Volume 1

Capítulo 8: O garoto, o javali e os colegas de classe

O monstro em forma de Javali com seus olhos brilhando em um vermelho ameaçador soltou um grito de guerra. Com seus colegas incapazes de se mover atrás de si, Rudel canalizou a circulação de |Mana em volta de seu corpo e usou sua espada para receber o golpe. E Izumi que conseguiu reagir a tempo, tentou usar sua Katana para cortar o Javali, porém...

(Izumi): “Wha! É duro demais para cortar!”

A lâmina da Katana resvalou e, incapaz de resistir ao impacto, Rudel foi lançado para longe. O Javali usou suas pernas para arranhar o solo várias vezes... antes de atacar Rudel mais uma vez. Com seu corpo destruindo várias árvores, Rudel sentiu a dor se espalhando.

(Rudel): “Kuh!”

Desta vez, Rudel desviou do ataque e lançou uma magia no Javali. ‖Magias Elementares‖ de fogo e vento acertaram seu alvo, mas o Javali continuou sem qualquer ferimento.

(Rudel): “Lá vou eu!”

Recuperando sua postura, Rudel encarou o Javali. Vendo sua forma, alguns estudantes deram uma resposta atrasada, atacando com magia e com as armas em suas mãos.

Força nos números... mas o monstro não era tão fraco para ser derrotado por uma sala exausta com Rudel machucado.

Rudel não desistiu. Os Dragoons são os mais fortes de |Courtois|. O que significa que se ele fosse derrotado, ele não teria um futuro.

A derrota de um Dragoon significa a derrota de um país... isso era o que dizia algum livro que ele tinha lido antes e guardava em sua memória.

As presas protuberantes do Javali vinham em direção a Rudel...

Concentrando o poder em seu corpo, Rudel balançou sua espada. Como resultado... as presas do Javali se enterraram no solo, mas Rudel perdeu seu poder de batalha e foi lançado no ar mais uma vez. Com sua presa quebrada, o Javali mirou Rudel em um frenesi. Quando já era difícil demais apenas ficar de pé, desviar do golpe de uma fera tão enlouquecida...

(???): “Chega! Isso é o mais longe que você irá!”

Junto dessa voz, os guardas na retaguarda atacaram de uma vez. A magia deles queimou o Javali, suas espadas e lanças cortaram e perfuraram... Rudel e seus colegas perceberam o quanto suas forças estavam distantes.

Foi tudo em um instante. O inimigo que eles não conseguiram encostar um dedo... diante dos guardas foi derrotado rapidamente. O coração de Rudel se encheu de humilhação. Vergonha de sua esgrima e magia que ele praticou exaustivamente não servindo para nada... vergonha da realidade de que ele teria morrido se não tivesse sido salvo.

Tudo isso encheu Rudel com uma irritação intolerável.


(Rudel): “Retirada? Não seja estúpida! Depois de chegar tão longe não podemos apenas recuar!”

As palavras de Izumi para Rudel quando ele se levantou: “Vamos nos retirar”. Incapaz de olhar ao seu redor devido a vergonha e irritação, Rudel se opôs.

(Izumi): “Rudel...”

Izumi balançou sua cabeça. Talvez percebendo os sentimentos de Rudel, ela não pôde dizer mais nada.

(Rudel): “Só precisamos andar mais um pouco...”

Certo. O ponto de destino não estava longe... apenas mais metade do caminho. Eles realmente não tinham escolha a não ser bater em retirada.

Colegas exaustos e Rudel ferido. Continuar colocaria as vidas deles em risco.

Vendo Rudel, Basyle pensou...

(“A realidade é uma vadia. Se essa monstruosidade não tivesse aparecido, talvez ele pudesse chegar ao objetivo... bom. É natural que uma criança não possa tomar decisões sobre certas circunstâncias”)

Do ponto de vista de uma guarda, Basyle já tinha decidido que continuar era impossível e já havia enviado alguém para avisar os professores. Tudo o que restava era fazer Rudel desistir. Dizendo para si mesma que ser companheira de uma criança seria muito trabalhoso, ela já tinha desistido de se vender para ele.

