Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 216: O Grande Secto do Oeste de Fora, Gruta do Paraíso(2)

— Acho que consegui!

Mallu sente a energia da pérola correndo por seus canais enérgicos. Era no começo, como sentir água descendo por sua garganta. Depois se tornou uma sensação morna, e embora ele nunca tenha de fato pego antes em névoa, sentia que tinha névoa correndo em suas artérias.

A pérola em suas mãos era uma das concebidas por Mer(A Ostra Celestial Divina). Mythro pediu para Mer drenar mais de 90% da energia antes de dar a pérola para testes físicos nas triagens.

Winston fica vendo o desenho nas costas da cadeira. O desenho mostra se a energia consegue percorrer pelo corpo, e em quanto tempo ela faz isso. Canais menos obstruídos poderiam ser considerados como alguém com maior talento. E talento é uma discussão em quem aprende mais rápido, ou quem consegue gastar menos recursos do secto.

Nesse caso, Mallu tinha um talento mediano.

— Tudo certo! Você quer saber seu nível de talento?

— Sim!

— Você está na média, cerca de 47% dos seus canais enérgicos estão obstruídos.

Mallu fica quieto por alguns segundos.

— Mas isso não é ruim?

— Bem, geralmente sim. Mas aqui é considerado mediano. Em outros sectos você seria tratado que nem lixo... Mas, ouvi rumores que o Lorde Mythro e a Sra Mits tem meios de desobstruir os canais. Por isso para eles não importa muito quão obstruído seus canais são.

— Tem alguém que falhou no teste de talento?

— Ainda não, mas para eu poder falhar alguém, essa pessoa tem que ter energia vil nos seus canais. Ou então ter seus canais 110% obstruídos.

— 110%?

— Sim, é como eu chamo. São pessoas que além de não poderem absorver energia, quando a energia as toca, lhes faz mal. São pessoas que infelizmente não podem cultivar.

— Que pena para essas pessoas de 110%.

— Sim! Mas quando eu as falho elas passam para outro setor, que faz um outro teste. Me disseram que tem pessoas com corpos especiais que podem apresentar essas características. Elas são testadas de três em três horas, pelo próprio Lorde. Elas são levadas pelo Odyel. Eu vou te dar okay aqui, e te levar lá para aguardar com elas. Mas vai ter que esperar umas 2h ainda.

— 2h? Devíamos ter chegado aqui antes.

Iamanda puxa o cabelo de Mallu e diz rigorosamente a ele:

— Sr Ariã parou de fazer um monte de coisa que ele tava ocupado para trazer a gente aqui, fica quieto e espere!

— Nossa, mãe. Tá bom.

Winston espera a mãe disciplinar seu filho e o leva para os outros atendentes. Que checam seu corpo por qualquer tipo de anomalia, e verificam se ele sabe ler e escrever. Por último, eles pedem para que ele faça alguns exercícios para categorizarem que tipo de treinos ele poderia receber assim que aceito no secto.

Alguns devido a situações de mal nutrição não conseguiam nem fazer 10 polichinelos. O que era péssimo até se eles quisessem tentar uma carreira de guerreiros mortais. Mas com tempo e cultivação, tudo isso poderia ser resolvido. Mas atenção específica teria que ser dada no começo.

Após ter seus testes feitos. E ser mediano em todos, tirando escrita e leitura, que ele não sabia. Ele é dado sua ficha, e é levado até um espaço circulado com pedras no chão. Tendo alguns bancos talhados de madeira, e seis pessoas esperando.

— Mensageiro dos lobos!

— Guazi!

— Você também falhou?

— Não, o Sr Odyel vai me levar ao Lorde...

— Ah, que sorte...

Guazi era um jovem dois anos mais novo que Mallu. Ele era órfão, e vivia num tronco de árvore que foi roído no meio por um castor. Mallu o ajudou a pregar uma pequena cortina na entrada, para que suportasse o vento frio da noite.

Ele tinha um nariz longo, lábios volumosos e uma pele parda. Possuía algumas sardas na bochecha esquerda. O que era estranho, e um tanto charmoso. Era bem magro, e tinha as unhas sujas de terra. Seu cabelo era raspado, pois quando estava grande enchia de piolhos.

Mallu era mais cuidado. Pele parda, cabelo curto, ruivo, nariz com formato de onda. Sua pele possuía espinhas, dignas da idade. Seus dedos quase sempre eram sujos de terra, mas para hoje, sua mãe o fez limpar as mãos no rio até que toda a terra saísse. Uma pena que ela esqueceu as do pé.

