Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 8: Guie Bem Meu Sucessor !

Quando o dedo do homem esqueleto atinge a testa de Mythro, um tremor percorre o pequeno. E então segundos depois ele acorda.

Mythro se levanta devagar, com uma de suas mãos na cabeça. Ele faz um pequeno gemido e então olha para cima. Só para se deparar com um homem que ele nunca tinha visto.

— Você…?

— Eu sou um ancião de outrora, mas isso não é história para agora, pequeno NOVA.

— Porque você e o Gornn me chamam de NOVA?

— Eu já olhei suas memórias, você não deve saber nada de sua divindade.

— Divindade?

— Tenho pouco tempo para falar, tenho que impedir um velho ranzinza de destruir este planeta. Venha.

Em um momento eles estavam na caverna, em outro Mythro volta para a área Shen de seu dantian.

O pequeno olha para Gornn acorrentado em seu corpo inteiro por correntes douradas com diversas inscrições. Sua boca estava amarrada, em seu peito, as correntes formam um pentágono.

O homem que se diz ancião dá um passo no espaço Shen de Mythro, e reaparece na frente do leão rubro.

— Você será limitado por essas correntes, somente em questões de vida ou morte seu poder poderá correr no corpo de Mythro, você compreende isso?

Gornn encara furioso à face do homem à sua frente.

— Jaula!

A palavra ecoa e novamente, da árvore da natureza do primeiro reino, mais correntes saem, essas correntes no entanto vão se transformando até que viram barras, elas cercam Gornn e o prendem!

— Sua alma é forte, descendente de Schim’rar, mas não o suficiente para brincarmos de gato e rato. Esta criança é especial e tenho certeza que sabes disso. A ele, minha sucessão passará, então guie-o bem!

Gornn dessa vez fica com os olhos arregalados, ele encara o homem à sua frente, como o próprio Mythro encarou a ele quando ele cresceu milhares de metros em instantes!

— Eu posso ler seus olhos, suas dúvidas serão sanadas, assim que esta criança puder sair deste planeta. – O ancião então vira e olha para Mythro. – Naquela árvore há algo para você, o método de cultivo deste planeta não é tão forte, mas será o suficiente para que você possa ter um bom fundamento. Muito depende de como você irá crescer… então cresça bem! Ou eu mesmo te mato.

Mythro ao ouvir essas palavras pensou que elas eram cruéis e injustas, mas da voz do homem, encontrou ternura e ansiedade.

— Tá. mas…

— Não se preocupe com minha origem, você primeiro deve entender da sua e depois que souber disto, deverá decidir o que fazer com o que lhe é esperado, desde antes de seu nascimento.

O ancião olha para cima, na mesma direção em que Gornn tinha olhado antes, e então desaparece.

Mythro fica sozinho, ele encara Gornn preso. Minutos depois ele senta em meio-ar para se concentrar e sair de Shen.

— Garoto.

Por um momento, Mythro se espanta, ele se levanta rapidamente e pula para trás.

— Você… não estava amordaçado?

— De fato, mas as correntes foram removidas.

Gornn e Mythro trocam olhares, o pequeno respira forte, ansioso e com medo, ele junta coragem e parte o silêncio.

— Você ia me matar?

— Não, mas se é para ser meu discípulo, deves aprender sobre disciplina e respeito. Você tem que entender que há coisas que você não pode lutar contra, mesmo que pense que sim. Um sorriso alegre e um olhar doce, podem ser lançados de uma alma podre. Sua falta de experiência lhe faz fraco mentalmente, se sua mente é fraca, seu coração é fraco.

Mythro ouve tudo quieto, e com os olhos cerrados, ele entende que Gornn diz tudo isso para seu bem, pois consegue ver tudo com seus olhos.

— Escute, eu não quero lhe trazer mal, como você mesmo sabe disso. Seus olhos funcionam em mim porque eu sou uma alma presa, por isso estou fraco. Embora nada neste mundo possa me matar, sem meu corpo eu posso ser visto através de qualquer augúrio divino, como exemplo seus olhos.

— O ancião me disse que tenho divindade, é disso que ele estava falando?

— Sim, mas não é só isso. NOVAS, são uma raça criada a partir da colisão de imensas estrelas nos cosmos. Nem toda colisão cria NOVAs, mas as que criam são especiais, pois carregam o hálito de vida de Caenn. Sua raça possui diversas características inconfundíveis, como a marca na testa, e os olhos dourados. Em seu nascimento você cria um material poderoso e incomparável, chamado Ouro verdadeiro. Mas ele nasce aleatoriamente no espaço, os únicos que podem sentir são os NOVAs, por isso, é dever de seus irmãos de coleta-los e dar para você em sua ascensão à príncipe.

— Príncipe?

