Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 88: Embaixadores da Lua

No restante daquele dia, Mythro descansou na casa dos Urto. Lá, ele colocou a trava de cultivação adulterada para enganar os embaixadores da lua que viriam nos dias a seguir.

**

— Mythro?

— Sim, mãe?

— Você vai fazer o que hoje?

— Nada em particular, ia ficar patrulhando os arredores com Suife.

— Leve Núbia com você até o Salão de Artes Marciais, Ariã pediu para você sabedoria.

— Ah, sabedoria?

Sabedoria era como chamavam o poder de elucidar e iluminar a um novo nível ou estágio um terceiro. Mythro, como um “sábio”, tinha tal capacidade. Ele fazia isso com pouca frequência, mas sempre que o fazia os jovens tinham rompimentos em cultivo e em qualidade de maestria de suas artes.

Desde que o pequeno NOVA mostrou sua “sabedoria”, os jovens da vila Chamto tem crescido exponencialmente, deixando as outras vilas do oeste de fora para trás.

— Passe por seu pai e dê isso à ele. — Baki tira um martelo com uma inscrição rúnica em um dos versos de seu saco cinza e o estende para Mythro.

— Ah, o martelo que Bijin encantou? Ele está com uma cara ótima.

— Ela teve que sair mais cedo para uma vila próxima e deixou isso aos nossos cuidados, um homem vai passar por este nível do sol para pegar.

(Nível do sol era uma das maneiras de dizer as “horas” no continente Caelum Dominum)

— Sol no topo? Okay, vou saindo então.

Baki beija à testa de Mythro e o entrega o martelo.

— Núbia!

A gata sai de sua magia de camuflagem em um canto mais escuro da sala e desce com seu irmão.

Descendo às escadas e abrindo a porta, já é possível ver Brosch conversando com um homem.

— Filho mais jovem? — Brosch se vira e pega no ombro de Mythro, que para ao seu lado.

Os pais no oeste se referem aos seus filhos, de vez em quando, baseado em seus números, principalmente na frente de estranhos ou pessoas de longa data que possam não reconhecê-los, para eles saberem quem é o filho mais velho ou o mais jovem.

— Sim, pai.

— Oh, então este é seu filho mais jovem, Mythro, aquele que teve a cultivação travada?

— Sim, infelizmente, Senhor Conmi Uin.

— Uin? — Mythro olha para o homem e, seus olhos não conseguem segurar sua agressividade.

— Que olhos intensos você tem garoto, nem parece que travaram seu cultivo — Conmi ri com suas mãos na barriga.

— Filho, ele veio pegar uma encomenda. O martelo rúnico de 4 estrelas. — Brosch tenta encurtar conversa e dar logo ao homem o que ele veio buscar.

— Quanto será pago pelo martelo?

— Segundo Bijin, o valor é de 1 milhão e 500 mil gradães.

— Agora é 3 milhões.

Conmi salta suas sobrancelhas.

— Você está tentando dobrar o valor de algo que já foi avaliado e compromissado?

— Caguei pro compromisso. Você vem até a porta da minha casa, me ofende e quer levar o produto em valor pré-estabelecido?

— Ora, garoto!

— Eu sei que seu clã não tem artesão. Então é bem simples: Compre por 3 milhões, ou volte sem nada.

Conmi encara Mythro com raiva. Mas o pequeno NOVA não precisava sentir medo algum. Primeiro que, sua atual cultivação permitia que ele fugisse de pessoas no segundo reino, e ele também podia machucar muito um cultivador no primeiro estágio do segundo reino. Seu arsenal cresceu a um ponto em que se ele enfrentar 50 pessoas do primeiro reino ao mesmo tempo, as chances dele de ganhar sem se machucar estariam por volta de 70%.

O homem vira seus olhos para Brosch, mas ele cruza os braços e, da forma como age, consente o que Mythro acabou de fazer.

— Muito bem. Mas eu, Conmi Uin, lembrarei disso!

— Fod—

— Mythro, chega! — Brosch o para de terminar a palavra.

O homem das ondas barbáricas entrega um saco cinza com o valor e recebe o martelo. Ele o inspeciona por um momento e com um cerrar de olhos, se vira, invoca um pavão e sai montado nele.

— Foi muito imprudente de sua parte. Somos uma vila em ascensão que tem certa atenção do clã da lua, por isso ele não nos importunou mais do que devia. Mas saiba que não temos força nem para bater de frente com um clã do oeste de fora, quem dirá um clã com rei. Tome mais cuidado.

— Mm. Vou ir ao Salão de Artes Marciais, Ariã me invocou sabedoria.

— Vá. Suife e Grásio estão na dispensa meditando.

— Não me sinto bem sem Grásio no meu pescoço, mas é desnecessário perturbá-los. Qualquer coisa diga a eles onde estou.

