Volume 1
Uma despedida silenciosa
CAP 10
Quando finalmente conseguiram abrir o castelo 1 dia após o enterro do rei, vemos o estado em que meu lar permaneceu. Meus olhos viam apenas devastação no hall de entrada, pedregulhos e estalactites afastados por trabalhadores para dar passagem, caminho devagar para observar o que eu podia. Então, vejo bem na minha frente o local que a tragédia aconteceu, desvendei, pois, por conter restos de sangue secos no chão, o único local assim em todo o hall. A praga degradou tudo em que tocou em seu caminho, percorrendo o teto rochoso até seu serpentear em nossos tapetes apodrecidos. Permaneço imóvel em frente à poça seca de sangue já escuro, minha expressão deprimente veio sem que eu percebesse. Por um momento tive um flash dele em meus braços. Adiante, chego próxima dos tronos quebrados, já se tinha a dificuldade da luz externa de chegar até onde eu parei, os tronos mal eram iluminados e seus pedaços caídos, misturados entre pedras e seixos.
Ando pelos corredores e vejo, em alguns cômodos, pessoas que trabalhavam, viviam, frequentavam nosso castelo consumidas pela praga e transformadas em estátuas pútridas. Vê-los é como confundir com estátuas de ferrugem e corrosão — em cor de cobre e com alguns espinhos serrilhados saltando para fora —, a cozinha tomada pela Praga. Os cozinheiros, expressavam desgosto e medo nas suas faces.
Avancei próximo do salão de descanso e do corredor que leva ao meu quarto, um guarda ergue sua mão obstruindo a passagem. Trocamos olhares e este me informa que a passagem ainda está muito perigosa e que estão limpando o máximo para que então possa estar seguro. Supus que amanhã estaria melhor, assim retirei-me.
O palácio estava quase às ruínas e disso quase todos sabíamos, o lado de fora também havia sido corrompido, as grandes hastes de ouro com detalhes em prata forram corroídas formando um grande raio diagonal cortando o símbolo da nossa cidade. Agora, o símbolo que representava proteção é visto como um mau presságio dos tempos atuais. As pessoas estão perdendo fé na guarda real.
“Poderia ter sido pior”, a sombra comenta.
Eu descia a gigante escada.
— Como isto poderia ter sido pior? Perdi minha moradia, meu lar, meu pai! Como isso poderia ter sido pior?
Meu berro chamou desnecessária atenção, cidadãos e os guardas acabaram me olhando com espanto. Quando os olhei de volta estes seguiram com suas vidas, os guardas se ajeitaram nos cavalos novamente e as mães tiraram a atenção dos filhos da princesa berrante.
A porta da carruagem fora aberta para mim, entrei com a recepção calorosa da Sombra sentada no outro lado do banco.
— Sabe… pode conversar comigo com o pensamento. É mais fácil do que chamar atenção por conversar sozinha.
— Me deixa em paz.
A carruagem começa a locomover.
— É bom rever o mundo depois de tanto tempo. Ver o sol novamente…
Minha cabeça já não estava com paciência para aquilo, com todo aquele monótono eu apoio minha testa na minha mão próxima à janela, massageava os olhos procurando calma onde já não se tinha se quer serenidade em mim. Por fim, soltei:
— Pelos deuses, você já disse o que queria? O ataque ao castelo já ocorreu, já fez o que queria fazer, então por gentileza vá embora e me deixe em paz! — bato no estofado que quebra e afunda, a carruagem balança um pouco logo antes desta parar para a preferência a alguns pedestres.
— Meus deuses… — meus olhos se arregalam e eu tento concertar o buraco.
— Está tudo bem, princesa? — o cocheiro pergunta pelo lado de fora.
Meu rosto vira instintivamente para o recanto da sua voz, e minto dizendo que não há nada com o que ele possa se preocupar ao mesmo tempo que tento puxar parte do estofado e da madeira quebrada para cima ao menos para disfarçar, mas é inútil.
— Você é sempre tão ingênua assim?
“Cala a boca…”
Largo de tentar ajeitar o buraco no estofado e o deixo como está.
“Por que ainda está aqui? Já fez o que queria. Não lhe tenho mais serventia alguma.”
—Você está cansada, assustada e perdida. Quando chegarmos, descanse
“Para que? Descansar não vai mudar nada o que aconteceu…”
— Ficar neste estado também não.
O cocheiro chicoteou para o cavalo seguir, o ranger das rodas voltou. Seguimos o percurso todo sem nos falar, e assim ficou.
●●●
Após o ataque ao castelo, nos estabelecemos em uma casa de campo que costumávamos ir às férias. Próxima ao campo da floresta e próximo à praia e do porto. O cocheiro subiu o pequeno morro e alertou assim que ele freou próximo à porta. Desci e observei a paisagem com a casa de madeira cuja arquitetura é pouco mais aberta para o mar.