— Isso é para o futuro… Agora vá lá fora, saia desta caverna e siga para o centro desta terra moribunda.

— Para o centro? Mas a vila de Fashr fica ao sul, não?

— Você não aprenderá nada naquela vila, eu sei que você quer estar com a garota que te encontrou, mas primeiro você tem que entender como este mundo funciona. Suas experiências são desequilibradas.

Mythro fica quieto e franzi um pouco seus olhos.

— Você deve estar se perguntando como, certo?

— Você sabia? – Ele responde um tanto admirado

— Embora eu não possua olhos sagrados de NOVA, eu sou um ancião e vivi muito, vi muitas coisas… O que eu quis dizer agora, foi que quando você caiu, você encontrou amor, afeto e carinho. Estas palavras e emoções são definidas em um nome: Namhr.

O pequeno olha com um sorriso no rosto, seus olhos dourados se enchem com água, como quase a chorar, ele engole a seco, sua garganta dói devido ao estímulo do choro, mas ele continua parado, quieto, ouvindo a Gornn.

— Enquanto Namhr, é seu coração, os outros são seus demônios. Você os vê como traiçoeiros, vigaristas, egoístas e ignorantes. Eu sinto que você quer se provar e ser reconhecido.

Gornn encara Mythro profundamente, seus olhos dourados se intercalam, e criam uma atmosfera de paz e serenidade… Como se tudo ao redor entrasse no tempo dos dois. Mythro vê Gornn com uma nova perspectiva, ele o olha com um leve sorriso, como se finalmente alguém ao seu redor pudesse compartilhar seus fardos, fardos de que ele guarda para si mesmo e não conta nem mesmo para Namhr.

— Meu primeiro conselho garoto, é que neste mundo, você terá que abaixar a cabeça, e terá que apanhar quieto para sobreviver, talvez até tenha que comer terra e lamber os pés dos outros. Você nasceu entre as estrelas, é uma criatura divina criada pela própria grande vontade dos cosmos, mas você caiu na lama, seu corpo e alma foram infestados pelo mau karma. Você nasceu grande, mas caiu em um mundo pequeno, se você quer voltar para as grandes estrelas, pisar e crescer em planetas prósperos, você primeiro terá que começar daqui, do ventre das fadas, o mundo a qual são aprisionados os pecadores dos cosmos.

— Pecadores dos cosmos? – Mythro limpa os olhos e pergunta com tom duvidoso, falando cada palavra pausadamente.

— Sim… Quando você faz algo que gera a raiva pública dos alto-clãs dos cosmos, eles se juntam para aniquilar seu corpo e atacar sua alma aqui, no ventre das fadas.

— O que são as fadas?

— São as luzes corpóreas, fada é somente um tipo de apelido a estas criaturinhas. Elas são pequenas, muito belas e extremamente poderosas. As luzes corpóreas são um clã que carrega o poder de castigo celestial à tudo que possui serviço à Caenn. Como nós, criaturas divinas.

— Espera, eu não nasci de Caenn, isso não quer dizer que estou preso aqui?

— Seria o caso se você fosse completamente nova, mas você também é arfoziano.

— Muita coisa para lembrar!

— Vamos logo para o centro, você pode pensar em tudo que lhe disse até lá.

Mythro então senta em meio-espaço e se concentra em sua área Shen, minutos depois ele tem sua visão restaurada à caverna. Ele se levanta rapidamente e sai correndo em direção ao túnel da caverna. Neste exato horário tudo se encontra escuro, mas com sua boa memória e olhos únicos, o pequeno acha seu caminho sem dificuldade.

Quando ele finalmente respira o ar puro do lado de fora da montanha, Mythro se sente renovado, como se ele tivesse renascido. Ele desce pelo caminho do pé da montanha, e corre em direção ao sul.

— Onde vais? – A voz de Gornn aparece na mente de Mythro.

— Para Namhr! – Mythro grita

— E quanto ao centro?

— Ah é mesmo. Não pode ser depois da Namhr?

— Não, quando você voltar para lá, por que não volta mais forte, para impressioná-la? Tenho certeza de que ela gostaria de vê-lo mais forte.

— Verdade… – Mythro para, reflete mais um pouco e então começa a correr ao centro, mas então ele para e fecha os olhos. – Você não está falando isso só para eu não ir para a vila Fashr, certo?

— Sim, e não. É importante que você vá lá primeiro, e também é verdade que Namhr quer você forte, certo? Então o melhor é ir lá primeiro, não concorda? Você não quer que aconteça novamente o que aconteceu antes, não é mesmo?

— É… então vamos seguir seu plano, quando eu estiver mais forte… Vou voltar para minha irmã!

Mythro então continua rumando ao centro, embora ele não tenha saído muito da vila Fashr, ele encontra rapidamente os caminhos baseados na flora ao seu redor e espécie das árvores.

 



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