Volume 1
Capítulo 9: Estudante reprovado de Krono (1)
O treinamento da Esgrima de Krono duraria por um ano.
Quatro dias haviam passado desde o começo do ano.
Não havia mais corridas infernais até o último dia, do mesmo jeito que o primeiro dia, isso testaria os limites humanos. Entretanto, a agenda geral também era árdua.
Para os primeiros quatro meses, segurar uma espada era proibido, e os quatro meses seriam dedicados para treinamento físico apenas.
‘Segurar uma espada sem os básicos apenas causará problemas. O treinamento de esgrima começa após as avaliações intermediárias.’
Ouvindo as palavras do Instrutor, todos os treinandos suspiraram profundamente. Contudo, não havia nada que eles pudessem fazer. Depois dos comentários, as crianças tinham que gastar seus dias como soldados.
“Todos! De pé!”
“Ugh…”
“Prontos?”
“Suspiro…”
Acordar às 5 da manhã. Treinar por 2 horas depois do encontro de 6 em ponto. Pelas 9:30, os estudantes teriam recebido suas refeições e tempo pessoal, e então o treinamento começaria novamente. Assim, o treinamento da tarde seguiria junto com treinamento mental e aulas de artes liberais no fim do dia.
Essa era a rotina diária da Escola de Esgrima Krono.
‘Ahhh, quando esse dia vai acabar?’
‘Eu estou cansadinho da silva. Eu preciso fazer isso por um ano inteiro…’
‘Estou exausto. Eu deveria fechar meus olhos por um segundo?’
Mais do que algumas crianças, especialmente aquelas nos assentos de trás, iriam dormir. Era inevitável. Eles estavam sendo forçados a escutarem uma leitura entediante depois do treinamento. Até um adulto teria um tempo difícil acompanhando a aula. Especialmente para as crianças que não tinham pensamentos que não fossem ‘Eu quero ficar forte’.
É claro, os instrutores que sabiam daquilo não ignoravam eles.
“Ei, aí! Não durma!”
“Você acha que isso é um recreio? A Escola de Esgrima Krono não é um lugar onde tolos têm o direito de manusear armas!”
“A fim de adquirir a virtude de um espadachim, é necessário treinar a cabeça e não o corpo! Se vocês negligenciarem as aulas de artes liberais, não estarão em uma boa forma!”
Os instrutores gritaram palavras como humildade, honra, e proteção dos fracos, e não era um aviso.
A Escola de Esgrima Krono, desde o seu começo, ensinava a atitude certa que um cavaleiro deveria ter junto com a quantidade certa de poder. De fato, os graduados precisavam realizar feitos para o bem-estar e paz do continente, que também é uma razão para o prestígio do espadachim ser elevado.
A maioria dos treinandos em potencial também estavam alertas desse fato, e mesmo aqueles que não estavam alertas sabiam o que o instrutor estava tentando dizer.
No fim, as crianças não tinham escolha a não ser manter suas mentes e corpos tensos até o horário do almoço.
“Huh, o arroz é tão gostoso.”
“Verdade. Arroz nunca foi bom assim.”
“Suspiro. Eu posso descansar por um tempo agora.”
7 da noite.
Tudo já tinha acabado pra valer. Daqui em diante, nem o instrutor que parecia um tigre nem os assistentes iriam intervir. Isso significava que eles não ligavam pros estudantes depois dos horários da escola. E, claro, não havia crianças que entravam em problemas sérios. Provavelmente porque elas queriam deitar e descansar. Era hora para a maioria das crianças voltarem para os seus dormitórios.
Uma voz familiar encheu a sala de jantar.
“Ah! Tem algo que eu esqueci de falar, então vou dizer agora.”
“Sim!”
“Todas as academias, salas de treino internas e outras áreas de treinamento estão sempre abertas, então os treinandos que querem praticar podem usá-las a qualquer momento.”
“…”
Karaka saiu da sala de jantar depois de dizer aquilo.
As crianças sentaram por um momento com expressões em branco em seus rostos e então começaram a xingar. Alguns dos xingamentos delas eram tão ríspidos que alguém não acreditaria que uma criança poderia dizer aquilo.
Alguns treinandos também não disseram nada.
Eles eram crianças que tiraram boas notas na avaliação da corrida, e eles pensaram em continuar seu treinamento mesmo se Karaka não tivesse os informado.
Era o mesmo com Irene.
Depois de terminar sua comida, ele esperou que seu estômago esvaziasse e então foi para a sala de treino. Sua expressão era tão calma que alguém não conseguiria associar isso tanto com gosto ou desgosto.
***
Um instrumento estranho usado para treinar os membros inferiores, que nunca havia sido visto na propriedade dele. De pé na frente disso estava Irene Pareira, que se lembrou de sua classificação no teste.
‘Último colocado.’
Era verdade.
Ele tentou com toda sua força, ele até mesmo forçou seu corpo até o fim, mas o resultado não mudou. Tudo que ele fez foi durar um pouco mais na corrida.
De certa maneira, era bom que ele fosse capaz de seguir em frente. Entretanto, ele não parecia desapontado. Nem um pouco irritado. Não era porque ele foi confortado pelas palavras do instrutor, ‘A classificação atual não são os resultados futuros’. Era porque ele sabia que tal resultado era esperado.
‘Eu não vim aqui para vencer a competição com outros.’
Irene Pareira não sonhava em se tornar um cavaleiro, e nem queria se tornar uma pessoa grandiosa. Ele não tinha intenção de derrubar crianças que tentavam trilhar o caminho da espada.
Ele pensou sobre seu passado, no qual ele nunca nem se movia, e em como ele foi capaz de seguir em frente um pouco.
Essa era a única razão pela qual ele estava aqui.
