Volume 1
Capítulo 19 – Claustrofobia
17h nos Estados Unidos. Através da janela, o tempo era bonito e claro, mas o quarto estava escuro e monótono, como um filme adolecente qualquer. Um garoto loiro estudava matemática enquanto sua namorada, entediada, assistia televisão. Até que, de surpresa, ela pulou da cama e enunciou:
— O que ele acha que tá fazendo?
Naquele instante, James Turner estava na TV e fazia seu discurso em frente ao púlpito da polícia de Seattle.
— Ah, merda! — O garoto falou ao se aproximar.
“Você pode me derrubar. Mas outro vai tomar o meu lugar.” Dizia ele com uma postura firme de policial.
— Por que ele faria isso? Ele está basicamente forçando o que irá reagir. — A garota perguntou.
— Porque ele não tem medo.
A garota, furiosa, se virou e perguntou: — Cadê ele?
Pegou o Death Note, e antes que ela pudesse escrever algo, seu namorado a parou.
— O que? Você tá maluca? — Tomou o caderno das mãos dela. — É o meu pai, Mia!
— É, e ele desafiou a gente a matá-lo na televisão, Light! — Ela o encarou com desdém — Acha que as pessoas vão se ajoelhar para nós, se ele falar com Kira assim?
— Eu não vou matar o meu pai, Mia. O jogo acabou. O Ryuk ferrou a gente, não somos mais mocinhos.
— O que aconteceu com um garoto que queria que o mundo sentisse o que ele sentiu? Não era você que queria ser como Kira e vingar o mal do mundo? Faz alguma coisa, ou eles caçam a gente.
— Mia, é meu pai!
— Se você não matar ele, vão chegar até você, imbecil! Kira já matou os investigadores, agora é vez da polícia!
Light estranhou o comentário e questionou:
— … Mia, mas quem matou os agentes não foi o Ryuk?
Ela diminuiu a voz, e respondeu com calma:
— É, mas pras pessoas quem matou foi Kira, não é?
Light sentou em silêncio, pensando, qual era a melhor escolha para a situação. Mia se ajoelhou diante dele e olhou em seus olhos.
— Então você quer parar?
— Eu não sei, Mia.
— Eu já disse… Se você quiser… é só transferir a posse do Death Note pra mim.
Light engoliu seco e pensou por um instante: Se eu fizer isso, ela vai matar meu pai, sem dúvida… Eu não posso deixa Mia fazer isso, mas também não posso ficar parado.
— Os investigadores morreram dois dias depois do discurso do L… então posso matar ele depois desse tempo, assim ninguém vai desconfiar e eu posso me despedir dele.
Mia suspirou de cabeça baixa e se levantou. Pegou a mochila indo em direção a porta e antes de sair, disse: — Dois dias, Light.
Ryuk atravessou a parede, devorando uma suculenta maçã. Light o encarou com raiva enquanto o Shinigami ria.
— Não me olha desse jeito, Light. Você é tão ameaçador pra mim quanto uma barata.
— Por que você matou aqueles agentes?
— Essa não é a pergunta certa, Light…
— Eu sou o Kira! Você tem que responder às minhas perguntas! Foi você quem me escolheu!
Ryuk atravessou a parede, da mesma forma que entrou, rindo do garoto. Light ficou em silêncio, pensando se o que ele estava fazendo era o certo. Olhou um quadro de família na mesinha e se questionou: Será que o Kira original passou por isso?
Mais tarde, o garoto ficou sentado na escada, pensativo, até seu pai chegar. Light o abraçou com lágrimas nos olhos, sem dizer uma palavra.
James ficou surpreso com a atitude, mas não teve tempo de aproveitar. Seu telefone tocou, e com poucas trocas de palavras, vagas e rápidas a chamada foi encerrada.
— Era o “L”?
— Era… ele tá verificando se eu tô vivo de 15 em 15 minutos. Não sei se eu devo ficar feliz ou preocupado.
— Quer jantar? Fiz a comida.
Ele ficou sem jeito, mas aceitou. A comida estava quase sem gosto, entretanto foi mais um motivo para rirem e conversarem. Durante a refeição, Light perguntou se seu pai não estava com medo de morrer.
— Claro que eu tenho medo, meu filho. Mas temos que capturar o Kira.
— Por que, pai? O Kira matou o assassino da mamãe e tá agindo finalmente depois de anos. Ele tá fazendo o mundo ficar melhor.
— Filho, a justiça é mais do que só matar. Pessoas podem se arrepender do que fizeram. Elas podem tentar melhorar.
— Mas isso não apaga o que elas fizeram de ruim.
— Eu entendo seu ponto, só que a lei existe pra isso. Existe uma ordem e… — Suspirou — Filho, eu sei que você é a favor do Kira, mas entende uma coisa, o Kira não é uma pessoa boa como você pensa. Ele já matou pessoas inocentes e o poder que ele tem pode controlar pessoas poderosas, como o presidente, ou causar desastres gigantescos como foi na Itália.
Light respirou fundo, não como quem discordava, mas como quem tentava entender o outro lado.
— Um poder como esse não pode ficar nas mãos de quem é desequilibrado. É preciso ter conhecimento e não levar as coisas como um jogo, ou divertimento como ele faz. É só questão de tempo pra que o Kira se canse de só matar inocentes e comece a fazer coisas piores.
Eu não sei o que o outro portador do Death Note pensa, mas se eu pudesse falar com ele… talvez me ajudasse. Só que o jeito que ele escreve as mortes, me lembra a Mia.
As lâmpadas amareladas e o
— Pai, se você tivesse o poder do Kira, o que você faria?
— Não sei, filho. Mas acho que esconderia. Eu, sem dúvida, não usaria… eu acho, mas a gente só sabe quando tem em mãos. Qualquer poder pode corroer e mudar as pessoas, e isso é um fato. Porém, se você for uma pessoa realmente boa, vai saber que medir uma vida é impossível.
Ryuk rindo no canto da sala, com seus olhos avermelhados em meio às sombras, o shinigami parecia debochar de cada palavra dita por James.
— Pai, eu posso até não concordar com você… um pouco, mas tenho orgulho de você. Você é um bom policial e um bom pai.
James fez uma cara de espanto.
— Nossa… obrigado, meu filho. Assim você faz seu pai chorar.
Light levantou e retirou as louças da mesa.
O que está acontecendo? Light não é de tirar a mesa e puxar assunto…
— Pai… você vai estar ocupado amanhã por acaso?
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