Volume 1: Caçadores – Arco 2: Súdito Fiel

Capítulo 11: A Bondade Prevalece

Davie

Eu marquei aquela frase na minha alma, mantive ela viva por cada dia em que eu ainda respirasse: “O bem e o mal sempre foram duas faces da mesma moeda”.

Não importava quanta comida e dinheiro minha família roubasse, fosse por sobrevivência ou ganância, eles ainda afirmavam com olhos cheios de certeza.

— Não existe bondade nas pessoas.

Errado! Toda e qualquer alma viva possuía bondade e esperança, por mais que as vezes ela fosse triturada, despedaçada e arrancada a força para fora, ela sempre iria... aflorar novamente. Isso porque... toda vida era valiosa.

Os Elementos comprovavam, assim como os Deuses criaram os Primordiais, os Primordiais nos criaram com eles.

Mas claro os Elementos também causavam dor e sofrimento, vivíamos em constante aflito imaginando se um dia iríamos acordar e nosso afínuo simplesmente colapsar.

Mas ainda assim, quantas vidas os Elementos salvaram? Quantas esperanças eles resgataram? Quantas pessoas melhores eles tornaram? Foram inúmeras.

A Essência já me salvou e continuou salvando, cada companheiro e civil ferido, cada doença ou praga em infestação, ele dizimou.

Já presenciei unidades formadas por assassinos e ladrões colocando suas vidas em risco para manter um monstro longe das pessoas.

Já estive entre homens desesperados que ainda que não restassem outra opção, recusavam-se a machucar outra pessoa. 

Não importa quem seja, ela estava lá. Talvez bem ao fundo, enterrada e trancafiada com sete chaves, mas ainda era inegável, a bondade existia em cada ser vivo.

Aquele ideal era o que me mantinha de pé, ele que me empurrava a realizar um passo de cada vez.

Proffanus... Hayzard... traziam-me sabedoria, mostrai-me o caminho em meio a escuridão, emprestai-me uma fração de sua força, e então que respondessem meu lamento.  

— Por que Santa Essência?... Por que o Wally... matou a Karla?...

Enquanto a chuva piorava, meus ouvidos escutavam nitidamente... gargalhadas. A voz do Wally e da criatura se misturavam ao som da tempestade.

Medo, apenas o medo. Minha imponência estava evidente, cada passo que ele realizava, era como se fosse o barulho do ponteiro do relógio, andando e andando, até finalmente o ponteiro... para mim apontar.

Soltrone estava estático. Wally passava lentamente pelas suas costas em direção a criatura nos céus.

As gargalhadas não existiam mais, os trovões simplesmente cessaram, e a chuva... desapareceu.

— Você deve ter ficado muito solitário, Tempestuoso...

Parado em pé, ele estava olhando para cima em direção a criatura voando acima de nós.

— Sinto muito...

Wally virou seu corpo e levantou seus braços para frente, com eles uma enorme energia em esfera surgia em sua volta, ela era calma e serena, mas ao mesmo tempo forte e ameaçadora.

Seu braço direito começava a ser puxado para trás, enquanto um rastro era deixado por onde ele passava.

Aos poucos um desenho energizado era modelado próximo de seu corpo... aquilo... era um arco. 

A criatura não esboçou reação nenhuma, ficou paralisada em frente ao seu aparente conhecido.

Wally, energizado, mirou em direção ao Tempestuoso e... disparou. 

Toda aquela energia em esfera se transferiu para a flecha, moldando uma nova forma; um pássaro. O som... foi inexistente.

Ela foi lançada perante meus olhos, rasgando o céu e carregando o Tempestuoso para as nuvens.

Meio segundo depois, as nuvens antes cinzas, tornaram-se totalmente pretas, e no instante seguinte... veio o estrondo.

O clarão acima delas foi claro e as pequenas gotas de chuva caíram outra vez sobre o barco. 

Wally se virou, olhou para mim e Soltrone, e então sorriu.

Seguidamente, sua eminência... desvaiu. Com seu corpo caindo bruscamente sobre a madeira. 

O medo automaticamente sumiu com ele, mas a memória ficou enraizada em minha mente; não tínhamos como proteger o Wally se não conseguíamos nem se quer... nos proteger dele mesmo.

