Cheaters Brasileira

Autor(a): Kuma


Volume 1 – Arco 3

Capítulo 30: As buscas por alguma coisa

 

Depois de muita perda de tempo e alguns vômitos depois — e nem pergunte o motivo —, partimos para o que de fato viemos fazer.

Voltamos para as ruas, onde várias multidões se reuniam em grandes centros e praças. Alguma coisa séria estava acontecendo lá, mas nada que nos envolvesse de fato.

Só estávamos na cidade para falar com o chefe da [FORNALHA], acharmos o tal Svoath e depois voltar para a ||AMINAROSSA|| para pensar no que fazer a respeito sobre os tais buracos negros.

O velho bêbado que nos arrastou para dentro de uma taverna não nos falou seu nome e nem mesmo disse alguma coisa que nos ajudasse. Ele só ficava rindo como uma hiena e falando de mulheres — além do cheiro nauseante de cerveja misturado com vômito de velho preencher todo o ar.

Por suas roupas, ele parecia ser um ferreiro ou pelo menos uma profissão parecida.

As ruas estavam infestadas de anões gritando por justiça e sangue. Coisas bem perigosas de se pedir em tempos de guerra onde as multidões se inflamam facilmente. Devíamos estar em algum cenário de golpe do estado ou coisa parecida.

Além disso, como eu vi antes, humanos não eram bem-vindos naquela cidade.

— Aquele rei corrupto! Ele é o responsável por isso! Estamos vulneráveis ao ataque daqueles malditos Andralinos! — gritou um anão de armadura em cima de um grande palanque. — Eles vão invadir a Capital de Aço e vão roubar todas as nossas riquezas e nos levar como escravos para as suas refinarias e forjas!

— É tudo culpa dele! — concordou uma voz mais feminina no meio da multidão.

— Não podemos deixar os humanos macularem a terra de nossos ancestrais!

— Vamos lutar! Lutar por nossos ancestrais! Nossas terras! Nossas tradições e a sobrevivência de nosso povo!

E o anão guerreiro brandiu um machado para o alto gritando e arrancou um brado inflamado da multidão abaixo. Aquilo me fez lembrar outra coisa que estava no meu inventário:

Minha arma quebrada.

“Ainda tenho que achar alguém pra reforjar esse treco...”, imaginei a bronca que levaria quando chegasse com um dos preciosos machados da [GUILDA DA CAPITAL] completamente em pedaços.

A pressão sobre o machado foi tão brutal que ele se esmigalhou em vários pedaços ­— a lâmina ocupando um slot do meu inventário e mais seis ou sete slots para os pedaços do cabo e o contrapeso. — e desde então estou andando por aí desarmado.

Uma coisa interessante que percebi nesse meio tempo que fiquei sem uma arma era que minha mana secava bem mais rápido ao usar minhas habilidades — além de eu não conseguir dar dano algum, obviamente.

Não que eu estivesse usando mais habilidades ou que o custo delas havia mudado, mas o simples fato de não ter algo para canalizar a mana fazia com que grande parte da energia usada para conjurar a habilidade se perdesse por não ter um meio o qual pudesse conter e direcionar essa energia.

Tive que secar meu estoque de poções inteiro para descobrir esse fato. Era outra mecânica que eu não me lembrava de ter no jogo.

Então me urgência para conseguir consertar minha arma era maior do que tudo naquele momento. Sorte minha estar na capital dos ferreiros.

Passamos reto pelas manifestações. Erguemos nossos capuzes para evitar qualquer ataque ou confronto desnecessário e saímos de ferraria em ferraria, procurando por nosso ferreiro.

Naquela primeira parte da cidade havia muitas, com vários serviços diferenciados e específicos. Ferrarias que lidavam somente com forja e reforja, reforja mágica, mudança de atributos, encantamento de arma, aprimoramento de arma, reparação de equipamentos no geral, venda e compra de armas e armaduras e até mesmo transformação.

