Volume 2
Capítulo 19: Sob as ordens do horror
Aliviada pela aproximação imediata da ajuda, de uma ambulância e uma viatura, Scarlet reergueu a cabeça e deixou seu corpo deslizar pela cerca até encontrar o gramado. “Agora o que nos resta é torcer” refletiu enquanto encarava a porta entreaberta da casa.
Os sons de sirenes ensurdecedoras rasgaram o silêncio, enfim chegara equipes de apoio.
Apressadamente os alarmes foram desativados e sons de quatro portas se abrindo chegaram até os ouvidos da amiga de Edward — a principal responsável por sua salvação.
— Procedimento padrão. Ninguém avança até confirmarmos a situação… Laura, faça minha cobertura. — ordenou uma voz calma, controlada, quase gentil demais para o cenário.
— Sim, agente Cooper! — respondeu Laura com prontidão militar, firme e quase mecânica, como se fosse parte da engrenagem da própria missão.
Passos pesados e apressados conduziram duas figuras até a pequena portinhola do cercado — instalada a alguns metros de distância de Scarlet. Como sempre, curiosa, o espírito inclinou-se levemente para frente, observando os recém-chegados com cautela silenciosa.
Sem hesitação, a oficial avançou primeiro. Um chute seco — impulsionado pelo peso da sua bota preta de combate — atingiu a portinhola, que cedeu com um estalo agudo e sofrido da madeira, ecoando pelo vazio da residência.
Apressada, à frente de seu chefe, Laura avançou para o interior do terreno. Tinha cerca de 1,65 de altura, mas sua postura compensava qualquer ausência física: coluna levemente inclinada à frente, ombros firmes, passos controlados. A forma como se movia transbordava confiança profissional.
Com um punho apoiado sobre o outro — a mão esquerda segurando uma lanterna e a direita uma Glock 22 — a oficial varria o ambiente com o foco de luz. Seus olhos percorriam cada canto sem piscar, como se recusassem a perder um único detalhe.
Prendia o cabelo castanho escuro em um coque baixo e perfeitamente ajustado, sem fios rebeldes. O rosto, sereno mas endurecido por experiência, exibia marcas sutis de expressão e pequenas manchas: sinais de desgaste de alguém que, provavelmente, já havia visto coisas demais antes dos trinta.
Seu uniforme era o padrão da força policial de Illuco: uma jaqueta espessa em tom azul escuro, um colete balístico ajustado por baixo, e calças do mesmo tecido pesado — tudo pensado mais para sobrevivência do que conforto.
Sobre cada ombro, dois símbolos se destacavam.
O primeiro: o emblema policial — um círculo de borda azul clara, uma estrela central dourada, e acima dela o nome “Illuco”. Nas laterais, duas pequenas asas também douradas completavam o brasão.
O segundo: a bandeira da cidade — fundo branco, um semicírculo azul na base representando uma colina, e, pousada sobre ela, uma coruja dourada, altiva e silenciosa.
Em passos cautelosos, a policial guiava o agente atrás de si, mantendo uma distância constante de quase 1 metro entre ambos.
O homem, até então conhecido apenas como Cooper, mantinha uma postura tranquila — como se confiasse por completo na proteção de sua parceira. Alto, com pouco mais de 1,85 metros, apresentava um porte nitidamente ectomorfo. O cabelo preto e ondulado caía de forma sutil para ambos os lados, bem arrumado apesar do leve desalinho natural da textura. O rosto, mais amadurecido — sugerindo algo acima dos 35 anos — carregava uma barba rala da mesma cor escura do cabelo.
Seu visual destoava do uniforme policial padrão: um sobretudo marrom ocultava parte de uma camisa social branca, acompanhada por uma calça formal escura. Nos pés, sapatos pretos impecavelmente polidos completavam o conjunto.
Na mão esquerda, carregava uma pistola brilhante — um modelo que Scarlet desconhecia, mas certamente distinto da Glock usada por Laura. Apesar de portar uma arma letal, Cooper não aparentava tensão: mantinha o braço relaxado e a arma inclinada para baixo, como se estivesse ali apenas cumprindo um procedimento rotineiro, não investigando uma cena possivelmente paranormal.
Intrigada com a presença de alguém tão diferente do padrão policial da cidade, Scarlet ergueu-se em um pulo.
Seu interesse apenas crescia conforme observava a dupla avançar com passos cada vez mais rápidos. Convencida de que continuava invisível aos olhos dos vivos, decidiu correr em direção à oficial — movida por uma curiosidade quase infantil, porém inquieta.
