Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 214: Se aliando a Tempestade de Relâmpagos

− É um grande prazer finalmente o conhecer. Ymir.

Com rapidez, Mythro e Mits levam a família da Tempestade de Relâmpagos para um prédio, de paredes brancas e pouca decoração, que seria futuramente destinado a uso comercial. Com eles estavam seus líderes de Casta.

Já que a Casa Maior no momento estava... cheirando...

− Seus escravos te chamam de Lorde, em vez de Mestre. E tem armaduras fenomenais. Por que investir tanto em escravos? E por que de raças  Markhos?

Ymir parece não conseguir segurar suas perguntas na garganta, e as solta todas.

− Não são Markhos, são seres místicos. Frutos de seres divinos. Não são mais escravos, são meus generais, minhas armas, meus companheiros. Aqueles que vão comigo enfrentar os reinos e mundos, serão chamados de facínoras e anjos, comensais da guerra e inimigos daqueles que querem usurpar a criação. – Mythro diz, e então aponta e informa o nome de cada um de seus Líderes de Casta.

− ...

Ymir fica sem saber o que falar.

− Isso parece com aquele livro de guerra velho, que o vovô fez a gente ouvir antes de dormir uma vez. – Iansã comenta, parecendo levemente entediada.

− Bem... Entendemos. Parece que o Sr Zumb’la tem gosto peculiar para suas companhias. – Iemanjá olha para seu esposo, com um sorriso torto e mãos em gesto indicando confusão.

− Seus filhos são especiais. Consigo sentir a aura de relâmpago daqui. E é forte, e pura.

Mits olha para as crianças, e seus olhos piscam fascinados. Por mais que ela não tivesse uma Benção dos Céus como Mythro, podendo ver através da cultivação, ela podia sentir que a energia de relâmpago nos gêmeos não era simples.

− Mm. Nossos bebês aqui são um milagre. Iemanjá estava prestes a ter um aborto espontâneo. Não sabíamos o que fazer. Alguma coisa me chamou nas Ruínas Sagradas do nosso clã, um lugar subterrâneo logo abaixo do núcleo das nossas terras. Levei Iemanjá até lá com meu sogro, e no Templo de Contemplação do Raio, nosso lugar mais especial de cultivo, apareceu um cristal rachado ao meio. Nele podia ser visto um semblante de um bebê cortado ao meio, tremeluzindo, como se prestes a desaparecer. Da rachadura do cristal, saia um líquido azul. Como se fosse o próprio sangue do cristal. – Ymir para um momento, e segura na mão de Iemanjá – Nós, sinceramente, não fazíamos ideia do que fazer, ou o que aquilo significava. Mas então, minha esposa foi até o Cristal, e o pegou na mão.

− Eu estava prestes a perder meus filhos gêmeos. E o cristal parecia ser um reflexo do que poderia estar acontecendo dentro de mim. Meus bebês estavam sendo partidos ao meio pelo meu próprio ventre? Era só isso que eu conseguia pensar. E que se eles morressem, eu morreria junto logo depois.

Iemanjá para um pouco e segura Xangô em seus braços. Respirando fundo, ela continua:

− Foi aí que o sangue começou a sair cada vez mais forte. Desesperada, eu peguei o cristal e, não sei por que loucuras, coloquei ele dentro de mim, pela parte íntima mesmo. Senti meu útero começar a queimar, e depois minha energia que já estava basicamente nas últimas ser drenada. E estava sendo toda investida no meu útero. Quando Ymir percebeu, correu até mim e me deu algumas pílulas, e começou a transferir sua energia para mim. Meu pai começou a preparar um “Relâmpago de Vida” – Um tipo de eletricidade que estimula a recuperação e, sacrificando um pouco de Essência de Sangue e parte da cultivação, pode transferir energia vital e energia. Meu pai sacrificou os dois braços de seu Semblante Espiritual... Quando ele finalmente transferiu o Relâmpago de Vida em mim, um tipo de casulo rodeou a mim e a Ymir, e ficamos sem poder sair deste por mais de 10 anos... Xangô e Iansã ficaram no meu ventre por 1 ano inteiro. Depois disso eu dei luz a eles. Eles nasceram rodeados de um azul intenso, e só aos longos dos meses que o brilho elétrico reduziu e suas peles podiam ser vista.

Ymir continua:

− O Casulo não deixou de existir mesmo depois dela ter dado luz. Não tinha comida conosco, mas por já estarmos no quarto reino, ficar dependendo só de energia por uns meses não afetaria nossos corpos. Eles dois sobreviveram com leite materno até os 7 anos, e nós, de alguma forma, sobrevivemos com uma fonte de energia que nunca sentimos antes. E ela vinha do casulo. Aquela energia nos alimentava. E a todo momento cultivávamos e mandávamos energia para os dois.

Mythro e Mits ficam surpresos com a história.