Era o lugar perfeito para reparar minha //WINGSLASH//.

— Não. Nunca ouvi falar desse ferreiro. Vão levar alguma coisa ou só vieram perguntar?

Segunda tentativa:

— Não conheço esse nome, mas temos várias armas para viajantes e com ótimos preços!

Terceira tentativa:

— O que vão querer? Sou ferreiro, não guia turístico! Se não quiserem comprar, sumam da minha loja!

Oitava tentativa:

— Não me lembro mais. O que vocês vieram fazer aqui mesmo? — O ferreiro tinha Alzheimer.

E assim fomos sendo tapeados. A cidade era bastante bifurcada com várias ruas pequenas e passagens penetrando por entre os grandes edifícios de ferro. Já estava se tornando impossível achar Svoath naquelas condições.

Só no distrito comercial principal que era [THOFUN], tinha mais de 30 ferrarias diferentes e 10 metalúrgicas! Isso fora os outros cinco distritos, cada qual com quase a mesma quantidade.

Não havíamos nem começado ainda!

Além disso, todos os donos pareciam sempre estar de “bom humor”, se é que me entende. Estava se provando uma tarefa extremamente desgastante.

Após algumas ferrarias depois e muitos gritos no pé do ouvido, decidimos dar uma parada. Já havia se passado várias horas desde que começamos nossa busca e já estava anoitecendo.

Tínhamos que arrumar algum lugar para passar a noite.

Após algumas informações, descobrimos que o distrito residencial onde ficava alguma coisa pelo menos próxima a um albergue era bem ao centro da cidade-reino, no distrito [MJOLNIR], que coincidentemente era o mesmo distrito onde ficava o mandachuva de lá.

Já suspirava só de pensar na maldita caminhada que teríamos que fazer pra chegar lá inteiros. Isso se não trombássemos com mais panelaços de anões no caminho.

 

 

Achamos nosso lugar para dormir depois de caminhar por todas as senhorinhas e senhorzinhos do mundo inteiro. Pelo menos com dinheiro não tivemos com que nos preocupar.

Bazz7 já havia garantido o suficiente para passarmos pelo menos três dias. Como bom pão duro, ele só nos deu o suficiente para acharmos o cara responsável por mandar os suprimentos para sua guilda e voltar.

“Previsível...”

Bati a cara na parede quando fui tentar passar pela porta. Por que tinha a porra de uma porta com aquela altura?!

Ela era bem mais baixa que uma porta convencional, então tive que me agachar para passar.

— Argh! Que merda é essa?! Todas as portas daqui são mais baixas?! Como assim?

— É uma pousada feita por anões, para anões. Era meio óbvio, não é? — disse Arthur em um tom seco.

Eu ignorei aquele último comentário e retirei o que sobrou da minha armadura. Ao tirar a brafoneira de cima do meu ombro junto do peso extra chamado Picker, meu braço nunca se sentiu mais leve.

Minha vontade era de me jogar em cima da cama e adormecer ali mesmo. Meus pés estavam doloridos, meu joelho já começava a incomodar e eu sentia como se meu corpo fosse desmanchar a qualquer instante.

Arthur também estava tão cansado quanto eu — e nem status de força ele tinha direito.

— E então? — Arthur me despertou enquanto comíamos, no saguão do albergue, algo parecido com um assado de panela.

— Ah? O que foi?

— Você tá aéreo de novo. Tá parecendo eu. — disse Arthur, movendo o garfo.

— Estou? Nem percebi. — desconversei e continuei comendo.

Arthur levanta uma sobrancelha.

— Está se lembrando das nossas “vidas”, no outro lado? — perguntou ele dando ênfase ao quão absurdo a preposição aparentava ser.

— Bom... mais ou menos.

— Imaginei que fosse isso. — Arthur engoliu outra garfada cheia.

— Acho que sim. Quer dizer, faz quanto tempo que estamos aqui dentro?

— Eu sempre estive aqui, então não sei do que você está falando.

