Volume 1
Capítulo 30: Como devo me sentir?
Eu sou o último deles...
Esse pensamento fluiu na mente de Arnok de maneira lenta. Foi como uma nascente fria, que aos poucos ganhava força e se expandia conforme os anos se passavam e as terras mudavam.
Vou ser o mais forte de todos eles...
Foi então que Arnok sentiu um golpe. Sua consciência despertou tão rápido quanto um cavalo de corrida. Sentado na sua cama conforme ofegava, viu seu mestre com um grande sorriso enquanto segurava um pacote de papel.
“Vamos Arnok, hoje é um grande dia!” Disse animado.
“O que tem de tão importante hoje?” Arnok perguntou, enquanto pegava o pacote que Hiotum o entregou. Abriu ele sem grandes expectativas enquanto ouvia a resposta do seu mestre.
“Você realmente esqueceu?”
Foi naquele instante, quando Arnok terminou de abrir o pacote, um estalo como um flash esbranquiçado em sua mente o levou a lembrar qual era o evento de hoje.
“Hoje é a abertura...” Murmurou enquanto olhava para o item à sua frente, ficando de queixo caído com aquilo.
“Exatamente, então vista-se. Logo a arena irá abrir para começarmos seu primeiro dia. Estarei esperando no primeiro andar enquanto isso.” O ranger da porta foi a última coisa que Arnok ouviu de seu mestre enquanto ele saía do quarto.
Não tirou os olhos do item à sua frente em momento algum. Por alguma razão aquilo o encheu de orgulho e era reconfortante vê-lo, foi como uma conquista segurá-lo. Algo que ele pensava ser um sonho distante, ou uma missão quase impossível de ser concluída, estava em suas mãos.
Ele abriu por completo o uniforme da academia e da universidade de magia de Gaia, e analisou cada mínimo detalhe dele.
Eram duas peças principais, sem contar a simples calça na coloração preta. Uma capa marrom, que mais se assemelhava a um sobretudo, cheia de bolsos, botões e entalhes.
Também havia uma camisa de padrão militar. Era um modelo que misturava uma cota de malha muito fina ao tecido escuro feito carvão da camisa. Estranhamente leve, tinha os mesmos entalhes da capa e se surpreendeu com o quão confortável ela era.
Foi naquele momento que ele queria ter um espelho no seu quarto para saber como havia ficado com o uniforme. Arnok podia não ser vaidoso, mas ele estava vestindo a maior conquista da sua vida até aquele momento.
‘Vou me atrasar se continuar assim.’ Pensou, ainda olhando suas vestes com um brilho levemente infantil nos olhos.
Desceu as escadas praticamente saltando de degrau em degrau. Do lado de fora dos dormitórios havia tantos alunos como nunca antes, mas Arnok pouco se importou com eles, ou com seus olhares.
Apenas continuando descendo, com um sorriso cheio de orgulho e felicidade.
Chegou no térreo suando e arfando, no entanto ainda tinha o mesmo sorriso. Hiotum encontrava-se perto da porta dos dormitórios enquanto esperava seu discípulo. Quando Arnok chegou, os dois avançaram caminhando juntos.
As ruas estavam lotadas e muito mais movimentadas se comparado ao dia anterior. Várias carroças e carruagens iam e vinham. Os alunos de diversas classes sociais e raças caminhavam juntos como iguais, todos aparentando estarem apressados e ansiosos. Com Arnok, não podia ser diferente.
Tentou ao máximo ignorar o turbilhão de pensamentos em seu âmago, mas quanto mais se aproximavam da arena, mais a ansiedade aumentava, e sua expressão rígida e quase inexpressiva logo se desfazia.
“Você parece animado.” Hiotum comentou.
“E estou!”
Aquelas palavras tiraram um peso dos ombros de Hiotum, que foi quase como um milagre. Ele era melhor em fingir indiferença se comparado ao seu discípulo. Seus anos de vida e experiência criaram isso.