Os outros cinco não eram da comunidade deles, então Guazi e Mallu ficaram em dupla.

Momentos depois, Odyel aparece, descendo do céu.

— Crianças, vamos. — Sem se prender muito em formalidades, Odyel faz pedaços de terra flutuarem a 20cm do chão, e convida os jovens a subirem em cima.

— Oi, Sr Odyel? Eu sou o Mallu...

— Mallu Ian? Ariã falou de você. Logo estaremos com o Lorde. Venha.

Guazi e Mallu se olham, e pulam nas pedras. Quando seus pés tocam no chão flutuante, mais terra sobe e cobre eles de todos os lados até os ombros.

— Que bom. Pensei que quando ele começasse a voar íamos cair.

Guazi suspira e depois coloca as duas mãos na boca. Achando que poderia ter ofendido o Titã ao seu lado.

— Fica tranquilo, na verdade, eu nem precisaria dessa terra para levitar vocês. Mas muitos de vocês choram demais no meio do voo...

Os outros cinco pulam no chão flutuante, e logo Odyel zarpa com eles. Durante toda a viagem, eles se encolhem para dentro da barreira terrena.

Mythro aguarda do lado de Bianchella e Grásio. Eles estavam em uma das trilhas que levavam a montanha. Mas até o pé montanha ainda faltaria mais de 60 quilômetros.

Mythro estava com sua natureza retraída. Claro, sempre com Arietem em sua face, mas suas unhas já não estavam azuis, e seus cabelos estavam com mechas azuis-douradas mais opacas. Com uma camisa de algodão, e calça de couro. Sua coroa feita da Semente de Terceiro Véu, e os Três Tesouros, Humildade, Amor e Frugalidade. Descansava em seus ombros, em vez de estar em sua cabeça, parecendo um colar.

Bianchella estava com um vestido branco de algodão, simples. Seus cabelos loiros estavam unidos em com coque. Seu corpo irradia um calor confortável, como estar no útero da mãe.

— Meu Lorde. Estes são dos isentos.

— Okay.

Odyel apresenta cada um, e eles passam suas fichas para Mythro.

— Mallu... Você está coberto do cheiro daqueles lobos. Como eles estão?

Mythro se aproxima do jovem ruivo, e ele fica elétrico. Começa a contar de como conheceu os lobos, e do dia que ele trocou o Coração do Trovão com Mythro. Causando inveja aos demais.

— Já vi que está tudo bem com seus canais. Na barraca dos isentos eles não perguntam sobre o que você gostaria de ser no futuro pois, acredito eu ao menos, que vocês não devem ter tido contato com o mundo da cultivação. Talvez saibam que artesãos e alquimistas têm dinheiro, e guerreiros servem para proteger o secto.

Todos acenam a cabeça.

­— Por isso, minha primeira oferta é que aprendam a ler, escrever. Depois disso, terão algumas aulas de geografia, história e sobre como funciona o mundo da cultivação. Se bem que deste último assunto, experiência própria diz mais. Após isso, vão ajudar todos os setores e quando sentirem que podem escolher o que querem, poderá avisar ao Ariã. Caso não sintam afinidade com nada, podem tanto continuar ajudando a todos os setores, e aprendendo uma coisa aqui ou ali, ou se acharem que tanto faz, indicaremos você para o setor que teve maiores contribuições.

Os sete se olham, e acenam.

— Bom! Vocês são sortudos. Vocês seis. O único problema de seus canais é exposição prolongada a terra moribunda, como muitos outros. Comeram demais dos frutos que nascia dessas terras, embora sacie a fome, vão matando seus canais enérgicos. A Bianchella vai aquecer seus canais enérgicos, e eu vou limpar eles um pouco. Só 30%. Depois disso, haverá campos de treinamento para ajudarem com isso. Mas custará contribuições.

— Certo, Lorde Mythro!

— E você, Mallu. Cuide bem da sua mãe. Não existe nada nessa terra mais poderoso que o amor de uma mãe. Quer dizer, até existem, mas com certeza é uma das 10 coisas mais fortes do universo.

— E qual é a mais forte?

— Sei lá nunca vi.

As crianças se entreolham e começam a rir. Bianchella olha para seu Lorde, e abre um leve sorriso. Ele era um ser de muitas faces. As vezes gentil, e as vezes demoníaco.

****

A noite cai, mas ainda continuam as filas. O Secto e a cidade continuariam de portões abertos 24h para que todos fossem atendidos.

Isso, claro, custaria horrores ao bolso de Mythro e Mits. Mas seria um investimento que valeria muito a pena.

E assim indo, três meses se passam...



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