Dançando com a Morte Brasileira

Autor(a): Dênis Vanconcelos


Volume 2

Capítulo 41: Ragnarok

— CALA A PORRA DA BOCA! — Anna gritou para Vermelho, arrancando a espada de sua barriga de uma vez e usando sua magia de cura para cicatrizar a ferida.

Vermelho viu o que ela fez e exclamou, surpreso:

— O quê?!

Movido pela curiosidade e pela raiva, Vermelho avançou rapidamente para atacá-la. Anna desviou do golpe, aparecendo em suas costas. Ele se virou, lançando um corte, e ela pulou, desviando com um mortal, e passou a foice pelo ar.

— Lua Nova!

ShkBUMM!

Vermelho conseguiu desviar parcialmente, mas teve a lateral esquerda do corpo cortada. Se regenerou instantaneamente, mas, sem equilíbrio, deu um passo para trás e pisou em uma poça de água.

Ploch!!

Anna percebeu e fez lanças de água se formarem, perfurando Vermelho.

Ele tentou se retirar, e Anna notou que um brilho vermelho surgia nos pés dele.

BOOM!

Sem hesitar, Anna usou a água para explodir e impulsioná-lo para o céu.

Não conseguindo reagir a tempo, as pernas de Vermelho foram desintegradas, mas se regenerou rapidamente no ar.

Ao olhar para Anna, duas foices de água estavam vindo em sua direção.

Ele segurou as foices, mas antes que pudesse ser cortado, a água começou a queimar sem evaporar. Fogo sólido se espalhou pelas correntes, queimando e prendendo as mãos de Anna.

— Arrggh!

Vermelho girou as correntes e a arremessou para cima, longe.

Enquanto voava atrás dela, Anna aproveitou a oportunidade. Rodando no ar, criou uma foice e, dando um corte no vento para trás, gritou:

— LUA NOVA!

O Primordial tentou criar uma espada de sangue para bloquear, mas não foi suficiente.

TINN!!

A espada segurou o poder do corte, mas o arremessou para baixo, fazendo-o cair sobre uma montanha estreita.

BUUM!

Anna não perdeu tempo e avançou, cortando-o ao meio no coração ainda deitado.

Crunch!

Porém, quando sua foice passou, o clone começou a se desfazer em fumaça queimando. BAAM! Antes que pudesse perceber, o verdadeiro Vermelho apareceu acima dela, desferindo um soco em sua cabeça e fazendo-a bater contra o chão.

CRRAASH!

Segurou sua cabeça com uma mão direita e a empurrou para baixo, destruindo toda a montanha.

Caída no chão ao pé da montanha destruía.

O Promordial tentou incinerá-la, mas ela desviou.

Com uma espada em mãos, ele lançou um corte no ar.

Crunch.

Anna não conseguiu desviar completamente e perdeu metade do seu braço esquerdo.

PLOCH!!

Ele apareceu à sua frente, rindo, enquanto cravava uma espada em sua barriga, e depois, PLOCH!! uma segunda. 

Anna, sem conseguir reagir, levantou a cabeça lentamente enquanto sangue escorria das feridas e boca.

BAM!

Vermelho deu uma cabeçada, fazendo-a recuar, e arrancou as espadas, BAM! puxando-as enquanto acertava um chute que a jogou, sangrando, para o lado do rio onde ela e Nino treinavam novamente.


Após os gritos começarem, Clarah saiu da casa de Anna e começou a ajudar as pessoas a saírem de uma parte da vila.

Minty, que havia parado o treino e corrido até lá, ajudava em outra área.

Ele entrou em uma casa onde havia algumas crianças demônios assustadas junto com alguns moradores humanos.

Ao ver a situação, imediatamente deu sua ordem:

— Me sigam!

Escondidos e encolhidos em cantinhos, as crianças e os moradores balançaram a cabeça em concordância e começaram a seguir Minty.

No entanto, nesse momento, Lezze apareceu na porta. Minty esticou o braço, dando a ordem para que parassem de andar.

Percebendo uma janela à esquerda, deu outra ordem:

— FUJAM POR LÁ!

Todos correram, e os adultos ajudaram as crianças demônios a pularem pela janela.

Eles escaparam correndo e viram Clarah com outros moradores não muito longe. Clarah gesticulou para que se afastassem do tumulto, e todos correram até ela.

Minty voltou sua atenção para Lezze, que o encarava com a cabeça ligeiramente inclinada.

