Clube de Gênios Chinesa

Tradução: Pumpkin

Revisão: Pumpkin


Volume 1

Capítulo 55: A Revelação

A mudança repentina de atitude da CC pegou Lin Xian de surpresa. Pela primeira vez, ela parecia genuinamente paciente e receptiva.

Essa mudança provavelmente se devia aos acontecimentos recentes entre eles. Suas interações anteriores foram marcadas por tensão, desconfiança e conflito, o que tornava qualquer troca pacífica algo improvável. No entanto, agora unidos por um objetivo em comum, experimentavam uma amizade inesperada.

Apesar de ter falhado em abrir o cofre, tinha conquistado algo muito mais significativo: a confiança da CC. Ela agora estava disposta a revelar informações que antes tinha retido.

— Tudo bem, eu começo! — disse Lin Xian, encostando-se na estrutura fria e metálica do cofre.

Ele começou a narrar sua vida, desde a formatura na faculdade até sua rotina de trabalho. Porém, estava apenas na metade do relato quando CC o interrompeu.

— Já basta. Você não precisa continuar — ela interrompeu, negando com a cabeça. — O Lin Xian que você conhece não é o dono deste cofre.

— Por quê? — perguntou Lin Xian, confuso. Ele alimentava dúvidas sobre se o cofre realmente lhe pertencia. Ainda assim, uma parte dele desejava que sim, talvez fosse de algum Lin Xian de 2032 ou até mesmo de 2042. Isso fazia sentido, considerando que o ano atual era 2022 e ele nunca tinha usado cofre. Portanto, não saberia a senha.

Mas CC foi categórica. — Porque... é tudo mundano demais — Ela suspirou. — Eu não conheço o verdadeiro Lin Xian. Na verdade, não conheço nenhum Lin Xian. Mas posso afirmar que esse que você descreveu não é o dono deste cofre.

— Tudo bem então — disse Lin Xian, dando de ombros. — Já que você não está interessada, é sua vez de responder à minha pergunta.

CC assentiu e se encostou no cofre. — Eu não sei por onde começar. Minhas memórias são confusas desde a infância. Sinto como se minha mente guardasse lembranças que não são minhas, mas que, de alguma forma, fazem parte da minha vida. É como se... existisse uma outra versão de mim, vinda de outro mundo.

— É um sonho? — perguntou Lin Xian.

CC negou com a cabeça. — Não, definitivamente não é um sonho. Essas memórias são fragmentadas e turvas, mas com certeza não são sonhos.

— Pode ser um mundo paralelo? — insistiu Lin Xian.

CC fez uma pausa antes de assentir levemente. — Não sei. É difícil de explicar. Já consultei médicos, e eles sugeriram que poderia ser delírios ou transtorno dissociativo de identidade. Mas essas memórias fragmentadas são reais demais para serem apenas fantasias. É por isso que eu queria provar que são verdadeiras.

Ela se virou e apontou para o cofre que levava o nome do Lin Xian.

— Nessas memórias, um homem de meia-idade, com cabelos longos e bagunçados e uma barba volumosa, disse que deixou algo para mim neste cofre. Ele falou...

Click!

Um som de estalo indicou que o circuito tinha reconectado.

Whoop! Whoop! Whoop! Whoop!

Um alarme estridente ecoou de repente.

— Droga, o circuito principal foi reativado e acionou o alarme! — exclamou o Rosto de Gato Grande, que estava absorto na conversa. — Precisamos correr!

CC se levantou rapidamente, pegou sua máscara e se virou para sair.

— Espera! — Lin Xian segurou o braço dela. — Termina o que você ia dizer! Só mais uma frase não vai machucar ninguém!

CC se virou para ele. — O homem disse: “Se quiser saber toda a verdade, abra o cofre.” Ele estava prestes a me contar a senha, mas não contou. Talvez porque a memória esteja incompleta.

Whoop! Whoop! Whoop! Whoop!

O alarme continuou soando enquanto CC se afastava do Lin Xian.

— Mais uma coisa — ela falou, virando-se de novo com um raro sorriso. Seus olhos se curvaram como luas crescentes, e covinhas se formaram nas bochechas. — A voz do homem... soava muito como a sua. Foi por isso que aceitei trabalhar com você hoje. Caso contrário, eu nem teria vindo.

