Volume 1: Caçadores – Arco 1: Ressurgimento
Capitulo 4: Contra o Divino
Karlamitas
A humanidade não tinha vontade, nem muito menos cara de pau. Queriamos colheita farta? Rezávamos. Precisávamos de saúde? Orávamos. Desejávamos dinheiro? Louvávomos.
O normal ao se pensar em Primordiais era sentir: esperança, sentido, amor. Mas a verdade era que os Primordiais estavam cagando para todos nós.
Eles não deixavam seu campo florido quando rezava, eles não te entregavam saúde quando orava, eles não compartilhavam seu dinheiro quando você os louvava.
Então eles e seus governos que se fodam! No fim, os primordiais eram apenas pessoas qualquer que receberam poder demais.
Eu havia nascido há muito tempo, um século e meio? Ou talvez dois? Não sabia mais dizer, minhas memórias já haviam se tornado vagas.
Somente certas coisas lembrava com clareza. Minha mãe era uma Nullu, enviada para Nação do Caos por sua enorme beleza.
Sua utilidade e importância era igual a de um objeto qualquer, facilmente substituível. Vivendo sempre escondida, mas não em vielas ou campos de concentração onde outros Nullus residiam a maior parte do tempo, mas sim em um enorme e exuberante castelo. Mesmo local onde ela veio a me dar à luz.
Meu pai pouco eu via, nossos dias inteiros se resumiam a um quarto numa alta torre isolada do castelo, definitivamente uma prisão.
Eu não entendia do porque meu pai não nos deixava sair para fora, minha mãe afirmava repetidas vezes que ele se importava muito conosco... se importava conosco tanto que nunca ficávamos sequer duas horas juntos.
Um dia, uma mulher com vestimentas avermelhadas apareceu no quarto. Passou pela enorme porta e caminhou em frente a nós duas, para mim ela deu um leve sorriso, mas para minha mãe; ela encarou com nojo.
Agarrou seu cabelo e a levantou acima do chão, tirou-me de seus braços, e se distanciou. Minha mãe nem sequer resistia... ela parecia não ter vontade alguma de fugir.
Em frente a uma grande janela a mulher vermelha fechou sua expressão, soltou minha mãe e uniu suas mãos; próximas, mas não juntas.
O que surgiu em minha frente era uma grande esfera pulsante e vermelha, ela era bela, reluzente... poderosa.
Ela me chamava, ansiava, clamava por mim. Sorridente, era assim que se encontravam tanto eu, quanto a mulher de vermelho.
O som da esfera havia tomado meus ouvidos, como uma espécie de música dentro da minha cabeça, junto a uma fala impossível de se ouvir da mulher de vermelho, aquela grande esfera caótica... foi solta no peito de minha mãe.
Tudo naquele mísero pedaço da masmorra explodiu. Ela, a janela, as pedras. Tudo perto da mulher vermelha voou para frente abrindo um buraco enorme onde o sol gigante batia em meu rosto.
O som das pedras caindo e meus batimentos acelerados ficaram totalmente enraizados em minha mente. A mulher vermelha ainda sorridente pegou minha mão e me guiou pelas grandes escadas.
Descemos ouvindo nossos passos ecoando pela masmorra, degrau por degrau, até chegarmos ao solo. Do lado de fora, eu caminhei bem ao lado do cadáver de minha mãe.
Seus lindos cabelos escuros e sua pele morena se misturaram com os destroços e aquela imensa poça de sangue; ah, aquela expressão, que maldita expressão eu estava vendo em seu rosto... alívio.
Pouco tempo fiquei na Nação de Caos após a morte de minha mãe, quando menos percebi já estava acorrentada em um barco e entitulada como mercadoria para os súditos de Valíria.
Mas por sorte, ou quem sabe destino, em nossa parada final uma rebelião foi ocasionada, dando possibilidade para minha fuga.
Peguei a primeira coisa que tivesse valor em minha frente, amarrei com alguns panos em minhas costas e corri até não aguentar mais.
Desmaiada e sem forças, já nem sabia onde estava. Eu me encontrava suja, pálida e morrendo de fome e cede, mas eu não estava sozinha. Um monte de ferro com o nome "Anarquia" gravado em seu centro estava comigo.
