Volume 1

Prólogo: Aquário

— Já disse, vai ser rápido. Precisava dar uma escapada daquela casa e você sabe bem disso!

Amber gravava um áudio de forma enérgica, com intuito de responder às mensagens recebidas anteriormente. O aperto cada vez mais firme de seu dispositivo acompanhava o andar apressado da garota. 

O ritmo frenético da cidade se mostrava ausente, afinal era madrugada de segunda-feira. A grande quantidade de altos prédios, agora com pouca iluminação, sufocava Amber e carregava um suspense silencioso no ar. O brilho fraco dos postes e outdoors mal parecia suficiente. A ausência da multidão e dos carros fazia ecoar os sons mais sutis: o farfalhar dos ratos nos becos e o sussurro do vento. Vento esse que trazia o cheiro da rua molhada e o frio cortante da recente chuva.

Mesmo enfrentando dificuldades, a garota fez questão de contrastar com toda aquela atmosfera. Pouco importava se o vento movia seu vestido, ou se o salto da bota atrapalhava seus movimentos rápidos, encontrar Viktor valia qualquer esforço.

Dividir sua atenção entre o celular e a estrada à sua frente estava fora de seus planos. A pequena fuga de Amber de casa havia, para sua infelicidade, chamado a atenção de sua irmã. Mesmo com o destino já próximo, o celular continuava com suas vibrações de novas notificações. Lutava para ignorar a cada instante; cada mensagem recebida tornava seus passos mais bruscos e seus pensamentos mais incertos. 

Amber sabia que agora deveria manter o foco — a ansiedade em ver seu namorado a consumia. Era justamente por isso que decidiu responder à sua irmã pela última vez nesta madrugada:

— Eu já disse várias vezes, Vik me chamou de repente e pode ser algo importante! Somos jovens e eu posso ser irresponsável um pouco. Não se preocupe… eu sou responsável, então apenas me cubra se for preciso.

Logo após enviar o áudio, Amber rapidamente desativou todas as notificações do celular. Desconsiderava esperar por uma resposta. 

Enquanto navegava pelas configurações, seus pensamentos se voltaram para a família. Pensava em como, mesmo adulta, sua mãe continuava a cometer tantos atos inconsequentes que faziam sua fuga parecer um simples detalhe em comparação. 

Com as notificações desabilitadas, a garota pensou em voz alta:

— Eu sei me cuidar, para de se preocupar demais, irmã... — sussurrou Amber.

A jovem respirou fundo e focou sua atenção no cenário à sua frente. Alcançaram seus olhos as luzes fracas do cinema, que por vezes pareciam prestes a falhar, algo condizente com a estrutura precária do local. Apesar da estética simples e atraente do outdoor, o descasque da tinta nas paredes externas e as rachaduras eram facilmente perceptíveis. 

Observar tal estrutura apenas reforçava sua dúvida sobre o motivo de Vik marcar um encontro ali — especialmente porque o cinema já estava fora do horário de funcionamento.

Pela primeira vez durante todo o percurso, Amber sentiu um grande desconforto. A solidão a encarava. Seus olhos agitados observavam cada direção, na esperança de encontrar Vik, mas ele se ausentou em todos os lugares. A garota levou a mão esquerda ao braço direito, acariciando-o suavemente, como se buscasse um pouco de conforto, enquanto insistia em observar cada detalhe da rua. A empolgação que antes sentia transformava-se em um anseio inquietante.

Ela havia chegado alguns minutos atrasada de propósito, apenas para garantir que seu companheiro já estivesse lá. Encarar a ausência do rapaz trazia a possibilidade de ficar sozinha por muito tempo, e isso acelerava sua respiração. 

A ideia de pegar o celular a tentava mais uma vez, mas temia ver as mensagens da irmã; definitivamente, recusava-se a dar o braço a torcer.

Os 2 minutos passados pareciam mais como 20. Amber fazia pequenos movimentos com as pernas, deslocando-se um pouco enquanto repensava a ideia de usar o celular. Esperar muito mais era algo inviável e, principalmente, temia pela segurança de Viktor. 

Aquela reflexão a fazia pensar que uma simples ligação poderia ser o suficiente, evitando o enfrentamento de novas mensagens. Então, com as mãos relaxadas, Amber finalmente digitou o número de seu namorado.

