Volume 2
Capítulo 152: O que eles são? (2)
“…!”
Um teto desconhecido.
Esse foi o primeiro pensamento que Judith teve quando acordou.
Se sentia tonta, e ela ponderou por um tempo o porquê de estar deitada em uma cama e quarto desconhecidos e olhando para o teto que não reconhecia.
E um minuto depois, ela tinha uma expressão confusa.
Depois de abruptamente recuperar a consciência, ela levantou a parte superior do corpo e murmurou.
“Porra…”
Ela se lembrou do que aconteceu ontem.
Bom, não de tudo.
Ela se lembrou de Ilya Lindsay bebendo com ela, e lembrou que estava bem até tomar seu primeiro drinque, e depois disso, tudo ficou borrado como se tivesse derramado água em uma pintura.
No entanto, isso foi o suficiente para fazer Judith xingar.
Porque, provavelmente, significava que ela talvez tenha perdido sua aposta.
‘Não, talvez eu só não lembre. Eu fiquei bêbada primeiro e depois me empolguei e bebi mais… então perdi minha memória?’
Judith franziu o cenho enquanto tentava se lembrar, pensando nas memórias de ontem, e depois suspirou quando nada veio em mente.
‘Certo, nada de ruim deve ter acontecido.’
Foi o momento em que ela estava pensando sobre isso.
Crrrr…
“…”
“…”
O som da porta se abrindo podia ser ouvido.
E a gata preta entrou no quarto onde estava Judith.
Lulu tentou colocar o copo de água na mesa, mas quando seus olhos foram de encontro aos de Judith, ela rapidamente desviou o olhar.
E essa reação deixou Judith ansiosa.
Como ela continuou a olhar para Lulu, ela decidiu perguntar.
“Lulu.”
“Uh? Sim?”
“Por algum acaso, ontem, eu fiz alguma merda? Eu tava super bêbada, então eu disse alguma coisa estranha?”
‘Que? Não? Não sei. Você e a Ilya ficaram em mesas separadas.”
“Alguém deve ter me ajudado e me trazido aqui. Eu não conseguiria vir aqui sozinha.”
‘Ah! Sim, Bratt trouxe você aqui. Você estava bêbada e sonolenta, nada aconteceu.”
Lulu disse que nada aconteceu.
Porém, ela continuou a evitar o olhar de Judith, e isso fez com que sua ansiedade aumentasse ainda mais.
Judith pulou da cama e caminhou em direção a Lulu.
Vendo a enorme sombra se aproximar fez Lulu tremer.
No entanto, os olhos de Judith eram muito amargos para Lulu usar feitiçaria.
“Lulu.”
“Sim.”
“Desembucha.”
“Hum? O que você está falando? Eu só lhe disse a verdade.”
“Eu não vou te machucar.”
“…”
“Tô falando sério. Tá tudo bem, algo aconteceu ontem. Só fala a verdade. Se eu disse algo estranho ou não, ou se fiz algo estranho e quem ouviu. Sem pular um único detalhe.”
“Bratt… Airen e Kuvar estavam conversando entre si, então eles não ouviram o que Judith disse na maioria das vezes. Exceto na última vez que você falou. Foi tão alto que todos ouviram.”
“É mesmo?”
“Cevo continuar?”
“Sim. Continua.”
Judith disse com um sorriso brilhante.
Vendo isso, Lulu decidiu dizer tudo o que viu e ouviu.
* * *
“E é por isso… você estava muito bêbada ontem que nem consegue se lembrar daquilo?”
“Foi o que eu falei. Quantas vezes mais eu tenho que te dizer?”
“Então a aposta é um empate, posso considerá-la como tal?”
“Tudo bem.”
“Ok, entendi.”
Sentindo-se um pouco aliviada, Judith se levantou e saiu do quarto de Ilya.
“Tem certeza que não lembra de nada?”
“…”
“Tá bem. Vou indo agora.”
Slam!
“Ufa.”
Desta vez, vendo Judith sair de verdade, Ilya suspirou.
A verdade era que Ilya se lembrava exatamente do que havia acontecido ontem.
Embora estivesse bêbada, não tinha perdido a cabeça, e talvez fosse melhor para bebida do que Judith.
Ela calmamente se lembrou da conversa de ontem.
‘Quê?’
‘Não, tô certa. Mesmo na carruagem, você sempre olha pro Airen e naturalmente se senta do lado dele o tempo todo e, quando você cozinhou, deixou ele comer primeiro.
‘…’
‘Fala aí. Você não está interessada nele?’
‘Não é assim.’
‘O que não é assim? Eu tenho olhos pra…’
‘Eu sou apenas mais próxima dele do que vocês dois, então, não sinto isso por ele.’
‘Ah! Mentiras e mais mentiras…’
‘Mas já que tocou no assunto, é o mesmo contigo.’