Em um lampejo, o vulto alcançou os dois visitantes, atravessou o corpo da policial como se fosse ar e parou diante da figura tranquila do homem. Ao observá-lo de perto, Scarlet sentiu sua expressão — antes animada desde o primeiro instante em que avistara Cooper — se modificar. O sorriso sutil no canto dos lábios e o brilho curioso em seus olhos deram lugar a uma leve tensão.
Havia algo nele que fugia do comum — isso já era evidente. Porém, o detalhe que capturou por completo sua atenção foi o distintivo preso ao bolso do sobretudo. A visão repentina do objeto fez seus pensamentos colidirem entre si, despertando uma pergunta inevitável.
Se seus olhos não a enganavam, Cooper pertencia à organização de inteligência do país. A dedução fez sua nuca arrepiar. Um sorriso desconfortável surgiu em seu rosto enquanto levava a mão até o queixo.
— O que alguém como você está fazendo aqui? — murmurou a amiga de Edward mantendo sua presença imperceptível.
Permaneceu imóvel, mesmo após o agente atravessar seu corpo. A curiosidade pulsava forte — quase insuportável — mas ainda assim ela se conteve. Havia prometido a si mesma respeitar o tempo de Edward.
E promessas, para Scarlet, valiam mais do que vidas.
Segura da ideia de que outras oportunidades viriam — afinal, investigar quando ninguém pode percebê-la era quase injusto de tão simples — deixou a análise de Cooper para depois. Desfez o gesto em seu rosto e girou o corpo, movendo-se na direção oposta aos dois policiais.
Precisava chegar à ambulância.
Precisava saber para onde levariam Edward.
E por mais que tentasse ignorar a sensação crescente em seu peito, algo lhe dizia que a presença daquele homem mudaria tudo.

Delicadamente, Laura inclinou o queixo em direção à porta de entrada, sinalizando que aguardava o apoio de seu superior. Cooper posicionou-se à esquerda, levantando a mão direita para iniciar a contagem silenciosa. Ao erguer o primeiro dedo, o foco da policial se intensificou — era evidente a sinergia entre ambos.
No terceiro sinal, o agente abriu a porta com firmeza, e Laura avançou sem hesitar para dentro do ambiente que Edward havia iluminado horas antes.
Seus olhos varriam o espaço em movimentos rápidos e precisos. Toda a destruição estava exposta: móveis quebrados, objetos espalhados como se um tornado houvesse passado por ali. Acostumada por cenários adversos, nenhum detalhe parecia abalar a estrutura firme da oficial.
Nada… até suas pupilas encontrarem aquelas marcas. As perfurações nas paredes, lacerações largas e profundas, congelaram sua espinha. Laura nunca vira ferramenta, arma ou animal capazes de provocar danos semelhantes.
O silêncio pesou.
Pressionada pela obrigação de relatar, tentou reunir a voz.
— Sen… senhor… — engoliu seco, a garganta apertada pela estranheza. Forçando firmeza, retomou o discurso: — O local está bastante revirado.
Cooper ouviu cada sílaba com atenção. Reconheceu imediatamente o tom — uma oscilação entre técnica e surpresa. Algo além do esperado chamara a atenção de sua parceira.
Sem perder a serenidade, deu um passo adiante e cruzou a soleira da porta, pronto para confirmar — ou refutar — os temores silenciosos que pairavam no ar.
O agente observou de forma rápida o ambiente e de forma direta ordenou:
— Averigue o andar superior, procure as vítimas!
— Sim senhor! — afirmou de forma imediata, ainda que assustada, necessitava largar por um instante o bizarro detalhe em troca de algo maior.
As botas pesadas de Laura rangiam, a cada passo, ainda mais a madeira desgastada das escadas. Para sua surpresa, logo reparou no pai e filho apoiados na parede do corredor a sua frente.
— Encontrei eles! — alertou em voz alta e poderosa.
Ciente da necessidade de confirmar o estado das vítimas, Laura aproximou-se dos dois corpos, ainda mantendo o olhar atento ao corredor. Os passos eram silenciosos, quase contidos. Lentamente, agachou-se. Colocou a lanterna no chão, transferiu a arma para a mão livre e, então, aproximou a outra do peito de cada um dos dois.
— Estão respirando — murmurou baixo, mas o suficiente para o rádio preso ao uniforme registrar. — O garoto parece dormir… já o pai está com dificuldades.
