Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 43: A Adoção de Mythro

— Quem é ele? — Baki fala tremendo um pouco.

— Baki, eu sei que esse vai ser um assunto delicado. Então sente-se.

Brosch leva Baki até o sofá, que é feito de madeira, com peles de lobo para o conforto.

— Esse garoto é do abismo, Bijin o encontrou em meio a um assaltou por pessoas do leste…

Brosch começa a explicar a situação para Baki. Mythro ainda não sabe, mas é uma situação muito delicada para ela.

Enquanto Brosch explica, Baki vê Bijin falando com Mythro. A face da criança para ela é quase angelical. Cabelos longos presos em rabo de cavalo, olhos dourados que fazem você querer arrancá-los para agarrar sua beleza, um temperamento calmo, porém jovial.

Eventualmente a conversa acaba.

— Então, você quer que o adotemos?

— Sim, nossa filha já o trouxe. E ele não tem mais ninguém. — Brosch diz segurando a mão de Baki.

— Não é por que eu não posso mais te—

— Não, não é! — Brosch acaba falando mais alto.

Isso espanta Bijin. Ela pega Mythro e o leva para um dos quartos.

Este quarto é pequeno, tem uma cama no canto da parede, uma estante com livros e uma mesa onde se pode comer ou escrever.

— Aqui era o quarto do meu irmão, Craz. Agora é seu.

— Sua mãe ainda não decidiu.

— Ela vai te aceitar, é que… Mamãe não pode mais ter filhos, a última vez que ela ficou grávida, ela perdeu o bebê, isso pesou muito nela.

“Uma tristeza, com certeza” — Gornn comenta.

— Tire essas roupas, vamos colocar algo mais leve para dormir.

Mythro então troca de roupa, mas ele coloca um tipo de vestido.

— Isso não é de menina?

— Era meu quando era pequena, mas o que é que tem? Você é uma criança, ninguém vai falar nada.

— Okay, então?

“Está ridículo, você parece uma princesa com esse rabo de cavalo” — Gornn brinca.

“Está bonito.” — Ammit

Mythro pensa um pouco. E decide ficar com as roupas.

— Ammit é lindona, então quando se trata de ser bonitão, vou acreditar nela.

No dantian de Mythro, Ammit acena, como se concordando com o que Mythro disse.

“É bom que você se sinta mais à vontade e alegre. Mas não esqueça que há pessoas que você precisa salvar. Mantenha-se centrado em sua cultivação.”

— Solta o cabelo para dormir.

— Sim.

“Sério, mulheres humanas dizem isso para suas filhas?”

“Não enche.” — Ammit diz nervosa, em seus olhos a imagem dourada dos NOVA.

Mythro cai de rir com a situação, e Bijin começa a achar que ele é meio louco.

Brosch entra junto de Baki no quarto. Eles vêem Bijin encarando Mythro enquanto ele se caga de rir.

— O que aconteceu?

— Ele começou a rir do nada, não me pergunte.

Brosch faz um pigarro para ter a atenção de Mythro, que se levanta com os olhos lacrimejados de tanto rir.

— Mythro é o seu nome, não é? Que belo nome, o que ele quer dizer? — Baki tenta falar com Mythro.

— Meu nome significa estrela que não aceita morrer, devorador universal e eterno.

Os três olham para ele. Fala sério, quem esperava isso de uma criança?

— Me disseram que você é órfão, é verdade? — Baki deixa para lá o significado do nome de Mythro.

— Mais ou menos, eu sei quem são meus pais, mas eles não podem vir me ajudar, estão ocupados com outras coisas. E eu também estou ocupado, tenho que cultivar rápido para salvar minha irmã no norte.

— Então você tem irmã? Qual é o nome dela?

— Namhr.

— Ela está no abismo?

— Não, Mor Fumin a sequestrou e está a forçando servir o norte, assim ela não mataria eu e o pai dela.

— Isso… — Os três ficam mais tensos, Mythro parece ter informações valiosas quanto ao norte, pois todos conhecem o sobrenome Mor.

Mythro acaba explicando tudo sobre os últimos dois meses, e também o porquê a vila da caça ter sido quase extinguida.

— Pobre criança, o norte já pecou demais… Nem mesmo o sul é tão maligno.

— Eu vou para a casa maior passar estas informações, aproveitarei e já farei as documentações de adoção. — Brosch pega uma jaqueta de couro, ele está prestes a sair.

— Então vamos ficar com Mythro?

— Sim. Vamos ficar com ele. — Baki confirma.