A primeira tentativa foi frustrada, sem qualquer resposta — algo inesperado, mas compreensível. Um pequeno tremor começou em suas mãos ao perceber que tanto a segunda quanto a terceira tentativas haviam sido em vão. Com a quarta e quinta igualmente frustrantes, seus movimentos tornaram-se acelerados e desordenados, enquanto um sentimento corrosivo aquecia seu corpo. 

A garota andava de um lado para o outro, isolando-se do arredor na esperança de ouvir alguma resposta de Vik. O mesmo resultado falho a fazia mais uma vez pensar em voz alta, sua boca seca dizia:

— Vamos, me atende… onde você está? Você realmente vai deixar uma garota sozinha… seu idio—

Repentinamente um forte barulho de garrafa ensurdecia os ouvidos da garota, que respondia com um grito alto e desafinado. 

Com o coração quase saltando do peito, Amber perdeu o equilíbrio. Desesperada, tentou se agarrar a algo, até que se viu abraçada à parede fria atrás de si. Ofegante e com o corpo inteiro arrepiado, lutava para entender de onde vinha aquele som. 

A busca se mostrou fácil: o som persistente de passos ecoava do beco estreito à sua frente, do outro lado da rua.

A luz fraca do cinema e dos postes próximos iluminava insuficiente a ruela, tornando impossível enxergar quem estava ali. Assustada, Amber avaliava suas opções de fuga, calculando rotas para sair dali o mais rápido possível. Seu coração, no entanto, congelou no momento em que uma voz ressoou daquele mesmo lugar sombrio.

— Nossa… você ficou reluzente nesse cenário.

O desconhecido se revelava familiar. A voz serena de Viktor ecoava pelo beco, e num instante, a tensão que dominava o corpo de Amber começou a se dissipar. Era como se, de repente, a vida tivesse voltado àquela noite sombria.

Aliviada, a moça abriu um leve sorriso. Ajeitou o cabelo e a postura, e antes que percebesse, as palavras já escapavam de sua boca.

— Você mal me enxerga daí… — Cruzava os braços desaprovando a distância e demora de Viktor. — Poxa, pensei que me deixaria sozinha.

— Me desculpe… acabei relaxando com o horário.

A voz calma se tornava mais nítida à medida que Viktor se aproximava da saída do beco. A imagem dele, ainda borrada à distância, aumentava a apreensão de Amber, e a lentidão de seus passos só piorava a situação. Ela cruzou os braços com mais força e, atuando uma expressão de reprovação, respondeu:

— Vem logo pra cá, quero te ver. Não desperdice meu tempo, principalmente quando estou com saudades! — Sentiu-se envergonhada ao dizer em alto tom tais palavras. Rapidamente, tentou aliviar o embaraço com humor. — Todo esse seu tom sério… fica meio vergonhoso com você falando meio alto.

— Estou chegando… tenha calma, isso agrega para o clima. — respondeu Viktor de forma imediata sem esboçar qualquer alteração de seu tom.

Amber soltou um riso, em formato de suspiro, ao ouvir tais palavras de seu namorado. Com as mãos em sua cintura, ela encarava a silhueta parcialmente iluminada de Viktor, enquanto retrucava:

— Haha que clima? Você quer que tenha medo de você? — Ria ainda mais alto — Vamos, para de enrolar.

Após responder, Amber notou que a silhueta de Viktor mexia em algo no bolso enquanto coçava a cabeça. 

— Ah, não sinto que estou tão bem arrumado como você… Você sempre pega pesado com esse vestido e esse salto alto… — respondeu no mesmo tom sereno, enquanto a luz finalmente clareava por completo seu rosto. Apresentava um semblante calmo ao mesmo tempo despojado.

Apesar de apresentar modéstia em suas palavras, para Amber, Viktor exalava beleza e uma elegância discreta. Seus cabelos castanhos escuros, levemente cacheados, combinavam com a camisa social branca simples e a calça escura.

Mesmo com o forte brilho em seus olhos e o surgimento de um sorriso bobo em seu rosto, a namorada mantinha intacto seu orgulho. Reconhecia o quão bem também havia se arrumado. Balançava delicadamente os cabelos com movimentos sutis da cabeça enquanto respondia de forma orgulhosa:

— Você gosta e sei bem disso, mas ainda assim insiste em demorar para chegar até mim. 