Boom! Boom! Boom!

Uma luz branca ofuscante tomou conta do ambiente, encobrindo tudo.


Toc, toc, toc…

O vento forte sacudia as janelas. Lin Xian acordou no quarto com o vento frio batendo contra o vidro. Sentou-se, jogou as cobertas para o lado e refletiu sobre as palavras da CC; palavras que pareciam ter vindo de um sonho. Embora não tivessem conseguido abrir o cofre, ele tinha obtido revelações importantes.

Calçando os chinelos, Lin Xian caminhou até a escrivaninha, acendeu o abajur e pegou uma caneta.

— Esse sonho trouxe informações valiosas. Preciso organizar minhas ideias — murmurou.

Começou a anotar suas revelações em uma folha em branco:

“As Distorções Espaço-Temporais São Incontroláveis.”

Essa constatação lhe causou muitos problemas. Ele acreditava que aproveitar recursos do futuro poderia beneficiá-lo e melhorar o porvir. No entanto, a realidade mostrava o contrário.

“Mudar o futuro é imprevisível... pode acabar se voltando contra mim.”

Escreveu isso, decidido a considerar melhor as consequências antes de tentar alterar a realidade novamente.

“As Distorções Espaço-Temporais Exigem um Ponto de Ancoragem Irreversível.”

Lin Xian se perguntou por que a nova liga de alumínio do Professor Xu Yun tinha desencadeado um efeito borboleta espaço-temporal, enquanto o fluido da câmara de hibernação não.

A resposta era simples: — Não dá para “desderramar” água.

A liga de alumínio foi enviada ao instituto de pesquisa aeroespacial, destinada a influenciar diversas indústrias nos próximos 600 anos. Mesmo que o instituto tentasse monopolizá-la, ela inevitavelmente acabaria chegando ao domínio público. A partir do momento em que foi compartilhada, tornou-se um ponto de ancoragem irreversível, iniciando a distorção espaço-temporal.

Já o fluido de hibernação continuava inédito, existindo em um “estado de Schrödinger”, com Xu Yun sendo o único a possuir o artigo original. Havia diversas maneiras de impedir sua publicação. O próprio Lin Xian poderia convencer Xu Yun a alterar a forma de divulgação. Xu Yun já tinha pedido sua opinião antes, e Lin Xian acreditava que ele o ouviria. Portanto, o fluido de hibernação ainda não foi “derramado”, de modo que nenhuma distorção tinha ocorrido.

— Distorções espaço-temporais exigem um ponto de ancoragem irreversível... interessante. Achei que fossem mudanças em tempo real... — Lin Xian refletiu, percebendo que existiam mais regras e princípios regendo esses fenômenos.

“CC Possui Memórias Que Não São Suas”

Era um conceito difícil, mas Lin Xian compreendia por ter vivido confusões semelhantes nos sonhos. Ainda não sabia se CC sofria de delírios ou de transtorno dissociativo. Suas memórias pareciam fragmentos incompletos. Para verificar sua veracidade, CC arriscou tudo para abrir o cofre.

— Isso se parece com minha própria busca por verificar os sonhos, em busca da verdade e de respostas... — refletiu.

“O Homem Barbudo nas Memórias da CC Tinha Uma Voz Parecida com a Dele.”

Essa revelação foi crucial.

— Agora entendo por que a CC não me atacou antes e demonstrou uma confiança estranha... foi por causa da minha voz — concluiu Lin Xian.
Isso explicava o comportamento dela. Embora CC não o conhecesse, sua voz se assemelhava à de alguém das lembranças dela, despertando curiosidade e confiança.

No entanto, Lin Xian estava certo de que o homem barbudo não era ele.

— Primeiro, eu não posso viver 600 anos. Segundo, muitas pessoas têm vozes parecidas. A voz dela também me soa familiar. Por fim, e mais importante...

Lin Xian tocou o próprio queixo liso, franzindo levemente a testa.

— Eu jamais deixaria meu cabelo e barba crescerem assim... jamais.

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