Volume 2
Capítulo 27: Queimando os Céus e a Terra
Dia do incidente do teletransporte.
Um reino imenso se estendia na divisa entre uma mata e um deserto. Aproximadamente 80% do reino ficava na mata e 20% no deserto. A mata estava à esquerda e o deserto à direita. O reino tinha um formato circular, cercado por grandes muralhas que pareciam ainda maiores, pois ao redor delas havia um fosso tão profundo que era difícil enxergar o fundo. A única entrada era um portão ao sul, acessível por uma ponte de pedras cinzas semelhantes às das ruas.
Ao entrar pelo portão, havia uma rua larga feita de pedrinhas cinzas que seguia reta por alguns quilômetros até o palácio real. Essa rua não servia apenas para oferecer uma vista do palácio à distância ou facilitar o fluxo de comerciantes, mas também dividia as classes sociais. Ao leste, em direção ao deserto, ficava a área comum e a pobre. Ao oeste, encontrava-se a área rica, e quanto mais se avançava para o oeste, mais essa riqueza se intensificava.
Quanto mais para o noroeste, mais rico você era. Passando pelas áreas nobres, que começavam a mostrar as casas mais luxuosas do reino, nada se comparava ao extremo norte, onde nem mesmo os soldados tinham permissão para se aproximar sem uma ordem do rei. Naquela parte, mansões ficavam um pouco distantes umas das outras, não por serem antissociais, mas por possuírem jardins imensos. Aquela área abrigava as famílias da elite, as mais ricas do reino, como a do rei, embora algumas pessoas da família real vivessem no palácio real.
Ao nordeste, ficavam diversas plantações, pertencentes às famílias da elite do reino.
Aquela rua evidenciava as diferenças: de um lado, lojas com produtos bem trabalhados e comidas caras; do outro, alimentos baratos e lojas simples. Na área comum, era normal ver crianças brincando em praças com árvores bonitas e bancos de pedra. As casinhas tinham um ou dois andares, dependendo de quão bem a pessoa estava indo em seu negócio.
Na área nobre, era comum ver adolescentes e crianças nas ruas, mas sempre passeando de carruagens, visitando cafés e restaurantes caros, ou joalherias. As praças, por sua vez, eram símbolos de pura elegância, frequentadas principalmente por mulheres adultas e idosas que se reuniam para tomar chá ou café, que estavam em alta naquela época. Não costumavam fazer nada que não envolvesse gastar dinheiro.
Na área comum, havia algumas coisas que não podiam ser encontradas na área nobre, como uma grande prisão, uma catedral dedicada à Deusa do Sol e a guilda do reino. A prisão era bem visível, seu tamanho chamativo não ficava tão longe do palácio, já que algumas pessoas pediam que o julgamento fosse feito pelo rei. A palavra "pessoas" é bastante forte; apenas os ricos mesmo.
A catedral se diferenciava bastante das construções ao seu redor; era grandiosa e rica em detalhes. Localizava-se em uma rua da área comum, não muito longe do palácio.
Seguindo mais para o leste, as coisas começavam a piorar, chegando em ruas que não pareciam ruas, tomadas por comerciantes gritando, tentando chamar a atenção. Havia carnes extremamente baratas e de procedência duvidosa, e casas que pareciam irmãos siameses grudados, sem cuidado nenhum. Vielas eram repletas de demônios sem casa ou comida para se alimentar. A área pobre do reino era dominada por demônios de todas as linhagens, enquanto os humanos não moravam lá; apenas utilizavam os demônios como mão de obra barata.
Dentre aquelas ruas, uma se destacava pelo movimento dia e noite: uma rua cheia de casas de prostituição. Dia e noite lotada por humanos, já que os próprios demônios não tinham dinheiro para frequentá-las. Muitos nunca tiveram uma mínima visão do palácio real. Poucos viram aquela construção bela em branco, com a bandeira do reino balançando ao vento, e a fonte de água à sua frente, cercada por um jardim limitado nas extremidades por um muro de grades verticais em metal.