— É. Tem esse detalhe também. Você e ninguém se lembram de nada — Suspirei e empurrei o prato, sem conseguir comer.

— Não vai querer mais não? — Arthur perguntou.

E uma grande rasante aparece debaixo da mesa ao ouvir a frase de Arthur. Era Picker, o limão olhudo e alado de 10 estômagos.

— Wiwiwi?!

Aquele olhão dele brilhava para mim como se implorasse por comida. Pelo tempo que passamos sem comer nada, acho que ele também devia estar faminto.

— Pode ficar Picker. Só não come o prato também, pode ser?

Ele rodopiou pelo ar alegremente. Sorte que estávamos em um lugar mais reservado do albergue e não tinha muitos clientes naquele dia.

Peguei tudo que tinha no prato e despejei na bocarra dele que se abriu de seu olho. Ele mastigou aquilo de forma até assustadora.

— Ainda me pergunto como você pode ser o único que se lembra. — Arthur continua a conversa após uma golada cheia de cerveja.

— É algo que ainda estou atrás de descobrir. — retruquei, colocando o prato na mesa e olhando para Arthur. Ele já estava quase terminando sua refeição também. — Sinto que só vamos descobrir quando voltarmos para ||AMINAROSSA||.

— Você ainda é um criminoso lá, não é? Acho que assim que voltarmos, vão te prender de novo.

— O que?! — Bati com as duas mãos na mesa e me levantei subitamente.

— HAHAHA! Calma! Ainda não sabemos se vão fazer isso, mas se for o caso, pode atrapalhar um pouco você pesquisar sobre isso.

Meu corpo desceu até a cadeira de novo. Eu cobri os olhos com as mãos, me debruçando sobre a mesa.

— Droga! Será que eu não vou poder mais voltar? Tenho que fazer a Thayslânia se lembrar de quem eu sou de qualquer jeito! Mas...

— Mas...? — Arthur repetiu, curioso.

— Nem eu mesmo sei como fazer isso. Não tenho nada! Nenhuma pista! E parece que as coisas ficam cada vez mais complicadas!

Segurei um choro silencioso naquele instante. Eu estava com medo. Eu tremia toda vez que pensava que nunca mais conseguiria voltar para casa.

Nunca mais veria minha mãe, minha irmã e meu pai... Nunca mais veria meus amigos ou sequer faria as coisas que eu gosto.

Todos os meus sonhos, projetos, expectativas para o futuro, esperanças... Tudo que eu tinha poderia desaparecer junto comigo em uma tela de GAME OVER. Isso me assustava profundamente a ponto de não conseguir dormir.

Isso me deixava sem ar, sem chão e sem teto. Era como estar preso em um sonho delicioso e que se tornou um grande pesadelo do qual eu não conseguia acordar, por mais que eu tentasse.

Só fiquei em silêncio, tentando me acalmar enquanto engolia as lágrimas amargas de desespero.

— Junior?

—...?

— Não sei se isso vai ajudar, mas tenho algo que acho que pode ajudar. — disse Arthur, em um tom levemente animado.

Conhecendo ele como conheço, mesmo sem as memórias, ele vai dizer algo engraçado ou tentar me animar de alguma forma. Ele sempre fazia isso.

— O que é? — respondo sem levantar a cabeça.

— Aquela pedrinha roxa que você me mostrou uma vez... O tal //FRAGMENTO DE ALMA//. Ainda está com você, não é? — perguntou Arthur.

“Huhuhu... imagino que você tenha algo em mente, moleque.”, A voz medonha de Salamandra finalmente apareceu depois de muito tempo em silêncio.

— Você de novo?! Não estou sequer falando com você, então pode calar a boca, braço estúpido! — Arthur gritou.

De longe, o dono da taverna estreitou os olhos e balançou a cabeça de um lado para o outro, talvez pensando algo como “olha as pessoas que eu aceito no meu albergue!”.

— Tenho sim. Não dá pra fazer nada com isso. Eu já pesquisei... — respondi com uma voz arrastada e a cabeça abaixada.