Abriu um grande e sincero sorriso. Bagunçou os cabelos de Arnok com certa agressividade, mas o afeto envolvido naquilo era quase paternal. Um momento alegre, que definitivamente não combinava com o que Arnok sentia verdadeiramente.
Aquela sensação de que alguém estava observando-o havia voltado, e muito pior do que antes. Ela queimava, como ferro em brasa. Era uma coceira irritante e incomoda. Transtornava até o mais calmo e sereno dos homens, podendo-os deixar insanos.
Arnok tentava disfarçar tudo isso usando sua alegria, como se empurrasse a poeira para debaixo do tapete. Mas no fundo ele sabia, aquilo era um aviso de que não deveria estar ali.
De que não merecia estar ali. E mesmo que tivesse sorte, não seria forte o suficiente para manter tudo aquilo por muito tempo.
Se entregou à brisa fresca nas suas costas e continuou a ir em frente, ignorando, da melhor forma que podia, aquelas sensações. Felizmente, à frente deles estava a arena.
Uma estrutura redonda, tão alta quanto o prédio do seu dormitório, ficando ainda maior quando se somavam suas duas torres, ao norte e ao sul.
O aglomerado de pessoas que passeavam ali logo dividiu-se em dois grupos distintos. Os que continuavam em frente para subir nas arquibancadas, e alguns demônios vestindo mantos azuis, largos, encapuzados e longos.
Confuso com aquilo, Arnok apenas continuou acompanhando seu mestre, e eles seguiram na entrada alta, rumo às arquibancadas.
Dizer que estava lotado era eufemismo para a quantidade de pessoas. Centenas de nobres e comerciantes ocupavam as cadeiras mais altas, outras centenas de alunos ocupavam as fileiras do meio e as mais baixas. Se não fosse o fato de Hiotum e Arnok terem um lugar reservado, o pequeno asa negra temia que não encontrariam lugares em meio aquilo tudo.
Estavam em um lugar privilegiado, acima dos nobres e comerciantes. Era conveniente, no mínimo. Quando eles chegaram lá, já havia outras pessoas presentes.
Alguns alunos estavam espalhados e conversavam casualmente, mas todos eles eram excêntricos em sua própria maneira.
Os Demonkins estavam em um grupo distante e discutiam sobre o quanto suas famílias estavam sendo irritantes sobre suas graduações.
Algumas Sakyubasus recebiam elogios e olhares maliciosos de alguns alunos, elas não se importavam com isso. Algumas até gostavam.
Os Felines eram os mais diferentes de todos esses grupos. Silenciosos e isolados, mal trocavam olhares com os alunos ao redor deles. A arrogância parecia ser algo natural de sua raça.
No entanto, todos eles tiraram um momento do que estavam fazendo e cumprimentaram o Hiotum com muito respeito. Para Arnok, apenas dirigiram o mesmo olhar de sempre.
“Esta é a parte onde os discípulos ficam…” Hiotum explicou rapidamente quando teve uma margem dos cumprimentos. “Espere até chamarem os alunos do primeiro ano e desça junto dos outros. Sua abertura será depois dos demônios azuis.”
Arnok acenou positivo. Hiotum então se afastou, indo para um andar ainda mais alto naquele lugar. De cabeça baixa, Arnok se afastou e se aproximou da beira da arquibancada, onde teve uma visão perfeita de toda a arena.
Uma estrutura alta e complexa, que podia abrigar mais de dez mil pessoas. Outro dos diversos exemplos da grandeza da universidade e da academia.
Mais uma vez o orgulho inundou Arnok.
“Incrível, não?” Alguém atrás dele comentou.
Quando se virou para ver quem era, viu um sujeito baixo se comparado a ele, porém muito mais musculoso. Um Demonkin do tipo carbono, com uma pele negra como o céu sem lua e escamosa como um lagarto. Ele não tinha chifres, algo raro dentro de sua raça, mas não parecia ser tão diferente ou excêntrico se comparado aos outros discípulos.
“É sim…” Arnok respondeu por educação. Não queria conversar naquele momento, só queria um breve momento de paz antes de sua vida mudar.