Finalmente pôde vislumbrar a concretização da proximidade com Viktor. Cada passo dele fazia seu coração disparar. Como resposta, enrolava os fios castanhos de seu rabo de cavalo entre os dedos, criando pequenos redemoinhos que acompanhavam a agitação em seu estômago.

O olhar do rapaz ignorava os gestos convidativos de sua namorada. Aproximava-se, mas seus olhos estavam fixos no estabelecimento à sua frente.

— Esse cinema… está bem velho e infelizmente mal atrai mais tanto público, mas ainda gosto muito daqui.

O deslumbre do jovem continuava, enquanto acelerava levemente seu caminhar.

— Shoppings e grandes franquias engoliram quase todos esses pequenos cinemas… é um pouco deprimente…

Definitivamente, Amber se surpreendeu com tamanho desinteresse por seus gestos. Sentiu-se envergonhada, como se tivesse encolhido. Com o desconforto aparente, o que restava era seguir os passos de Vik. Assim, a garota observava cada pedaço daquele local.

— O que mantém ele aqui? Orgulho de permanecer ativo? A paixão consegue superar todas dificuldades? Ou seria a esperança de lucrar o mesmo que um dia lucrou? Nunca vai dar certo…

A voz aveludada de Vik se tornava cada vez mais próxima. A breve narração trouxe desconforto para Amber, desgostava da ideia de refletir sobre problemas complexos. Sentiu receio do tão inesperado e desejado momento com seu namorado não corresponder às suas expectativas. 

— Uau, hoje você resolveu filosofar! — Amber riu brevemente da situação. Tentava disfarçar seu desconforto; o cinema pouco importava, Viktor sempre foi seu foco. Pensou em ignorar toda a reflexão levantada, mas temia que isso só daria mais espaço para a divagação do garoto. Por isso, respondeu: — Sabe, esqueça essa ideia de procurar respostas complexas. Eles estão abertos por algum motivo e provavelmente evitam pensar sobre isso. Afinal de contas, o dinheiro precisa circular. Não há tempo para “encontrar o grande motivador de suas vidas”.

— O problema é se contentar com a simplicidade.

Pela primeira vez durante a conversa dos dois jovens, tornou-se perceptível um retoque de tristeza nas palavras de Viktor, algo que roubava a atenção de Amber. Virava-se rapidamente e percebia que já se encontrava frente a frente com seu amado. O coração antes decepcionado agora chegava em sua garganta, algo que tornou automático os próximos gestos. 

Os movimentos suaves e lentos das mãos de Amber acariciavam o rosto de Viktor, agora plenamente visível. Seus dedos deslizavam sobre a pele macia e, quando percebeu que ele estava prestes a falar novamente, Amber o interrompeu com um beijo apaixonado.

Aos poucos, foi relaxando, soltando o rosto de Viktor com ainda mais delicadeza. Mostrava-se impossível esconder a felicidade ao finalmente dar suas boas-vindas, mas ele permaneceu com uma expressão fria e imóvel. Os olhos de Vik careciam de surpresa, e principalmente de afeto.

Sem dizer uma palavra, o olhar gelado de Viktor voltou rapidamente para o cinema, e ele, como se nada tivesse acontecido, retomou a conversa quase instantaneamente.

— Eu conheço um amigo que trabalha nesse cinema, inclusive provavelmente ele está em seu turno. Já parou para pensar o que aconteceria se realmente esse estabelecimento fechasse?

Havia muito tempo desde a última vez em que se sentira tão desconfortável ao lado de um namorado. O que mais lhe intrigava era o fato de que Viktor nunca havia agido de forma tão desleixada, na realidade era o extremo oposto disso. Temia o que poderia ter acontecido, havia feito algo de errado? A insegurança ganhava mais espaço do que a própria raiva.

A garota juntava as duas mãos próximas ao peito, fez-se difícil formular bem sua próxima frase, mas precisava dizer algo. 