Nesse reino, nesta tarde ensolarada, uma pequena coisa estava deixando as pessoas aflitas. Elas estavam sofrendo um ataque. Um homem pardo, muito grande, com seus 2,70 metros de altura e extremamente forte, olhava para cima, com a mão esquerda acima dos olhos, tampando o sol. Com a mão direita, mantinha um grande porrete de metal escuro no ombro. Usava roupas simples, escuras e um pouco gastas. Em ambos os braços, havia cicatrizes horrendas de queimaduras. Seus olhos, preguiçosos, avistaram nove dragões estranhos, com escamas pretas e detalhes verdes em seus corpos, incluindo a boca.
Os dragões eram imensos, com mais de 30 metros de comprimento. Embora as muralhas fossem ainda mais altas, eles obviamente podiam voar. Eram grandes apenas em tamanho, pois para aquele homem, eram apenas ratos. Sem se importar com a destruição que causaria ao redor, ele pulou. No céu, ele disse apenas uma palavra:
— Liza.
Aquele homem não estava sozinho, ao menos não mais no instante em que passou dos telhados subindo aos céus. Pulando de telhado em telhado, havia duas pessoas: um homem de pele clara, olhos verdes-azuis e cabelos loiros-acinzentados. Vestia uma calça preta com detalhes em platina nos bolsos e uma blusa comprida de um tom vinho escuro; em suas costas, carregava uma bainha com uma espada de madeira. Ele era alto, com 1,90m e bem forte, embora seus músculos fossem normais, especialmente em comparação com o outro homem.
E uma mulher, Liza usava um short azul-escuro e uma blusa comprida branca, larga nos braços. Sua pele era escura, olhos verdes e cabelo longo e preto. Ela era mais baixa que os dois, com 1,75m.
Assim que escutou seu nome, Liza estendeu os braços para ele no céu e, com a mão direita, puxou rapidamente uma flecha. Tudo começou a brilhar em azul-escuro misturado com ciano. Ela disparou as duas magias, que se fundiram no céu em direção ao homem que se aproximava dos dragões.
Ele bateu na magia com o porrete, e toda a magia foi sendo absorvida até que um leve sorriso apareceu em seu rosto sonolento. Os dragões avançaram juntos com as bocas abertas, disparando sopros de fogo verde. Um deles tentou abocanhá-lo, mas o homem enquanto usava a magia absorvida, absorvia a magia dos dragões.
BUMM!
O primeiro dragão chegou próximo e recebeu uma porretada no crânio. Ele foi destruído instantaneamente e explodiu em magia de gelo. BUM-BUM-BUM!... O homem usou a explosão para subir mais nos céus, onde continuou a ser atacado, mas nada o tocava. Ele despencou em queda livre, dando uma porretada explosiva em cada dragão, até aterrissar enquanto segurava o porrete nas costas.
As carcaças de dois dragões caíram ao seu lado; um deles ainda se mexia levemente, mas ele pisou em sua cabeça, terminando de matá-lo.
— Já fez melhor, nota 7 — brincou o homem, descendo do telhado ao lado de Liza.
— Faz parte. Cadê o periquito?
— Ele ainda está obedecendo o seu pedido.
— Ah, ao menos não preciso olhar para aquele rosto feio.
O homem que desceu do telhado olhou para o céu.
— Ué? Milagre não ter vindo brigar com você.
— O bebezinho está crescendo, aparentemente.
— Depois reclama que ele não gosta de você.
— Faz parte.
Liza entrou na conversa.
— Não faz sentido atacarem aqui — disse, olhando para trás e vendo soldados correndo em direção ao portão.
— Faz.
— Faz? — Liza olhou para o homem com o porrete.
— Reino mais fraco.
O homem com a espada de madeira olhou para o outro e disse:
— Ah, é? Mas temos o ex...
BAAM!
Ele levou um soco enquanto mantinha um sorrisinho debochado no rosto, voando tão longe que saiu da área comum para a nobre e não parou de capotar. Liza olhou para o homem com cicatrizes com um olhar preguiçoso. O homem percebeu e respondeu:
— Foi fraco.