Mas o Demonkin não entendeu isso. Ficou ao lado de Arnok no parapeito, observando as pessoas lá embaixo junto dele. Ele tinha um sorriso amistoso e uma expressão que se assemelhava, e muito, com uma criança realizando seus sonhos.
“Nunca achei que encontraria um asa negra…” Ele comentou surpreso. “Acho que essa academia traz mais surpresas do que esperávamos.” Seu sorriso ficou ainda maior.
Arnok já estava ficando irritado com aquele sujeito, mas quando parou para dispensá-lo, percebeu algo inusitado. Aquele Demonkin não olhava para ele da mesma forma que os outros alunos.
Não existia arrogância, inveja, ou ira. Existia apenas uma inocência quase divina nele. Definitivamente não combinava com a maneira que Arnok havia sido tratado até agora. Nem Kaesar o olhou daquela maneira.
O jovem e perturbado asa negra só pôde rir daquilo, e o Demonkin o acompanhou logo em seguida, por mais que não soubesse qual era a piada.
“Me desculpe…” Arnok disse, ainda rindo. “É só que… Eu não esperava falar com alguém como você. Sou Arnok!” Estendeu a mão, tentando forçar um sorriso apresentável.
“Sou Ilja!”
Depois de apresentados, os dois ficaram conversando por algum tempo. Trivialidades como o tempo, os dormitórios, a explosão de alguns dias atrás. Não parecia que eles haviam se conhecido há poucos minutos.
Foi quando uma trombeta alta ecoou. Ela era grave e retumbou no fundo da cabeça de Arnok. Um silêncio quase fúnebre se apossou de todos os presentes, e até o menor cochicho poderia ser facilmente audível naquele momento.
Então uma fumaça vermelha começou a surgir do meio da arena e uma pequena explosão, logo em sequência. De dentro da fumaça colorida, surgiu um Símiomono vestindo roupas tão coloridas quanto sua fumaça.
Ele tinha em suas mãos uma bengala listrada em branco e vermelho, e com um sorriso gigantesco no rosto, coçou sua garganta enquanto entoava algumas coisas inaudíveis para todos na arena.
No entanto, suas próximas palavras soaram tão nítidas que era quase como se ele estivesse sentado ao lado de Arnok.
“Senhoras e senhores dessa incrível e gigantesca plateia! Hoje é um dia especial para todos os presentes! Um dia onde uma nova geração está prestes a surgir… COMO NUNCA ANTES!” Ele enfatizou esta última parte.
“Excêntrico ele, não?” Ilja comentou.
“Você acha?”
Eles deram risadas daquilo e retornaram suas atenções para o Símiomono na arena.
“Este é o primeiro ano, depois de talvez uma geração inteira de demônios, onde todos os Anciões possuem discípulos. Um ano para ser lembrado e agraciado com a presença dos nossos grandes heróis.” Ele deu uma pausa dramática, que cobriu a arena de um silêncio inconveniente e tenebroso. “Deem as boas vindas aos demônios de sangue-azul!”
Depois de outra explosão vermelha, ele desapareceu da arena numa cortina gigantesca de fumaça.
Saindo de uma das entradas largas, um grupo de vinte demônios caminhou em frente para o centro da arena, completamente resolutos e imponentes.
Todos eles vestiam fardas azuis preenchidas com medalhas e honras ao mérito. No entanto, por mais que suas raças fossem todas diferentes, a pele de todos eles tinha um padrão azulado e mórbido.
Essa diferença, em comparação aos outros demônios, se tornava ainda mais nítida quando, do lado oposto, os doze Anciões vinham contra os demônios de sangue-azul.
Hiotum estava entre eles, resoluto e sério, entregando uma expressão que parecia ter sido esculpida em pedra.
Os demônios de sangue-azul mantiveram-se respeitosamente de frente aos Anciãos, os quais, por sua vez, ordenaram que os jovens descansassem. Rapidamente a ordem foi atendida.
Um silêncio incômodo pousou por alguns instantes, enquanto Malar fez a mesma coisa que o Símiomono de antes e aprimorou suas cordas vocais. Sua voz grave retumbou como um arauto carregando uma mensagem desagradavel.