Com meus olhos fechados Anarquia era a única coisa que eu podia abraçar ou sentir algum calor, eu tinha certeza que aquilo seria meu fim.
Nos meus aparentes últimos momentos relembrei os tempos na Nação de Caos com minha mãe. Quando ela contava para mim historias que nunca leu, penteava meu cabelo embaraçado, obsevava e nomeava cada pássaro diferente que brotava todas as manhãs ou mesmo quando ela se encontrava com meu pai após eu cair em um profundo sono.
Quanto mais eu lembrava, quanto mais as imagens se fortaleciam em minha cabeça, mais eu rezava e implorava para todo e qualquer Deus a me escutar... por favor... me deixe esquece-lá.
Mas quando o brilho do sol beirou minha pele, eu senti os braços de alguém me carregando. Com os segundos se passando, aos poucos eu conseguia ir abrindo meus olhos.
Um homem muito estranho me acolheu, seu nome era Phin. Um jovem de cabelos enrolados escuro que realçavam seus olhos inteiros azuis, Phin era um Genasis.
Naquela época ele acabava de perder sua irmã em um confronto com Wallpurg o fazendo se aposentar de vez dos campos de batalha, talvez exatamente por aquele motivo, ele havia demonstrado tamanha empatia por mim.
Phin me ensinou diversas coisas, aprendia e aprendia com ele como se tivesse uma fonte de conhecimento ao meu lado, eu estava finalmente descobrindo como era o mundo de fora.
O jovem Phin apenas vivia sua vida pacata e rotineira em Jurys Wolf, um reino conhecido pelos seus caninos elementares, leais e mortais. Phin voltava de sua patrulha, fazia a comida, acariciava seu coiote e me ensinava tudo sobre Valíria.
Com o passar dos anos eu crescia e Phin envelhecia, meu processo de crescimento foi mais lento que das outras crianças, eu não entendia o porquê; até um fatídico dia.
Phin voltou animado para casa, ele carregava de baixo do braço um livro sobre nossos tão amados pais e salvadores, os Primordiais.
Até aquele momento eu era como as outras pessoas, louvava meus deuses. Quando Phin abriu e me contou sobre cada um dos oito Primordiais, o meu chão simplesmente se abriu.
As peças finalmente haviam se encaixado, meu pai... era Vlouthier, Primordial do Caos.
Meu mundo desabou, sem pai, sem mãe e agora sem algo para seguir, nem mesmo fé havia restado.
Eu tinha percebido o que todos se negavam a enxergar... nunca existiria salvação com eles alí. Pois, Deuses não deveriam andar entre os mortais.
Com tamanho desprezo dentro de mim, jurei, daquele momento em diante, eu iria viver apenas para destruir a vida de qualquer Primordial que eu tivesse a mísera chance, não importasse quanto tempo demorasse ou qual fossem os meios.
Após a morte de Phin, acabei indo parar em Eques Dracaries, um reino que ficava cada vez mais forte em poder militar.
Reino aquele que era sempre lembrado com carinho nas histórias que Phin me contava, ele achava que Dracaries nas mãos do novo governante se tornaria um lugar muito mais forte e próspero, e ele não estava errado. Dracaries já era importante, mas agora, tornava-se uma potência.
Naquele mesmo reino foi onde conheci Akiris. No início, aparentava ser apenas mais um Nullu qualquer, porém, ele tinha algo de diferente além de seu cabelo prateado, ele era forte, não envelhecia, e era a merda do rei.
Mas mais do que tudo aquilo, os seus olhos; eles ardiam. Pareciam estarem sempre pegando fogo. Ele tinha a vontade que faltava em todos os outros.
Quando menos percebi eu já andava ao seu lado; pois nosso propósito era o mesmo; foder com a vida dos Primordiais!
Não consegui dormir afinal. Aquela cama com madeiras frágeis e as gorduras impregnadas nos cantos das paredes só mostravam como aquele lugar era barato, o nanico era um rei, a merda de um rei e nem ao menos poderia pagar uma boa taverna? Credo.
— Menino Wally não está aqui.
Eu me levantei, espreguicei-me e comecei a colocar minha armadura, demorei alguns minutos verificando todos os meus compartimentos e equipamentos que ainda estavam salvos da batalha.