— Uhum.
— Ele já é acostumado.
— Eu sei.
— E o casamento? Nada ainda?
— Estamos meio ocup...
O homem bufou levemente, virando o rosto e disse:
— Parem de inventar desculpas. Agora vê se ele está bem e vai limpar a ponte. Eu limpo os céus.
— Tá. — Liza deu um passo saindo e escutou a voz do homem novamente.
— Esquece. Fala pro Jonas ir me ver depois.
Ela se virou, vendo o homem se afastar e caminhar lentamente.
— Oi?
Ainda caminhando, ele respondeu, sem olhar para ela:
— Olha para o céu, no sudeste.
Ela olhou e, nesse momento, todos os humanos do mundo souberam o que havia acontecido. Todos sentiram um conforto em suas almas; o Fogo Sagrado havia escolhido o novo herdeiro. O novo Grande Herói surgia e, curiosamente, ele estava caindo dos céus.
— ...Fazia tempo que não sentia isso.
— Hum? — O homem virou levemente a cabeça para trás, não entendendo ao certo, mas continuou indo embora. "Quanto tempo esse novo vai durar?"
Dos céus, Nathaly caía ainda inconsciente. Seu corpo começou a brilhar em chamas douradas e, com um sobressalto, despertou. O poder entrou em seu corpo, deixando seus olhos brilhando momentaneamente. Ela não compreendia, mas sentia um poder que nunca havia experimentado antes. Seu corpo queimava em fogo sagrado.
Nathaly virou seu corpo no ar e avistou o exército de monstros estranhos. Eles eram completamente irregulares: seres de raças diferentes, com corpos semelhantes mas de proporções e tamanhos variados, todos sofrendo mutações visíveis. Centenas de monstros marchavam do deserto em direção à ponte do reino. Cr-r-r-r-runch! Nathaly puxou sua espada da bainha e, ao encostar os pés no chão do deserto, explodiu em uma corrida, deixando um rastro de fogo dourado enquanto cortava cada um dos monstros.
Ao destruir tudo até a ponte, continuou correndo e pulou sobre as muralhas. Os soldados estavam tentando evacuar todas as famílias próximas à muralha onde dragões se aproximavam. Alguns estavam sacrificando suas vidas para proteger as famílias mais ricas da zona oeste. De cima das muralhas, outros disparavam flechas e gritavam, não para tentar matar ou espantar os dragões — o que era impossível —, mas para chamar a atenção enquanto os resgates aconteciam.
Nathaly, no ar, aterrissou no topo da muralha e continuou correndo. Um dos últimos dragões, carmesim, com escamas brilhantes em um vermelho intenso, a atacou. O dragão assoprava fogo nela, mas ela continuou sua corrida, segurando a espada para trás com ambas as mãos.
Ploch!
Ela pulou, posicionou sua espada para trás e a arremessou na boca do dragão, atravessando-o completamente. Após voltar a tocar as muralhas com os pés, um soldado se assustou, mas ficou aliviado ao perceber que sua vida não estava mais em perigo. Ela se lançou sobre o dragão enquanto ele caía morto, aproveitando o impulso para recuperar sua espada. No ar, dois outros dragões a atacaram.
Crunch!
Ela cortou um deles ao meio com um golpe preciso. Ploch! O outro tentou carregar um ataque de fogo, mas Nathaly rapidamente lançou sua espada novamente, perfurando o crânio do dragão. Ele começou a cair, até atingir o chão de uma rua nobre. BAM! Nathaly aterrissou sobre ele, girou a espada para remover o sangue e a devolveu à bainha.
— Uma garota? É sério? — murmurou o general do exército, com um tom irritado.
Nathaly não viu mais nenhum monstro, mas ao olhar para cima, viu um morcego.
"Um morcego à luz do dia?" O morcego a observava fixamente. "Isso não é um morcego!"