Ainda dividindo a atenção entre os civis e a escuridão à frente de si, Laura analisou mais cuidadosamente.
— O menino apresenta cortes superficiais… e o adulto possui uma ferida profunda na testa… — A frase terminou com o ar preso. Outro arrepio percorreu a espinha.
A voz de Cooper respondeu pelo rádio após um breve silêncio:
— Ótimo. Seja rápida. Prossiga!
Havia nenhuma pressa no tom — apenas ordem. Uma ordem firme, calculada e fria.
— Entendido — respondeu ela, erguendo-se de volta.
Mesmo tentando retomar a postura rígida de guarda, a tensão denunciava seus limites — temia encontrar algo ainda pior. Seus ombros estavam mais duros. Sua respiração, curta. E a mão que segurava a lanterna tremia — quase imperceptivelmente — mas tremia.
Cooper, por sua vez, mergulhava em um estado de total concentração. Seus olhos foram primeiro às marcas destrutivas nas paredes — anormais, largas, impossíveis de ignorar. A curiosidade profissional se acendeu de imediato.
Com passos longos e calculados, levantou o braço esquerdo, mantendo a arma alinhada ao peito — pronto para reagir ao menor estímulo. Antes de formular qualquer hipótese, sabia que precisava confirmar uma única coisa: se aquilo que causou o estrago ainda estava ali.
Cauteloso, moveu-se pelo cômodo. Seu caminhar era ágil, porém silencioso. A respiração controlada o mantinha em ritmo — corpo pronto, mente à frente, instinto em modo absoluto de observação.
A cada passo, seus olhos varriam o ambiente como uma lâmina fina. Nada passava despercebido: reparou em cada móvel destruído e principalmente na grande janela obstruída.
A grande janela chamou sua atenção por mais tempo do que ele permitiu transparecer. Ele a observou em silêncio, analisando a posição dos destroços, a direção das farpas, o padrão da força aplicada.
O ambiente estava morto, mas as evidências gritavam.
Tudo neste lugar gritava a mesma coisa: algo extremamente perigoso esteve ali.
“Alguém foi lançado por aqui.” A conclusão surgiu assim que analisou o ângulo da destruição.
Cooper aproximou-se ainda mais da abertura, seu olhar seguia cada farpa, cada rachadura, cada vestígio deixado na madeira. Sua mente trabalhava no mesmo ritmo metódico dos olhos — calculando, comparando, isolando possibilidades.
“A força aplicada foi enorme… o suficiente para atravessar a armação inteira… Talvez o invasor fosse alto. Certamente muito forte.” Inclinou o corpo e examinou o contorno do estrago, atento ao padrão da madeira arrancada.
Ao encarar a disposição dos estilhaços do vidro tornou-se clara uma nova constatação: “O lançamento aconteceu de fora para dentro.”
Cooper ficou em silêncio por alguns segundos.
E então, a conclusão inevitável veio — pesada, lógica e incômoda:
“Essa força… definitivamente não é humana.”
O semblante sereno de Cooper mudou apenas o necessário para denunciar o que sentia: um sorriso discreto surgiu no canto esquerdo dos lábios, curto e contido. Denunciava o fascínio silencioso de alguém acostumado a perseguir o inexplicável. Nervosismo e empolgação se misturavam de forma quase indistinguível — uma mente treinada, e ao mesmo tempo viciada, no ato de desvendar.
Sem deixar que a adrenalina dominasse seu raciocínio, Cooper deslocou a mão até a cintura e retirou uma lanterna compacta. Com um clique seco, um feixe forte de luz atravessou a escuridão e alcançou o quintal. A iluminação potente revelou detalhes da grama, da terra revolvida e de novos cacos de vidro.
Nada chamava totalmente sua atenção, até que ele girou o pulso mais uma vez. Seu movimento rápido fez a luz alcançar o limite da propriedade. E ali, na madeira da cerca, estavam elas: mais marcas de garras.
Profundas, gravadas como se algo tivesse tentado atravessar a barreira à força.
A descoberta fez algo dentro de Cooper despertar — um alerta silencioso, mas intoxicante. Ele guardou a arma com um movimento preciso, sem tirar a luz da lanterna do ponto marcado. E, então, fez um gesto atípico.
Em vez de levar a mão ao queixo, aproximou o polegar da bochecha esquerda enquanto o indicador e o médio começaram a tocar repetidamente o centro de sua testa — um pequeno tambor privativo que acompanhava o ritmo acelerado de seu raciocínio.