— Merda, a Karla!

Com todo o resto das minhas forças, levantei enquanto curava minhas pernas. Corri em direção até a beirada do barco e mergulhei.

— Pelos Deuses por favor que dê tempo...

O oceano estava interagindo de uma forma estranha com a minha pele, um leve formigamento que aumentava gradativamente.

Debaixo d’água manter os olhos abertos doía e causava dor de cabeça. 

Mas aquilo não me impediria. Olhei e olhei, nadei e nadei, ainda assim, nada. Não encontrava nada em minha volta.

— Não pode ser...

Quanto mais tempo eu passava sobre aquela água, pior eu me sentia. Leves queimaduras começaram a surgir em minha pele, junto a elas, um calafrio na minha barriga.

Um péssimo pressentimento dominou meu ser, instintivamente, olhei para cima para deslumbrar aquilo que não queria; a tempestade parecia estar se formando outra vez. 

Nadando de volta para o barco, retirei minha pequena adaga e comecei a escalar pela madeira, a cada golpeada mais fraco eu me sentia, minhas energias estavam se esgotando. 

 Na beirada, joguei-me de uma vez para o outro lado. Jogado de bruços na madeira, encontrei Soltrone com sua foice no pescoço de Wally ainda inconsciente e Akiris interagindo com alguma coisa em sua frente.

— Por favor.

Com tontura e minha visão embaçada, eu me arrastava para mais próximo dele enquanto a chuva voltava a cair, daquela vez, em uma garoa fina e leve.

Junto a ela, as nuvens cinzas tentavam outra vez, tomar o céu acima de nossas cabeças. 

Eu tentava e tentava me aproximar dele o máximo que conseguia, mas meu corpo não queria obedecer, estava a um passo de perder totalmente a consciência, mas aquelas diversas pedras pequenas afiadas como aço espalhadas pelo barco não me deixavam apagar.

Insegurança pairou por todo meu ser, será que meu limite havia sido alcançado? Com ele de volta como eu iria conseguir ajudá-los?... Eu não queria que tudo se repetisse... eu... não queria ser a causa da ruína de mais ninguém.

Talvez de forma totalmente imbecil e imprudente ali mesmo eu fiz a minha mais burra escolha. Eu passei dos limites.

Sabia muito bem dos riscos, ir além da própria natureza, ir além do seu próprio afínuo. Aquilo, só trazia ruína e desespero. Mas para mim o arrependimento era corrosivo, e eu odiava aquilo.

Com meu corpo caído, virei-me para o lado, levantei minhas mãos, e conjurei Essência mais uma vez:

— CAMPO DA VIDA!

A esfera de Essência tomou quase todo o barco, meus ferimentos estavam sendo curados absurdamente rápido e o Akiris antes preocupado, naquele momento aparentava mais calmo.

Mas todo arcanismo tinha um custo, meus ferimentos foram curados, mas eu sabia muito bem, meu corpo não reagiu bem aquela ação que eu realizei.

Foi quase instantâneo, assim que a magia se encerrou, os efeitos começaram. Minha audição sumiu, minha pele envelheceu, meus músculos atrofiaram e minha conexão... foi desfeita.

Meus ossos estavam trocando de lugar e minha carne rasgava e se reconstituía ao mesmo tempo, nenhuma... NENHUMA MESMO! NÃO EXISTIA DOR NO MUNDO PIOR DO QUE AQUELA!

Minha visão embaçou e um brilho verde escuro começou a pairar por todo o meu corpo, deformando e alterando toda a minha pele. Mas que merda! Eu iria morrer?! EU ESTAVA MORRENDO?!... NÃO! NÃO! NÃO! NÃO!

Não existia volta, não existia... meios... não existia cura. Nenhum arcanismo no mundo poderia regredir o processo de afínuidade... meu destino era o mesmo de qualqueR criatura em Valíria, a morte.

Não tinha a quem enganar, eu estava com medo. Do menor ao maior, do menos relevante ao mais importante, eu... não queria ser o carrasco de nenhum ser vivo.

Em minha frente surgiam mãos, fortes e enormes. As mãos de meus país serviam tão bem para tirar, quanto para curar.