— Pode deixar. Fique com o dinheiro, se encontrar algo interessante traga para casa.

Mythro invoca serpentes de energia em seus pés e sai deslizando com elas, como se fossem uma ninhada móvel. Núbia corre ao seu lado.

**

— Senhor Ariã, quando o jovem sábio chega? — Um jovem em meio à vários outros, pergunta.

— Já já. Ele é um garoto ocupado. — Ariã está sentado em um banco, em suas mãos, um pergaminho está entreaberto.

Núbia aparece ao lado de Ariã, o pegando de surpresa.

— Oh, gatinha, se você está aqui, então...

Caindo como se fosse do céu, Mythro chega em volta de diversas serpentes que o lançam do alto das escadas até o meio do lugar.

— Jovem sábio! — Todos ficam alegres. Muitos eram até mais velhos que Mythro, mas o respeito por ele o colocava em um lugar maior no coração dos jovens da vila Chamto.

— E aí, pessoal. — Levantando a mão em um aceno, e abrindo um sorriso, Mythro rouba toda a atenção para ele.

— Bem, jovem sábio, poderia iluminar nossos jovens sobre essa arte?

Abrindo o pergaminho que Ariã o passa, Mythro lê seu conteúdo.

 

Braços de tigre montanhês

...

Ele lê a magia corporal por completo e começa a lecionar sobre como ela deveria ser ativada e utilizada, e que os aspectos a ser tomados do tigre devem não ser apenas a imagem feita de energia, mas a própria natureza do animal.

Os jovens vão moldando suas energias, muitos têm problema em controlá-la, mas, sob a supervisão de uma criatura divina, quem não aprenderia?

Logo todos conseguem manifestar grande parte do poder da magia de quarta terra.

— Mythro Zumb’la.

Uma voz forte chama atenção. Observando pelas grades de apoio do corredor de expectação às artes, uma mulher e dois homens prendem seus olhos no pequeno NOVA.

— Eu?

— Eu sou a embaixadora Oprita Yulang, estes são meus companheiros de clã, Tuin e Onofrio Yulang.

— Oh, Srta Oprita e Senhor Tuin.

Um silêncio se faz por um momento. O terceiro ente então se pronuncia.

— E senhor Onofrio?

— E senhor Onofrio? — Mythro repete, e causa risos nos mais jovens.

— Hunf. Garoto.

Oprita encara o pequeno NOVA e pula até o centro do salão, onde ela se aproxima e puxa os cabelos de Mythro, os tirando da frente da máscara de carneiro.

— Qual é a dessa máscara? Você não se alistou em um secto maligno, não é?

— Não curto sectos malignos. Eles são tipo... Ondas Barbáricas.

— Ai, Mythro! — Oprita tampa a boca por um momento.

Tuin e Onofrio pulam e ficam do lado da artesã.

— Você cresceu bem garoto! Viemos tirar a trava de cultivação.

Os jovens se levantam e começam a pular.

— Sem a trava de cultivação o jovem sábio vai poder cultivar de novo, ele com certeza vai trazer muita honra a nossa vila.

— Mesmo sem cultivação ele já faz isso.

— Bem, é isso que quero perguntar. — Onofrio pega o pulso de Mythro e começa a senti-lo. — Como você tá usando magias com a trava de cultivação presa a você?

Os jovens param de pular e começam a encarar Mythro. O que Onofrio disse era verdade, eles nem tinham percebido. O jovem sábio tem usado magias!

Tuin e Oprita ficam com sorrisos tortos. A mesma dúvida os abate.

— Bijin fez um item que invoca energia que eu posso usar. Isso é um poder sanguíneo meu que entra em corroboração ao item mágico.

— Então nos mostre, pois, nem mesmo o clã da lua tem tal tecnologia.

Mythro invoca uma pequena cápsula retangular e, a esmagando, energia negra começa a vazar dela. Seus olhos brilham e a energia começa a obedecê-lo.

— Nunca vi ninguém com energia negra, além de você!

— Meu cavalo e minha serpente têm naturezas próximas às minhas. É a energia deles que estou usando.

— Você diz o frísio de três chifres e a serpente estranha?

— Suife e Grásio. Não isso que falou.

Onofrio para por um momento e começa a pensar.

— Tire sua camisa, vamos saber se a trava ainda está em você de uma vez por todas.

— Não seja por isso.

O pequeno NOVA tira a camisa de algodão e na sua pele, é possível ver o arco e flecha.

— O que é essa tatuagem?

— Um arco e flecha que representam a divindade dos cosmos em relação a mim.

Onofrio bufa. Ele acha que Mythro não passa de um menino exibido. Trazendo uma placa de um bolso interno de sua túnica, ele a aponta para o pequeno NOVA e, a trava começa a se manifestar em sua pele.



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