‘Hum?’
‘É o mesmo com você. Você fala mais com o Bratt e se senta ao lado dele tão naturalmente, e Bratt…’
‘Que besteira você tá falando?’
‘Estou errada? Ou…’
‘Ei! Sai! Bebe mais! Que bobagem você está vomitando…’
A pergunta de Judith ficou em seu coração.
Ilya, que estava ponderando por um tempo, tinha uma expressão suave. E seu rosto ligeiramente curvado mudou de novo e de novo.
No entanto, quando levantou seu rosto, ela voltou ao seu estado habitual.
“Eu preciso ir ao banheiro.”
Resmungando, Ilya Lindsay caminhou até banheiro.
Esfriando sua pele ligeiramente quente com água fria, ela continuou a pensar na espada como sempre fazia.
* * *
Já fazia um bom tempo desde que deixaram Eisenmarkt.
Talvez era porque eles estavam indo para o norte, e junho estava quase chegando, mas o tempo estava frio.
Porém, não importava o quão frio estivesse o vento, isso não esfriou o suor dos quatro jovens espadachins.
Batalhas corpo a corpo e discussões sempre aconteciam após o almoço e o jantar.
Com isso, os quatro estavam ganhando muito mais do que no tempo em que passaram em Eisenmarkt.
“…”
Mas o coração de Ilya Lindsay estava vazio.
Depois de deixar Krono, ela seguiu Ignet por 5 a 6 anos.
Mesmo que essa ação fosse feita porque se incomodava indiretamente com as palavras e os olhares dos outros, quando o objetivo que perseguia por tanto tempo sumiu, ela se sentia vazia.
Talvez, talvez fosse por isso, que ela foi capaz de se juntar naturalmente aos outros durante as discussões sobre a espada.
No passado, Ilya, que se focava somente em sua espada, nunca compartilharia seu conhecimento e experiência com outros.
Ela nem gostava de interagir com outras pessoas.
Mas não agora, e o motivo…
‘Talvez seja porque eu tenha perdido minha ganância pela espada em comparação com o passado.’
Talvez a espada não fosse uma coisa tão preciosa ou tremenda para ela guardar para si mesma como pensava que era.
E foi por isso que ela foi capaz de compartilhar confortavelmente suas ideias e conhecimentos com os outros sem hesitação.
Não, ela ainda não tinha certeza disso. Apesar de tudo, refinar a esgrima era algo em que ela pensava o dia inteiro.
‘Em que tipo de situação eu estou agora?’
‘Me sinto mais confortável do que antes. Mas não sei se isso é uma coisa boa.’
‘Sinto inveja de Airen. E de Bratt e Judith. Eu invejo aqueles que estão tentando ativamente seguir em frente.’
‘Posso ser como eles? Vou encontrar o que procuro quando essa jornada terminar?’
‘E se eu não conseguir? O que deveria fazer então?’
Inúmeros pensamentos passaram por sua mente.
Ilya caminhou e caminhou pelos desertos do norte, sem saber por onde estava andando.
Seus olhos não tinham foco.
Puff!
Uma gata preta apareceu na frente dela.
Ela ficou chocada a princípio, mas seu rosto ainda estava inexpressivo, e quando Ilya estava prestes a dizer alguma coisa, Lulu falou primeiro.
“Se seus pensamentos são muito complicados, então não pense em nada.”
“…”
“Quero dizer, isso vai continuar acontecendo de novo e de novo, né? Como uma cobra dando voltas pra morder seu próprio rabo, nada se resolverá. Nesse caso, só descarregue seus sentimentos livremente. Se fizer isso, você se sentirá mais confortável e, quando se sentir confortável, vai começar a preencher os espaços vazios por dentro.”
Um conselho que ela ouviu várias vezes de seu pai e de outros.
Felizmente, ao contrário do passado, onde vivia de olhos e ouvidos fechados, Ilya agora tinha uma mente aberta.
Depois de pensar, ela disse:
“Eu nunca fiz isso antes.”
“O que?”
“Acalmar minha mente. Mesmo que eu diga que está calma, os pensamentos e as preocupações ainda estão lá.”
“Coisas assim acontecem. Humanos não são gatos.”
“Os gatos são bons em esvaziar suas mentes?”
“Sim. Se quisermos, podemos fazê-lo 24 horas por dia. Você gostaria que eu te ensinasse?”
Lulu voou um pouco para longe e pousou em uma pedra plana e depois se sentou nela.
Então ela encarou o horizonte sem fim.
Com um rosto que não tinha nenhum pensamento ou preocupação.
E pela imagem, parecia que ela não teria problema em ficar assim para sempre, então a gata preta disse.
“Ilya, sente-se ao meu lado e me acompanhe.”
“…”
Ilya olhou ao redor.