— Lindo… eu realmente não sei, mas que tal falarmos um pouco sobre como estamos? — Ficava nas pontas dos pés enquanto escorava no corpo atlético de seu namorado. Estava triste com o desenrolar da conversa e queria ao máximo exibir tamanha fragilidade, por isso continuava. — Eu fiquei surpresa com seu convite pelo horário, me senti em um misto de felicidade e preocupação… quero evitar pensar em coisas ruins. Aconteceu alguma coi—

— Sinceramente ele ficaria um pouco perdido, mas também sei que ficaria aliviado. Mas logo estaria desesperado, afinal de contas é preciso encontrar algum meio para se sustentar. No fim vai continuar se matando por migalhas. — disse o garoto com a mesma voz serena.

Viktor se mantinha estático, sem qualquer tipo de reação para o calor depositado em seu peito. A namorada virava seu rosto em direção ao de Vik, perceber a mesma expressão a causava desconfiança e irritação. A passividade deveria perder seu espaço.

Empurrava com força o peito de seu namorado, e com um olhar choroso encontrava suas próximas palavras.

— Chega! O que você está dizendo? Tipo, aonde você quer chegar com isso? Está todo estranho hoje, e porra eu estou aqui! 

Escorreu lágrimas dos olhos da garota, algo que trouxe contraste para os dois punhos fechados ao lado de sua cintura.  Incapaz de encarar os olhos de Vik, sua visão turva apenas focava em seus próprios pés.

Viktor por sua vez, finalmente fixou o olhar para a chorosa namorada à sua frente. Apesar da circunstância adversa, o garoto manteve a serenidade e julgou desnecessário a realização de algum gesto. Apenas calmamente direcionou a palavra para a garota.

— Am—

— “Am” nada! — Esfregando seus olhos a namorada revidava com uma voz trêmula. — Você me chamou apenas para ser sua espectadora?

— Hoje vi meus pais chorarem pela morte da minha irmã... — disse Viktor, em um tom estranhamente casual, como se relatasse apenas um fato cotidiano.

Os olhos de Amber se arregalaram, fixos nas poças de água que refletiam a luz da rua. As lágrimas congelaram em seu rosto. As luzes distorcidas causavam desconforto, mas ela sentia-se incapaz de recuperar o foco. Parecia irreal o que acabara de ouvir.

Demorou alguns segundos para que seus lábios trêmulos conseguissem formar novas palavras.

— O… o que… que… você está falando? Nós saímos juntas ontem…

Viktor lentamente e delicadamente colava uma de suas mãos no ombro rígido de Amber, enquanto respondia seguindo o mesmo tom já corriqueiro.

— Ela morreu hoje, aparentemente assassinada por um assaltante…

O ritmo em que as palavras chegavam aos ouvidos da garota, impactada, acelerava o dobrar de suas pálpebras. Com a visão embaçada, ela lentamente ergueu o corpo mais uma vez. Desarmou os punhos e, em um movimento rápido, posicionou as mãos trêmulas em frente à boca.

Quando voltou a encarar o rosto de seu amado, sentiu uma tristeza e confusão ainda mais profundas. Como se a calmaria em sua voz fosse insuficiente, o brilho desaparecia aos poucos do olhar do rapaz. Havia uma escuridão hipnotizante, que fazia duvidar da própria vida presente no corpo de Vik.

Ele manteve o mesmo olhar enquanto, suavemente, retirava a mão do ombro da garota, esboçando um leve sorriso que acompanhava o retorno de suas enigmáticas reflexões.

— Paixão, medo, egoísmo, orgulho, tristeza isso tudo soa como algo plastificado.Como devo me sentir, Am? O que será que aconteceu com ela? Quando encaro momentos delicados como esse, a memória de que somos um bando de peixes presos em um enorme aquário se torna algo sólido.

Apesar de confusa e triste, a preocupação dizia mais alto fazendo com que Am tentasse compreender melhor como seu companheiro realmente estava se sentindo. Embora a presença das incoerências, falhou ao buscar forças para interromper os pensamentos do garoto.

— Nadamos pela força da natureza, sequer sabemos onde estamos, para onde iremos, mas continuamos nadando. — Olhou mais uma vez para o letreiro acima. — Batemos em uma parede? Precisamos recalcular a rota, nunca de fato superarmos aquilo. E se alguém morrer, talvez aconteça um grande alarme, mas passa algum tempo e todos seguem suas vidas cegamente. Novamente o fluxo natural se mantém intacto. Enquanto isso, um ser continua nos alimentando com migalhas de esperança… é injusto vivermos assim.