Sendo dois filhos Híbridos, meus pais recusaram-se as duas escolhas impostas a eles: entrar nos caçadores ou servir a algum nobre.

Para aqueles dois, a liberdade importava mais que suas próprias vidas.

Rapidamente descobriram algo em que eram bons, enganar e roubar. Mas havia algo de bom para se tirar daquela estranha e errada vida que eles escolheram, seus alvos eram sempre pessoas corrompidas.

Pessoas que desviavam impostos e alimento, governantes que negligenciavam o povo, ou mesmo guardas e soldados de baixo escalão que maltratavam Nullus diariamente por diversão.

Alguns os enxergavam como heróis, outros como escória. Os Nullus sempre precisavam daquele tipo de coisa para continuar seguindo em frente, o vilão, e o salvador.

E eles realmente eram bons naquilo, somente um conseguiu os pegar, o tempo. Assim como a Essência os deu tudo, ela também os tirou tudo.

Foi no seu funeral que eu finalmente decidi, eu queria honrar a parte boa do legado que eles me deixaram, eu queria... salvar vidas.

Os estudos começaram logo após eu me mudar para Wallpurg, lá eu poderia aperfeiçoar meu arcanismo e fortificar meu afínuo.

Levou quase uma década, livros atrás de livros, prática atrás de prática. Eu estava entre os melhores de Valíria.

Entre os melhores sempre existiriam caminhos incríveis, ser um curandeiro de um rei, conseguir uma licença com os caçadores para abrir um centro curandeiro, mas claro, por mais que eu fosse tão competente... não existia nenhuma magia que pudesse alterar a cor dos meus olhos.

Os caçadores logo souberam de mim, e no dia que eu completei vinte oito, eles chegaram.

Um dos marcados veio até a minha sala na biblioteca central de Wallpurg. Apenas duas escolhas foi me oferecida. 

— Você pode parar finalmente de se esconder e vir comigo.

Ou a sua segunda sugestão:

— Você vai vir comigo, a força.

Assim começou minha saga com os grandes heróis dos reinos.

Nada, absolutamente nada das histórias eram verdadeiras, na verdade, talvez os finais fossem, mas o resto, definitivamente não!

Os caçadores cheiravam a morte, corriam riscos basicamente todos os dias, viviam para proteger, respiravam para lutar. As lutas eram brutais, e em quase todas as missões, havia baixas.

Nenhuma história para crianças ou cantos de bardos poderiam passar adiante o que realmente eram aquelas lutas, e eu... descobri aquilo da pior forma.

Mas aquela era uma história de vida que não importava mais, nenhuma lembrança importava mais, eram somente lamentos de um homem se tornando aquilo que mais temia, um ceifador.

Perante meus últimos momentos, uma sombra surgiu em minha frente e com ela algumas gotas pegajosas caíram sobre minha nova pele.

Antes poucas gotas, tornaram-se diversas, algo estava errado, tinha alguma coisa diferente.

Enquanto a sombra permanecia em minha frente, todo o processo doloroso havia cessado. Daquele momento em diante eu me sentia cada vez mais... eu.

Meu corpo não mais doía, meus olhos desembaçavam, minha audição retornava e a minha conexão ao afínuo... havia sido restabelecida. Na minha frente... estava Akiris.

Com minha visão completa outra vez, eu via Akiris com suas mãos sujas de sangue em frente aos seus olhos.

Adjacente a nós, minha esperança correspondida, lá estava ela deitada sobre a madeira, Karla. 

— O que você fez? — perguntei ao Nullu de cabelos prateados.

— Retribui o favor — respondeu abaixando suas mãos e levantando-se.

As peças começavam a se encaixar em minha cabeça. O motivo de Dominus estar reunindo os caçadores de toda Valíria, o fato de nenhum dos marcados estarem liderando aquela iniciativa...

— Será que... ele finalmente se decidiu?... — pensei em silêncio.

— Soltrone, larga o garoto!

Soltrone parecia pensativo e relutante, mas recuou sua foice após a ordem.

O campo da vida não havia feito o mesmo efeito de cura em mim, mas ainda assim eu tinha forças para me levantar, entretanto, o choque não me permetia. 

