Dívida a Quitar Brasileira

Autor(a): The Mask

Revisão: TheMask


Volume 1 – Parte 2

Capítulo 10

Samuel Goldberg, banqueiro de classe média baixa, mantinha os olhos fechados e sua consciência escurecida. Num breu total e inimaginável, podia apenas sentir um incômodo em seu peito.

Aquela sensação o guiava por essa falta de consciência, como um mar na tormenta guia o navio sem velas. Seu coração batia cada vez mais forte conforme ela se aproximava. Quando ele finalmente foi agarrado, Samuel despertou. 

Seus olhos se abriram, a claridade do ambiente o cegou e de imediato uma euforia atormentadora se apossou de seu âmago. 

Euforia, pois tudo em seu ser dizia que estava seguro e bem, distante da casa. Atormentadora pois, ainda assim, algum resíduo daquele inexistente e doce líquido ainda existia em sua boca, garganta e estômago. Assim como em seu nariz e todos os outros orifícios.

Seu tórax se enchia de ar em movimentos rápidos, como a uma criança que lhe é recusada uma comida. Ainda se lembrava, posso descrever até as minúcias, das coisas que aconteceram naquele lugar, mas só de pensar e relembrar, seu corpo tremia e um fio de suor frio passava por suas costas. 

Ainda era dia, e Samuel estava em uma maca de hospital. 

As sensações do mundo real voltaram a sua mente a passos lentos. Sentiu os cobertores finos e baratos e as roupas que vestia, assim como o cheiro forte de água sanitária, misturado com um leve odor de coisas guardadas. A claridade repentina também dificultou momentaneamente sua visão. Com dificuldade, viu os ladrilhos em padrões xadrez na parede. No canto mais distante e mais alto da onde estava, viu uma enorme mancha de mofo no teto. Engoliu em seco, sendo relembrado dos odores daquela casa. Por um longo instante, apenas se manteve inerte. Olhos parados fixamente ali, naquele pedaço generoso de mofo. Suas mãos tremiam e percebeu ser incapaz de até mesmo compreender o motivo, tamanho seu medo. 

Alguns minutos se passaram quando a porta de seu quarto foi aberta. Dela saiu uma enfermeira, jovem. Tinha um cabelo curto e loiro, parecida com a Marylin Monroe. 

— Com licença… — Disse o banqueiro. Ele chamou a enfermeira, e perguntou a ela o motivo de ele estar ali, como ele chegou naquele hospital, que hospital era aquele, quase todas eram perguntas que ela não pode responder. A senhorita foi capaz apenas de dar uma resposta a última pergunta do banqueiro. Estava no hospital Monte Sinai. 

Um dos maiores hospitais de Nova York. Um dos primeiros a abrir uma universidade de medicina especializada, com várias afiliadas e outras instituições espalhadas por toda a cidade. Tecnologia de última qualidade e médicos do mais alto nível. Todas as características para algo que, por pouco, não fez Goldberg desmaiar mais uma vez. 

Caro demais…!



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