Ele criou duas garras nas mãos enquanto observava, e Lezze ergueu o rosto e avançou sobre ele, passando tão rapidamente que ele mal conseguiu contra-atacar, limitando-se a se defender e bloquear os cortes.

TINN!-TINN!-TINN!

Lezze aproveitou o ambiente fechado para usar sua velocidade ao máximo, atacando de cima, de baixo e dos lados, utilizando as paredes para impulsionar seus movimentos.

"Preciso sair daqui!"

Depois de momentos de intensa concentração, tentando se defender de uma série de cortes rápidos, Minty aguardou uma nova investida de Lezze.

Assim que ela passou com um corte e ele desviou para trás, Minty agarrou o pé dela, girou-a no ar e a arremessou contra a parede.

BOM!

Destruindo-a e criando um buraco.

Lezze girou no ar, Sccrrrchh... e aterrissou de pé, olhando para Minty através do buraco na parede.

— Minha vez. — Ele a encarava com confiança, e Lezze voltou um sorriso estranho.


Vermelho riu bem alto.

— ...É só isso? Toda essa fúria para isso? Você é uma inútil. Sua mãe deveria sentir vergonha de você. Estava escondida onde? Em um buraco, vendo ela morrer? Ela deu a vida para que você vivesse e agora você vai morrer dessa forma?! — Continuou rindo enquanto observava Anna ajoelhada, olhando para baixo.

Uma lembrança surgiu na mente dela:


[ Ano 103.

— Eu quero um, mamãe.

— Sim. Um dia você terá um.

— Você tem um? — Anna perguntou, com os olhos curiosos, no colo de Emília.

— Você será mais forte que a mamãe. — Emília sorriu, encostou seu nariz no de Anna e depois se afastou. — Só você será capaz de ter.

— O que eu preciso fazer?

— Existem apenas três maneiras de chamá-lo. A primeira é pelo nome, mas apenas os primordiais podem fazer isso. A segunda é com uma oração diferente para cada elemento. E a terceira é através de um contrato que envolve um preço.

Anna olhou para sua mãe com os olhos azuis ainda mais curiosos.

— E qual é o preço, mamãe? ]


Anna ergueu a cabeça para o céu.

— Por que você tá rindo? Vou morrer hoje... Mas não será você que irá me matar. A ti eu entrego minha alma; me empreste o seu poder uma única e última vez...

Algumas mechas cianas surgiram em seu cabelo branco. A marca da lua crescente se formou em ambos os lados do seu pescoço, e sobre essa marca, apareceu a marca da Água, criando uma lua crescente molhada.

Herdando o poder de duas linhagens, abaixou a cabeça e gritou com toda a garra:

— RAGNAROK!!

GRRRRAAAHHH!!

Do rio ao seu lado, uma criatura colossal emergiu, subindo até o céu e rugindo com a boca aberta. Era o Ragnarok da Água misturado com a Lua; ali nasceu o Leviatã Lunar.

— QUE PIADA! CHAMOU UMA COMPANHIA PARA NÃO MORRER SOZINHA?! RAGNAROK!!

ROOAARRRR!!

Atrás de Vermelho, voando, surgiu seu Ragnarok.

Anna abriu os olhos e encarou Vermelho.

Seu olho esquerdo brilhava em azul-escuro, como uma noite estrelada, enquanto o seu olho direito brilhava em azul-claro, como o céu de um dia ensolarado em uma praia.

Assim que o Ragnarok de Vermelho se materializou, o Leviatã se adaptou ao seu tamanho, ficando ainda maior.

No mesmo instante em que Anna deu um passo, com todos os seus machucados regenerados, Vermelho e ela avançaram.

No cenário da floresta colossal e densa, o Dragão disparou fogo contra o Leviatã, que desviou, fazendo uma espiral com seu corpo em torno do fogo e o mordeu.

CRUNCHH!

Com um poder da lua brilhando como um universo saindo de sua boca.

Anna girou e lançou duas foices acopladas em correntes.

Vermelho tentou bloquear, mas ela fez com que as foices se transformassem em líquido.

Crunch.

Após passarem pelo corpo dele, solidificaram-se novamente, formando uma foice única que cortou o pescoço fora.

Ploch!

Em seguida, fez a foice virar líquido novamente, manipulando a água para entrar no pescoço daquele homem e penetrar o corpo, indo em busca do seu coração.

A dor que Vermelho sentiu enfraqueceu seu Ragnarok, e o Leviatã arrancou parte da barriga dele, forçando o Dragão a diminuir de tamanho para suprir o estrago e continuar a luta aérea.

CRUNCHH!!