— Lar doce lar…
Subi os largos degraus de pedra que formam uma trilha até a entrada acima do morro. A porta amadeirada continha uma simples aldrava na altura da minha cabeça, guardada por dois guardas com suas lanças de prontidão e olhares afiados. Mal olhei para eles, segui para dentro e fechei a porta na má vontade com o cotovelo. A entrada continha um degrau a menos, onde usamos para retirar nossos sapatos e manter a casa o mais limpa possível. Subo, já descalça, e sinto o leve frio do chão liso e amadeirado nos pés. Me deu um leve arrepio. Sigo para a sala, meu vestido se arrasta pelas minhas costas, acompanhando meus pés.
— Mãe?
Olhei para ambos os lados na sala.
Também olhei na cozinha e no seu quarto. Não a achava em canto algum. Comecei a me preocupar, senti meu coração palpitar pouco a pouco e minha respiração estava acelerando. Até a Sombra, próxima da enorme parede de vidro para o mar, comentar sobre a vista bela. Paro e vejo brevemente. Lá estava ela, no jardim, sentada num dos bancos com a vista para a praia próxima e o porto de fundo.
Desci para vê-la já mais calma, a brisa batia em meu vento levando meus cabelos, ela estava debaixo de uma macieira. As folhas farfalhavam e algumas caiam acima da sua cabeça, mas isso não chamava sua atenção.
— Mãe? — olho para ela, sento-me ao seu lado a fitando.
Ela mantém seus olhos para o horizonte com expressão de serenidade.
— Olá, filha.
Seu tom é calmo.
— Está tudo bem?
Vejo no seu colo o jornal do dia. Nele mostra uma foto de um beco da cidade, algumas pessoas no chão, mortas, com seus sangues manchando a parede formando a palavra: Vou lhe buscar, princesa.
— Ele não morreu, filha — algumas lágrimas escapam. — Esse desgraçado ainda está a solta…
Amasso a borda do jornal nas minhas mãos, tentando manter o controle da raiva. Me pus ao lado da minha mãe em seu momento de vulnerabilidade, nossos rostos se mantêm ao horizonte com uma vaga esperança de que tudo ficaria bem. Claramente não ficaria, mas é o melhor que temos a fazer no momento.
— Ficaremos bem, mãe. Eu prometo.
Abraço-a aterrissando suavemente minha cabeça no seu ombro, ela retribui deitando sua cabeça sobre a minha. Seguro na sua mão gelada, sinto sua respiração pesada e seu choramingo.
“Estou aqui, mãe”
●●●
Lembro de as noites nesta casa serem frias quando menor. Karen e Lina estavam no mesmo quarto, e mamãe junto comigo. Eu não conseguia fechar os olhos, mesmo me forçando ao máximo. Viro e me reviro buscando algum sono, viro-me mais uma vez e vejo o jornal de mais cedo amassado dentro de um lixeiro. A imagem da mensagem do assassino estava amassada, mas ainda à mostra, encaro-a por uns instantes lembrando que este ainda está à minha procura, certamente me acharia com o tempo, mas até lá era apenas uma questão de tempo, comigo aqui eu ainda estou deixando minha família em perigo, elas passaram por muita coisa e não merecem viver o horror novamente. Karen escapou por pouco por estar em uma entrevista, mais uma vez e Lina na creche. Mas independente disto, pô-las em perigo é demais arriscado. Minha presença é arriscada.
Sinto um peso tremendo sob minhas costas, parecia uma bigorna me afundando com o peso de tal ameaça que represento para elas por ser um alvo. Minha expressão séria se revelou, levantei-me no frio da noite olhando brevemente para a janela iluminando nosso quarto, meus olhos se viram para mamãe que se mantém quieta no seu sono. Abri o baú de fibra e retirei algumas roupas que pus lá, arrumei-me com um manto e roupas discretas, pus uma bota com o maior cuidado para não fazer barulho, acordar a mamãe e ela ver o que estou fazendo é a última coisa que quero. Pego a mochila com minhas roupas, dou um adeus sussurrante para ela, vejo-a com olhar entristecido segurando a lágrima que queria sair. Assim, me retirei.
Peguei algumas coisas no armário da cozinha assim que desci a escada, provisões, tônicos, o que quer que fosse que poderia me ajudar. A casa: em completo silêncio. A Sombra se mantinha na minha mente a todo tempo, mas agora ela está quieta, observando-me, agora sei por que sempre senti que estava sendo vigiada, não eram os guardas.
Dou uma última visita no quarto de minhas irmãs, mantive a porta entreaberta e as vi sonhar com a mais pura inocência, o quarto com tema praiano não combinava com o estilo de Karen, mas é claro que isso não era algo que ela podia opinar no momento, pois era algo provisório. Lina estava agarrada com seu urso, próximo da sua cama estava alguns brinquedos claramente usados. Mais uma vez sussurrei um adeus para elas.