Ela pulou em direção a ele, cortando o vento com sua espada em chamas douradas. BAAM! O morcego desviou, voltou à sua forma humanoide e a acertou com um chute nas costas, lançando-a para longe, no deserto, caindo no início de um desfiladeiro. Nathaly usou uma explosão de chamas em seus pés para se impulsionar para cima, diminuindo a queda. Sccrrrchh... BAM! Aterrissou de pé, arrasando a areia do deserto, e, ao levantar o rosto, viu o humanoide surgindo diante dela e desferindo um soco no meio do seu rosto.
Nathaly foi lançada alguns metros para trás, caindo de pé, enquanto segurava o nariz quebrado e ensanguentado com a mão esquerda, e sua espada com a direita. Seu sangue ainda era vermelho, embora o sagrado fluísse por suas veias; ele só brilhava em dourado quando ela o usava intencionalmente. O sangue sagrado começou a reagir, curando lentamente os ossos de seu nariz. No entanto, o cheiro era muito forte para o vampiro à sua frente.
— Quem é você, garota? Seu cheiro é bem diferente. — Ele abriu um sorriso e desapareceu. — DEIXE-ME DEGUSTAR UM POUCO! — Ele reapareceu atrás dela, gritando e tentando morder seu pescoço.
BUM!
Ela conseguiu virar o rosto a tempo e o explodiu em chamas. A explosão a empurrou para frente, afastando-a do local.
— O que você é?
O humanoide surgiu da fumaça, usando seu chique terno vermelho carmesim e preto.
— Sou um morceguinho.
Ele avançou muito rápido, correndo de forma estranha, e ela não conseguiu desviar. BAM-BAM-BAM! Após cada golpe, ele voltava à forma de morcego, tornando difícil para ela acertá-lo enquanto ele era tão pequeno. Ele deu um soco no seu rosto, do lado direito. Com o rosto virado, ela tentou atacar com a espada na direção dele. Ele desviou como morcego, voltou à sua forma humanoide e deu outro soco, agora do lado esquerdo. Ela ficou muito tonta, andando para trás, machucada.
— O que foi? É muito difícil me acertar?
Nathaly se irritou e o atacou mais uma vez. Dessa vez, ela foi muito rápida com sua espada, mirando no pescoço dele, mas ele apenas a segurou com a mão.
— Era disso que eu estava desviando?
Crash! Ele destruiu a espada e a segurou pelo pescoço, levantando-a. Creck! Ela tentou se soltar, mas ele segurou seu braço esquerdo para baixo e o quebrou.
— AaaAAaArrRghh!
Nathaly gritou de dor enquanto ele ria, olhando para ela, sedento por seu sangue.
— Hora de experimentar!
BUUM!
Ao se aproximar com seus dentes do pescoço de Nathaly, seus olhos brilharam novamente, e ela liberou uma explosão, destruindo o braço dele. Ela foi arremessada alguns metros para trás, e ele, surpreso, enfiou a mão na areia, puxou um animalzinho semelhante a uma lebre e o mordeu, sugando seu sangue para regenerar o braço. Após sugar todo o sangue, ele descartou o corpo seco do animal no chão.
— Seus olhos...
Nathaly estava tossindo com a mão próxima à boca. Seu braço voltou ao normal, com o poder sagrado dentro de seu corpo curando lentamente seus ossos. Ela sentia a dor do processo de recuperação, mas essa dor apenas a fez ficar mais enfurecida com o morcego.
— O que têm meus olhos, seu merda?
— Agora entendi o seu cheiro, esse sangue suculento. — Ele passou a língua pelos dentes afiados e começou a rir. — O grande herói reencarnou e é uma menininha fraca.
"O que esse doente tá falando?"
— Vou levar seu cadáver para Lycoris saborear; terei que te matar duas vezes... — Ele correu rindo como um lunático em direção a Nathaly.
Ela fechou os olhos por um momento e se lembrou da conversa com Alissa sobre a gargantilha.
"Eu não preciso de uma espada para usar meu poder. O fogo sou eu, não a espada." Ela abriu os olhos, que queimavam como fogo, e correu em direção a ele.