Eu estava vivo, vivo de verdade. Eram minhas mãos, braços e pernas. Meu corpo estava completamente normal... como? Aquilo simplesmente era impossível...

— Vamos Karla.

— ...

— Eu sei que você está acordada.

— ... Por todos os Deuses, por que você não para um minuto?! — Karla reclamou enquanto se levantava.

— Certo, vamos jogar essas pedras para fora do barco.

Somente quando ele mencionou que eu finalmente me toquei, as pequenas pedras afiadas espalhadas pelo barco haviam sumido.

Naquele momento apenas víamos três pedras consideravelmente grandes diante de nós.  

Com os três caminhando em direção as pedras imóveis eu começava a me levantar. Wally estava sentado com seus joelhos em frente ao seu rosto. Mas aquela sensação era muito estranha... ele parecia tão... triste?

— O que fazemos com isso? — perguntou Karla.

— Jogamos no mar, isso é problema de Dominus, não nosso.

Surpreendentemente Soltrone não abriu a boca, mesmo que Akiris tivesse deliberadamente tentando deixar um monstro na porta dos caçadores.

Não foi necessário muito esforço, rapidamente as três foram jogadas no mar. Com a ventania conosco, não demorou muito tempo para começarmos a possuir uma distância relativamente boa referente a elas.

— Akiris...

Ele se virou para mim em silêncio.

— E se a criatura vier para Bahamut?

— Mais uma vez, não é problema nosso.

Cada segundo que eu permanecia naquele barco mais minha convicção se confirmava, era como se eu fosse a ovelha cinza, a nuvem escura, o filho anão, eu estava completamente deslocado naquele grupo... eu sentia que não deveria estar ali.

A mercê da nossa aparente segurança, todos aparentavam estarem mais relaxados. Karla havia se jogado na madeira do barco, Soltrone estava sentado em uma das beiradas que ainda estavam de pé e Wally, bom, Wally permanecia igual.

O porto estava há menos de cinco minutos, já era possível ouvir os civis e as gaivotas.

Enquanto nos aproximávamos, percebi um clima estranho, todos estavam em completo silêncio. Nenhuma palavra, comentário ou suspiro foi realizado. 

Quando finalmente atracamos, Akiris foi o primeiro a se levantar, caminhando em direção a somente uma pessoa. Wally, levantou sua cabeça após o tranco do acostamento do barco. E então, um soco foi deferido.

Caído novamente sobre a madeira, Wally cuspiu sangue de sua boca acompanhado de dois dentes de sua mandíbula.

— Nunca mais nos coloque em risco de novo. — Akiris de forma ameaçadora falou ao garoto.

Nem Akiris, nem Wally, nem Karla, nem Soltrone, nem a merda daquela viagem. Nada fazia sentido naquela maldita missão.

— Por todos os deuses, o que raios estávamos defendendo?...

Por mais que eu estivesse relutante, não queria deixar Wally sozinho, ele era apenas um garoto.

Aproximei-me de vagar, ele permanecia caído com um semblante de lamento e arrependimento impossíveis de não se notar. Parei, ajoelhei e estendi minha mão ao seu encontro.

— Quando tudo se acalmar, eu quero que você me explique tudo.

Ele estava tão relutante quanto eu, embora que nossos motivos fossem completamente diferentes. Após alguns segundos que duraram uma eternidade, Wally segurou em minha mão e se levantou.

O movimento lá fora estava forte, diversas pessoas se encontravam no porto, mas não exatamente para negociar, comprar e vender seus comércios, mas pelo rei de Bahamut em pessoa estar presente.

Todos estavam saindo do barco seguindo Akiris que caminhava em direção ao rei. Aos seus olhos se encontrarem o rei tão poderoso começava a cada vez mais parecer uma criança assustada.

— Tenho certeza de que você sabe do que preciso. — disse Akiris com um tom impaciente.

— Err... Dominus nos solicitou uma carruagem... ela... el...

Akiris olhou em volta da multidão agora silenciosa, eles o encaravam estranhamente. Como se um animal selvagem estivesse perto de um familiar deles.