“Um animal…? Se for, apenas um urso de grande porte justificaria esse tipo de dano.”
Os dedos tocaram mais rápido.
“Mas Illuco não tem registro de vida selvagem desse tipo — nem recentemente, nem historicamente.”
Outro toque, ainda mais rápido.
“Mesmo fugindo completamente do padrão… será que este caso pode estar conectado aos anteriores?”
A hipótese mostrava-se muito mais como uma aposta do que uma certeza. Mas os riscos eram exatamente o que o mantinham vivo, mentalmente e espiritualmente.
Conforme as possibilidades se expandiam em sua mente como um leque de teorias promissoras, a chama dentro dele crescia — ardente, inquieta e quase juvenil.
Seus dedos agora martelavam a testa com uma velocidade ritmada, quase impaciente. De certo modo Cooper saboreava a possível descoberta de algo grande.
Tamanha reflexão fora tremenda que por milésimos de segundos o homem se viu perdido. Retornará à realidade apenas ao escutar as palavras de sua companheira, que descia de forma abrupta as escadas.
— Chefe… o quarto do pai também está revirado e com a janela quebrada, no restante da casa inexiste qualquer tipo de anormalidade e qualquer sinal do invasor! — disse a aliviada policial em uma entonação elétrica. — Já podemos chamar os médicos para tratar os feridos?
Terminou a frase, já próxima da entrada, guardou o revólver e a lanterna no coldre. Só então ergueu o olhar e, apreensiva, fitou as costas de Cooper.
A indagação rompera o movimento repetitivo do agente. Ainda mais contaminado pela empolgação de desbravar um misterioso caso, desligou de forma imediata a luz de seu equipamento, relaxou as duas mãos e se virou em direção à parede da sala decorada por sinistras marcas de garras.
Ainda em silêncio, Cooper puxou do bolso direito do sobretudo um pequeno caderno e uma caneta. Com movimentos precisos, começou a registrar observações no papel fino. A ponta da caneta arranhava a superfície com um ritmo constante — quase irritante — enquanto sua mente alinhava hipóteses.
Após alguns segundos, sem levantar o olhar da página, finalmente respondeu:
— Pode deixá-los entrar…
A frase veio entre pausas e rabiscos apressados.
— Mas certifique-se de que ninguém toque em qualquer evidência — continuou, a caneta ainda deslizando veloz. — E principalmente, quero falar com os dois assim que acordarem.
Sua voz era firme, mas absorta — como se o pensamento já estivesse três passos à frente da conversa.
— Correto — afirmou a mulher virando-se até a porta —, senhor… o que aconteceu aqui? — ainda preocupada com a falta de explicações, Laura questionou em uma voz levemente trêmula.
— Imagino que este seja um caso semelhante com os que já estão acontecendo a mais de 3 anos… Aparentemente chegaram até Illuco, a diferença é que agora temos testemunhas vivas.
— Você acha que estão interligados? Este foge do padrão… — Laura levava delicadamente a mão direita para sua nuca.
— Concordo com seu ponto — disse, encerrando brevemente a forte pressão da caneta sobre o papel. — E, sendo direto… tenho quase certeza de que, assim como nos outros, você já percebeu que isso não parece ter sido feito por um criminoso comum.
A resposta secou novamente a boca de Laura. O peso das palavras de seu superior apenas confirmava o desconforto que a acompanhava desde o momento em que pisara nesta casa.
Cooper percebeu o silêncio dela como uma evidência de que tudo fazia sentido demais. Então continuou:
— Laura… precisamos mapear todos os incidentes incomuns que ocorreram nos últimos meses. — Sua voz era firme, carregada de inquietação. — Me fugiu da memória a ordem e a localização de cada um, é um bom momento para organizarmos isso. Diferente das outras cidades, Illuco é muito maior…
Ele respirou fundo, como alguém prestes a admitir algo que preferia evitar.
— Eu sempre acreditei que assassinos em série carregam o próprio inferno… — murmurou, olhando para o caderno como se quisesse encontrar ali uma justificativa racional. — E eu queria muito acreditar que é isso o que estamos enfrentando. Mais um psicopata, mais um monstro humano. No entanto… — seus olhos finalmente se ergueram, encarando o nada — quanto mais leio os relatórios, mais impossível se torna ignorar o padrão. Algo aqui… beira o fantasioso.
