se esgotasse.
Alessia caiu de joelhos diante dela, os olhos transbordando de desespero.
— Mamãe! Não... não...! — sua voz era um grito de dor, cortante como uma lâmina.
A terceira barreira se quebrou. O monstro rugiu, impaciente.
Abigail sorriu suavemente, apesar da dor que rasgava seu corpo. Seu olhar pousou nas pequenas flores espalhadas ao redor, e, com dedos trêmulos, ela pegou algumas, ajeitando-as delicadamente nos cabelos de Alessia.
— Pronto... agora está perfeita — sussurrou, sua voz fraca, mas carregada de carinho.
Em seguida, ela levou a mão ao rosto de Alessia, enxugando suas lágrimas com ternura — os dedos deslizando suavemente por sua pele. Seu olhar, carregado de amor e despedida, encontrou o da filha, e, com um sorriso fraco, sussurrou com a voz embargada:
— Alessia... minha pequena, minha luz, meu raio de sol... você sempre iluminou meus dias. Seus sorrisos me deram a certeza de que, até alguém irresponsável como eu, poderia ser uma boa mãe. — Abigail abraçou Alessia, apertando-a com carinho. — Então, obrigada, Alessia... você será eternamente minha flor mais preciosa. Eu te amo, filha!
Alessia segurou a mão da mãe com força, soluçando.
— Mamãe, por favor, fique conosco!
A quarta barreira cedeu. O impacto sacudiu o chão.
Abigail desviou o olhar para Luke. Seu filho mais velho estava imóvel, os punhos cerrados com força, tentando conter as lágrimas.
— Luke... — ela chamou, com um tom gentil, porém firme. — Eu sei que você quer ser forte por todos. Mas lembre-se, ser forte não significa carregar tudo sozinho. Cuide dos seus irmãos... mas permita que eles também cuidem de você.
Luke tremeu. As palavras pesaram sobre ele como uma montanha.
— Eu prometo...! — sua voz quebrou no final.
A quinta barreira quebrou. A criatura estava perto. Muito perto.
Os olhos de Abigail se voltaram para Brody. O menino permanecia quieto, os ombros rígidos, o rosto escondido atrás do cabelo desgrenhado. Ele tremia, mas não deixava que ninguém visse suas lágrimas.
Abigail estendeu a mão e segurou a dele, apertando-a levemente.
— Brody... está tudo bem chorar. Isso não te torna fraco. Isso te faz humano.
Brody finalmente ergueu o olhar. Seu rosto se contorceu em dor antes que ele desabasse sobre Abigail, abraçando-a com força.
— Eu te amo, mamãe! Eu aprendi tanto com você...!
— E eu sempre estarei com você... — Abigail sussurrou, envolvendo-o no abraço.
A última barreira estalou, rachaduras se espalhando como veias de luz antes de desmoronar.
Alessia, Luke e Brody sentiram o mundo ruir ao redor deles.
Mas Abigail não via mais o monstro.
Apenas os rostos de seus filhos.
Ela sorriu uma última vez.
“Eu amo tanto vocês… mas tanto… Será que no fim, eu realmente fui uma boa mãe?”
Seu corpo ficou pesado. Sua mão escorregou.
O silêncio tomou conta.
— Mamãe?
Nenhuma resposta.
Alessia gritou de dor. Luke caiu de joelhos, tremendo. Brody enterrou o rosto contra o peito da mãe, soluçando.
A poeira girava ao redor deles, como se o próprio mundo estivesse de luto.
A dor queimava dentro deles, transformando-se em algo feroz.
Algo que jamais poderia ser apagado.
Apoie a Novel Mania
Chega de anúncios irritantes, agora a Novel Mania será mantida exclusivamente pelos leitores, ou seja, sem anúncios ou assinaturas pagas. Para continuarmos online e sem interrupções, precisamos do seu apoio! Sua contribuição nos ajuda a manter a qualidade e incentivar a equipe a continuar trazendos mais conteúdos.
Novas traduções
Novels originais
Experiência sem anúncios