Volume 1
Prólogo : O Mundo Pacífico e Sem Graça de Chitose
Eu estava caminhando em direção ao portão da escola ao lado de uma garota fofa eu conheci só tinha uma hora.
Estávamos tão próximos que nossos ombros quase se esbarravam de vez em quando, e nós dois estávamos cientes disso. Provavelmente, parecíamos um casal em potencial, mas com medo de dar o primeiro passo — ou talvez um casal que começou a namorar recentemente e ainda estava na fase estranha.
Com um tom levemente formal, como se ainda fossemos estranhos, a garota disse:
"Hum… Obrigada por antes. Você foi um salvador. Você é muito bom nos estudos, né, Chitose?"
Uma brisa morna, típica dos dias que antecedem as férias de primavera, passou por nós, trazendo consigo o cheiro doce e fresco do sabonete da garota ao meu lado.
"Não se preocupe. Faz parte dos meus valores nunca virar as costas para uma garota que precisa de ajuda."
Depois da aula, eu estava na biblioteca estudando para uma prova quando a garota sentada ao meu lado começou a me olhar de relance. Então, ela se virou para mim e disse:
"Hum, posso te fazer uma pergunta?"
Ela me contou que não entendia alguns problemas de matemática. O brasão no blazer dela era da mesma cor que o meu, o que significava que estávamos no mesmo ano, então eu conhecia o conteúdo e pude explicar como resolver as questões.
"Mas você estava no meio do seu próprio estudo, não estava? Por que gastou tanto tempo me ajudando? Quer dizer, a gente nunca tinha conversado antes de hoje."
Ela deu uma olhada rápida para mim enquanto caminhávamos lado a lado.
"Bem, você disse que me pagaria um café. Foi uma troca justa."
Parece que isso não foi suficiente para ela.
"Hmm… Então, se outro aluno te oferecesse café, você ajudaria ele do mesmo jeito? Não tô entendendo. Bom, você sempre está cercado de garotas bonitas, então alguém comum como eu nem deve aparecer no seu radar…"
"Não. Se você fosse um cara, café não bastaria. Você teria que pagar um lámen se quisesse minha ajuda."
Foi o que eu disse, mas sabia que não era a resposta que ela queria.
Achei que tinha me saído bem, mas, ao ver uma expressão decepcionada nela, decidi complementar.
"Além disso, qualquer um que olhasse para você diria que você é bonita. E seu elástico rosa-claro combina perfeitamente com você."
Uma vermelhidão óbvia tomou conta das bochechas da garota.
"Sério?! Ei, Chitose, você está namorando alguém no momento?"
"Infelizmente não. E você?"
"Ah, é meio complicado…"
Ela hesitou.
"Ei!!!"
Alguém agarrou meu ombro por trás e me puxou com força, como se estivesse propositalmente tentando me impedir de ouvir o resto.
"…"
Tropecei, mas consegui me equilibrar, me virando com os braços ainda meio desgovernados.
Lá estava um cara. Eu não sabia o nome dele.
Ele era bem mais alto que meus 1,75m, com um corte de cabelo nada convencional, cheio de gel. As sobrancelhas eram finas, raspadas, e seu visual desleixado com o uniforme chamava atenção instantânea. O rosto dele não era nada especial, mas tinha uma aura de "cara legal" que as garotas provavelmente curtiriam. Se eu tivesse que colocar ele como sendo ou popular ou nerd, eu com certeza colocaria ele no primeiro grupo.
"Que porra você acha que tá fazendo?!"
O cara estava irritado com algo. Olhei para o brasão dele e percebi que era do ano acima do nosso.
"Uh, eu tô indo num encontro pós-aula com essa fofa da minha turma. O que parece que eu tô fazendo?" Encolhi os ombros, despretensioso.
Antes que o cara pudesse reagir, a garota gritou:
"Qual é o seu problema?!"
Ele deu um passo na direção dela, franzindo a testa e claramente irritado.
"Com licença? Qual é o seu problema? Você tem namorado! O que você acha que tá fazendo saindo com outro cara? Esse aí é Saku Chitose, um calouro. Ouvi dizer que ele mexe com todas as garotas, se é que você me entende!"
Parece que ele sabia de mim, mas eu tinha certeza de que nunca o tinha visto antes. Por enquanto, vou chamá-lo de Zé Valentão.