— Ótimo! Agora podemos aprender a forjar juntos.

— Esta casa tem regras, Bijin Urto. Já para a cama os dois.

— Mãe, eu já tenho 16!

— E eu já tenho 42, o tempo passa rápido, não é mesmo? Pra cama! — Baki traja sua mãe interior, sua autoridade faz até mesmo Mythro tremer, ele corre para a cama.

— Então amanhã começaremos! — Bijin dá um beijo na testa de Mythro e vai para o quarto dela, após se curvar para sua mãe.

A noite passa rápido. Foi um dia cansativo para todos.

Mythro acorda no meio da noite e começa a cultivar. Diversos raios dançam ao seu redor. Em seu quarto, uma janela com visão para a lua está muito bem colocada, a luz da lua ilumina Mythro enquanto ele cultiva, a visão do pequeno NOVA cultivando é serena.

Por causa dos raios, alguém se levanta. É Baki.

Ela vê algumas luzes indo e voltando no escuro de sua casa à noite, ela segue até chegar na porta de Mythro. Ela abre a porta devagar e se depara com a visão dele cultivando.

O pequeno NOVA percebe sua visitante, e sai do cultivo para encará-la. Seus olhos depois de meditar sempre estão com tons douradas brilhantes.

Baki encara a visão como se tivesse saído de um sonho.

— Você não caiu do céu, caiu? Como pode uma criança ser tão bonita?

Mythro revela uma leve risada, ele então olha para a lua e aponta.

— Eu cai do céu, você acertou.

Baki passa a mão no rosto.

— Vai dormir pequeno.

— Okay.

Ela então fecha a porta.

Mythro não estava cansado, meditar para ele era como dormir. Ainda assim, ele se deita e fecha seus olhos. Mas ele os fecha para se concentrar na sua área Jing, onde ele se encontra com Ammit, e os dois conversam noite adentro.

O dia não demorou a raiar. Brosch era o primeiro a acordar, seguido por Baki.

Enquanto Brosch era ferreiro, Baki era tecelã e coordenadora das casas têxteis da vila. Como era uma vila com diversos transeuntes, muitos passavam e compravam algo para levar à suas casas. Até mesmo pessoas do próprio oeste, a vila chamto era reconhecida por suas belas roupas e suas maravilhosas tecelãs.

O barulho começa lá fora, nas ruas da vila. Logo o som de meninas vem na loja de Brosch.

— Senhor Brosch a Bijin está?

— Sim. Podem subir.

— Okay!

Seguido disso, são os sons de pessoas subindo rapidamente pela escada.

— Bijin! Bijin!

— Estou indo.

Bijin aparece em seu pijama, é um vestido mais leve.

— É verdade que tem alguém do abismo aqui?

— O Mythro? Sim.

— Mostra ele, mostra ele!

— Dizem que eles são horrendos, cheios de cicatrizes e esqueléticos!

— Bobagens. — Bijin também tinha ouvido esses boatos, mas depois de ver Mythro, ela já não pôde opinar muito.

— Meu pai disse que já viu um, eles são magrelos porque lá não dá pra plantar muita coisa.

— Vocês duas, parem de me encher de perguntas!

Essas duas cresceram junto com Bijin, elas são Camila e Julia.

— Mythro, minhas amigas querem ver você. — Bijin bate na porta de Mythro.

— Nossa, não tinha outro jeito de chamar ele? — Camila é quem reclama com Bijin, ela é branca e tem sarnas, porém o cabelo preto.

— Abre logo! É uma criança, o que ele pode estar fazendo que não possamos ver? — Julia é loira de olhos verdes.

Bijin se cansa das duas reclamando e abre a porta.

Mythro estava meditando, ele estava passando para o terceiro nível do primeiro estágio. Sua imagem viva estava acima de si. É possível ver a árvore segurando as nove esferas e conectando Kether, embora Ammit estivesse no dantian de Mythro, sua imagem não aparece. O sol de Mythro está girando, energia cósmica é absorvida por ele e transferida para a árvore, que por sua vez vai deixando a névoa mais densa…

As meninas se deparam com essa visão, elas ficam completamente assustadas. Não era raro alguém ter um pequeno sol, mas o sol de Mythro estava na copa da árvore, superando ela em tamanho duas vezes, e ainda mais, a árvore cósmica era algo do quarto estágio, como ela já estava ali?

Alguns minutos se passam enquanto Mythro ascende sua cultivação, elas ficam olhando, sem saber o que dizer.



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