Dívida a Quitar Brasileira

Autor(a): The Mask

Revisão: TheMask


Volume 1 – Parte 3

Capítulo 16

É uma da tarde… não tem nuvens no céu, só prédios e Sol. Tudo parece ter cheiro de gordura, gosto de ferro e cor de cobre.

Essa foi a breve descrição que Goldberg deu para o Brooklyn, conforme caminhava pelos confins daquele bairro nova-iorquino. Pensava isso enquanto caminhava com seus “camaradas”, que comprimentavam a grande maioria das pessoas ali ao redor. Pareciam uma grande família…

As calçadas largas eram lar para várias figuras de diferentes etnias e cores. Poucos arianos… muitos latinos. Ouvia-se de todos os lados, comprimentos mexicanos, chilenos, peruanos… Ao longe, Samuel teve a certeza que ouviu um bom dia em vietnamita e em chines. 

A caminhada do metrô até ali, para sua surpresa, não havia sido cansativa. Passou pelo pior dentro daquele forno. Achava que nada podia superar aquilo agora. Foi poucos passos depois disso que repensou isto. 

O grupo parou diante de um prédio velho — descrevendo-o de maneira simples. Suas janelas estavam ou quebradas, ou trincadas, ou simplesmente nada havia naqueles vãos, como que arrancadas a força. Os vidros pontiagudos, semelhantes a dentes, fizeram o banqueiro se lembrar da casa, de certa maneira. Esse lugar nunca poderia ser reconstruído… Pensou. Melhor demolir. As paredes estavam perdendo a pintura e lascas enormes de reboco já haviam caído, escancarando os tijolos velhos ali. Largado, à frente do prédio, havia um enorme monte de sacos plásticos de lixo que escorria, aos litros, um chorume viscoso e de odor ferroso, formando algo semelhante a uma pequena nascente, de cor verde e mal cheirosa. Horrível!

O prédio tinha talvez sete andares. Era um pequeno condomínio, e em seus primórdios, talvez fosse possível ler a placa presente no topo da entrada — Algo entre “Saint Louis" e “Saviour Loyal”, que brega. Os degraus que levavam à porta reluziam com toda a gordura, vinda de não-se-sabia-donde, e fez seus sapatos grudarem ao chão. Sentiu o bolo de seu estômago, que havia crescido ao ponto do desconforto dentro do metrô, lentamente retornando. 

— É aqui que vamos entrar? — Perguntou, sentindo-se verde por dentro. Lorenzo, e os outros dois, apenas acenaram positivamente. 

A passos hesitantes, Goldberg e o trio caminharam por aqueles corredores. O primeiro andar era semelhante à entrada do condomínio, no quesito “cuidados e higiene" e nenhuma figura foi vista pelo banqueiro naquele espaço, inicialmente. 

Porém, viraram algumas esquinas, caminhando até o outro lado do prédio e subiram as escadarias do prédio pela saída de emergência. 

— O elevador quebrou… — Disse Lorenzo, quando começaram a subir aquela escadaria, iluminada apenas pelas luzes de emergência. 

Então tem energia elétrica aqui…

Havia muito além de energia elétrica. Nos andares superiores, conforme subiram, as portas das escadarias sempre estavam abertas, mostrando os corredores para os apartamentos. 

Lá, várias pessoas conversavam entre si, em frente aos apartamentos que Samuel, ignorantemente, imaginou estarem abandonados. O prédio havia sido ocupado por diversas famílias sem terra. Os poucos que viram o banqueiro subindo os degraus junto de Lorenzo, estranharam a presença do homem junto ao italiano.

 Alguns vieram atrás do grupos, todos homens mais velhos que a maioria, e conversaram pelas escadarias. O sétimo andar chegava, lentamente.

— Chegou a hora… — Disse o italiano, com um pequeno sorriso. 



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