De repente, os grupos que estavam longe olharam para eles.
Seus olhares eram pesados, mas mesmo assim, de acordo com o pedido de Lulu, Ilya se aproximou dela e então sentou-se olhando fixamente.
“…”
Mas os problemas ainda continuavam.
Porém, era melhor do que antes.
Talvez, se ficasse mais tempo, ela pensou que não sentiria os pensamentos pesados em sua mente.
Nesse momento, Bratt Lloyd, que os observava em silêncio, se aproximou e sentou do lado dela.
E então ele começou a olhar para o cenário à frente com os mesmos olhos vazios.
“…”
“…”
E não foi só ele.
Kuvar e Airen Pereira vieram em seguida e depois se sentaram fazendo o mesmo. Todos olhando para o horizonte infinito com rostos vazios.
Judith, que achou aquilo intrigante, disse:
“O que vocês tão fazendo? Tão fazendo algum exercício mental?”
“Judith.”
“O que?”
“Fica quieta.”
“Esse desgraçado, só porque eu te deixei sozinho por um tempo…”
Judith deu passos largos para dar um tapa na cabeça de Bratt.
No entanto, ela não o fez.
À sua frente estava o lugar no qual todos estavam olhando.
A majestosa beleza do horizonte infinito apagou seus pensamentos.
“…”
No final, até Judith sentou perto de Bratt e olhou para frente.
E assim, o grupo de Airen Pereira, relaxou como se suas programações lotadas estivessem desaparecido de repente, e fizeram uma pausa relaxante por um longo tempo.
Cerca de duas horas depois, esse tempo de paz foi interrompido.
Clop! Clop!
O som de cavalos, uma carroça e pessoas conversando.
À medida que se aproximavam, Kuvar virou a cabeça.
Hm, ele pensou e então se levantou quando os outros estavam saindo de seu transe.
“Que tal nos juntarmos? Se o destino ou a direção forem semelhantes, podemos tentar.”
“Juntar?”
“Certo. Já que nossa carruagem quebrou.”
Como Kuvar disse, nesse momento, o grupo de Airen estava viajando a pé.
Foi porque Bratt, que estava conduzindo a carruagem, não prestou atenção na estrada direito, pois estava perdido em seus próprios pensamentos e passou por cima de uma pedra. A carruagem capotou, mas graças às suas ações rápidas, ninguém ficou ferido.
Mesmo assim foi um acidente infeliz.
Mas eles não se importavam se estavam em uma carruagem ou a pé.
“Acho que para nos encontrarmos, precisamos nos colocar em novas situações e ganhar experiência.”
“…”
Ilya assentiu com as palavras de Kuvar.
Honestamente, suas palavras foram bem assustadoras.
Mas eles podiam entender.
E como isso era melhor do que ficar trancada dentro da sala de treinamento de uma mansão, ela pensou que seria bom se ela pudesse encontrar novas pessoas.
Certamente poderia não acabar como ela queria, mas o que havia a perder?
Graças às duas horas de paz, seu coração estava mais calmo do que anteriormente.
“Ok, está decidido, então vamos lá ver?”
O Orc, que obteve o consentimento de todos, assumiu a iniciativa.
Ao contrário do passado, agora havia quatro pessoas e Lulu ajudando-o, mas algumas coisas eram melhores quando deixadas para Kuvar.
Depois de um tempo, Kuvar, depois de obter permissão, voltou.
“Felizmente, embora não na mesma direção, eles são um grupo missionário de mercadores e mercenários que estão indo para uma tribo orc próxima.”
“Eles não acham que será um incômodo?”
“Eu falei pra eles que um orc adivinho está pedindo isso a eles, então eles não recusaram.”
“Entendi.”
Quando Airen assentiu, duas pessoas se aproximaram deles.
As pessoas que chegaram perto pareciam os encarregados dos afazeres e não pessoas de alto escalão, mas mesmo assim, os acharam respeitosos por os aceitaram na caravana.
“Prazer em conhecê-los, eu sou Kenzal, e esse é Fredric.”
“Olá. Como eu disse antes, eu sou Kuvar, um adivinho errante.”
“Eu sou Airen.”
“Bratt.”
“Eu sou Ilya. Prazer em conhecê-los.”
“Eu sou uma gata feiticeira, Lulu, prazer em conhecê-los!”
“Hã? E-Eu entendo!”
Judith e Bratt falaram naturalmente, enquanto Ilya parecia desconfortável.
Mas isso não foi um obstáculo que os impediu de se juntar.
Eles se moveram juntos para o local onde a caravana havia parado.
“…”
Depois de um tempo, todo o grupo foi para lá.
Fredric, o mais novo, pensou com o cenho franzido.
‘Ilya, Airen, Bratt e Judith… acho que já ouvi esses nomes em algum lugar…’