— Então... Todas as vezes que você a mostrou para alguém, pareceu algo tão incrível que hipnotizava todos que olhavam para ela. Não acha que ela pode ter alguma coisa a ver com isso?

— Isso eu tenho certeza que tem, mas mesmo assim não sei como usar isso e nem o que faz. Nem do meu inventário esse troço sai.

 E mais uma vez estávamos tendo uma discussão inútil de mais de 150 de QI que eu não estava nem um pouco afim de ter.

Não é que eu não quisesse a ajuda de Arthur, mas sempre que tínhamos aquelas conversas, eu tinha a impressão de que nós sempre iríamos dar voltas e voltas sem nunca chegar a lugar algum.

Isso me frustrava profundamente porque mesmo eu tendo criado tudo aquilo, eu não sabia de absolutamente nada! Sentia-me um refém de tudo que criei e um analfabeto em entender tudo que podia acontecer.

Não só isso; eu sentia que tudo que estava acontecendo era culpa minha, apesar de não saber exatamente o quê.

— Enfim... É melhor a gente ir dormir e esquecer essa história. Amanhã vamos ter que andar pra cacete de novo, então é bom descansarmos...

— Junior!

Arthur me chamou novamente, o olhar sério como antes. Ele ainda tinha algo para dizer.

— Oi?

— Sobre isso... Eu conheço uma história.

 

 

 

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Enquanto isso, na ||FORTALEZA SUSERANO||, os ventos sopram serenos e trazendo vertigens de vários passados.

PLAYER: [Letícia]

 

Já estava bem tarde quando a Thays me chamou para conversar. Não era nenhuma novidade para mim que ela estivesse me chamando, mas eram raros os casos em que me convidava tão tarde da noite.

Tudo estava bem calmo. Cada guarda estava bem posicionado e patrulhando corretamente seus adarves.

Os arqueiros estavam devidamente distribuídos em suas atalaias. O clima estava bem ameno e ótimo para tomar um chá e ficar divagando sobre várias epopeias. Mas ainda estava curiosa.

O que será que ela queria conversar?

— Thays? — Bato três vezes na porta de seus aposentos.

Diferente do que eu imaginava, Thays estava apenas com uma fina camisola de linho e algumas ligas amarrando seus longos cabelos negros.

— Letícia! Você veio mesmo. — disse ela com uma voz sonolenta, mas animada.

— Imaginei que fosse algo sério por causa do horário.

Ela riu, tapeando meu ombro.

— Você adivinhando meus pensamentos como sempre! HAHAHA!

— E então? O que se trata?

— Aqui não. Siga-me.

Então caminhamos até o topo da torre de menagem, um espaço aberto que se encontrava entre as duas torres principais. Devia ser muito útil para a Thays monitorar tudo que acontecia em seu reino.

A vista de lá era incrível e inigualável! Dava para enxergar toda a cidade e as vastidões do céu e das montanhas se perdendo de vista além do horizonte.

Entretanto, agora não passava de uma imensidão mergulhada na negritude da noite. As duas luas gêmeas ainda iluminavam um canto ou outro mais acentuado, mas nada além de um mero relance do que toda a paisagem poderia nos proporcionar.

— Ai! Que frio! Acho que não foi uma boa ideia vir pra cá!— exclamou ela abraçando o próprio corpo enquanto se tremia.

— Frio? Eu não acho...

— Tá me tirando, né?

Eu não consegui segurar uma risada.

— Mas então, o que seria? Eu sei que se não fosse algo sério, você nem me chamaria.

Ela riu, meio sem jeito.

— Não diga isso. Mas sim, é algo sério.

Sentei sobre o murado de pedras brancas da torre, cruzando as pernas.

— Prossiga.

— Gosta de histórias, Letícia? — Ela começa com uma pergunta bem incomum.

— Só na mesa de refeições. Por quê?