O Leviatã envolveu o Dragão com seu corpo, comprimindo-o e mordendo-o na cabeça como uma sucuri comendo um jacaré.

Enquanto era mastigado e sofria com a magia da lua, Vermelho começou a enfraquecer pela dor que o Dragão sentia.

Com muito ódio, Vermelho regenerou a cabeça instantaneamente enquanto seu sangue queimava como nunca.

TSSSSS...

A água dentro de seu corpo evaporou e as marcas do fogo em seu pescoço brilharam em um vermelho absoluto.

Quando olhou para Anna, que também tinha suas marcas brilhando em um azul absoluto, mesclando a cor para ciano, as partículas de água evaporadas se tornaram água novamente e se fundiram em lâminas.

CRUNCHH!

Rasgando Vermelho, entrando pelos seus olhos e caçando novamente seu coração.

O Ragnarok sentiu e o Leviatã Lunar já estava com o corpo do Dragão Colossal quase inteiro em sua boca, destruindo-o lentamente com seu poder. Ele não queria matar o Dragão rapidamente para não acabar com o momento de Anna; se ele matasse o Dragão rápido demais, Vermelho quebraria e isso não seria reconfortante para ela.

TSSSSSS!

O Primordial evaporou a água mais uma vez e, quando seus olhos se regeneraram, uma Lua Nova se aproximava.

SHHHKK!

Ele deslocou seu coração e seu corpo foi cortado em dois.

BAAMM!

Quando se regenerou novamente, Anna deu um chute em sua cabeça, mandando-o para o chão a uma velocidade imensa.

Ela, com a mesma idade que sua mãe tinha quando morreu, desceu sobre ele e passou a foice pelo ar novamente.

— Lua Nova.

Vermelho impulsionou o coração para o céu com toda a força.

SHHKK... BAAUUUMM!!

Seu corpo foi dilacerado ao atingir o chão, e a partir do coração, regenerou um novo corpo completamente alterado.

Do céu, irritado, Vermelho encarou Anna com os braços estendidos para cima.

Anna, do chão, o observava em silêncio, com as mãos desarmadas.

— Estou cansado de você. Escória. INFERNO CARMESIM!

Um meteoro se formou nos céus, tingindo o céu de vermelho. Aquele fogo colossal começou a descer em direção a ela.

Anna não se moveu; apenas esperou o impacto.

BRAAOOOMMM!!

Uma cratera se formou no chão, desviando a água do rio que começou a enchê-lo rapidamente.

Com a fumaça, Vermelho não conseguia vê-la.

PLOCH!!

Uma foice de água cravou-se em seu peito. Anna, agachada em suas costas, sussurrou em seus ouvidos:

— Minha mãe se orgulha de mim, inseto. — Girou o próprio corpo verticalmente em 360 graus, cortando a carne dele, e disse calmamente: — Lua Azul.

BOOOOOOMMMM!!

Uma explosão ensurdecedora desencadeou uma reação em cadeia que transformou aquela manhã em uma noite iluminada por uma imensa lua azul.

Com a morte de Vermelho, o Leviatã havia acabado de destruir o Dragão.

Ao ver Anna caindo com as marcas fracas no pescoço, o Leviatã voou rapidamente em sua direção.

— Desculpa, Nino... Não vou conseguir voltar para casa... Hoje. — Lembrou-se do rosto dele enquanto caía, uma lágrima escorreu de seus olhos e ela desmaiou.

O Leviatã Lunar a pegou no ar, pousando com cuidado para não deixá-la cair.

Desceu e se deitou no chão, diminuindo seu tamanho drasticamente.

Enquanto ela dormia, teve um sonho:

Anna despertou em pé sobre águas calmas de um mar infinito, sob uma Lua Azul em uma noite extremamente estrelada. A água refletia a lua, criando um tom azul perfeito. O Ragnarok sobrevoava o céu e, ao se aproximar dela, desceu e se deitou diante de Anna.

Ele não moveu a boca, mas o som que emitiu dizia claramente na mente dela:

"Ordene-me e eu apenas a servirei sem questionar, minha imperatriz."

Anna olhou para ele e colocou a mão sobre a cabeça do Ragnarok, acariciando-o. Quando despertou, encontrou sua mão sobre o Ragnarok deitado ao seu lado, protegendo-a.

Sua marca foi gravada em seu pescoço, com a cor ciana e gotas da lua em azul.

Abriu um sincero e pequeno sorriso, aliviada.

"Ele me aceitou... Assim como você disse... Mamãe."



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