“Ĉu vi ĉiuj batalos ĝis la morto!” Ele disse na antiga língua dos demônios e, em seguida, virou-se para a plateia. Tinha uma expressão séria, que tornava suas rugas ainda maiores. “É uma ocasião memorável para todos nós, Anciões. Logo nossos novos discípulos lutarão nas linhas de frente pelo nosso povo. Uma nova geração de demônios, carregando todos os ensinamentos que pudermos passar a eles.”
Ele levantou uma de suas mãos e fez um sinal para a direção a qual Arnok estava. O jovem asa negra estranhou a princípio, mas logo entendeu a razão.
“Hora de irmos!” Ilja disse, já se afastando do parapeito e se aproximando de um grupo de alunos que se dirigia à porta. Arnok foi logo atrás dele.
Quando saiu pela porta, começou a caminhar por entre as cadeiras das arquibancadas inferiores. Se sentia extremamente desconfortável. Naquele momento ele era o centro das atenções junto dos outros alunos.
“Eles são irritantes, não são?” Maike sussurrou em seu ouvido. Sua voz era quase como um grasnar, que de alguma maneira também soava tentador. Arnok sentiu uma gota de suor frio passar por suas costas. “Como eles podem te olhar dessa maneira?”
Quando olhou de novo, Arnok sentiu que todos da plateia o olhavam com nojo, com raiva, o menosprezavam...
Seu rosto empalideceu perante aqueles olhares. Uma enxaqueca horrível passou por sua cabeça, que obrigou seu rosto a se contorcer de dor.
“Quem eles pensam que são?” Cada palavra de Maike soou como um martelo de ferreiro. Este martelo, no entanto, não batia contra um ferro duro e resistente. Ele ia com todas as suas forças contra um ferro gusa, frágil e quebradiço.
“Arnok?” A voz de Ilja soou como um sino leve e reconfortante na cabeça do jovem asa negra. Ele fez com que a enxaqueca diminuísse… Um pouco, ao menos. “Tudo bem?”
Abriu um sorriso de piedade. Ele estava prestes a falar, mas hesitou. As palavras pareciam não querer sair. Arnok não aguentava mais mentir, para si mesmo, ou para os outros. Mas o que diabos o impedia de dizer?
“Tá tudo bem…” Mentiu, forçando um sorriso. Ele sentiu que algo dentro dele havia quebrado, só não sabia o que exatamente. Quando parou para olhar a plateia novamente, eles estavam o ignorando.
Não haviam olhares maliciosos, ou raivosos, por parte de ninguém. Apenas o ignoravam. Ele piscou diversas vezes para ter certeza, mas aquilo era real. Ninguém estava se importando com ele.
Libereco... Murmurou. Por mais incômodo que ficasse quando dizia aquilo, inevitavelmente funcionou como um mantra, o acalmando.
Já estavam na base da arena e todos os seus colegas entraram em posição, ficando atrás de seus respectivos mestres entre os Anciões. Arnok seguiu a passos lentos para trás de Hiotum, ficando entre a discípula de Visina e de Malar, que surpreendentemente era o Ilja.
Arnok não pôde fazer nada além de ficar impressionado e surpreendido com aquilo. Todos ficaram numa posição de guarda. Ali, naquele breve momento de silêncio, Arnok decidiu olhar para seus colegas com o canto dos olhos.
Por um breve momento, talvez menos do que isso, ele sentiu que todos eles olharam para ele ao mesmo tempo, e tinham um olhar de menosprezo horrendo, como se olhassem para uma simples pedra no seu caminho. Não… menos do que isso. Uma pedra no seu sapato seria mais apropriado.
No entanto, no tempo de uma piscada aqueles olharam sumiram, e todos estavam indiferentes e olhavam sérios para frente.
“Eles o tratam como inseto… E depois o ignoram?!” Maike gritou no ouvido de Arnok, extremamente irritado. “Como eles ousam?!”