O agente fechou o caderno com um estalo rápido, prendendo a caneta entre as páginas. Endireitou o corpo e, com um olhar direto aos ombros da subordinada — sem precisar encarar os olhos — encerrou:
— Vá para a delegacia. Ajude com a documentação e contacte a perícia. Depois disso, descanse. Eu vou verificar o quarto do pai e, assim que terminar aqui, seguirei para o hospital. — A última frase saiu quase como uma promessa. — Vou passar a noite lá. Quero estar presente quando qualquer um dos dois acordar.
— C-certo… — respondeu Laura, em um fio de voz quase imperceptível.

Lentamente Edward abriu seus olhos.
Ainda zonzo, com a visão embaçada, tentava compreender melhor onde se encontrava.
Estava deitado. Sentia o colchão duro sob as costas e, acima de si, um teto branco demais, iluminado por uma luz externa. Por um instante acreditou que ainda sonhava. Sensação essa que durava pouco ao sentir leves dores em seu ombro, braço e tornozelo.
Ainda confuso, decidiu fechar as pálpebras e abri-las algumas vezes de forma carinhosa. A visão turva sumia. Como consequência, levou sua atenção para suas laterais em busca de uma resposta: à sua esquerda encontrou uma janela larga, totalmente aberta, deixava o sol inundar o ambiente com uma claridade agressiva. O ar tinha cheiro de limpeza — irritantemente estéril; à direita, uma poltrona próxima a uma pequena mesa repousava a poucos metros de sua cama. Mais adiante, uma porta larga, fechada. E logo ao lado de si, uma tela monitorava números e gráficos desconhecidos.
Bastaram alguns segundos para que o óbvio o atingisse como um golpe: estava internado. Apavorado, por ter a certeza de que a terrível noite fora real e de que as incertezas o rodeavam por completo, ergueu sua coluna e, com a respiração ofegante, procurou alguma forma de se levantar da cama.
— Ed… Ed, ei, ei, olha aqui! — Scarlet buscava chamar a atenção do amigo com uma fala poderosa.
Chegara a seus ouvidos cada palavra, todavia a imagem de sua amiga ainda escapava de seu campo de visão.
— Respire fundo, se acalme! — A amiga continuou na tentativa de ajudar Edward.
— Meu pai, onde ele está? Como ele está? Cadê você? — Cada palavra dita emitia fortes dores por todo seu corpo e crescia gradativamente a sua frequência cardíaca, medida pelos aparelhos conectados por todo seu peito.
— Ei, ei estou aqui do seu lado… — pontuou Scarlet apoiando levemente sua mão no ombro direito do rapaz. — Seu pai ainda está dormindo e bom… — Olhou para a tela dos aparelhos e logo encarou a porta. — Ed, logo as enfermeiras virão e como posso dizer… Um policial irá te interrogar… Saiba que estarei aqui durante todo esse tempo!
Edward olhava para seu lado e encarava o rosto preocupado de sua parceira — recuperava o foco suficiente para visualizar o invisível espírito.
— Scarlet, eu só quero saber do meu pai por agora — clamou o garoto retornando com sua respiração normal. — Ele ainda está vivo… digo… a sua alma ainda existe?
— Eu… sinto que poderia descobrir caso eu tentasse possessa-lo. Porém… decidi esperar sua permissão. — contou mantendo uma entonação leve e delicada, retornando a atenção ao garoto debilitado.
— Scarlet.. nunca faça isso, ok? — O olhar cada vez menos trêmulo de Edward se encontrava com o preocupado de sua amiga. — Fico feliz que ele esteja vivo… — concluiu em um timbre calmo.
Scarlet inicialmente ficara confusa com as respostas do amigo, toda a mudança repentina soava infundada.
— Você têm certeza, Ed? — Soltava vagarosamente a mão do ombro do amigo.
— É impossível… Eu não posso perder tudo… — sussurrou Edward encarando suas pernas cobertas por um lençol fino.
Nota do autor
Com este capítulo encerramos o volume 2 de "Edward The Guide"!!
Com a introdução finalmente completa, as engrenagens da obra começarão a girar sem pudor. Há um mal à espreita, e há muito para acontecer com nossos protagonist
O volume 3 possivelmente será lançado apenas no final do ano (dia 19 ou 26 de dezembro) o motivo é simples: preciso deixar capítulos prontos e organizar novos artistas para colaborar com o projeto.
Vejo vocês em breve, muito obrigado pela paciênccia, carinho e apoio. Espero que estejam gostando da obra, tenho muito carinho por ela e tenho ainda muito para melhorar e escrever.
~Gusty
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