Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 133: Músico Esquisito

A Vila Déka não ficava muito longe. Infelizmente, Mythro estava nu, pois suas roupas foram completamente derretidas com o Qi corrupto do Rei Maligno. 

O que mais o fazia falta agora era sua máscara.

— Bijin deve ter ficado com meu saco azul.

Passando por algumas moitas, ele ouve um homem cantando.

— Então eu sigo meus caminhos, separado dos seus...

Grásio se ergue do chão e olha com um rosto distorcido.

—... Você me disse que foi você que perdeu, mas se é assim, por que quem se sente o perdedor sou eu?

O homem carrega um pequeno coelho nas costas e tem uma garrafa que cheira à álcool na mão. Uma espada na cintura e cabelo que alcança os ombros. Um violão voa ao seu lado, de vez em quando ele toca suas cordas.

— Você voa alto em sua liberdade condicional, essa chamada vida! Oh, meu violão faz trumm e você, você geme como uma rapariga.

“Que deselegante...” — Ammit reclama colocando as mãos nos ouvidos.

— Mas nisso, eu me enfiaria. — Um tom agudo acompanha a última palavra.

Mythro engole em seco. Ele tenta voltar para a moita antes de ser percebido, mas já é tarde.

— Um cavalheiro por essas partes. Venha comigo, estou indo para Déka.

O músico alcança o pequeno NOVA em um piscar de olhos. Ficando assustado, ele pula e se cobre de energia.

— Calma, eu lanço a paz, não o ódio. Por que você está peladão?

O músico lança uma muda de roupas para Mythro, que acaba aceitando. Ele olha nos olhos do homem e não vê nenhuma má intenção.

— Gosta de música, pequeno? Estou terminando uma agora — Ele pigarreia — Lembro de nossa última conversa, você disse que ia cultivar absorvendo os raios solares...

O músico gira e pega o violão nas mãos. Um solo melodioso e triste ecoa pela floresta, fazendo as flores e folhas relaxarem.

—... Te segui para proteger seu Dao! — Ele puxa a palavra — Mas encontrei sua garganta atolada em um pau...

Terminando a música com tom melancólico, ele se vira para Mythro e diz com lágrimas no rosto.

— Baseado em fatos reais.

— Meu deus cara, acho que devemos nos separar aqui.

O músico pega na mão de Mythro, já soluçando de tanto chorar.

— Se, se, se você quiser... É que, me perdoe, é muito recente. Um homem deve chorar para afastar os males, mas o meu mal é aquela mulher.

Grásio começa a irradiar a Aura Primal Mortal, mas o pequeno NOVA toca em sua cabeça.

— Enfim, se ela já o traiu, por que você simplesmente não conhece uma outra pessoa?

— Ah, pequeno peladão. Caso as coisas, fáceis assim fossem... Primeiro tenho que matá-la, nessa alma que só sabe chamar por seu nome...

— Pequeno o quê?

— ELA ME FAZ SOFRER TANTO, PELADINHO DA FLORESTA.

— Quitei.

Mythro sobe em Grásio que expande até ter 4 metros e sai deslizando rapidamente dali.

— Sim, sim. Temos que nos apressar para a Vila Déka. Vamos cobrinha cor da noite. Canção de ninar dos mortos, eia, eis meu cajado, nele tudo eu posso... — Uma energia pesada começa a emanar do músico.

“Fuja!” — Hemera, Nyx, Éter e Érebo gritam no corpo de Mythro.

Grásio diminui para seu tamanho normal e o pequeno NOVA usa a Imagem Encarnada da Perdição do Egito e um Salto Reação, que o leva a 60 metros em grande rapidez.

Se colocando em guarda, ele puxa Éter e se envolve em nuvens. Grásio se enrola em seu corpo e joga sua cultivação no pico da pressão que pode exercer.

— Ops, me perdoem. Acabei recitando um feitiço, risadinhas.

Por trás dele, em meio às nuvens, o músico reaparece e coloca a mão em seu ombro.

— Chão terremoto! — Mythro faz o chão no redor de 30 metros dele virar de dentro para fora.

Qualquer ser no mesmo nível que ele teria perdido o balanço. Mas o músico simplesmente pula, um pulo bem pequeno de 50 centímetros do chão.

Até aí não havia problema. Mas a gravidade sempre puxa a pessoa de volta ao chão, bem, pelo menos para qualquer um antes do...

— Expert do 3º reino!

— Não corra de mim, peladinho da floresta. Eu sei que minha aproximação foi ruim, mas eu estou aqui para lhe ajudar a chegar com vida até Déka.

— Quem é você?

— Bem, então deixe-me apresentar. Sou Kou Machist.

— Clã da Lua?

— Sim. Quando ficamos sabendo do que você fez nessa montanha. Nós guardamos pontos específicos dela porque começamos a receber reportes de que havia anciões de clãs malignos rondando a região.

— O Templo de Sangue fez isso?