− Que fenômeno incomum... – Gornn, na área Shen de Mythro, comenta.

− Já ouviu falar de algo assim, Gornn?

− Nunca. É parecido com a nutrição de Tesouros Naturais a grávidas. Mas não são aderidos por meio do canal vaginal, e sim por meio de consumo oral, ou então pela respiração de energia pela pele – isso é, rodear os tesouros ao redor da grávida e deixar ela cultivando e redirecionando a energia para o seu bebê. Me lembra também como casais de mesmo sexo cuidam para que seu sêmen, ou óvulos, sejam nutridos para poderem procriar. Ambos os geradores criam um Castelo de Lei, onde a energia circula única e exclusivamente pelos seus órgãos reprodutores e após circular por estes, se materializa como meio castelo. Então o outro parceiro faz o mesmo. Os dois completam o castelo, e onde ficaria a Neidan do castelo, seus óvulos, ou sêmen, é nutrido. De vez em quando sangue, de ambos tem que ser refinado e absorvido por aquele sendo gerado. Casais de mesmo sexo só conseguem naturalmente criar alguém do mesmo gênero. Então um casal de mulheres sempre gera uma mulher, e casais de homens sempre geram um homem. A criança gerada tem um corpo de afinidade aumentada devido a isso. A maior parte de corpos puro Yin, ou puro Yang, são de casais de mesmo gênero. Um terço são de casais que os pais procriaram com alguém do mesmo gênero e se encontraram em amor e reprodução. Combinando suas essências Yin e Yang que corroboram e trazem ainda mais força ao bebê gerado. Casais de sexos opostos também podem fazer isso, mas é geralmente quando eles querem adicionar algum minério esotérico e divino, ao bebê. Então é formado o Castelo de Lei em mesmas condições. O bebê após 3 meses em fusão com o minério, volta ao ventre da mãe, por meio de uma cesárea inversa, rudemente exemplando o processo, e, enquanto a mãe foca em estabilizar o corpo do bebê, o pai foca em manter a energia bem integrada ao corpo. É um processo longo e estressante. Mas com certeza produz experts incríveis.

− Existe em minha memória um clã de mulheres que seguem essa doutrina. Corpos puro Yin, e leis de gelo avassaladoras. Elas moram num planeta de gelo formado por sua anterior Rainha, que veio a falecer, pelo que pude contar através de presságios das atuais estrelas, há 40 mil anos atrás. Nunca dei muita atenção a essa parte das memórias herdadas já que preso aqui, improvavelmente me depararia com tal situação. Mas quem diria...

− Pelo que ela falou do Cristal, era um tipo Alma-Tronco que tomou o atributo de relâmpago. Yin extremo gera Yang. Devido a raiz moribunda, provavelmente, esse cristal foi gerado pelas leis de dualidade para ser uma parte Yang. Agora o que uma Alma-Tronco tem a ver com isso... É um mistério do universo. Tenho algumas teorias, mas de fato o que foi fica para nossa imaginação. Se eu tivesse meu corpo poderia tentar ver a formação dele usando as Leis de Espaço e Tempo. Ah claro, esse Relâmpago aí é o que se consegue pelo minério de Segundo Céu, Relâmpago Vibrante de Três Índoles. Com ele pode ser usado até três tipos de Dominium. “Excitação de Vida”, para cura, “Morte Encurtada”, para afetar o corpo inimigo, e até mesmo suas ondas cerebrais, o que seria interessante para você, Mythro. Aquela magia de cultivar zumbis? Se você conseguir assimilar como a energia se comporta no modo “Morte Encurtada”, você poderá fazer o mesmo com seu relâmpago. E o terceiro é “Shura Elétrico”. O domínio se prende a sua pele, não em uma região em volta de quem o usa. E então, aquele com o Shura Elétrico se torna incapaz de materializar Relâmpago para fora do corpo. Mas ataques físicos tem ambas as propriedades de “Morte Encurtada” e “Excitação de Vida”. Golpes interrompem a circulação de poderes físicos e da própria energia cósmica no corpo do inimigo, e abrir feridas rouba a energia das duas fontes para si. Por isso foi dado o nome de “Shura”.

O Casal da Tempestade de Relâmpagos, fica em silêncio enquanto Mythro e Mits fazem rostos contemplativos.

− Bem, vocês vieram a nós por um motivo. Como posso ajudar?

− Queremos nos aliar a Gruta do Paraíso. E desejamos que você ensine sobre os Relâmpagos que não conhecemos. Achamos que assim poderemos entender melhor a natureza de nossos filhos.

Os recém-casados se olham. O secto mal foi construído e o maior secto do oeste já apareceu em suas portas.

− Queremos conhecer um pouco mais de todas as circunstâncias. Mas pelo pouco que já ouvi falar de vocês, será um grande prazer os termos como aliados.



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