Já terminado, peguei minha fiel companheira Anarquia, ela estava bem limpinha e sem cheiro algum, o que era uma pena, ela parecia mesmo estar implorando para fazer uma festinha. Acoplei-a minha armadura e caminhei em direção até a por...
— Está na hora.
— Ah sim, sim, está na hora... — saio correndo imediatamente até a porta.
Peguei a Anarquia e me virei rapidamente para trás com minha amada posicionada, eu... não via ninguém. Aquela voz...
— humm... quem eu conheço que pode sumir e aparecer a qualquer momento? Hmm... Dominus? Naah, ele nunca faria isso — recarrego a Anarquia enquanto rio sozinha.
Abrindo a porta de costas para a maçaneta, observei mais uma vez o quarto; ele estava vazio mesmo. A leve presença surgiu e desapareceu logo em seguida de sua fala.
Por via das dúvidas caminhei em direção as escadas olhando e mirando para todos os ângulos possíveis em meu campo de visão. Não via ninguém, pois então, suspirei aliviada.
— Acho que se alguém tivesse saído do quarto agora, ele com certeza não voltaria para casa.
Virada para a escada, no último degrau, consegui enxergar uma carroça simples parada na frente da taberna. Passei pelo balcão do vendedor em direção a saída.
Fechando a porta da taberna aceno para o velho dono do lugar que encarava um carta com o símbolo dos caçadores em seu balcão.
— Meus pêsames — cochichei com minhas mãos juntas em prece
Virando-me, encontrei o garoto esquizofrênico nas rédeas de uma carroça coberta, ele estava olhando e conversando com seu lado direito, coitadinho, ele é maluquinho.
— Depois eu que não bato bem da cabeça.
Abrindo o pano e entrando na carroça, encontrei, Akiris, menino Wally e o outro Caçador, todos sentados.
Mesmo que seu odor de sangue me incomodasse um pouco eu acabei sentando ao lado do Caçador mais ao canto da carroça.
— Poderia pelo menos ter tomado um banho — cochichei com a cabeça virada para outro lado.
O nanico do Akiris estava perdido em pensamentos e o menino Wally inquieto igual um cordeirinho assustado, único naquele momento que eu conseguiria conversar era o próprio fedorento Caçador caladão.
Observando mais um pouco, notei algo estranho na lâmina de sua foice, ela estava brilhando! Um vermelho vibrante muito parecido com o monstro que enfrentamos.
Aquele brilho me atraía, ele clamava por mim, sem dúvidas, aquilo era uma arma encantada em Caos! E o melhor, o encantamento não havia sumido!
Peguei um pequeno pedaço do assento retangular da carroça e aproximei na lâmina, instantaneamente a madeira queimou na minha mão. Não conseguia tirar o sorriso do rosto, eu queria muito pegar aquela foice.
Aproveitando que o Caçador estava focado no menino Wally, estendi minha mão esquerda para tocar na lâmina, mas a asa do Caçador bateu na minha mão. Eu tentei mais uma vez, e o mesmo aconteceu. Mais uma vez; mesma coisa.
— Vamos ficar aqui dentro por muito tempo, ao menos me deixe tocar!
Ele continuava focado no menino Wally, de uma forma que começou até a me assustar.
— Vai Querubim, só um dedinho — implorei com as mãos em forma de prece.
Sem respostas, percebi o menino Wally olhando em minha direção.
— O que é um Querubim?
Akiris o olhou de canto com uma expressão surpresa, assim como eu, Akiris devia imaginar que o menino Wally ficaria com pesadelos constantes com aquele monstro; só de lembrar que suas explosões eram maiores que as minhas já estava me dando nos nervos... ah claro, a pergunta de Wally.
— Ora, ora, menino Wally, você não sabe? — com um enorme sorriso virei meu rosto para cima.
Ele não esboçou nenhuma reação, ficou completamente neutro igualzinho ao Akiris... credo.
— Meu caro Wally, Querubins são pequenos monstros com asas que possuem um poder para hipnotizar pessoas, mas você sabe para que?
— Não... eu não sei.
— Para devorar você ainda vivo! — gritei com meus braços imitando um urso.
Com um sorriso menor eu abaixei meus braços os movendo em direção ao Caçador fedorentão.
— Olha todo esse sangue na roupa e na boca.
Levantei minha mão esquerda em direção a lâmina... Saco! Novamente sem sucesso.