— Não só o Templo de Sangue, infelizmente. Na Vila Déka você verá Tuin e Oprita, eles aguardam você junto com o clã que você está hospedado.

— Bijin, minha irmã… 

— Ah, sim. Ela está bem, e tem usado sua máscara desde que você desapareceu. Ela saiu várias vezes te procurando, junto com aqueles dois avestruzes raros, seu cavalo e tigre sem pelo.

— Ela é uma gata.

— Aquilo é um gato mesmo?  — Machist estava cutucando o nariz e tira uma meleca em surpresa.

— Aquele encantamento, onde você o aprendeu?

— É de um dos tomos que categorizamos como sem ter como praticar. Você se assustou com ele, o conhece de algum lugar?

— Não, mas convergiu uma energia poderosa.

— Sim... mas é só isso que qualquer um de nós consiga.

— Esses tomos, tem algum relacionado com relâmpagos?

— Mm, de fato, temos um. Você gostaria de possuir algum?

— Não vou trocar ele com a próxima parte do ritual.

— Ah, você percebeu!? — Machist sente uma pinçada em seu peito.

— Quantos no clã da lua sabem disso, afinal?

— Só nível ancião para cima. Já que devemos participar do ritual para curar a pedra. Mas, no momento, os efeitos têm diminuído drasticamente.

— Drasticamente? Vocês estão fazendo o ritual como eu disse?

— É que estava escrito que era uma vez por semana, tentamos fazer uma vez duas vezes na semana e deu em uma melhora notável, então continuamos. Mas depois de algumas semanas...

— Vocês são crianças? O ritual que eu passei para vocês nutre o núcleo que estava defasado, o núcleo tem que se curar com seu tempo. Droga, se eu não passar à segunda parte agora ele eventualmente vai explodir de vez.

Kou Machist fica com suas sobrancelhas nos céus.

— Co–co–co–como assim?

— Enfim, eu vou escrever a segunda parte do ritual, mas vocês vão ter que seguir direito dessa vez.

— Cla–cla–cla–claro.

— Muito bem, vamos voltar para a Vila Dèka de vez.

Grásio se enrola no pescoço de Mythro e eles seguem viagem. O leilão estava prestes a começar, tinha se passado um mês desde que o incidente na montanha tinha acontecido. Deixando apenas 15 dias para que todos pudessem participar do leilão.

Durante a viagem Machist continuou cantando suas músicas. Algumas eram de corno, outras eram feitiços do tomo que não podia ser praticado.

Toda vez que algum feitiço desse tomo era cantado, Gornn, Ammit, Hemera, Nyx, Éter, Érebo e Caos gritavam.

Mythro teve que pedir para ele parar com os encantamentos. O leão rubro sabia de onde cada encantamento vinha.

O primeiro que deixou o pequeno NOVA amedrontado era a Tristeza das Moiras. Era um ataque de três estágios, o primeiro forçava a alma anímica do ser para fora, depois o amaldiçoava com má sorte e o último desprovia o ser de qualquer defesa, para que sua vida pudesse ser ceifada.

Pelo caminho Machist perguntou várias vezes qual seria o preço e tudo que Mythro dizia era:

— O que eu quiser.

O músico com certeza não tinha problemas de roer a unha, bem, até conhecer o “peladinho da floresta”. Quem ia ficar nu agora, pelo jeito, era o clã da lua.

Ir até a Vila Déka era rápido. Devido a aura que Machist estava emanando devido a sua frenzida duvidosa dos preços de Mythro, nada na região tinha coragem de chegar perto deles.

Claro, com exceção de alguns experts do mesmo nível. Diversos anciões do clã da lua vieram ao reconhecer a aura de Machist e vendo que Mythro estava a salvo, eles se juntaram para voltar a Vila Déka todos juntos.

Muitos puxavam assunto com o pequeno NOVA. Alguns pediam para que ele lesse a sorte ao olhar as estrelas. Outros perguntavam se a pedra da lua podia ficar ainda mais forte do que ela já era.

Ele evitou dar muitas respostas. Ele já estava envolvido demais com o clã da lua. Agora que ele havia pisado no segundo reino, logo seria a vez dele de participar do fronte da guerra. Lá, ele encontraria Namhr.

Mythro não sabe em quais condições ela se encontraria. Mas uma coisa era certa. Quando ele alcançasse o segundo estágio do segundo reino, os Mor iam começar a ter suas cabeças decepadas, seus corpos queimados e seus corações devorados.

A vingança dele estava mais próxima do que nunca. Depois de 5 anos de cultivo, logo Mythro faria 7 anos de idade. Bem, 12 se contasse pelo tempo estipulado pelos homens no Ventre das Fadas.

Qualquer um que o visse, no entanto, o daria 15 anos aproximadamente. Seu porte físico não era normal para sua idade.

Os portões da Vila Déka estavam tumultuados com toda a movimentação que acontecia. Este dia era conhecido neste planeta como quinto mês, ano 1126, dia 27.



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