— Sentirei saudade de vocês… — a lágrima, presa, consegue escapar.
Desço as escadas e volto para a cozinha, a voz da Sombra volta questionando minha decisão.
“Tem certeza de que isto é o certo? Quem sabe há alguém que possa ajudar a…”
— Seria apenas mais uma vítima — corto sua fala.
Abro a janela em frente à pia e pulo para fora, o som das corujas, grilos e cigarras abafou meu aterrissar na grama, os guardas de mantinham no lado de fora, patrulhando. Sigo para outro lado com as mãos segurando firme a alça da mochila descendo o morro em direção à cidade. A noite fria caia sob minha pele, mas não me deixava me abalar por isto, não havia vento e muito menos um céu repleto de estrelas, hoje estavam tímidas com a lua mostrando sua beleza sem igual para guiar meu caminho.
●●●
Segui meu rumo perante a rua de pedras cinzas com bares, pousadas e casas da noite abertas atraindo homens e clientes com suas fortes luzes internas e pequenos outdoors chamativos, ouço-os nas suas bebedeiras, risos e gritos, espancamento e expulsão do estabelecimento. Nunca havia visto Homeworld naquele estado pela madrugada. Aventureiros devem adorar tais cantos. Passo pela fonte no centro da cidade e sigo a trilha para o castelo. Farei mais uma idiotice esta noite, certamente. Mais uma vez subo as escadas esquecidas, cruzo o palácio e chego na área que me foi delimitada para não ultrapassar, minha mente manda eu passar, mas meu coração diz para eu parar com esta tolice e retornar para casa. De repente, me deparo com alguém no mesmo recinto que eu: Marionete. Questiono a presença dele aqui em tal horário. Ele estava de roupas brancas, com detalhes em dourados, por cima o típico jaleco de trabalho e nas mãos uma prancheta com anotações e diversos papéis. Ele mudou o estilo de seu cabelo crespo, está curto e com a nuca raspada. Logo, ele falou:
— Certificando que esteja tudo em ordem agora que me tornei, também, chefe de controle de danos, senhora. O que a senhora faz aqui a esta hora?
— Apenas… apenas vim pegar algo — respondo. Cega pela raiva e força de vontade rasgo a fita de alerta e sigo para meu quarto.
— Majestade, eu não recomendo. Por favor…! — ele me segue.
Pelo caminho avisto alguns apetrechos e ferramentas usados para quebrar a carapaça da Praga nas paredes do castelo, Marionete mantém seu monólogo para eu sair daquela área.
Com o devido cuidado, pulo tais carapaças evitando o toque nelas com medo de ainda estarem ativas, o cheiro permanecia pútrido, contudo, está mais tolerante do que as últimas vezes, como se mil corpos motos e fétidos tivessem tomado conta do corredor e apenas agora seu cheiro estivesse dissipando. É desagradável.
Me mantive em frente à porta do meu quarto no fim do corredor, encarei-o a uma pequena distância respirando profundamente e com calma. Meus olhos encaram a maçaneta de cobre enferrujada, os bonitos delineados agora se foram e o pequeno cristal branco estava rachado.
— Eu não recomendaria.
Levanto minha mão e, com medo, tento abrir a porta enferrujada. A lateral se rompe da carapaça ao redor da porta liberando o acesso, o chão estava contaminado, mas não havia ido longe no quarto, minhas coisas estavam inteiras, o janelão sujo e empoeirado, a cama desfeita e o cheiro de abafado e mofo invadia minhas narinas. Olho com pena e saudade de cima a baixo. Me recomponho após um breve momento iludida nos pensamentos, procuro um item em específico, num pequeno cacifo. Será que o perdi? Não o encontrava e bagunçava o quarto atrás deste até me assustar com aquela bola de escamas debaixo da minha cama, o mesmo dragãozinho que Lilith queria salvar das masmorras. Quase tive um infarto.
— Não deveria estar aqui.
Viro-me para a voz atrás de mim, no corredor.
— Que susto Lili. — Ela estava acabada, nitidamente percebi que ela estava bebendo, pelo cheiro e suas expressões no rosto corado. — O que veio fazer aqui?
—Eu… eu vou me manter no corredor, princesa.
Minhas mãos se remexiam. Sim, eu estava nervosa, não queria que outros descobrissem o que eu estava fazendo.
— Eu estava num bar… Te vi passando na rua… só lembro disso e de algum modo cheguei aqui…, acho que afogar as mágoas não está dando tão certo.
Após procurar um pouco mais encontro o cacifo, abro-o e retiro um cordão feito pela minha avó, “Para lhe dar sorte quando precisar”, ela me falou, no dia que me deu este colar antes de falecer. Precisarei de toda sorte que puder, obrigada vovó.