— E essa asa nas costas. Igualzinho né?
Wally parou de me olhar e voltou sua visão para a madeira da carroça. Ele não sorriu, nem se surpreendeu muito, mas ao menos desapareceu aquele seu olhar abatido.
Mas que merda... eu achava que tinha superado, mas eu ainda odiava aquele maldito olhar.
No decorrer do caminho eu tentei, tentei, e tentei tocar na lâmina sempre quando Querubim estivesse desprevenido... em todas falhei. Suas asas eram sempre rápidas demais, mas que porra!
Após um tempo muito proveitoso daquele puta silêncio desconfortável, onde apenas o cavalgar dos cavalos soavam por nossos ouvidos, eu estava prestes a realizar outro bote em minha preciosa presa vermelha quando a carroça de repente aumentou bruscamente a velocidade.
Akiris parecia despreocupado, mas o menino Wally estava inquieto, maldito remorço. Levantei-me e fui em direção ao final da carroça.
Abrindo o pano, atrás de nós existiam seis homens a cavalo imbuindo espadas, onde dois deles eram arqueiros preparando sua respectiva boas-vindas. Que azar daqueles ladrões, eles não possuíam bom dedo para carroça.
Fechei o pano e a festa logo começou, as flechas penetraram o pano da carroça deixando brechas para a luz passar e auxiliar na mira dos atiradores.
Santo Caos eles realmente estavam precisando da sua ajuda, cacete! Eles atiravam mal para caralho!
Querubim mal se importava com a situação, menino Wally parecia quase estar perto de um colapso, ele ficava repetindo coisas como: “ele vai me pegar, ele vai me pegar" e blá, blá, blá, blá, puta Moloque fresco.
Já o garoto esquizofrênico estava muito preocupado, ele não parava de perguntar ao vento o que fazer.
Pera, pera, pera, pera, pera ai! Era ali! Aquela era minha hora de brilhar.
— Fazer o que não é! Acho que vou ter que salvar o dia mais uma vez!
Estralei meus ombros e pescoço, com meu lindo sorriso no rosto, puxei o pano da carroça e sai para fora outra vez.
— Podem vir! É Assim que eu gosto!
Eles me pareceram confusos e enojados, não entendi. Sinceramente, achei... não, eu tinha certeza que minha voz estava maravilhosa, mas aparentemente eles não pensaram o mesmo.
Fechando um pouco o o pano já bem destruido e olhando para trás Querubim e o menino Wally estavam me encarando perplexos.
— Que foi?
Nenhum deles me respondeu, povinho sem educação. Prestes a virar meu corpo de volta para o pano escuto um barulho passando a poucos centímetros do meu ouvido direito; era uma flecha. Passou raspando e atingiu a madeira mais a minha direita.
— Essa foi por pouco né — brinquei ao cutucar minha orelha.
E mais uma vez apenas me olharam estranho, que plateia mais exigente. Eu estava escutando, os galopes dos cavalos ficando mais altos, carregar uma carroça estava nos deixando em desvantagem.
Vamos ter que resolver isso de uma forma mais civilizada. Virei-me completamente e abri o pano outra vez.
Entretanto ele se rasgou completamente e voou para fora da carruagem em um piscar de olhos.
O grande, reluzente e todo poderoso sol revelou um dos homens espadachins bem a minha frente!
Ele golpeou com sua espada mirando certamente minha cabeça. Inclinando meu pescoço para trás eu consegui desviar de seu golpe por um fio, aqueles arrasa carteiras estavam rápidos demais.
Já me levantando percebi que sua colega de profissão havia ficado presa na madeira a minha esquerda.
— Ai! Na próxima, avisa!... Seu sem educação.
O pequeno ladrão fazia muita força para retirar sua espada da madeira, pois então pensei.
— Talvez ela seja muito importante para ele me ignorar tão abertamente... já sei. Como uma boa Súdita do Caos eu vou ajudá-lo. — Relaxa, eu te ajudo — acalmei ele com um ar confiante.
Com uma mão apoiada na parte interna da carroça e a outra no peito do indivíduo, eu o empurrei com toda minha força.
Sua queda de seu cavalo o que o fez sair rolando e gemendo de dor por longos segundos foi uma das visões mais calorosas que eu tinha visto na semana!
— Que saudade de bater em babaca escroto.