Um lorde incapaz de julgar era o que Basyle desejava. Porém...

(Colega A): “N-Nós podemos continuar um pouco mais, certo?”

(Colega B): “C-Certo. Nós podemos fazer isso!”

(Colega C): “É só mais um pouco, então aguente firme”

Vendo Izumi e Rudel, os colegas disseram isso por vontade própria. Foi para se protegerem ou eles queriam atender o desejo de Rudel? Ninguém pode dizer.

Mas esses colegas finalmente entraram no campo de visão de Rudel. Foi aí que ele finalmente entendeu que eles seriam incapazes de continuar. Não eram apenas os machucados, mas suas armas estavam em pedaços, e ele percebeu alguns rostos preocupados. Prosseguir seria perigoso...

Rudel fechou sua mão direita... e depois de um tempo, ele a abriu e declarou...

(Rudel): “Nossa sala está... se retirando”


(Basyle): “Hmm. Ele é surpreendentemente decente”

Em um lugar separado, Basyle deu sua impressão sobre Rudel. Ver os jovens nobres persistindo foi uma surpresa, mas o fato de Rudel optar pela retirada após vê-los assim foi ainda mais louvável.

Astuciosamente, Basyle segurava em sua mão a presa do Javali que Rudel cortou.

Por algum motivo, o resto se transformou em uma névoa negra e desapareceu. Esta presa era a única prova da existência do Javali anormal... mas a presa pareceu excepcionalmente linda para Basyle. Quase como um material de primeira classe. Ela acabou colocando isso em sua própria bolsa.

Pelo regulamento da escola, ela não deveria salvar os alunos a menos que eles estivessem por um fio. Os guardas não levantariam um dedo enquanto os estudantes não demonstrassem o desejo de serem ajudados. Ela usou isso para resgata-los no último momento possível, entretanto... ela não tinha certeza se isso iria prejudicar em seu emprego.

Se Rudel tivesse insistido um pouco mais...


(Rudel): “Estou dizendo que posso andar...”

Tendo recebido um forte golpe em seu corpo, Rudel estava apoiado nos ombros de Izumi e Basyle enquanto andava. No início, ele tentou se mover por conta própria, mas seu corpo não estava em boas condições. Sua fadiga física por usar |Mana e as contusões por todo o seu corpo eram simplesmente demais.

(Izumi): “Se você tentar andar e cair atrás dos outros, o que você irá fazer? Nós já estamos quase lá, só aguente um pouco mais”

(Basyle): “Como esperado do filho mais velho da Casa Arses, mas... seu corpo está no limite”

Izumi estava sinceramente preocupada, enquanto Basyle estava tentando usar seu corpo privilegiado como uma arma para se aproximar de Rudel... apoiado nesses ombros que tinham diferentes objetivos, ele chegou a saída da floresta.

Para quem olhava de longe, era mesmo uma visão invejável. Os outros guardas também estavam paparicando os jovens nobres para vender seus serviços.

Certo... se você olhar bem... parecia que Rudel estava sendo mimado por duas beldades.

E como se a sorte dele já não estivesse ruim, a classe de Aleist tinha acabado de chegar ao objetivo com sua própria força. Vendo a classe de Rudel toda acabada, a turma de Aleist tomou uma atitude condescendente¹. O fato de eles terem cumprido a missão por conta própria inflou um pouco seus egos.

(Estudante A): “Vocês desistiram? Que diabos vocês estavam fazendo nesta floresta que só tem monstros fracotes?”

(Estudante B): “Que turma patética. Essas desgraças de nobres...”