— Já ouviu falar da ||BIBLIOTECA BICONDICIONAL||? Um lugar escondido que contém todo o conhecimento de vários reinos desde os tempos antigos?

Não pude disfarçar minha cara de surpresa.

— Já sim. Uma lenda para ratos de laboratório apenas.

— Eu não teria tanta certeza. — Thayslânia fez uma pausa como se procurasse algo em sua mente. — Minha mãe vivia me dizendo: “as Tribos do Norte são conhecedoras de vários mistérios e detentoras de muito conhecimento; apesar de pagarmos de evoluídos e civilizados, não passamos de ignorantes”.

— Tribos do Norte?

— Exatamente. Os povos do norte eram bastante versados nos conhecimentos e artes antigas, as quais remetem datas desde as Guerras Etéreas. — explica ela.

Por que ela estava dizendo aquilo agora? Será que havia descoberto algo?

— Então? Você descobriu alguém que saberia a localização desse antigo e lendário acervo?

Ela esticou ligeiramente o canto dos lábios.

— Não “alguém” exatamente. Mas “algo”.

—...?

Thayslânia cruzou os dedos.

— Em sua terra natal, Letícia, existe um lugar que possa conter traços que indiquem a localização da ||BIBLIOTECA BICONDICIONAL||. Está gravada nas paredes, nos livros enterrados na neve, na língua dos povos que habitam a região hoje. Está...

— No Sacrário? — Senti como se minha voz fosse atrofiar ao pronunciar aquela palavra.

— Exatamente. E preciso que você vá investigar isso para mim.

Eu não pude deixar de rir diante de um pedido como aquele. Fugiu completamente das minhas expectativas.

— Uau! De todas as coisas malucas que você pudesse incumbir à minha pessoa, eu nunca pensei que fosse algo como isso.

Thayslânia suspirou.

— Eu sei que parece algo tolo de se fazer. Procurar vestígios de uma antiga lenda que nem sabemos se é real ou não, mas... eu recebi esse sentimento. Essa sensação...

— de Eyatos?

— De mim mesma. — Ela fez uma pausa, o olhar se perdendo na vastidão negra. — É nossa melhor chance... De vencermos essa guerra.

— Bom... Estou aqui para servi-la e não para questionar suas decisões. Já montou um plano para isso?

— A estrategista aqui é tu, mulher. Por isso te chamei. — respondeu rindo.

Já imaginava pela resposta.

— HAHAHA! Sabia! Nesse caso, seria melhor fazermos isso o quanto antes, não é? Não queremos que os Andralinos tenha alguma ideia parecida, por mais improvável que seja.

— Tem razão. Se minha teoria estiver correta, vamos conseguir uma vantagem absurda com isso.

Saltei do murado de pedra já me aprontando para sair.

— Devo montar uma equipe de reconhecimento em 3 dias. Se for de urgência, posso fazer isso antes.

— Eu sei que pode. Mas, aproveitando que está aqui, que tal aquele chá?

Não pude deixar de abrir aquele sorriso largo no rosto. Estava só esperando aquelas palavrinhas mágicas serem pronunciadas.

— Estava esperando você dizer isso! Me conta logo os últimos babados! Quero saber de T-U-D-O!

— Pode deixar! Vamos logo entrando que eu estou congelando aqui!

Então partimos para aquele chá tão inesperado para uma noite tão fria como aquela. Eu sempre gostava desses momentos, pois a General sempre mostrava um lado que ninguém via ou conhecia. Era um momento em que ela podia ser ela mesma.

Mesmo que aquele não tenha sido tão animado como os outros, eu ainda aproveitei bastante aqueles momentos de descontração. Ali eu também podia ser eu mesma com alguém que realmente me aceitava como eu era.

“Ela é... a única que aceitou um monstro como eu...”.

Lembro-me claramente... Da única pessoa que me estendeu a mão. A única que me abrigou e me acolheu quando todos me caçaram.

E agora, ela me confiava o que poderia ser a missão mais importante de todas.



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