Foi então que Malar andou alguns passos à frente.
“E agora, é chegado o momento da entrega dos méritos.” Ele se virou para Ilja enquanto tirava do seu próprio uniforme um broche no formato de duas asas de dragão. Todos os outros Anciões o acompanharam, e Hiotum não foi exceção. “Estão prestes a receber…”
As palavras dele aos poucos ficaram abafadas pelas risadas de Maike, uma risada fria que fez Arnok engolir em seco. Sabia melhor do que qualquer um que não poderia ter uma crise naquele momento, tinha de ignorá-lo custe o que custar.
Se mostrasse fraqueza ali, qualquer respeito se perderia. Mas por que ele queria ter o respeito deles? Ele precisava disso de verdade?
Seus pensamentos eram uma confusão. Àquela altura, não era necessário a risada fria e insana de Maike para ele não conseguir ouvir as coisas ao seu redor.
Tudo parecia lento e mórbido. A sensação era de que tudo havia estagnado e que nada mais valia a pena. Toda a felicidade e orgulho que Arnok sentiu em algum momento desapareceu em um mísero estalar de dedos. Como penas ao vento... Ou fumaça… Ou a morte.
“É tudo tão monótono, não acha?” A voz de Maike parecia completamente diferente de antes. Estava doce e leve, quase como um calmante.
Arnok teve a sensação de ter colocado a mão no seu ombro, como se fosse um velho amigo, tornando tudo ainda mais confortável e confuso, ironicamente.
“Eles te ignoram, como se não existisse. Mesmo depois de tudo que aconteceu nesses últimos capítulos da sua vida. Perdeu os pais e se tornou o último de sua raça. Enfrentou e matou um humano pela primeira vez na vida. Você sobreviveu sozinho, mas nada disso importa para eles, não é?”
“Sim.” Respondeu sem perceber. Achou que havia feito uma besteira gigantesca e olhou para os lados, achando que todos o olhariam como se fosse um lunático. No entanto, ninguém olhava para ele.
A boca dos Anciões ainda se mexiam, talvez estivessem dizendo palavras de conforto e conquista sobre os próximos anos. Sobre quantas responsabilidades eles teriam agora e como deveriam assumi-las de cabeça erguida.
Mas Arnok não ouviu nada disso. Apenas doces e apaziguadoras palavras do Maike, que o deixavam incerto sobre como agir.
“Se respondeu, sabe que não é mentira! Nenhum deles se importa de verdade, e você quer que eles se importem.”
“Sim!” Arnok respondeu, dessa vez menos incerto. No entanto, olhou para os lados de novo, para o caso de alguém ter achado-o um lunático. Ninguém prestou atenção nele.
“Quer que eles se lembrem de você? Que nunca se esqueçam do último asa negra que existe?”
“Sim!” Respondeu empolgado. Já não se importava com os outros alunos ao redor.
Arnok então sentiu a presença de Maike mais próxima do que nunca. Era ameaçadora, mas ele não hesitou e olhou fixamente nos olhos do humano.
“Então aceite que deve ficar mais forte!”
Ele desapareceu no ar, e no seu lugar Hiotum se aproximava e colocava no uniforme de Arnok um broche no formato de duas penas se cruzando.
O silêncio foi embora junto do Maike, e Arnok ouviu toda a plateia gritar de emoção. Alguns alunos ao seu redor choravam, como Ilja. Até um dos Anciões se juntou aos prantos. Era um fauno, muito mais musculoso e cabeludo que Hiotum, que Arnok nunca havia ouvido o nome.
Arnok olhou para aquilo tudo um tanto incrédulo, confuso por não saber porque não sentia nada. Estava vazio. Por mais que soubesse que aquele era um momento incrível e alegre, ele não sentia nada.
Como eu devo me sentir… Se perguntou no seu âmago.
Mas então,alguém colocou uma mão no seu ombro, logo acompanhada de um olhar fraternal e orgulhoso.
“Parabéns, Arnok!” Hiotum disse com um sorriso no rosto, chorando e rodeado por um clima alegre.