Enquanto eu ria internamente do apelido, a garota avançou em direção a ele.
"Chitose me ajudou a estudar, então eu ia pagar um café pra ele como agradecimento. O que, agora não posso mais estudar com as pessoas?!"
"Não com caras como ele! Eu ouvi ele te chamando de bonita agora. Ele fala isso pra todas!"
"Você tava espiando a gente? Que nojo!"
Decidi intervir.
"Ah, qualé! Não briguem por minha causa!"
"… Você acha que isso é engraçado?"
Pois é, saiu pela culatra. Agora o Zé Valentão tava com ódio de mim.
"Mantenha as mãos longe das namoradas dos outros, entendeu?"
Ah, então é assim que vai ser.
Suspirei internamente.
Era óbvio que eles namoravam. Não sei se o relacionamento deles já estava ruim ou se eu era simplesmente bonito e charmoso demais, mas parecia que a garota estava interessada em mim. E o Zé Valentão não gostou nada disso.
Claramente, ele estava abaixo de mim na hierarquia escolar e mal podia ser considerado bonito. Na minha posição como um dos caras mais populares da escola, garotas me chamavam para sair basicamente todo dia.
Ou seja, ele precisava descontar a raiva em mim por "seduzir" a namorada dele.
"Foi mal, cara, errei. Não sabia que ela já namorava você. E você tá certo, eu tenho mesmo o péssimo hábito de chamar as garotas de bonitas. Só falo o que vejo."
Enquanto eu falava, o rosto do Zé Valentão ficava cada vez mais escuro de raiva. A garota parecia envergonhada e não parava de me olhar de relance.
"Ela pode ser só mais uma pra você, mas pra mim, ela significa tudo! Ela é minha namorada! Não vou deixar você tratá-la como um brinquedo e magoá-la!"
Nossa, olha só o cavaleiro branco aparecendo.
É, ele provavelmente não era um cara tão ruim. Até a garota parecia um pouco impressionada com esse discurso viril dele. Ela olhava para o namorado com uma expressão quase admirativa.
Agora, os alunos que saíam da escola a caminho de casa estavam todos nos encarando.
Era a cena clássica: o namorado, proclamando publicamente seus sentimentos embaraçosos para proteger a garota de um malvado sedutor. Comovida pelo gesto do namorado, a garota acorda como de um sonho ruim e encara a realidade. Que cena esplêndida. Tão fresca, tão juvenil, tão… primaveril.
Então decidi que era melhor fazer o meu papel também.
"Claro, eu até topava bater boca com você na beira do rio, mas eu sou um amante, não um lutador. Mas, olha, você devia tomar mais cuidado. Se ela é tão importante assim, cuide melhor dela, pra que caras maus como eu não apareçam."
O Zé Valentão franziu o rosto e puxou a garota para perto dele, como se dissesse que não precisava de conselhos de alguém como eu. A garota, no entanto, ainda me olhava.
"Chitose…" Ela disse, triste. Então resolvi dar uma migalha de esperança.
"Quanto a você, quando cansar desse cara, eu estarei aqui pra trazer um pouco de emoção de volta à sua vida. Deixa esse encontro do café pra próxima, então, beleza?"
Dei um sorriso brilhante e uma piscadela, e o Zé Valentão jogou a mochila em mim.
"Vai se foder, cara!"
"Ooh, que medo."
Desviei da mochila com facilidade e saí correndo em direção ao portão, acenando com descontração.
Desejei toda a sorte do mundo para o futuro deles. Acho.
Tudo o que eu fiz foi ajudar uma garota com os estudos quando ela pediu. Não era minha culpa se ela se apaixonou por mim. E aí o namorado dela acabou me transformando no vilão.
Ah, bem. Esse tipo de coisa acontece toda hora.
Mas eu estava me sentindo bem. Aumentei a velocidade, levantando poeira atrás de mim enquanto ultrapassava os outros alunos a caminho de casa.
O céu acima de mim estava azul brilhante. O sol queimava, anunciando o fim do inverno e a chegada da primavera. A brisa fresca era agradável, mesmo cheia de poeira do campo de esportes.
Alguém se apaixonando por mim. E alguém querendo me pegar.
É, no meu mundo, tudo estava exatamente como deveria estar…
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