Como uma boa Súdita que eu era, acenei sorrindo para os outros cincos restantes.
Os dois arqueiros não aparentavam terem entendido minhas intenções, eles preparavam outras flechas e começaram a atirar em direção a minha cabeça.
Joguei-me para trás dentro da carroça, Caos, isso foi por um triz! Milagrosamente o esquizofrênico ainda não tinha sido atingido... aqueles arqueiros acabavam de cair em meu conceito.
— Yuki, separare a carroça em duas! Faça elas seguirem por caminhos diferentes com uma ilusão! — Nanico gritava com o esquizofrênico.
— Espera aí, aquela merda azul mais cedo era isso?! Aii, ó esquizofrênico, aquilo foi pertubador!
— Eu posso tentar, mas preciso me concentrar!
Sério? Até ele me ignorando?... Só pode ser piada. O nanico se levantou, observou os nossos perseguidores, e então voltou sua atenção para mim.
— Karla, já sabe o que fazer.
Olhei para o Nani... Akiris, sorri e comecei a comemorar ainda deitada.
O Akiris em direção até o esquizofrênico se tornou automaticamente o novo alvo fácil dos arqueiros à espreita.
Uma rápida flecha surge dentro da carroça... caralho! Essa foi quase. A flecha passou logo a lado da sua cabeça; uau! Eles estão melhorando a pontaria!
Girei-me ainda deitada e gatinhei até o final da carroça, ainda abaixada comecei a preparar um de meus explosivos.
Retirei de minha bolsa um objeto esférico com diversos fragmentos de metais ao redor de seu corpo circular.
— Agora é pra valer! — clamei minha declaração de guerra junto ao ato de jogar o explosivo.
Três homens com seus reflexos afiados se afastaram da minha granada simples, os outros dois continuaram em linha reta recebendo a explosão em cheio.
BUUM! Aquilo era música para os meus ouvidos. A explosão só não foi mais alta que os seus imensos gritos de dor que cessavam com a distância que crescia rapidamente entre nós.
Haviam sobrado dois com espadas e um arqueiro. Olhando para trás, percebi que Akiris ja tinha conseguido tomar as rédeas.
Virando-me de volta, encontrei o arqueiro chorando enquanto preparava uma flecha encantada em Espírito.
Saquei minha escopeta e posicionei meu braço para me proteger da flecha. Eu acertei! Mirou direto na minha cabeça, que decepção.
Com minha amada Anarquia posicionada em direção ao arqueiro, um outro ladrão se colocou no caminho e levantou uma proteção de essência; coitadinho, eu não estou usando arcanismo.
— É hora da mestra mostrar como se faz — cochichei.
Disparei com a Anarquia entre o pescoço e a cabeça do indivíduo com espada. O barulho exagerado dessa escopeta assustaria até mesmo uma horda de monstros, seus fragmentos de Caos eram mais rápidos que um raio, ela era de fato a mais pura perfeição.
O jorramento excessivo de sangue fez o ladrão cair de seu cavalo, e os dois que sobraram pareciam completamente irados.
Por uma sorte inacreditável o arqueiro que milagrosamente não havia caído, apenas estava banhado de sangue do seu próprio companheiro enquanto ruía seus dentes, sem ferimento nenhum, que saco.
Ele preparava outro disparo, enquanto o ladrão de espada se aproximava esperneando igual um animal selvagem.
Já apontando a anarquia para ele, escutei a voz do Yuki. Eu enxergava uma silhueta azul cobrindo meus pés, aquela silhueta se separou da gente com os ladrões seguindo a mesma.
Mesmo que fosse uma ilusão... como não perceberam qual era a verdadeira? Bom, esquece. Eu não entendo nada de Espírito.
— Seus novatos!
Virei-me, guardei a Anarquia, fechei o mais novo e moderno pano imaginário da carroça e me sentei no lugar de Akiris.
— Quando Querubim dormir, eu com certeza pego essa foice — susurrei olhando para cima.
Akiris estava diminuindo a velocidade aos poucos, pelo visto já estávamos próximos do castelo. Santo Caos finalmente, já tinhamos despeitados eles a um bom tempo.
A carroça havia parado. Em minha frente já era possível enxergar uma parte da frente do castelo pelo lado das rédeas.