(Estudante C): “Aleist, diga alguma coisa também”

Alguém na classe chamou Aleist. Para Aleist, este era um evento onde Rudel iria arruinar sua própria classe. Ele seria um derrotista que iria dizer: “eu sabia desde o início que nunca chegaríamos ao objetivo”. Ele se lembrou da cena que resultaria do evento. E Rudel, com uma flor em cada braço, apareceu neste evento como deveria.

Pelas lembranças de Aleist, o idiota do Rudel desistiria, tomando os ombros de uma linda guarda e da beldade número um da classe, “Izumi Shirasagi”, como se ele tivesse corajosamente escapado até aqui... ele se lembrava bem disso.

Neste evento, o protagonista não deveria se envolver. Mas os desejos de Aleist foram fortes demais. Ele queria dar uma boa impressão para Izumi e a guarda bonita...

(Aleist): “Quando você desiste e se retira, você consegue uma flor em cada braço... por que você está desanimado? Por que não vê o problema que está causando para esses que estão ao seu redor?”

Com essas palavras, as provocações da sala de Aleist começaram a afetar a classe de Rudel. Quando eles tiveram que arriscar suas vidas enfrentando um monstro perigoso no caminho... eles precisavam mesmo ser tão ridicularizados? Rudel deixou os ombros de Izumi e Basyle e ficou na frente de Aleist.

(Rudel): “É verdade que nos retiramos, mas nós encontramos um monstro perigoso. E eu já sei que estou incomodando essas pessoas”

Rudel sabia que exigiu demais de sua sala e, acima de tudo isso, ele teve a intenção de obriga-los a continuar. Mas Aleist só estava se referindo as duas mulheres.

(Aleist): “Hmm... que tipo de monstro era esse?”

Rudel explicou para Aleist. Era um feroz monstro Javali, com o corpo negro, peito branco e olhos vermelhos... assim que ele terminou de explicar suas características, Aleist caiu na gargalhada.

(Aleist): “É impossível que tal monstro apareça nesta floresta seu idiota. Escute aqui, se um monstro tão perigoso estava por aqui, essa excursão nunca teria acontecido. Você só está se envergonhando quando fica inventando essas desculpas sem entender nem mesmo o básico do básico”

Assim que terminou sua parte, Aleist enviou um olhar para Izumi e Basyle antes de partir com seus colegas. Os rostos das duas pareciam dizer “que merda foi essa”?

(Colega A): “S-Sinto muito Rudel...”

(Colega B): “Vamos dar o nosso melhor na próxima vez”

(Colega C): “Em pensar que eles não acreditaram... eu deveria explicar o que aconteceu para os professores?”

Enquanto Rudel estava paralisado, seus colegas usaram algumas palavras para conforta-lo. Mas Rudel estava surpreso pelo fato da sala de Aleist mal ter sofrido alguns arranhões. Enquanto seu próprio grupo estava todo machucado apenas por andar na floresta... Rudel não podia se sentir mais envergonhado de si mesmo.

Certamente ele poderia ter se preparado melhor. Se ele tivesse começado a obter informações e equipamentos no momento em que ele foi escolhido como líder da sala... Rudel se virou para seus colegas. Ele olhou para cada um deles.

(Rudel): “Todos vocês, desta vez foi minha culpa. Eu sinto muito... mas se vocês ainda me deixarem liderar na próxima vez, eu definitivamente vou levar nossa sala até o final. Não, nós seremos os primeiros! Na próxima vez, nós vamos mirar no primeiro lugar! Então vocês poderiam por favor deixar a próxima vez comigo... eu sei que estou pedindo muito aqui, mas por favor...”

Como Rudel estava curvando sua cabeça, todos ao redor estavam confusos. Eles tinham certeza que ele iria jogar a culpa neles... da classe, uma e depois outra voz se ergueram em aprovação. É claro que a primeira delas era de Izumi.


Nota

[1] Uma pessoa condescendente é aquela que renuncia aos bons princípios ou a outros valores na avaliação de algo ou de alguém; que julga injustamente alguém.



Comentários