Amber reuniu forças para ser o apoio de quem compartilhava de seu amor. Embora tudo ainda estivesse confuso, as últimas palavras lhe deram uma ideia clara: seu namorado estava em estado de choque. Talvez alcançá-lo com palavras fosse sua melhor chance. Limpando o rosto, posicionou as mãos trêmulas em torno da face de Viktor mais uma vez, disposta a tentar.

— Eu falhei em segurar minhas lágrimas, e sei que vou chorar muito mais. Eu me nego acreditar que ela se foi, eu quero acreditar que a justiça deve ser feita. Querido… — Encostava a testa com a de Viktor, fazia questão de olhar no fundo daqueles olhos — É difícil entender por completo o que você está sentindo, mas me preocupa muito ver você assim. Parece que você perdeu as esperanças… Por favor saiba que estou aqui.

— Am, você é doce ao mesmo tempo que possui um lado agressivo. — Retribuiu o mesmo gesto, com as mãos, recebido por Am. — Eu ainda tenho esperanças, estou bem… apenas comecei a entender melhor o mundo. Para nós nada vai mudar, não pode mudar! Se mudasse, pararíamos e também morreríamos…

— Você está errado, eu me senti perdida assim uma vez mas eu sinto que… que…

As palavras lhe fugiam da mente, impedindo-a de continuar o raciocínio, o que despertava um grande sorriso no rosto de Viktor.

— É inevitável… porém, e se ela de fato conseguiu alcançar um estado superior ao nosso? — disse o garoto ao passo que se afastava do de sua namorada. — Talvez minha irmã, talvez Livia, tenha saído desse aquário, resta sabermos o que está além disso — O sorriso se escondia retomando um semblante mais frio. — Sabe o que penso? Ela parou em outro aquário, sem livre arbítrio… que merda…

Cada palavra aumentava a confusão de Amber, gerando uma vontade incontrolável de chorar. Visualizar o completo choque de alguém tão importante, era motivo do surgimento de um novo trauma. 

Desesperada, Amber acelerou os passos, determinada a evitar com que a distância entre eles aumentasse, e o abraçou. Apesar de um pouco desajeitado, era firme — ela se negava a soltá-lo. Com a voz interrompida por soluços, tentava encontrar alguma solução.

— Amor você está delirando, eu sei que é um choque muito grande… Venha comigo… Vamos passar a noite juntos na minha casa mesmo, não posso te deixar sozinho.

O raciocínio do rapaz seguia inabalável, indiferente às falas e ações de Amber, o que apenas intensificava seu choro e o aperto no abraço que ela rejeitava afrouxar.

Novamente, sem retribuir o afeto, o garoto respondeu:

— Estamos fazendo tudo errado! Você, meus pais… deveriam poupar suas lágrimas por isso! Deveríamos derrama-las pelo fato de que sempre estaremos presos a essa força maior…

— Querido, me escute por favor, vamos ir para um local descansar você precisa disso. — As palavras saíram de forma acelerada e atrapalhada pela boca de Amber.

Ela encarava, mais uma vez, os olhos do namorado, mas agora estes lhe causavam medo. O brilho nos olhos de Viktor aumentava, refletindo uma incongruência perturbadora em relação a todos os acontecimentos.

A aflição era grande e o silêncio que perdurou por quase um minuto exaltava o acúmulo dessas inseguranças. Chorando, Amber apertava ainda mais o abraço enquanto repetia mais uma vez sua prece:

— Já está tarde vamos para casa, vamos ficar juntos… você precisa des–

Repentinamente, todas as luzes do cinema foram apagadas, causando um grande susto na garota. A escuridão envolvia os dois jovens, trazendo um sentimento agridoce, pois agora Amber poderia finalmente convencer Viktor a ir para um lugar mais confortável. Com a esperança renovada, a garota falou em um tom suave e acolhedor:

— É o sinal para sairmos daqui, que tal irmos para um lugar mais confortável? Pode ser? O que vamos fazer, querido?

— Início e fim, o que fazer… Vamos viver amor! — sussurrou Viktor.

A visão deturpada causada pela ausência de luminosidade, causava uma impressão de maior seriedade para o rosto do jovem, a tranquilidade se mostrava ausente. O garoto lentamente descia suas mãos para seu bolso e nesse instante Amber compreendeu os seus próximos passos.

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