Volume I
Capítulo 12: Confusão (parte III)
Os sicários ficaram surpresos.
Imaginaram que o alvo já estava nocauteado, ou morto, e só teriam o trabalho de "terminar o serviço". Só que, como um flash, ele se levantou.
— Deixe-me ver... Hmm... Oh?! Esse moleque é cheio de surpresas...
O ser misterioso estava fazendo movimentos estranhos com os braços e pernas de Peppe. Quando fecharam o contrato, ele pareceu assumir o controle dos movimentos do rapaz.
— Parece que colocaram uma... três... Não, foram 7 travas! Pelos deuses! Hahahahaha!
Os assassinos ficaram sem entender nada. Só que, ao contrário dos demais, a figura encapuzada no beco não ficou parada esperando ele terminar.
Três facas cortaram o vento, cada uma mirando um ponto vital do rapaz.
— Vamos ver o que consigo fazer com 10% do potencial desse corpo.
Como se fosse mágica, o tempo parou. As três lâminas ficaram lentas, quase como se fossem folhas caindo de uma árvore no outono. A brisa leve as levava bem lentas ao solo.
Foi o suficiente para que desviasse dos golpes e reduzisse a distância para a assassina encapuzada.
O tempo voltou a fluir normal, só que agora a mão direita de Peppe se enroscava no pescoço de sua algoz. O capuz caiu, revelando o rosto de uma linda mulher.
Pele branca, olhos azuis como o oceano. Uma figura delicada e muito bela. As feições destoavam com a mortalidade de suas ações.
Olhando bem, dava para perceber que as bochechas ficaram levemente rosadas. Será pela falta de ar?
A garota tomou um susto. Do nada, o alvo que até então era como uma presa abatida reagiu rápido, transformando-se em um leão pulando em cima de uma hiena.
Ela perdeu o ar, mas reagiu rápido. As mãos vazias fizeram um xis. De lá tirou duas adagas escondidas, que usou para cortar na altura do tórax do inimigo.
— Nada mal para uma humana — respondeu a criatura mística, já a dez passos de distância.
Ele escapou do ataque e, num piscar de olhos, já estava à frente dos três brutamontes, aproveitando o impulso dos pés.
— Vamos cobrar a dívida de vocês primeiro.
Aquela ameaça estranha foi a última coisa que ouviram.
No momento seguinte três cabeças rolaram no chão e um forte jato vermelho começar a esguichar de seus pescoços.
Quando os corpos caíram, ele esticou a mão. Não foi muito perceptível, mas três luzes brancas saíram dos cadáveres dos brutamontes e foram direto para o rapaz.
A mocinha com a besta, que estava mais próxima, ficou em choque profundo.
Ela paralisou.
— Muito bem, vamos ver o que faço com você, já que parece que é a única que sobrou.
Quando ele disse isso, a mocinha inconscientemente olhou para frente, na direção que estava a assassina encapuzada, só para descobrir que ela fugiu. Onde estava, só havia fumaça, e ao longe era possível de se avistar um vulto negro pulando de telhado em telhado, afastando-se bem rápido dali.
Ela aproveitou o massacre dos aliados para fugir.
Vendo que foi deixada para morrer, a mocinha ficou inconformada, e decidiu reagir.
Um projétil então voou para o rosto do algoz. Só que, para a surpresa dela, a figura levantou o braço e, com aquele simples movimento, segurou o virote de sua besta.
— Infelizmente não me interesso por humanas, mas só matá-la não parece bom... Será que abro uma exceção para experimentar uma humana desta vez? — A besta sorriu de orelha a orelha.
Olhando melhor, ficava mais nítido que algo estava diferente no rosto habitual de Peppe. Os olhos azul-cianos tinham um brilho claro. Aquilo os deixava com uma aura celestial e assustadora.
Ela caiu no chão de medo, desajeitada. Em seguida foi se rastejando para trás, tentando evitar o monstro que andava a passos lentos para perto de si.
— Hum? Parece que nosso tempo está acabando, humana — comentou, reparando algo estranho em si —Bom, parece que você teve sorte. Vou deixar um presente pro rapaz quando ele acordar, espero que goste.
A criatura mágica então esticou a mão direita para a testa da garota.
Ela tentou chamar socorro, mas, assim que foi tocada, perdeu todo o fôlego.
— AAAAAAAAAAAAAA!
Quando o ultimo acorde vocal saiu do aparelho fonador da garota, ela caiu.
Naquele momento, algo tão profundo aconteceu em sua alma. Uma mudança drástica, forçada. Ela não estava consciente disso, mas Gal a havia dado duas opções: render-se e virar para sempre uma escrava, ou morrer.
A pergunta foi feita diretamente para a alma e o espírito da vítima.
— Que curioso, que curioso... Parece que esse pedacinho de terra no meio do nada esconde muitas surpresas agradáveis. Ahhhh, quando os outros descobrirem, isso daqui vai virar o caos. Que situação interessante.
Balbuciando para o nada, a besta simplesmente voltou ao estado normal. Saiu do corpo do rapaz, fazendo com que a expressão facial jovial retornasse.
Peppe ficou atônito e aflito. Olhou aos arredores, vislumbrando o cenário de sangue, fedor e tripas.
Em seguida, desabou mais uma vez.
***
Horas passaram.
O rapaz abriu os olhos devagar. As pupilas mantiveram-se retas, encarando o teto. Era feito com bases de madeira e revestido com alvenaria. Vendo os arredores, notou que realmente se tratava de um quarto pequeno, talvez de uma estalagem ou pousada.
Vendo bem, notou que não estava sozinho. Uma garota o encarava, rígida.
Devia ter 1,60 metros. Os cabelos e olhos eram castanhos e o rosto, fino. Era quase como uma boneca. O corpo. Bom, o corpo era muito bom, para não dizer outras coisas.
Peppe pensou por um minuto, passado o choque inicial.
Digamos que ele tinha experiência em acordar naquele tipo de situação. Só que, como ela estava de roupa, e a julgar pela cara de rispidez e ódio que tinha, era provável que não tinham dormido e passado a noite juntos.
— Que diabos! — Ele enfim se lembrou dos acontecimentos da noite anterior. — Sua vadia filha da puta! O que caralhos tá fazendo? Onde eu estou?! Sua puta!
Peppe entrou em posição de combate, pronto para dar uma meia-lua na garota inimiga.
As ofensas só a fizeram aumentar o olhar de ódio e rancor no rosto da jovem. Mas, apesar disso, ela nada fez. Essa inércia foi o que deixou Peppe duvidoso.
Ela não estava armando um golpe?
Respondendo as perguntas, a garota apontou para o canto. Lá, próximo à parede do recinto, repousava uma bola de pêlos branca, calma em um conjunto de almofadas.
Olhando bem, parecia um cachorrinho... Ou uma raposinha?
Sentindo a comoção, o animalzinho retirou-se do repouso matinal. Em seguida sacudiu os pelos e estirou as patinhas para frente, numa espreguiçada longa e contagiante. Até soltou um bocejo.
— Pelo visto, nenhum de vocês é de dormir. Que jovens agitados. Tsc!
Vendo que o animal falava, Peppe encarou com um olhar de "mas que porra?!".
— Um lulu da pomerania falante?? Caralho! — expressou, sentindo que o que quer que tenha acontecido na noite anterior, certamente foi do caralho.
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