— Ainda bem que chegamos, eu não aguentava mais ficar sentada — espreguicei-me enquanto reclamava.
Antes mesmo até de Akiris eu me levantei e fui saindo da carroça. No lado de fora, respirei fundo despreocupada, finalmente eu tinha retornado, missãozinha longa aquela em.
Mas como o castelo era enorme. Ele possuía um terreno gigantesco tanto no interior, como lá fora, que tipo de castelo possui dois muros?
O primeiro era na entrada que circulava a área em volta do castelo, e o segundo era o que estávamos sem contar o muro do próprio castelo, a distância do primeiro muro para o segundo foi bem considerável, cerca de cinco minutos correndo sem parar.
Akiris dizia que facilitava acertar com flechas, explodir com armadilhas ou alguma magia qualquer inimigo que aparecesse.
Mas o interior me impressionava toda vez, biblioteca, quinze quartos, refeitório, uma arena gigante, armazém e blá, blá, blá, Akiris tinha até um escritório.
Enquanto girava relembrando sobre o castelo, alguns guardas de ronda caminharam até nós, eles encaravam muito o Querubim, coitadinho, já estava sofrendo preconceito.
— Eu te entendo Querubim, eu te entendo... comigo eles foram idênticos, que lástima.
Furtivamente levantei minha mão até a lâmina dele... ele não percebeu! O brilho parecia até reagir a minha mão prestes a encostar na lâmina.
Eu estava quase lá, finalmente... as asas dele bateram na minha mão outra vez.
Abaixei minha mão e soltei uma longa bufada. Sem problemas uma hora consigo, olhei para o castelo e me afastei um pouco para frente.
— Se sintam à vontade, minha casa, é sua casa.
Mesmo de costas para ele eu conseguia sentir o olhar raivoso do Akiris direcionado para mim, sorri de nervoso enquanto acelerei meus passos até as grandes portas do castelo.
Abrindo-as, todos pareciam super animados e felizes em me ver. Muitos me encararam com as mãos no rosto, outros choraram de felicidade, poucos deles até bateram nas paredes.
Estavam tão animados em me ver que até se afastavam; aproximei-me de um deles e realizei leves tapinhas em suas costas.
— Ooow, chorando de saudade? Que coisa mais fofa.
Sorrindo sem parar eu sai andando pelo corredor até a escada, cantarolando sem olhar para trás.
Os corredores cor prata e os grandes tapetes vermelhos vinho que percorríam em cada corredor do castelo sempre se encontravam limpos, impressionante o empenho que eles possuíam na limpeza.
A maioria dos serviçais de Akiris eram todos Nullus, com exceção dos guerreiros e guardas escolhidos a dedo por ele, todos aqui o respeitavam de verdade... mesmo que ele fosse um nanico esquentadinho.
Subindo os degraus eu cheguei ao segundo andar. Mais um corredor extenso com várias portas para tudo que é lado, comecei a caminhar procurando meu quarto. Eventualmente encontrando-o.
— Mas que merda! Eles tiraram a placa com meu nome. Que sacanagem Akiris.
Peguei minha anarquia e comecei a deixar minha marca, risquei a porta com o cano de ferro formando um grande ‘K' em seu centro.
— Agora sim, estou em casa.
Entrei no quarto, cheiroso como sempre. O nanico fazia questão de usar uma planta que enchia o quarto com seus polens, assim ele podia apenas matar ou nocautear alguém dormindo com um veneno nas pétalas; Cruel.
Eu me joguei na cama encarando o teto totalmente exausta, nem sequer pensei em tirar minha armadura debilitada, somente fiquei parada observando o topo do quarto.
Só conseguia ficar imaginando o motivo de Akiris, Dominus e Querubim estarem tão interessados em Wally... e mais do que isso, o menino Wally emanava algum tipo de energia.
Nossa busca pelo garoto foi fundada por rumores, rumores sobre alguém muito importante para os Primordiais, claro, qualquer um pensaria em um Genasis, mas Wally era um Hibrido, ele não era um Genasis.
Ainda assim, aquela energia assustadora estava lá, ela vinha e ia, surgia e desaparecia. Uma energia muito maior do que tudo o que eu já havia visto na minha vida, e o pior de tudo, os olhos dele... por algum motivo aqueles olhos amarelos... estavam me dando calafrios.
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