Nathaly desferiu um soco forte no rosto dele, mas, no segundo soco, ele a segurou. BUM! Ela usou uma explosão de chamas para forçá-lo a soltá-la. Girando o corpo, ela criou uma lâmina de fogo, semelhante a uma katana, e tentou cortar seu pescoço. BAAM! Ele inclinou a cabeça para trás, desviando do golpe, e desferiu um soco vertical na parte de trás da cabeça de Nathaly. Ela quicou no chão com a força do impacto. Ele então a chutou longe com uma perna envolta em uma aura vermelha carmesim, usando magia de sangue.
Caída no chão, Nathaly começou a se levantar lentamente enquanto escutava a voz daquele ser à sua frente ressoando em sua cabeça confusa.
— Seu ancestral morreu para um mero primordial. Diferente dele, eu vou aproveitar bem o seu corpo — ele riu alto, alterado e cada vez mais enlouquecido pelo desejo do sangue de Nathaly, perdendo completamente a noção ou o controle de suas vontades. — MORRA E ME DÊ SEU SANGUE!
Nathaly, semi-inconsciente e tonta, tentava se manter de pé. Colocou as mãos de lado como se estivesse segurando uma espada longa e posicionou uma perna para trás, enquanto a outra avançava. Levantou a cabeça, e seus olhos brilhavam como o sol.
Ele se transformou em um morcego gigante, descontrolado e sedento por sangue, correndo, rindo e gritando em direção a ela. Neste momento, surgiu uma espada longa na mão dela, uma espada dourada com a palavra "Hero" gravada.
— Já que eu não consigo te acertar, queimarei os céus... e a terra.
BUURRMM!!
A espada dela explodiu em um feixe de fogo enorme. O morcego se desesperou tentando se mover mais rápido, mas era tarde demais.
Nathaly ergueu sua espada, queimando todo o chão ao seu redor e cortando as nuvens acima. O feixe de fogo desceu, refletindo o brilho nos olhos arregalados de desespero e desejo do morcego, e o dividiu. BUUUUUMMM!! Uma enorme explosão dourada ocorreu, incinerando completamente o morcego e o chão em centenas de metros ao seu redor.
Em uma floresta que, mesmo sob a luz do dia, permanecia extremamente escura e sombria, havia um castelo no meio das altas montanhas e das árvores de madeira cinza. O castelo era inteiramente preto, contrastando com a vegetação verde do jardim ao seu redor. Pouca luz passava pelas montanhas para iluminá-lo, mas, ainda assim, ele se destacava na escuridão.
Dentro do castelo, corredores imensos eram adornados com tapetes e decorações em vermelho carmesim. Estátuas e armaduras vivas se moviam em seus postos, e servos vampiros caminhavam realizando suas tarefas com um semblante constante de medo. No grande salão do trono, uma mulher estava sentada. Sua aparência era de adolescente; seus cabelos eram rosa-claro, e seus olhos brilhavam com um vermelho intenso. Ela usava um vestido gótico exuberante, semelhante ao de uma princesa, porém curto, na cor vermelho carmesim com detalhes em preto.
O vestido tinha uma manga longa e larga, revelando parte do meio do seu braço adornado com delicadas rendas pretas, e uma espécie de capa em suas costas que não passava das coxas, onde sua meia-calça preta de renda floral começava a descer. Enquanto mantinha as pernas cruzadas e a cabeça apoiada em seu braço no encosto do grande trono prateado, Lycoris ouviu a porta dupla, que se estendia até o teto da sala de dezenas de metros de altura, se abrir.
Thoom...
Andando sobre o tapete vermelho carmesim adornado com prata nas extremidades, seus três subordinados seguiram pelos pilares até se curvarem perante ela.
— Minha rainha... Você sentiu isso? — perguntou um deles, com a mão no coração.
— Gorgon foi morto pela grande heroína — respondeu Lycoris, sem demonstrar remorso.
— Aquele inútil per...
— Saíam!... Quero ficar a sós.
Os três se viraram e saíram do salão, obedecendo à ordem.
Depois que saíram, Lycoris deixou cair uma lágrima, mas seu rosto não expressava tristeza; era puro ódio.