O rei estralou seus dedos duas vezes, em seguida, um guarda real começava a se aproximar com uma carruagem.

— Meu rei. — O guarda falou ao descer da carruagem e se afastar para trás em reverência.

— Aí está Nullu.

— Vamos para Zarpids, Davie, você guia. — Ele disse já subindo na carruagem.

Não tive tempo nem mesmo de concordar... era um clima azedo e confuso. Akiris e Soltrone mostravam serem os únicos que não se importavam exatamente com o mistério por trás daquele garoto.

— No que Dominus está pensando? — refleti em silêncio.

Com toda aquela multidão nos comendo com os olhos e com a aparente indignação escondida de Javier, logo entramos na carruagem.

Soltrone, Karla e Akiris estavam na parte interior, enquanto eu e Wally estávamos na frente. 

Nas estradas de Bahamut, os olhares continuaram, não importava quão bela a paisagem da cidade poderia estar, aquelas pessoas azedavam tudo.

Mesmo com sua discriminação sem sentido, sua raiva era sem fundamento nenhum, alguns pegavam pedras e tijolos ameaçando jogar em nós, mas recuavam com medo de acertar a carruagem.

Horas, foram horas até finalmente conseguimos sumir com todo aquele ódio e amargura nos rodeando. Não estávamos mais tão longe da divisa de Bahamut.

— Davie... eu...

— Wally o que você sabe sobre os Elementos?

— Ah... sei o básico.

— E o que você acha deles?

— ... Eu não sei.

— Olha, pra mim os Elementos são a coisa mais preciosa que temos depois da nossa vida. Os Deuses com eles nos proveem tudo.

— Você fala dos Primordiais ou dos seus criadores?

— Dos dois. Os Primordiais são como os representantes dos Deuses no mundo.

Wally parou de me olhar e começou a encarar as flores azuis que havia perto da estrada.

— Você gosta de flores?

— Minha mãe as ama.

— Entendo, você passou a gostar também.

— Sim, ela tem um jardim enorme.

— Onde ela está agora?

— Em casa. Ela é uma Nullu...

— Entendo, deve ser difícil pra ela...

O silêncio se apossou de nós, o barulho do cavalgar e da natureza em nossa volta foi o que prevaleceu durante boa parte da viagem.

Não sabia como conversar com ele depois de tudo aquilo de algumas horas atrás, a imagem de Wally mandando o Tempestuoso para os céus martelava minha mente.

— Wally, como você se sente fisicamente?

— Ah... não sinto nada.

— Nada?

— É...

Aquele garoto apenas há algumas horas atirou uma magia do grau cinco, o mais alto que existe e simplesmente não estava sentindo nada?!

— Uau, você tem um afínuo poderoso.

— Afínuo?

— ...

— ...

Naquele momento, quase parei bruscamente a carruagem.

— Você não sabe o que é afínuo?

— ...

— Afínuo é sua conexão com o Elemento, quanto mais poderosa, mais ele lhe auxiliará.

— O que acontece se ela for ruim?

— Bom... de certa forma, você fica mais parecido com um Nullu de olhos diferentes.

— Davie... o afínuo... ele pode se... comunicar conosco?

— De certa forma sim. Por quê?

Seu semblante melhorou gradativamente, mas ele ainda parecia muito melancólico.

— O que aconteceu com você?

— ... Dominus me buscou há alguns dias.

— Essa é sua primeira missão?!

O garoto ficou em silêncio, se jogou um pouco para o lado enquanto segurava no banco da carruagem. Ele estendeu sua mão e pegou uma das flores que lá estavam.

— Onde você... estava na ilha?

— Na ala médica.

— Você não viu nada?

— Não, eu fui chamado às pressas e corri até o centro da catedral.

Quanto mais eu falava, mais sua expressão melhorava. Mas afinal o que nossa conversa de afínuo teria a ver com mais cedo na ilha?

De qualquer forma, eu gostava do garoto, ele parecia gentil e bondoso, como toda pessoa deveria ser.

Mas ainda assim, não entendia o porquê ficar perto dele as vezes me causava calafrios. Porém, o pior de tudo... era que eu sentia que... na verdade, tinha certeza... Wally estava escondendo algo de mim

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