Faço um gesto de agradecimento com as mãos na altura da testa e de cabeça abaixada.
Coloco-o e me retiro do quarto.
— Vai me deixar falando sozinha! — ela vira o copo, terminando sua bebida.
— Não quero envolver você, Lilith. Me deixa em paz!
Ela me segue, tropeçando aos montes. Seu tom de voz é chiado e arrastado.
— Mas pra onde que ‘cê vai?
— Me despedir de quem não tive a chance ainda… Pare de me perseguir.
— Não…! Ayla…! Pare!…
Ela pega impulso e me agarra pelas costas. Começamos a nos debater no hall de entrada, Lilith estava muito bêbada agindo por impulso e agressividade com o copo na mão, ela chorava para eu não a largar insistindo para que fique. Mas minha decisão fora tomada, eu não daria para trás. Consigo a largar de mim, mas jogo-a com força para trás caindo nos braços de Marionete. Eu a encarei com pavor. Ela se manteve cabisbaixa, foi posta no chão com cuidado pelo cientista, encostada no pé da base do trono. Ela volta a chorar.
— Por favor… não vá, Ayla… Nós podemos dar um jeito…
— Lilith, eu… não posso…
— Então me leva! — ela berra, soluçando. — Me deixe ir com você! Não vá sozinha, Ayla!… Por favor… Como sua melhor amiga… Como sua irmã… Eu imploro, me deixe ir com você…
Eu vejo suas lágrimas, sua dor, seu medo.
— Já perdi meu pai, não posso te perder também.
— …Eu não quero ter que perder outra pessoa importante na minha vida…
Lilith larga o copo, enfim.
— Senhora? — Marionete diz.
— Cuide dela, faça com que ela retorne para casa em segurança. É uma ordem.
●●●
O cemitério é o último lugar no qual eu gostaria de visitar. Fico estática na entrada acima do arco de pedregulhos, minha expressão foi gradualmente decaindo para a tristeza conforme vou avançando pelo caminho destacado. Subo até uma lápide isolada, perto do lago. Lá há uma lápide que se destaca das demais, as laterais douradas se destacam na luz da lua, de longe alguns pontinhos do mesmo tom formam uma escritura entalhada:
“Sweyn Olga. Pai. Rei.”
Aterrisso minha mão no topo da lápide, bem na minha cintura, acaricio como uma saudação. Mesmo não consigo parar de agir como se ele ainda estivesse vivo. Mais uma vez a culpa de sua morte me assombrar como um arrepio na espinha. Por um instante, ouço seu último suspiro.
— Olá, pai.
Minha voz sai trêmula.
Continuo meu monólogo:
— Eu… Eu só vim dizer adeus. — Me sento ao lado do túmulo, de frente para o lago. — Eu sei que não fomos tão íntimos e mesmo você sendo meu pai eu me referia a você como rei ou mesmo senhor. Mas apesar de termos nossas farpas às vezes… — eu estava me emocionando. A voz voltou a tremer. — E do senhor ser bastante rígido. Mas eu nunca quis o seu mal. Devo ao senhor mais do que mereço por me dar o melhor que podia mesmo não conseguindo se expressar ou…, por mais inesperado que seja para mim, eu sinto a sua falta.
“Garota…”
— Agora não.
“Não estamos sós.”
Ergo a cabeça atenta aos ouvidos. Me viro por um instante, levanto-me apoiada na lápide olhando ao meu redor, conseguia sentir a presença de alguém, mas não sabia dizer, meus olhos me enganavam mostrando apenas o ambiente pouco nevoento com as lápides querendo se esconder, as corujas chirriando são minhas testemunhas e as sentinelas do cemitério, dessa vez não será diferente. O suspense estava aumentando minha ansiedade. Aperto uma das alças da minha mochila tentando controlar minha respiração, meus pés queriam correr para longe, eu não estava preparada para lutar cara a cara, mas também não queria mais fugir como no incidente. Meus olhos não paravam quietos, freneticamente olhando para diversos pontos escuros, diversos arbustos, qualquer lugar onde ele poderia estar. O que eu faço? Não estava mais com guardas ou algum tipo de proteção, apenas com a própria sorte (isto se ela me for favorável também).
— Onde está? Onde?
Eu me afastava, aterrissava meus pés fazendo o mínimo de som possível. Minhas mãos não largavam a alça, apertava tão forte que sentia minhas mãos quase adormecerem. Comecei a repensar, e se fosse apenas outro ali no cemitério, também? Apenas mais um de luto pela perda de alguém, sofrendo por dentro e remoendo as lembranças para tentar aliviar a dor. É trágico e eu entendo isso. Mesmo assim preferi não arriscar, decidi sair daquele lugar sombrio antes que algo piorasse para mim e assim que me virei…
— Olá, princesa
Ele apareceu.
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