‘Vamos lá.’
Depois de pensar isso, Irene assumiu uma postura. Era estranho como era a primeira vez dele o instrumento, mas ele sabia como usá-lo já que ele viu as outras crianças fazerem isso.
Ele tomou uma inspiração profunda enquanto colocava força nas suas pernas. O corpo que ficou cansado do treinamento de um dia inteiro estava mal se aguentando de pé, ainda assim, sua mente estava tão forte quanto metal.
Contudo, os outros não sabiam quão forte a mente de Irene era.
Um dos treinandos no espaço falou com um sorriso.
“Ei, aquele nobre vagabundo, que é preguiçoso pra porra, tá treinando sozinho?”
“…”
Sarcasmo.
Não foi o fim.
As outras crianças que escutaram as palavras abriram suas bocas. Então, conforme elas olhavam nos olhos umas das outras, elas caíram em gargalhadas.
“Uh-huh, certo. O que vai mudar se ele começar a se esforçar pra valer daqui pra frente?”
“Eu não o entendo nem um pouco. Se é essa a situação, então por que ele não tentou fazer nada desde que ele tinha 15 anos?”
“Quando eu o vi durante o teste físico, ele era um espetáculo. Ele baba e corre como se estivesse cruzando o reino sozinho.”
“Como diabos você entrou na Krono?”
Não era uma zombaria sutil. Era criticismo explícito. Era duro demais para simplesmente ver que Irene tinha sido o último colocado no teste. Mas nada podia ser feito. A pessoa que tinha terminado o teste na última colocação tinha um corpo que não parecia que tinha sido treinado.
Ele era o mais velho entre os treinandos, e mesmo no reino, ele tinha o título de ‘Deadbeat Noble’, o Nobre Vagabundo: esse era o porquê das crianças falarem tão abertamente.
“Uff!”
Irene não estava nem um pouquinho chocado. Era algo que ele havia passado por muito na propriedade. É claro, não era como se ele saísse ileso. Os machucados no corpo se curavam lentamente. Contudo, os ferimentos no coração somente se tornariam mais profundos e nunca se recuperariam.
Entretanto, Irene deu o primeiro passo para mudar seu estilo de vida. E ele planejou continuar se movendo.
Irene, segurando o colar, concentrou sua mente por um momento. Os sons ao seu redor pararam de ter efeito nele.
Tendo encontrado a paz dentro de si mesmo, ele empurrou o equipamento pesado com suas duas pernas e começou a treinar seus membros inferiores, como o homem no seu sonho empunhando a espada.
Assim como Irene tinha estado empunhando sua espada pelo último mês.
“Sheesh. Fingindo que não escuta a gente.”
“Apenas parem com isso. Ele vai se afastar de nós.”
Quando não houve reação alguma de Irene, as crianças imediatamente desviaram o olhar dele.
Não sabendo o que fazer, elas começaram a se concentrar nos seus próprios treinos.
Embora desafiador, não era tão infernal quanto no teste de corrida do primeiro dia, então todos os treinandos tinham mais energia. Eles estavam apenas mentalmente exaustos.
Naquelej eito, a sala de treino ganhou sua quietude novamente no calor infernal.
Mas depois de um tempo.
O silêncio foi quebrado por um treinando que começou a treinar seriamente.
“Woah…”
“…”
A garota de cabelos prateados estava performando os movimentos mais extremos.
Os músculos das costas eram a base da esgrima. E o treinamento com halteres tinha que ser feito. Entretanto, não parecia nada demais quando ela fez, embora o peso fosse significativo. O peso estava dobrado ou talvez o triplicado. Era tão pesado que mesmo os mercenários veteranos suariam.
‘Como isso é possível?’
‘Era pra ela ser um ano mais nova do que eu…’
‘Não importa o quão genial ela seja na família Lindsay, isso faz sentido?’
‘Como diabos o corpo dela tá aguentando? Ela é mesmo humana?’
Murmúrio.
E muitos mais olhos estavam nela.
As emoções que os olhos tinham não era nada que crianças da idade deles teriam. Choque, raiva e contemplação. Mas nem uma única pessoa se sentiu inferior.
Comparadas aos gênios do topo no continente, as existências deles eram bastante humildes, então eles não tinham que ver Ilya Lindsay como uma competidora. Eles a aceitaram como alguém um patamar acima deles mesmos.
Precisamente o contrário do que eles sentiram por Irene.
É claro, alguns não ligaram.
“Tch.”
“… Que se foda.”
A garota ruiva, Judith, que ficou em 2° lugar no teste, e o nobre de alto escalão, Bratt Lloyd, que ficou em terceiro.
Eles eram diferentes dos outros treinandos.
Raiva, inveja, inferioridade, espírito de luta, e outras emoções ferozes.
Seus corpos estavam queimando com a raiva. Os dois abriram seus olhos como se eles quisessem engolir a existência da garota de cabelos prateados. Entretanto, o olhar de Ilya nem mesmo focou neles. Foi como se ela não tivesse interesse neles e voltou a treinar seu corpo.
Os treinandos, também, ganhando motivação daquilo, voltaram a seus respectivos treinamentos.
Judith e Bratt franziram. Ilya não tinha falado uma vez com eles, nem eles se aproximaram dela.
Na verdade.
“Você.”
“…?”
“Se estiver tudo bem pra você, podemos conversar?”
“… Sim?”
A garota de cabelos prateados que tinha terminado seu treino abriu sua boca.
Ela falou com Irene Pareira, um garoto que não ligava pro que estava acontecendo ao seu redor.
“…”
“…!”
A primeira e o último.
O encontro dessas duas pessoas atraiu a atenção de todos os treinandos, até mesmo os de alta colocação, e deixou todos de queixo caído.